domingo, 30 de abril de 2023

ARTIGO - Entre a liberdade e a solidão: o dilema de quem deixou o ministério sacerdotal. (Padre Carlos)

 


O que eu ganhei e o que eu perdi ao sair do clero

 


 

A saudade do presbitério

 

          Não. Não vou falar da falta que faz o Ministério Sacerdotal na minha vida. Não vou falar das amizades que eu achava que eram minhas e não do pároco. Não vou falar da dificuldade que é reconstruir a vida aqui fora depois de dedicar boa parte da sua vida a instituição. Também não vou falar do preconceito que os próprios leigos têm com os padres que deixaram o ministério. Não vou falar em nada disto porque as crônicas estão cheias destas constatações, os comentários a respeito destes assuntos proliferam, as análises sobrepõem-se e resta aguardar que as mudanças propostas por Francisco se confirmem e esperar que a realidade das coisas nos surpreenda.

 

         Hoje vou falar do sentimento da perda que registei com particular evidência. A exclusão do clero é evidente agora, você depois de alguns anos percebe que aqueles camaradas lhe esqueceram e você não faz mais parte nem do passado delas. Quantos anos morei com aquelas pessoas, dividir o espaço do quarto, da sala, do refeitório e hoje você constata que tudo aquilo não representa mais nada. O carinho que você sente por estes, suas lembranças da filosofia e da teologia, são na verdade seus fantasmas que ficam povoando suas memórias. A irmandade, a amizades de décadas e as histórias de vida se perderam no tempo, só você é que não percebeu.

 

         Mesmo sentindo a indiferença, confesso a vocês que não posso negar que me alegra ao ver aqueles companheiros. É uma geração que vai dando sinal que está envelhecendo e, com ela, um certo jeito de ser Igreja, de se relacionar, de celebrar, de cantar. No fundo, acho que sublimei o conceito de clero e de presbitério , esse conceito de irmandade, transcende aquele outro mais comum: a de que irmão é alguém com quem temos afinidade, alguma forma de amor não sexual, alguém com quem podemos contar no infortúnio, na tristeza, pobreza, doença ou desconsolo.

 

         Claro que isso é também irmandade, mas o sentido profundo desse sentimento desafiador chamado amizade é outro. Amizade é algo que se constrói com o tempo, com a convivência, com a partilha, com a confiança. Amizade é algo que se mantém mesmo na distância, mesmo na divergência, mesmo na mudança. Amizade é algo que se renova a cada encontro, a cada abraço, a cada palavra.

 

         Eu sei que muitos dos meus antigos colegas ainda me consideram um amigo. Eu sei que eles não me excluíram por malícia ou por indiferença. Eu sei que eles têm suas vidas ocupadas e seus problemas para resolver. Eu sei que eles também sentem saudades de mim. Mas eu também sei que eles não me procuram mais como antes. Eu também sei que eles não me convidam mais para os seus eventos. Eu também sei que eles não me incluem mais nos seus planos. Eu também sei que eles não me veem mais como um igual. E isso dói.

 

         Dói saber que eu perdi algo tão precioso quanto a amizade de quem eu tanto admirei e respeitei. Dói saber que eu deixei de fazer parte de um grupo ao qual eu dediquei tanto amor e serviço. Dói saber que eu me tornei um estranho para quem eu chamei de irmão. Eu não quero voltar ao ministério sacerdotal. Eu não quero voltar à instituição eclesiástica. Eu não quero voltar ao presbitério. Eu só quero voltar a sentir que eles ainda são meus amigos. Eu só quero voltar a ter um espaço na vida deles. Eu só quero voltar a ser lembrado e valorizado.

         Eu sei que isso pode parecer egoísmo ou ingratidão da minha parte. Eu sei que fui eu quem escolheu sair do ministério e da Igreja. Eu sei que  fui eu quem rompeu com o vínculo que me unia a eles.

         Mas eu também sei que não fiz isso por capricho ou por rebeldia. Eu também sei que não fiz isso por falta de fé ou de vocação. Eu também sei que não fiz isso por desamor ou por traição.

         Eu fiz isso por coerência. Eu fiz isso por honestidade. Eu fiz isso por liberdade.

         Eu não me arrependo da minha decisão. Eu não me sinto culpado pelo meu caminho. Eu não me lamento pela minha situação.

         Eu só me sinto triste pela minha solidão.

         Eu sei que há muitas pessoas que me amam e me apoiam aqui fora. Eu sei que há muitas pessoas que me respeitam e me admiram aqui fora. Eu sei que há muitas pessoas que me querem bem e me fazem bem aqui fora.

         Mas nenhuma delas pode substituir aqueles que eu deixei lá dentro. Nenhuma delas pode entender o que eu vivi lá dentro. Nenhuma delas pode compartilhar o que eu aprendi lá dentro.

         Por isso, eu sinto falta do presbitério. Por isso, eu sinto falta do clero. Por isso, eu sinto falta dos meus amigos.

         Eles foram uma parte importante da minha vida. Eles foram uma parte importante de mim.

