quinta-feira, 6 de julho de 2023

ARTIGO - Uma Análise Sobre as Eleições Municipais de 2024. (Padre Carlos)

 

        

 

 

O Silêncio e a Inércia do PT.




          Nas últimas eleições municipais em Vitória da Conquista, a cidade testemunhou uma disputa acirrada pelo cargo de prefeito, com o Partido dos Trabalhadores (PT) enfrentando adversidades e obstáculos que culminaram em sua derrota. Agora, olhando para o futuro e pensando nas eleições de 2024, é essencial que o PT reflita sobre suas ações passadas e busque novas estratégias para recuperar sua força política e conquistar o apoio necessário para vencer.

          Um dos principais problemas enfrentados pelo PT foi o silêncio e a inércia demonstrados pelo partido. Essa postura acabou se tornando uma flecha nociva, apontada não apenas para a sigla, mas também para o seu candidato. A ausência de diálogo e a falta de movimentação política deixaram brechas para que outros partidos e adversários políticos assumissem o protagonismo e conquistassem apoio popular.

          Uma das possíveis soluções que poderia ter evitado essas consequências foi o estabelecimento de um diálogo mais estreito com o Movimento Democrático Brasileiro (MDB), um partido com força política significativa em Vitória da Conquista. Ao buscar uma aliança com o MDB, o PT poderia ter garantido uma frente mais robusta e fortalecido sua candidatura para a disputa eleitoral.

          A metáfora utilizada na frase "quando um atleta está jogando bem, seu passe valoriza" ilustra bem a importância de reconhecer o momento oportuno para agir. Neste caso, o PT perdeu a chance de aproveitar a popularidade e o capital político da vereadora Lúcia Rocha ao demorar para convidá-la para compor a chapa majoritária ao lado do Deputado Waldenor Pereira, que já havia sido anunciado como candidato.

          A vereadora Lúcia Rocha, com sua trajetória política e capacidade de mobilização, poderia ter agregado uma nova perspectiva à chapa do PT, trazendo consigo eleitores e militantes engajados. Além disso, a presença de uma mulher na chapa poderia ter conquistado o apoio de eleitores que valorizam a representatividade feminina na política.

          No entanto, ao demorar para convidar Lúcia Rocha, o PT perdeu a oportunidade de fortalecer sua candidatura e estabelecer uma imagem de unidade e renovação. Essa demora permitiu que caciques do MDB, que entendem o jogo político, vissem uma oportunidade de obter vantagens políticas em outra direção.

          Olhando para as eleições municipais de 2024, é essencial que o PT aprenda com os erros do passado e esteja disposto a agir de forma mais ágil e estratégica. A construção de alianças sólidas, o diálogo constante com outros partidos e a busca pela renovação e representatividade serão elementos-chave para o sucesso na próxima disputa eleitoral.

          É importante lembrar que o cenário político é dinâmico e exige adaptabilidade por parte dos partidos. O PT, assim como qualquer outra sigla, precisa compreender as demandas e expectativas da população de Vitória da Conquista, estabelecendo propostas e ações que sejam condizentes com as necessidades locais.

          Nas eleições municipais de 2024, o PT terá a oportunidade de reinventar-se, superar as adversidades e conquistar o apoio popular necessário para governar Vitória da Conquista. No entanto, essa reconstrução exigirá uma postura ativa, engajada e estratégica por parte do partido, evitando o silêncio e a inércia que se mostraram prejudiciais no passado.

          A cidade de Vitória da Conquista espera um debate político plural e consistente, com propostas claras e representantes comprometidos com o desenvolvimento e o bem-estar da população. Cabe ao PT e seus líderes a responsabilidade de conduzir esse processo de renovação e diálogo, construindo um caminho sólido para uma Vitória da Conquista melhor e mais próspera.