         E eu espero que eles saibam disso.

 


sábado, 29 de abril de 2023

ARTIGO - A Força do Amor de Deus e da Comunidade para Superar a Adversidade. (Padre Carlos)

 


O Papel da Religião na Luta Contra a Doença


 


 

 

        Caro amigo ou amiga,

        Se você está lendo este artigo é porque, de alguma forma, está enfrentando uma situação difícil em sua vida ou na vida de alguém que ama. Talvez você esteja doente, ou tem um parente que está doente, e o peso da meditação e do sofrimento pode parecer esmagador.

    Mas eu quero lembrá-lo que, mesmo em meio à dor, existe uma fonte de esperança e de amor que pode ser uma força poderosa em sua vida. Eu falo, é claro, do amor de Deus. Quando reconhecemos que Deus é amor e está conosco em todos os momentos, podemos encontrar uma paz que transcende toda a compreensão.

    Além disso, quando temos amigos e uma comunidade que nos apoia, podemos sentir que não estamos sozinhos em nossa luta. O simples fato de saber que as pessoas estão rezando por nós pode trazer um sentimento de pertencimento e de esperança que nos ajuda a perseverar, mesmo nos momentos mais difíceis.

        Eu sei que, em tempos de dor e sofrimento, pode ser difícil encontrar forças para lutar. Mas a religião pode ter um papel importante em ajudar-nos a promover emoções positivas e encontrar controles internos para a luta. É importante lembrar que, muitas vezes, são as pequenas coisas que fazem a diferença.

      Por isso, eu gostaria de encorajá-lo a manter a fé e a esperança em seu coração. Acredite que o amanhã pode ser diferente e que você tem a capacidade de lutar e superar qualquer obstáculo que possa surgir em seu caminho. Como meu amigo Wilton diz, faça com que a esperança venha lembrá-lo que amanhã tudo poderá ser diferente, se você acreditar.

      Que Deus abençoe você e sua família neste momento difícil, e que você possa encontrar a paz e a esperança que vêm do amor divino e do apoio àqueles que o amam.

Com amor e compaixão

 


sexta-feira, 28 de abril de 2023

ARTIGO - Dom Timóteo Amoroso Anastácio: um monge que marcou a história do Brasil. (Padre Carlos)

 

Um legado de amor, sabedoria e esperança!


 


 


Já faz algum tempo que um amigo me pediu para que eu escrevesse sobre Dom Timóteo. Depois de algum tempo, minha pena resolveu aceitar o convite, e hoje gostaria de compartilhar com você um pouco sobre a vida e obra deste grande homem.

No dia 12 de julho de 2023, completaram-se 113 anos do nascimento de Dom Timóteo Amoroso Anastácio, um monge beneditino que foi um dos grandes líderes religiosos e sociais do século XX no Brasil. Sua trajetória é marcada por uma profunda fé, uma coragem profética e uma abertura ao diálogo e à diversidade cultural.

Dom Timóteo nasceu em Barbacena, Minas Gerais, em 1910, em uma família de origem italiana. Formou-se em Direito no Rio de Janeiro, onde se casou com Maria Helena, mas ficou viúvo aos 28 anos. Em 1940, ingressou na Ordem de São Bento no Mosteiro do Rio de Janeiro, adotando o nome religioso de Timóteo. Em 1965, foi eleito arquiabade do Mosteiro de São Bento da Bahia, o mais antigo do novo mundo.

 

Sua chegada à Bahia coincidiu com um dos períodos mais turbulentos da história do Brasil, a ditadura militar que se instalou em 1964 e durou até 1985. Dom Timóteo não se calou diante das violações dos direitos humanos e da repressão aos movimentos sociais que lutavam pela democracia e pela justiça.  Ele se destacou pela sua atuação contra a ditadura militar que oprimia o Brasil na década de 1960 e 1970. Ele não se intimidou diante das ameaças e das violências do regime e usou sua voz e sua influência para defender os direitos humanos e a democracia. Um episódio marcante foi em 1968, quando ele abriu as portas do Mosteiro de São Bento para acolher os estudantes que fugiam da repressão policial na Avenida Sete de Setembro, em Salvador. Ele também denunciou a prisão arbitrária do jornalista Aroldo Pereira, que era seu amigo e colaborador do jornal O Estado de S. Paulo. Dom Timóteo se tornou um símbolo da resistência e da solidariedade aos perseguidos políticos, muitos dos quais encontraram no Mosteiro um refúgio e uma esperança.

Outro caso emblemático da atuação de Dom Timóteo contra a ditadura militar foi a denúncia que ele fez da prisão de Haroldo Lima, um dos líderes da Ação Popular Marxista-Leninista (APML), que se incorporou ao PCdoB em 1972. Haroldo Lima foi preso em 1976, junto com outros dirigentes comunistas, na chamada Chacina da Lapa, em São Paulo, onde foram assassinados Pedro Pomar, Ângelo Arroyo e João Batista Drummond. Dom Timóteo, que era amigo de Haroldo Lima e de sua família, soube da prisão por meio de uma carta anônima e decidiu torná-la pública, para evitar que ele fosse torturado e morto pelos militares. Ele escreveu uma nota no jornal O Estado de S. Paulo, informando que Haroldo Lima estava preso e exigindo seu julgamento legal. Essa atitude corajosa de Dom Timóteo salvou a vida de Haroldo Lima, que depois foi libertado em 1979, com a anistia.

Dom Timóteo também foi um pioneiro na promoção do ecumenismo e do diálogo inter-religioso, especialmente com as religiões afro-brasileiras e judaicas. Ele reconhecia a riqueza e a beleza da diversidade cultural e religiosa do povo brasileiro e buscava uma integração respeitosa e fraterna entre as diferentes tradições. Ele celebrou a Missa do Morro com atabaques e berimbaus, abriu o Mosteiro para as manifestações artísticas e culturais da Bahia e incentivou o estudo e a valorização da história e da cultura afro-brasileira.

 

Dom Timóteo também se preocupava com as questões sociais e ambientais do seu tempo. Ele defendia uma ética humanista que preservasse a natureza e promovesse a dignidade de todos os seres humanos. Ele criticava o consumismo desenfreado e a exploração dos recursos naturais que ameaçavam a vida no planeta. Ele propunha uma espiritualidade que integrasse fé e razão, ciência e religião, cultura e evangelho.

 

Dom Timóteo faleceu em 1994, aos 84 anos, deixando um legado de amor, sabedoria e esperança para as gerações futuras. Sua vida é um exemplo de como um monge pode ser um agente de transformação social e um testemunho de como a fé pode iluminar a história.

 

 

 

 

 

 

 


quinta-feira, 27 de abril de 2023

ARTIGO - Deus te abençoe: Uma expressão de amor e compaixão (Padre Carlos)

 

Abençoando aqueles ao seu redor

 


 

 

Uma das frases que eu mais gosto de dizer é que Deus te abençoe. Essas palavras carregam consigo uma força e um poder imensuráveis. Deus é a essência de tudo, a fonte de toda a vida e amor. Quando dizemos "Deus te abençoe", estamos desejando que essa força divina esteja presente em sua vida, te guardando e te protegendo. Que sua jornada seja iluminada pela graça divina e que você encontre paz e felicidade em cada passo do caminho. Deus te abençoe, hoje e sempre.  Essa é uma bela expressão de amor e devoção a Deus, que reflete a sua fé e sua compaixão pelos outros.

O ato de abençoar alguém é uma maneira de desejar o melhor para a pessoa, pedindo a Deus que a ilumine e guie em sua jornada. Independentemente da religião ou crença pessoal, a benção é um ato de bondade que pode trazer conforto e paz para quem a recebe. Que esse sentimento de amor e gratidão continue a florescer em seu coração e que você possa espalhar essa bênção para todos ao seu redor. Que Deus continue a abençoá-lo(a) em sua jornada.

Estou dizendo estas coisas porque me sinto uma pessoa abençoada. Abençoada por Deus, que me criou à sua imagem e semelhança, que me deu a vida e o amor, que me sustenta e me conduz em sua vontade. Abençoada por Deus, que me perdoa e me salva, que me cura e me liberta que me consola e me fortalece. Abençoada por Deus, que me dá dons e talentos, que me capacita e me envia que me confia uma missão e um propósito.

 

Uma das formas mais sinceras de agradecer a Deus por todas as suas bênçãos é abençoar os outros. Abençoar os outros é desejar que eles também experimentem o amor e a graça de Deus em suas vidas. Abençoar os outros é pedir que Deus os proteja e os guie em seus caminhos. Abençoar os outros é compartilhar com eles a alegria e a esperança que brotam do coração de Deus.

 

Por isso, eu digo com frequência: Deus te abençoe. Essas palavras expressam o meu desejo mais profundo de que você seja feliz e realizado(a) em sua vocação. Que você possa conhecer e amar a Deus cada vez mais. Que você possa servir e testemunhar a Deus com fidelidade e coragem. Que você possa glorificar e louvar a Deus com gratidão e entusiasmo.

 

Deus te abençoe, hoje e sempre.


ARTIGO - A influência do legado de Marco Aurélio Garcia na atual política externa do Brasil. (Padre Carlos)

 


A política externa brasileira pós-Marco Aurélio Garcia

 





O Brasil está passando por um momento delicado na política externa, com o país atuando como mediador no conflito entre Rússia e Ucrânia. Nesse contexto, é impossível não   sentir a falta do companheiro Marco Aurélio Garcia, um dos mais importantes formuladores da política externa brasileira dos últimos anos.

 

Marco Aurélio Garcia foi um importante intelectual e político brasileiro, que se destacou como assessor especial da Presidência da República para assuntos internacionais durante os governos do Partido dos Trabalhadores (PT). Foi uma das principais mentes por trás da política externa do Brasil nessa época, ajudando a consolidar a posição do país como um ator global relevante e crítico.