 

 

ARTIGO - Repensando o lugar das mulheres na Igreja Católica. (Padre Carlos)

 


Uma reflexão necessária

 

 


A história da Igreja Católica é rica em exemplos de mulheres que desempenharam um papel fundamental na disseminação da mensagem de Jesus Cristo. Desde as mulheres que acompanharam Jesus durante seu ministério até as que foram as primeiras a anunciar sua ressurreição aos discípulos, elas têm sido protagonistas e testemunhas do amor de Deus. No entanto, apesar desse legado significativo, a Igreja ainda não reconhece plenamente o papel das mulheres em sua história e na vida atual, muitas vezes excluindo-as de certos ministérios e funções.

É importante destacar o apelo urgente à ação feito por António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas, denunciando a discriminação e a violência que as mulheres sofrem em todo o mundo. Esse apelo nos leva a refletir sobre por que a Igreja não avança na questão da participação efetiva das mulheres, apesar dos apelos à igualdade de direitos e oportunidades.

O Papa Francisco reconhece o valor e a dignidade das mulheres, como evidenciado em março deste ano com o  seus dez pensamentos para o Dia Internacional das Mulheres. No entanto, é necessário ir além do reconhecimento e permitir que as mulheres assumam papéis de liderança e responsabilidade na Igreja. É preciso repensar a doutrina e a prática da Igreja, à luz do exemplo de Jesus e de seu Evangelho.

Jesus foi um revolucionário em sua época, desafiando as normas sociais e promovendo a igualdade entre homens e mulheres. Ele acolhia e valorizava as mulheres, permitindo-lhes participar ativamente de sua missão. Portanto, não podemos permitir que a Igreja se mantenha estática em sua teologia. Ela deve estar aberta ao diálogo e à renovação, a fim de responder aos sinais dos tempos e às necessidades do povo de Deus.

Há teólogos renomados, como Hans Küng, que afirmam que "sem as mulheres não há Igreja". Essa afirmação desafia a Igreja a reconhecer a importância das mulheres como agentes ativas na construção da comunidade cristã. A contribuição das mulheres é vital para a vitalidade e a diversidade da Igreja. Elas têm dons, talentos e perspectivas únicas a oferecer, que podem enriquecer a vida eclesial.

É verdade que a tradição e a estrutura da Igreja podem ser obstáculos à participação plena das mulheres. No entanto, como cristãos, somos chamados a superar esses obstáculos em nome da justiça e da igualdade. Devemos lembrar que, no plano de Deus, homens e mulheres são chamados a ser colaboradores na construção do Reino. Negar às mulheres a oportunidade de exercer seus dons e talentos na Igreja é negar uma parte essencial do corpo de Cristo.

Portanto, chamo a atenção os Cardeais e Bispos da nossa Igreja a refletirem seriamente sobre o papel das mulheres na Igreja Católica. Devemos olhar para o exemplo de Jesus, que valorizou e incentivou a participação das mulheres em sua missão. A Igreja deve seguir esse exemplo, reconhecendo plenamente o papel das mulheres e oferecendo-lhes oportunidades de liderança e ministério.

 Exorto a Igreja Católica a refletir profundamente sobre sua abordagem em relação às mulheres. É hora de avançar além do reconhecimento superficial e permitir que as mulheres assumam seu lugar de direito na liderança e ministério da Igreja. É hora de ouvir suas vozes, valorizar suas contribuições e oferecer oportunidades iguais para que possam florescer e cumprir sua missão no serviço a Deus e ao próximo.

Como cristãos, temos a responsabilidade de buscar a justiça e a igualdade em todas as esferas da vida, inclusive na Igreja. É um chamado para nos afastarmos de estruturas patriarcais e discriminatórias e abraçarmos uma visão mais inclusiva e capacitadora. Somente assim poderemos verdadeiramente viver o mandamento de amar ao próximo como a nós mesmos e construir uma Igreja que seja verdadeiramente reflexo do amor e da misericórdia de Deus.