 

Infelizmente, Marco Aurélio Garcia faleceu em 2017, deixando um vazio na política externa brasileira. No entanto, mesmo sem sua orientação direta, é possível perceber a influência do seu espírito e visão na atual política externa brasileira.

 

Em primeiro lugar, é importante destacar que a política externa do Brasil continua pautada pela defesa da soberania e da independência nacional, valores que sempre foram caros a Marco Aurélio Garcia. O país tem buscado manter uma posição equilibrada e independente em relação ao conflito na Ucrânia, atuando como mediador entre as partes em conflito e evitando alinhar-se automaticamente com as potências ocidentais.

 

Além disso, a política externa brasileira tem se destacado pelo seu protagonismo em temas globais como a defesa do meio ambiente, dos direitos humanos e da paz mundial. Esses são temas que sempre foram caros a Marco Aurélio Garcia, que lutou incansavelmente por um mundo mais justo e solidário.

 

Outro aspecto importante da atual política externa brasileira que reflete a visão de Marco Aurélio Garcia é a busca por uma maior integração entre os países da América Latina e do Caribe. O ex-assessor da Presidência da República sempre acreditou na importância da união dos países latino-americanos como forma de fortalecer a região e garantir uma maior autonomia em relação aos países ricos.

 

Em resumo, mesmo sem a presença física de Marco Aurélio Garcia, é possível perceber a sua influência e legado na atual política externa brasileira. O país continua defendendo valores como a soberania, a independência e a solidariedade internacional, bem como atuando como um ator global relevante e crítico. Certamente, o Brasil teria muito a ganhar se ainda pudesse contar com as orientações e a sabedoria desse grande líder político e intelectual.

 


quarta-feira, 26 de abril de 2023

ARTIGO - Papa Francisco abre espaço para mulheres e leigos no Sínodo dos Bispos. (Padre Carlos)

 

As mulheres terão voz e voto nas deliberações sinodais.

 



Em uma decisão histórica, o Papa Francisco anunciou nesta quarta-feira (26) que vai permitir que mulheres tenham direito a voto no próximo Sínodo dos Bispos, que acontecerá em outubro deste ano. O Sínodo é uma assembleia consultiva formada por bispos de todo o mundo, que se reúne periodicamente para discutir temas relevantes para a Igreja Católica.

 

Até agora, as mulheres podiam participar do Sínodo apenas como observadoras ou especialistas, sem poder expressar sua opinião nas votações finais. Com a mudança, elas poderão ser eleitas como delegadas das conferências episcopais ou das ordens religiosas e terão voz e voto nas deliberações sinodais.

 

O Papa Francisco também ampliou o número de leigos que poderão participar do Sínodo, passando de 30 para 40. Além disso, ele criou uma nova categoria de participantes chamada "auditores", que poderão intervir livremente nos debates, mas sem direito a voto.

 

As medidas fazem parte de uma reforma do regulamento do Sínodo dos Bispos, que foi publicada nesta quarta-feira pelo Vaticano. Segundo o documento, o objetivo é "favorecer a participação ativa e frutuosa de todos os membros do Povo de Deus" e "refletir a comunhão sinodal da Igreja".

 

O tema do próximo Sínodo dos Bispos será "Por uma Igreja sinodal: comunhão, participação e missão". A assembleia será realizada em duas fases: a primeira na diocesana, e a outra  geral,

 

A decisão do Papa Francisco de dar mais espaço para as mulheres e os leigos no Sínodo dos Bispos é vista como um sinal de abertura e renovação da Igreja Católica, que enfrenta desafios como a queda no número de fiéis, a crise dos abusos sexuais e a falta de vocações sacerdotais.

 

O Pontífice já havia manifestado em várias ocasiões seu desejo de promover uma maior inclusão feminina nas estruturas eclesiais e valorizar o papel dos leigos na evangelização. Em janeiro deste ano, ele nomeou pela primeira vez uma mulher como subsecretária do Sínodo dos Bispos: a freira francesa Nathalie Becquart.

 


terça-feira, 25 de abril de 2023

ARTIGO - A luta pela dignidade dos que sofrem com transtornos mentais no Brasil. (Padre Carlos)

 


Uma homenagem aos pioneiros  do Movimento Antimanicomial

 


No Brasil, a história dos cuidados em saúde mental é marcada por violências, abusos e exclusão social. Durante décadas, as pessoas com transtornos mentais foram internadas em hospitais psiquiátricos que funcionavam como verdadeiros depósitos de seres humanos, onde eram submetidas a condições sub-humanas, tratamentos violentos e mortes sem investigação. Estima-se que pelo menos 60 mil pessoas morreram nessas instituições, muitas vezes sem identificação ou registro.

 

Diante desse cenário de horror, surgiu um movimento social que lutou pelos direitos das pessoas em sofrimento mental e pelo fim da lógica manicomial nos cuidados em saúde. Esse movimento ficou conhecido como Movimento Antimanicomial ou Luta Antimanicomial, e foi impulsionado por profissionais, familiares, usuários e militantes que denunciaram as atrocidades cometidas nos manicômios e propuseram novas formas de atenção baseadas na cidadania, na liberdade e na inclusão social.

 

O Movimento Antimanicomial foi o principal responsável pela reforma psiquiátrica brasileira, que começou nos anos 70 e se consolidou com a lei 10.216 de 2001, que estabeleceu os princípios da desinstitucionalização, da reabilitação psicossocial e da rede de serviços substitutivos ao modelo hospitalocêntrico. A reforma psiquiátrica brasileira é considerada uma das mais avançadas do mundo e um exemplo de luta pelos direitos humanos.

 

Neste artigo, queremos resgatar a memória da Dra. Zélia Serra que teve como arena desta luta a Capital Federal, também gostaríamos de resgatar a memória de todas as pessoas que foram vítimas do sistema manicomial e dos inúmeros militantes que se engajaram na luta pela transformação desse sistema. Queremos homenagear os que resistiram os que sonharam e os que construíram uma nova realidade para a saúde mental no Brasil. Queremos também reafirmar o compromisso com a defesa da vida, da liberdade e da dignidade das pessoas em sofrimento mental, que ainda enfrentam muitos desafios e ameaças em nossa sociedade.

Zélia é uma figura marcante na história da luta pela aprendizagem dos pacientes com transtorno mental. Seu legado é uma inspiração para muitos, e seu nome é lembrado como alguém que desenvolveu sua vida para melhorar a vida das pessoas que enfrentam desafios de saúde mental. Através de seu trabalho incansável e compromisso com a causa, Zélia conquistou uma posição de destaque na história, e seu impacto positivo continua a ser lembrado e celebrado.

Zélia foi uma defensora incansável dos direitos dos pacientes com transtorno mental, trabalhando arduamente para promover a compreensão, aceitação e inclusão dessas pessoas na sociedade. Ela lutou contra o estigma associado aos transtornos ansiosos, trabalhando para garantir que os pacientes fossem tratados com respeito, dignidade e igualdade.

Seu legado é evidente em muitos aspectos do campo da saúde mental, incluindo o acesso a tratamento compatível, a promoção de políticas de saúde mental toleradas em evidência, a defesa dos direitos dos pacientes e a educação pública sobre os desafios enfrentados pelas pessoas com transtornos mentais. O trabalho de Zélia Serra também ajudou a promover a importância do cuidado holístico e compassivo para os pacientes, destacando a necessidade de uma abordagem integrada e centrada na pessoa no tratamento de transtornos mentais.

Mesmo após sua morte, o legado de Zélia Serra continua vivo, servindo como uma inspiração para aqueles que continuaram lutando pela aprendizagem dos pacientes com transtorno mental. Sua coragem, dedicação e perseverança são lembradas e celebradas como um exemplo de como um indivíduo pode fazer uma diferença significativa na vida de muitos. Enquanto existe a história da luta pela despertada dos pacientes com transtorno mental, o nome de Zélia Serra continua sendo lembrado e honrado como uma verdadeira defensora e líder nessa causa.

Como disse a Dra. Zélia, uma das pioneiras da reforma antimanicomial de Brasília e  do Brasil: "Quando a utopia é o combustível que nos impulsiona para vida, não existe fronteira para os nossos sonhos". Que essa utopia continue nos inspirando a lutar por uma saúde mental democrática, humanizada e emancipatória.

 

Padre Carlos


segunda-feira, 24 de abril de 2023

ARTIGO - O Prémio Camões “ foi bonita a festa pá.” (Padre Carlos)

 


Finalmente Chico recebe o premio

 

 


O Prémio Camões de 2019, atribuído ao escritor e músico brasileiro Chico Buarque, será finalmente entregue na segunda-feira, dia 24 de abril de 2023, numa cerimónia que contará com a presença dos presidentes de Portugal e do Brasil, Marcelo Rebelo de Sousa e Luiz Inácio Lula da Silva, respectivamente. A cerimónia, que está marcada para as 16:00, no Palácio Nacional de Queluz, no concelho de Sintra, está integrada na visita oficial a Portugal do Presidente da República do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, que começou na sexta-feira, dia 21, e decorre até terça-feira, dia 25.

 

Chico Buarque foi homenageado com o Prémio Camões em 2019, mas a cerimónia de entrega nunca se realizou depois de ter feito várias críticas às políticas culturais do governo de  Jair Bolsonaro, que no início se recusou a assinar o diploma. O autor de Estorvo e Leite Derramado é um simpatizante do Partido dos Trabalhadores (PT), defensor de Lula.

 

Entretanto, a pandemia de covid-19 obrigou ao adiamento da cerimónia de entrega do prémio, que foi agora remarcada, coincidindo com as celebrações do 25 de Abril e com a visita de Estado, de cinco dias, de Lula a Portugal.