 

 

 


quarta-feira, 5 de julho de 2023

ARTIGO - Pastor André Valadão diz em culto que, se pudesse, 'Deus mataria' a população LGBTQIA+ (Padre Carlos)

 


Liderança religiosa e  o discurso de ódio

 


O Brasil enfrenta um triste cenário ao liderar o ranking de assassinatos de pessoas trans no mundo. Diante dessa realidade alarmante, surge uma questão relevante: a liberdade de expressão da direito a um pastor fazer discurso homofóbico incitando seus fieis a ódio e a violência? O recente comentário do pastor André Valadão, amplamente divulgado, levanta discussões sobre a responsabilidade dos líderes religiosos e a sensibilidade do assunto com o qual eles lidam cotidianamente.

Analisando o contexto, é possível identificar referências bíblicas relacionadas ao arco-íris como uma metáfora à comunidade gay camuflada no dilúvio. Como teólogo, interpretei essas alusões feitas por este pastor como incitação à violência contra a comunidade LGBTQIA+. Desta forma, chamo a atenção do leitor para não deixar de considerar o contexto em que se deram as falas para entender a gravidade da pregação. O discurso do pastor sugere de forma clara, em vários momentos, que as pessoas devam matar ou formar grupos de extermínio. Essa não é uma interpretação atribuída, foi proferida.

Além de haver indícios de incitação ao homicídio, o discurso do pastor é extremamente anacrônico, ultrapassado e, acima de tudo, contrário aos princípios fundamentais do cristianismo. A mensagem central das escrituras sagradas é de amor, misericórdia e perdão, conforme destacado em passagens como João 15:12 e Mateus 22:37-39. Portanto, qualquer discurso que promova a morte, divisão e aponte o pecado do outro vai de encontro à própria religião que o pastor prega.

Nesse contexto, é importante refletir sobre a necessidade de limites para a liberdade de expressão baseada na religião. Embora a liberdade de crença e o direito à manifestação religiosa sejam garantidos constitucionalmente, eles não podem ser utilizados como escudo para disseminar discursos de ódio, discriminação e violência.

No Brasil, já existem leis que proíbem a discriminação e a incitação ao ódio, inclusive com base na orientação sexual e identidade de gênero. A proteção desses direitos é essencial para garantir a dignidade e a igualdade de todas as pessoas, independentemente de sua orientação sexual ou identidade de gênero.

Diante das imagens que chegaram ao público, podemos afirmar que o pastor André Valadão incitou explicitamente a violência contra pessoas trans. Seu discurso reflete uma postura preconceituosa e desatualizada. É fundamental que líderes religiosos assumam a responsabilidade de promover o amor, a inclusão e o respeito à diversidade.

A liberdade de expressão baseada na religião deve ter limites claros, a fim de evitar o discurso de ódio e a disseminação de preconceitos que contribuem para a violência e a exclusão de grupos vulneráveis. É necessário um diálogo contínuo entre a liberdade de expressão, a religião e os direitos humanos, de modo a construir uma sociedade mais justa e inclusiva para todos.

Os líderes religiosos têm uma influência significativa sobre suas comunidades e seguidores. Eles desempenham um papel importante na formação de opiniões e na construção de valores. Portanto, é crucial que sejam conscientes do impacto de suas palavras e assumam a responsabilidade de promover a inclusão e o respeito pela diversidade.

A liberdade de expressão é um direito fundamental, mas não deve ser usada como um escudo para disseminar ódio e violência. Compreender e respeitar as diferenças é o caminho para uma sociedade mais harmônica e acolhedora. Cabe a todos nós, como cidadãos, defender essa visão e trabalhar em conjunto para construir um Brasil verdadeiramente inclusivo e respeitoso com todas as pessoas, independentemente de sua identidade de gênero ou orientação sexual.