 

O Prémio Camões é a maior honraria literária da língua portuguesa, instituído em 1988 pelos governos de Portugal e do Brasil, com o objetivo de reconhecer autores que contribuíram para o enriquecimento do património literário e cultural da língua comum. O prémio tem o valor de 100 mil euros e é entregue alternadamente nos dois países. Chico Buarque é o 13º autor brasileiro a receber o prémio.


ARTIGO - "Hoje nós celebramos uma revolução”.(Padre Carlos)


Crônica de uma revolução 

  



         Eu era apenas uma criança quando tudo aconteceu. Mas lembro-me bem daquele dia em que o meu pai chegou em casa com um sorriso no rosto e um cravo na lapela. Ele me abraçou forte e me disse: “Filho, hoje é um dia histórico. Hoje nós fizemos uma revolução”.

        Eu não entendi muito bem o que ele quis dizer. Para mim, revolução era uma palavra que eu ouvia na escola, nos livros de história, nas músicas proibidas que ele escutava às escondidas. Revolução era algo que acontecia em outros países, em outras épocas, em outras realidades. Não era algo que pudesse acontecer aqui e agora.

        Mas aconteceu. E eu vi com os meus próprios olhos. Vi as pessoas nas ruas, cantando, abraçando, chorando, rindo. Vi os tanques e os soldados, mas não vi tiros nem sangue. Vi os cravos vermelhos, símbolo daquela revolução pacífica e popular. Vi a alegria estampada nos rostos de quem há tanto tempo sofria com a opressão e a censura.

        Eu não sabia o que significava tudo aquilo. Mas sabia que era algo bom. Algo que mudaria as nossas vidas para sempre. Algo que nos daria a oportunidade de sermos livres.

     Hoje, passados tantos anos, eu olho para trás e vejo o quanto aquela revolução foi importante. Vejo o quanto ela nos trouxe de conquistas e de desafios. Vejo o quanto ela nos inspirou a lutar pelos nossos direitos e pelos nossos sonhos.

        Hoje, eu sou um adulto e tenho um filho. E quando ele me pergunta sobre a revolução dos cravos, eu conto a ele a história daquele dia em que o meu pai chegou em casa com um sorriso no rosto e um cravo na lapela. E digo a ele: “Filho, hoje é um dia histórico. Hoje nós celebramos uma revolução”.

 

domingo, 23 de abril de 2023

ARTIGO - A esquerda brasileira e a: Utopias, Distopias e Retrotopia. (Padre Carlos)

 


Utopias, Distopias e Retrotopia.

 


Ao longo das últimas duas décadas, o Brasil tem experimentado uma montanha-russa política, com mudanças significativas no cenário governamental e, consequentemente, nas emoções da população. Vivemos uma era de "utopia" durante os dois mandatos do ex-presidente Lula, onde a esperança de um país mais justo e igualitário parecia possível. No entanto, experimentamos uma verdadeira “distopia” durante os governos de Michel Temer e Jair Bolsonaro, onde retrocessos políticos e sociais foram evidentes.

Durante o governo de Lula, houve uma série de políticas voltadas para a redução da pobreza, a promoção da inclusão social e a valorização do trabalhador. Programas como o Bolsa Família e o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) foram implementados com o objetivo de promover uma distribuição mais equitativa da riqueza e melhorar as condições de vida da população mais vulnerável. O país experimentou um período de crescimento econômico, aumento do emprego e uma maior inclusão social. As emoções predominantes eram de otimismo e esperança, acreditando em um futuro melhor.

No entanto, com a chegada dos governos de Michel Temer e Jair Bolsonaro, muitas dessas políticas foram desmontadas e uma série de retrocessos foram implementados. Reformas trabalhistas e previdenciárias que retiraram direitos dos trabalhadores desmonte de políticas sociais e ambientais, e um clima de polarização política e social tomaram conta do país. A sensação de "retrotopia" se instalou, com um sentimento de pessimismo, tristeza e medo em relação ao futuro.

É importante compreender que o mundo mudou nas últimas duas décadas. A dinâmica política, econômica e social sofreu mudanças, e o Brasil não está imune a essas mudanças. Vivemos em uma era de desafios constantes, com questões complexas como mudanças climáticas, desigualdades crescentes, crises sanitárias e tecnológicas, entre outras. Nesse contexto, é fundamental manter a chama da utopia acesa, mas também ter uma visão realista dos desafios atuais.

Neste momento, o país está vivendo um momento político único, com o retorno das políticas de esquerda devido ao terceiro mandato de Lula. Independentemente de concordarmos ou não com suas ideias e políticas, é inegável que seu retorno ao cenário político trouxe à tona novamente a esperança de mudança e a possibilidade de retomar alguns dos avanços conquistados no passado. No entanto, é importante não cair no erro de buscar uma "retrotopias", ou seja, voltar ao passado sem considerar a nova realidade em que vivemos. A situação atual do mundo é muito diferente da que vivíamos no começo dos anos 2000, quando o Brasil surfou na onda das commodities, proporcionando assim ao país uma onda de prosperidade. Agora, a geopolítica está marcada pela rivalidade entre a China e os Estados Unidos, que disputam a liderança econômica e política. Essa polarização traz muitos desafios e incertezas para o futuro da humanidade.

É necessário alimentar a utopia e não cair no erro de buscar uma retrotopia com uma visão atualizada do mundo, com novas propostas, soluções criativas e uma compreensão dos desafios complexos que enfrentamos. É preciso ter uma visão progressista, mas também realista, entendendo que o caminho para um futuro melhor não será fácil e exigirá esforço, diálogo e cooperação de diferentes setores da sociedade.

 

 

 


ARTIGO - O Oleiro está sempre lá, pronto para nos restaurar e nos fazer novos. (Padre Carlos)


 

 O Oleiro está sempre lá, pronto para nos restaurar e nos fazer novos

   

 


 

         Às vezes, a vida nos coloca em situações difíceis, como se estivéssemos sendo quebrados em muitos pedaços. Parece que nossas lutas querem nos deixar em frangalhos, sem esperança e sem rumo. Mas, mesmo diante de tantos desafios, ainda existe algo que nos sustenta: a bondade e compaixão do Oleiro.

 

    O Oleiro é aquele que nos molda, que trabalha em nós com mãos habilidosas e olhar cuidadoso. Ele não desiste de nós, mesmo quando estamos em pedaços, e sua misericórdia nos restaura. É como se ele pegasse os fragmentos quebrados da nossa vida e os transformasse em um novo vaso, cheio de fé e esperança.

 

  Quando nos sentimos perdidos e desanimados, o Oleiro nos lembra que ainda podemos ser refeitos. Ele usa suas habilidades para remodelar nossa existência, para nos dar uma nova forma. Ele vê além dos nossos defeitos e limitações, e enxerga o potencial que ainda temos.

 

      Aos poucos, o Oleiro vai moldando cada parte de nós, com paciência e amor. Ele suaviza as arestas, conserta as rachaduras, e nos enche de sua graça. Ele não se importa com a bagunça que estamos, ele apenas se preocupa em nos transformar em algo belo e valioso.

 

     

    À medida que permitimos que o Oleiro trabalhe em nós, começamos a ver a mudança acontecer. A fé e a esperança começam a brotar em nosso coração, e descobrimos que ainda podemos ter um futuro brilhante, mesmo após as lutas que enfrentamos.

 

  É incrível como o Oleiro é capaz de transformar algo quebrado em algo novo e cheio de vida. Ele nos ensina que as adversidades podem ser oportunidades para crescimento e renovação. Ele nos lembra que, mesmo quando estamos em pedaços, ainda podemos ser restaurados e transformados em algo melhor.

 

      Então, não importa quantas lutas tenhamos enfrentado, ou quantos fragmentos estejamos em nossas mãos, o Oleiro está sempre lá, pronto para nos restaurar e nos fazer novos. Com sua bondade e compaixão, ele nos dá uma nova perspectiva e nos enche de fé e esperança para enfrentar os desafios da vida.

 

       Assim, podemos confiar no Oleiro, sabendo que ele nos transformará em vasos novos, cheios de beleza e propósito. Ele nos lembra que, mesmo diante das adversidades, ainda podemos ser restaurados e brilhar com uma nova luz. E é com essa fé e esperança que seguimos em frente, sabendo que somos obras em progresso nas mãos do Oleiro.

 

Padre Carlos


sexta-feira, 21 de abril de 2023

ARTIGO - A Igreja e a inclusão: um chamado à compaixão. ( Padre Carlos )

 

Uma abordagem pastoral mais inclusiva

 

          



         A Igreja é uma instituição que tem como objetivo principal acolher e cuidar de todos os seus filhos, independentemente de suas circunstâncias ou orientação sexual. No entanto, muitas vezes a Igreja falha em cumprir esse papel, excluindo e discriminando aqueles que não se encaixam em seus padrões.

        Jesus Cristo pregou o amor, a misericórdia e o perdão. Ele não fez distinção entre as pessoas e acolheu a todos com compaixão e cuidado. A Igreja precisa seguir esse exemplo e ser referência de compaixão para aqueles que se sentem marginalizados ou excluídos.

         Uma abordagem pastoral mais inclusiva e acolhedora pode permitir que a Igreja compre seu papel de ser uma mãe amorosa para todos os seus filhos. Isso significa acolher todas as expressões afetivas e sexuais como dom de Deus e não fazer distinção entre as pessoas com base em sua orientação sexual.

         A Igreja precisa ser um lugar onde todos se sintam bem-vindos e amados. Isso significa criar um ambiente seguro e acolhedor para aqueles que se sentem marginalizados ou excluídos. A Igreja precisa ser um lugar onde as pessoas possam encontrar conforto, apoio e orientação espiritual.

         Para alcançar esse objetivo, a Igreja precisa mudar sua abordagem pastoral. Isso significa deixar de lado a exclusão e a discriminação e adotar uma abordagem mais inclusiva e acolhedora. A Igreja precisa ser um lugar onde as pessoas possam encontrar amor, compaixão e cuidado.