 


ARTIGO - Do Clero de Conquista à Arquidiocese de Natal.(Padre Carlos)

 

 

Padre João Cardoso assume a Arquidiocese de Natal




        Hoje, trago uma notícia que me enche de alegria e esperança. Tomei conhecimento de que um grande amigo, João Cardoso, ou como era carinhosamente conhecido pelos irmãos de presbítero Joãozinho, foi transferido para assumir a Arquidiocese de Natal. Sua trajetória é marcada por uma história inspiradora, repleta de dedicação e compromisso com a Igreja. Aquela menino simples que Dom Climério trouxe da cidade de Dario Meira para Vitória da Conquista com o objetivo de estudar para se tornar padre. Como disse Zanoni: quem foi Danguia?

        Joãozinho, ao lado de Zanoni, são figuras que se destacam dentro de nossa Igreja. Hoje, temos dois Arcebispos de grande importância, cuja ascensão aos postos mais altos é motivo de orgulho e reconhecimento. Essa conquista reflete não apenas o esforço individual, mas também o compromisso e a determinação daqueles que se dedicaram a formar e orientar esses padres exemplares.

        É importante ressaltar que o caminho percorrido por esses homens rumo ao sucesso teve início com a determinação de um Bispo da Ação Católica. Dom Celso José, um dos bispos mais impactantes e misericordioso que a igreja conseguiu produzir no pós Concílio. Ao assumir a diocese de Vitória da Conquista, buscou formar um clero com uma formação acadêmica e espiritual, que fosse referência para assumir qualquer cargo dentro da Igreja. Para isso, recusou vários convites de assumir a Arquidiocese e fazer uma carreira clerical. Seus dois amores eram sua mãe e o seu clero, seus meninos. Assim, preferiu permanecer em Vitória da Conquista, abrindo mão de assumir grandes funções, a fim de cuidar de um clero que pudesse revolucionar a Igreja no novo milênio. Sua abnegação e compromisso com a formação de novos líderes eclesiásticos são louváveis e merecem nosso reconhecimento. Vários bispos saíram deste clero formado por Dom Celso para assumir o episcopado. Nosso regional, o Nordeste III, parece a reunião do clero de Conquista na época desse bispo, só que agora aqueles meninos estão todos com cabelos brancos.

        Nesta nova missão assumida por João Cardoso, que agora é chamado a liderar a Arquidiocese de Natal, desejamos expressar nossos mais sinceros parabéns. Que ele possa corresponder a tudo o que seu pai espiritual lhe ensinou e representar uma esperança para todos os fiéis da região. Sua nomeação é um sinal claro de confiança e reconhecimento por parte da Igreja, e temos certeza de que ele estará à altura dos desafios e responsabilidades que essa posição exige.

A Arquidiocese de Natal é uma das mais importantes do país e enfrenta diversas demandas pastorais, sociais e espirituais. Por isto, a nomeação de João Cardoso é uma indicação de que a Igreja reconhece seu potencial de liderança e capacidade de enfrentar tais desafios. Esperamos que sua presença traga renovação, unidade e fortalecimento da fé em toda a comunidade católica da região.

        Neste momento de transição, é importante também reconhecer o legado deixado por aqueles que vieram antes de João Cardoso e que desempenharam um papel fundamental em sua formação e crescimento espiritual. A eles, nossa gratidão e admiração por terem contribuído para moldar um líder tão dedicado e comprometido.

        A trajetória de João Cardoso é inspiradora, especialmente por ter sido moldada por mentores e figuras exemplares dentro da Igreja. Seu compromisso com a formação acadêmica e espiritual, bem como sua dedicação ao serviço religioso, o tornaram um modelo a ser seguido por outros padres e fiéis.

        Ao reconhecermos essas trajetórias de sucesso e dedicação, fortalecemos os alicerces da nossa Igreja, permitindo que ela se renove e se adapte às necessidades do novo milênio. É um sinal de que a Igreja está atenta aos talentos e vocações presentes em suas fileiras, valorizando aqueles que se destacam em seu serviço.

        Desejamos ao Padre João Cardoso um frutífero ministério na Arquidiocese de Natal. Que ele seja iluminado pelo Espírito Santo, encontre sabedoria para tomar decisões acertadas e seja uma fonte de inspiração e orientação para todos os fiéis da região. Que seu trabalho contribua para fortalecer a fé, promover a justiça social e o amor ao próximo, e que ele seja um elo de união e fraternidade entre os membros da Igreja.

 


 

 

terça-feira, 4 de julho de 2023

ARTIGO - Candidata do MDB rompe a polarização em Vitória da Conquista com habilidade centrada. (Padre Carlos)

 


A cidade acima das disputas partidárias.


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Com a ausência de dois nomes importantes na política de Vitória da Conquista, na Bahia, a candidatura da representante do MDB tem ganhado destaque nas pesquisas eleitorais. O Professor José Raimundo, que sempre foi uma figura marcante no PT da cidade, foi substituído nas eleições deste ano, enquanto o Radialista Herzem Gusmão faleceu em decorrência de complicações causadas pela Covid-19, deixando a prefeitura sob o comando da vice-prefeita Sheila Lemos. Com isso, a polarização entre as duas principais candidaturas foi aberta, gerando espaço para que a candidata do MDB possa se destacar. Neste artigo, vamos entender melhor como a candidata tem conseguido furar a polarização e pontuar em todas as pesquisas, mesmo em um cenário tão desafiador.

Vitória da Conquista, uma cidade marcada historicamente pela polarização política, viu-se surpreendida nas últimas pesquisas encomendada pelos partidos para medir o potencial de cada pré-candidatura. Lúcia Rocha do Movimento Democrático Brasileiro (MDB), com sua capacidade de dialogar tanto com a direita quanto com a esquerda, tem conquistado eleitores de diferentes espectros políticos, rompendo com a tradicional divisão ideológica. Neste artigo, examinaremos como a habilidade centrada da candidata do MDB vem  possibilitando seu sucesso em um cenário político dominado por confrontos partidários.

Contextualizando a polarização em Vitória da Conquista: Vitória da Conquista, como muitas cidades brasileiras, esteve por muito tempo submerso em uma polarização política que, frequentemente, se refletia nas eleições. A população estava acostumada a ver a disputa entre forças políticas de direita e esquerda, com pouco espaço para candidaturas de centro. Essa polarização intensa gerava um clima de antagonismo, tornando o diálogo e o consenso quase impossíveis.

A pré-candidata do MDB e sua abordagem centrada: Surpreendendo as expectativas e rompendo com a polarização, a pré-candidata do MDB, cujo nome se tornou sinônimo de diálogo e pragmatismo, vem adotando uma abordagem centrada na abordagem dos problemas que enfrenta o povo desta cidade. Com habilidade ímpar, ela tem conseguido conquistar eleitores de ambos os lados do espectro político, tornando-se uma alternativa viável para aqueles que buscavam uma liderança que transcendesse as divisões partidárias.

Diálogo aberto: Um dos principais trunfos de Lúcia foi sua postura aberta ao diálogo com todas as partes envolvidas. Ela não apenas tem ouvido os anseios da população, mas também tem se mostrado disposta a debater propostas tanto da direita quanto da esquerda. Essa postura conciliatória e não dogmática possibilitou que eleitores de diferentes ideologias se sentissem representados e encontrassem uma voz comum na candidata do MDB.

Pragmatismo e eficiência: Em uma cidade onde a polarização muitas vezes conduzia a gestões mais ideológicas do que efetivas, a candidata do MDB destacou-se pelo pragmatismo e pela busca de soluções eficientes para os problemas enfrentados por Vitória da Conquista. Ela tem proposto projetos que, acima de qualquer ideologia, atendem às demandas reais da população, levando em consideração o bem-estar coletivo.

Apelo popular: Ao apresentar propostas concretas e priorizar as necessidades da população, a pré-candidata conseguiu estabelecer um forte apelo popular. Seu discurso direto e autêntico, livre das amarras ideológicas, vem atraindo eleitores cansados das disputas polarizadas e sinalizam para um meio termo. A capacidade da pré-candidata de transmitir confiança e segurança em suas propostas foi fundamental para conquistar o apoio de eleitores de diferentes orientações políticas.

Consequências da candidatura de centro: A candidatura da representante do MDB e sua capacidade de romper com a polarização política em Vitória da Conquista trouxeram uma série de consequências positivas para a cidade.

Ampliação do debate político: Com a presença de uma candidatura de centro, as discussões políticas tem sido enriquecidas, dando espaço para novas perspectivas e soluções. A polarização tendia a limitar o debate a uma dicotomia estreita, enquanto a candidata do MDB abriu espaço para ideias inovadoras e abordagens mais pragmáticas.

Aproximação de diferentes grupos sociais: A candidata do MDB tem tido a  capacidade  de unir eleitores de diferentes classes sociais e setores da sociedade, pois suas propostas abrangem questões que afetam diretamente a todos. Sua capacidade de representar interesses diversos vem contribuindo para um senso de unidade e cooperação em prol do desenvolvimento da cidade.

Busca por consensos: Ao romper com a polarização, a candidata do MDB incentiva a busca por consensos e acordos políticos. Isso tem resultado na busca de uma governança mais colaborativa, na qual diferentes partidos e atores políticos se sintam mais dispostos a trabalhar juntos em benefício de Vitória da Conquista, colocando os interesses da cidade acima das disputas partidárias.

Conclusão: A candidatura da representante do MDB em Vitória da Conquista, tem de fato  conseguido furar a polarização política, demonstrando assim, que uma abordagem centrada e conciliatória pode trazer benefícios significativos para uma cidade. Sua capacidade de dialogar com a direita e a esquerda, aliada ao pragmatismo e à eficiência em suas propostas, conquistou eleitores de diferentes espectros políticos, possibilitando a construção de um caminho comum em busca do progresso e do bem-estar da população.

 


segunda-feira, 3 de julho de 2023

«Amanhã ainda seremos humanos?»

«Amanhã ainda seremos humanos?»



        O cartaz que me interpelou na Rua Bahia em Belo Horizonte, era uma provocação artística e política. Nele se lia: «Amanhã ainda seremos humanos?» e se via uma colagem de rostos diversos, entre os quais se destacavam os de Trump e Bolsonaro líderes de extrema direita que ameaçam o equilíbrio mundial. Ao lado da frase, uma reprodução de «O grito» de Munch, símbolo do desespero existencial.


        O que quis o autor do cartaz transmitir com esta obra efémera e anónima? Que mensagem quis ele enviar aos transeuntes que passavam pela rua? Seria um alerta para os perigos do Fascismo, da manipulação mediática, da perda de identidade, da desumanização? Seria uma crítica à indiferença, à apatia, à resignação? Seria um convite à reflexão, à ação, à resistência?


        Lembrei-me de um verso de um poeta portugues: «Falaram-me os homens em humanidade, / Mas eu nunca vi homens nem vi humanidade.» Será que ainda vemos homens e humanidade no mundo de hoje? Será que ainda reconhecemos o valor da vida, da liberdade, da dignidade? Será que ainda somos capazes de sentir compaixão, solidariedade, esperança?


      O cartaz não me deu respostas, mas fez-me perguntas. E talvez esse seja o papel da arte: questionar, incomodar, despertar. Amanhã ainda seremos humanos? Depende de nós.

 

ARTIGO - A Infância: Preservando Nossa História e Construindo um Legado. (Padre Carlos)


Uma Janela para o Passado, um Presente para o Futuro

 

 


A infância é uma fase da vida que nos marca profundamente. É nela que vivemos as primeiras experiências, aprendemos os valores, formamos a personalidade e construímos as memórias que nos acompanharão pelo resto dos nossos dias. Por isso, documentar a nossa infância é uma forma de preservar a nossa história, a nossa identidade e o nosso legado. É também uma forma de compartilhar com as novas gerações os momentos lindos que nos fizeram ser quem somos hoje.

Neste artigo, vou contar um pouco da minha infância e de como cresci em um bairro de Salvador que na década de sessenta era um lugar cheio de aventuras e descobertas. A história começa com meu pai, que veio do interior para tentar a sorte na cidade, ao conhecer aquela noviça no Instituto dos Cegos se apaixona. Eles se casaram e não tinham muitos recursos. Mas tinham fé e esperança. Eles contaram com a ajuda das irmãs mercedárias, que eram religiosas que cuidavam de um colégio na Pituba, um bairro que na época era um balneário, onde as famílias ricas passavam as férias, mas logo se transformou em um polo de desenvolvimento e progresso. As irmãs conseguiram  um trabalho e um lugar para morar. Eles ficaram responsáveis por tomar conta de uma casa de veraneio de uma família rica, a família Machado, em troca da moradia nas dependências do caseiro. Foi lá que eles me deram à luz e me apresentaram à minha irmã mais velha, Tereza. Ela foi a minha primeira companheira de brincadeiras e aventuras. Ela foi a minha primeira amiga.

Essa casa onde vivíamos ficava logo em frente à residência do Dr. Gustavo, um médico renomado, e sua esposa Dona Iolanda. Era uma casa linda, que parecia um sonho. Tinha um viveiro com pássaros coloridos, um galinheiro com ovos frescos, uma piscina azul e cristalina e um jardim maravilhoso, cheio de flores e frutas. Foi o Dr. Gustavo que me trouxe ao mundo, com suas mãos habilidosas e seu coração bondoso. Ele fez o parto da minha mãe em nossa própria casa, sem cobrar nada. Assim, nasci na Pituba, de fato e de direito.

Mas não vou me alongar sobre à casa do Dr. Gustavo. Ela era grande demais para um casal sem filhos, que vivia viajando. Por isso, ele resolveu vendê-la para um empresário rico e poderoso, o Sr. Jaupery Meireles, dono da COMABA, a Companhia de Máquinas da Bahia. Foi aí que tudo mudou em nossas vidas.

A chegada dos novos moradores daquela casa foi uma alegria para nós. Era uma família muito acolhedora, os Meireles. Dona Jandira, esposa de Sr. Jaupery, tratava a gente com o mesmo respeito, sem nenhum preconceito ou algo que nos fizesse sentir excluídos do convívio deles. Como tinham oito filhos, acredito que um a mais ou a menos não faria diferença. Alguns deles já eram grandes, mas não se importavam de brincar com a gente. Outros eram pequenos, mas não tinham medo de se aventurar. Os Meireles eram uma família animada e generosa. No entanto, eles não eram os únicos amigos que tínhamos naquela época.

Naquela época, as famílias eram numerosas, com uma média de seis a oito filhos. Quem não se lembra do Senhor Espinheira, Dona Naná, Sr. Filinho e seu Waldomiro? Eles eram pais de verdadeiras multidões, que enchiam as ruas de vida e alegria. Assim, naquela época, uma família era um mosaico de cores e sabores, onde crianças e jovens conviviam e se respeitavam no mesmo ambiente familiar.

Um dos dias mais felizes da minha infância foi um domingo, na segunda metade da década de sessenta. Foi o dia do grande piquenique, que reuniu todos os meninos e meninas da Pituba. Acordamos cedo naquele dia, cheios de expectativa e animação. Cada um levou o seu lanche e o seu almoço, feitos com carinho pelas nossas mães.

Jope, o filho mais velho do Sr. Jaupery Meireles, nos levou de carro até um certo trecho. Depois, seguimos a pé, atravessando o rio que ficava no fundo da fazendinha do Bahia. Passamos entre as escavadeiras e os tratores que construíam o conjunto do STIEP, um símbolo do progresso da cidade. Chegamos a uma nascente onde a água era limpa e refrescante. Lá, nos divertimos muito, tomando banho, almoçando e brincando.

Na volta, viemos pela Avenida Otávio Mangabeira e vimos às máquinas trabalhando onde seria o Jardim dos Namorados, um lugar romântico e bonito. Foi um dia inesquecível, que guardo na memória com carinho e saudade.

Naquela família, o amor não conhecia fronteiras nem barreiras. O filho mais velho do Sr. Jaupery Meireles se apaixonou por uma bela descendente de árabes, que tinha os olhos cor de mel e os cabelos negros como a noite. A filha mais velha, Jacira, se encantou por um judeu, que havia sobrevivido aos horrores da guerra entre seu povo e o dela. Os Meireles acolheram os dois namorados com carinho e respeito, sem se importar com as diferenças culturais ou religiosas.

No entanto, nem todos eram tão tolerantes assim. A família de Raquel, uma dentista que morreu tragicamente em um acidente, e a família de Joel, que era judia ortodoxa, não se davam bem. Eles evitavam qualquer contato ou aproximação e olhavam com desconfiança e desprezo para o casal misto. Era uma situação delicada e tensa, que refletia o conflito complexo e sangrento que acontecia no Oriente Médio entre árabes e judeus.

Apesar das tensões que permeavam aquela situação, a família Meireles permaneceu firme em seus princípios de amor e respeito. Eles acreditavam na importância de unir as pessoas, de valorizar as diferenças e de promover a harmonia entre os indivíduos. Essa postura deixou uma marca profunda em minha vida e me ensinou valiosas lições sobre convivência e compreensão.

A família Meireles não apenas abriu as portas de sua casa para nós, mas também nos acolheu em seus corações. Em suas casas, encontrei não apenas abrigo, mas também amor, compreensão e apoio incondicionais. Estiveram presentes nos momentos de alegria e nos desafios da minha infância, oferecendo seu ombro amigo e palavras de encorajamento.

Ao conviver com os Meireles, aprendi o verdadeiro significado da união e da solidariedade. Mesmo diante das diferenças culturais e financeiras que existiam entre nós, eles mostraram que o respeito e a compreensão podem superar qualquer obstáculo. Em seu convívio, aprendi a valorizar e celebrar a diversidade, entendendo que ela enriquece nossa existência.

Cada membro da família Meireles deixou uma marca indelével em meu coração. Do Sr. Jaupery, com sua sabedoria e bondade, Dona Jandira, com sua doçura e ternura, Jacira, Jusara, Jurinha e Juranda, que foram como irmãos mais velhos. Juta era contemporâneo, mas os mais próximos foram Gordinho e Bicudo, meus melhores amigos, pelos quais sou imensamente grato por cada momento compartilhado.

Hoje, olho para trás e percebo que a família Meireles não foi apenas uma referência na minha infância, mas uma bênção. Foram eles que me ensinaram a importância de construir laços verdadeiros, de estender a mão ao próximo e de amar sem fronteiras. Sou eternamente grato por tê-los tido como minha família.

Preservar a memória da infância e das pessoas que marcaram nossa vida é fundamental para manter viva a nossa história, identidade e legado. Ao documentarmos essas experiências, estamos não apenas resgatando nossas próprias memórias, mas também compartilhando com as novas gerações os momentos lindos que nos fizeram ser quem somos hoje.

Assim, convido a todos a refletirem sobre a importância de preservar e compartilhar suas memórias de infância. Seja por meio de álbuns de fotos, diários, histórias contadas em família ou outras formas de registro, cada um de nós tem uma contribuição valiosa para fazer. Ao fazê-lo, estaremos contribuindo para a construção de um mundo mais humano, empático e consciente da importância de nossa história e identidade.

Portanto, que possamos todos valorizar e documentar nossas infâncias, celebrando os momentos lindos que nos fizeram ser quem somos hoje. Que possamos transmitir esse legado às futuras gerações, compartilhando nossas memórias, nossos valores e nossas experiências, para que a infância seja sempre uma fase marcante e significativa na vida de cada indivíduo.

  

ARTIGO - A geração que fez a diferença! (Padre Carlos)

A geração que fez a diferença!      Decorridos tantos anos do fim da ditadura, observa-se que a geração da utopia está partindo e a nova...