         Uma abordagem pastoral mais inclusiva também pode ajudar a Igreja a se conectar com aqueles que estão fora de suas paredes. Muitas pessoas se sentem desencorajadas pela exclusão e discriminação que experimentam nas igrejas tradicionais. Uma abordagem mais inclusiva pode ajudar a Igreja a alcançar essas pessoas e mostrar-lhes que elas são amadas por Deus.

         A Igreja também precisa estar disposta a aprender com aqueles que são diferentes dela. Isso significa estar aberto ao diálogo inter-religioso e intercultural e estar disposto a aprender com outras tradições religiosas e culturais.

         Em resumo, uma abordagem pastoral mais inclusiva e acolhedora pode permitir que a Igreja compre seu papel de ser uma mãe amorosa para todos os seus filhos. A exclusão e a distinção não estão em consonância com o ensinamento de Jesus Cristo, que pregou o amor, a misericórdia e o perdão. A Igreja precisa ser referência de compaixão para aqueles que se sentem marginalizados ou excluídos.

 

quarta-feira, 19 de abril de 2023

ARTIGO - Personalidades que Fizeram História na Esquerda Brasileira. (Padre Carlos)


Resgatando os Militantes Esquecidos

 



 

A esquerda brasileira sempre foi composta por uma diversidade de militantes, homens e mulheres que dedicaram suas vidas à luta por um país mais justo, democrático e solidário. Muitos desses companheiros e companheiras, no entanto, foram esquecidos ou silenciados ao longo da história, seja pela mídia hegemônica, pelos golpes de Estado ou pela própria desorganização partidária. É fundamental resgatar a memória daqueles lutadores e lutadoras, que tiveram um papel fundamental na construção dos partidos de esquerda e nos governos populares que marcaram a história do Brasil e da América Latina.

Um desses militantes esquecidos é O “cavaleiro da esperança” ou o Velho como Carlos Prestes era conhecido. Outro que não podemos esquecer é Carlos Marighella, líder da Ação Libertadora Nacional (ALN), que foi uma das principais organizações de resistência à ditadura militar no Brasil. Marighella foi um guerrilheiro urbano, escritor e político, conhecido por sua coragem e compromisso com a causa da libertação do povo brasileiro. Ele foi morto em 1969, mas sua memória e sua luta continuam vivas até hoje, como um símbolo de resistência contra a opressão e a ditadura.

Outro nome importante é o de Gregório Bezerra, líder comunista e ex-deputado federal, que teve uma atuação destacada na defesa dos trabalhadores rurais e na luta contra a ditadura. Bezerra foi preso e torturado durante o regime militar, mas nunca desistiu de suas convicções e continuou lutando pela democracia e pelos direitos dos trabalhadores até o fim de sua vida.

Um outro que não pode ficar de fora desta lista é Haroldo Lima. Haroldo foi um comunista convicto que nunca abriu mão de seus princípios ideológicos. Foi fiel ao PCdoB até o fim de sua vida e defendeu a construção do socialismo como única alternativa para superar as contradições do capitalismo.

         Há também as mulheres que cumpriram um papel crucial na esquerda brasileira, como a advogada Loreta Valadares. Sua militância no Movimento Estudantil e na Ação Popular (AP) levou esta jovem a um compromisso maior com a luta por um mundo mais justo e contra a ditadura militar. As sequelas da prisão e da tortura comprometeram profundamente sua saúde, mas não a impediram de prosseguir na aguerrida militância comunista que tinha por base as profundas convicções dos ideais que a sua geração abraçou.

Outro exemplo é a ex-prefeita de São Paulo, Luiza Erundina, primeira mulher a governar a maior cidade do Brasil, e que teve uma gestão marcada pela defesa dos direitos dos mais casados ​​e pela promoção da participação popular na política. Erundina é uma referência de liderança feminina na esquerda brasileira e um exemplo de autoridade e compromisso com os princípios progressistas.

Além disso, não podemos esquecer dos militantes anônimos, que operam nas bases, nas comunidades, nas periferias, lutando diariamente por justiça social, igualdade e igualdade. São lideranças comunitárias, sindicalistas, ativistas dos movimentos sociais, que muitas vezes enfrentam ameaças, violências e perseguições por defenderem suas convicções políticas. Os Anilson e Garrincha da vida

É preciso resgatar a memória desses militantes esquecidos, relembrar suas histórias, seus ideais e suas contribuições para a luta por um Brasil mais justo e democrático. É necessário respeitar o legado desses companheiros e companheiras, e reconhecer de fato e direito sua importância na construção da história da esquerda brasileira.

É fundamental também que os partidos de esquerda, além de resgatar a memória desses militantes, promovam a diversidade e a diversidade em suas lideranças. É preciso abrir espaço para novas vozes, para a participação de mulheres, jovens, negros, indígenas e LGBTs, para que a representação política seja mais plural e inclusiva, refletindo a realidade e as demandas da sociedade brasileira.

É importante destacar que muitos desses militantes esquecidos enfrentaram e ainda enfrentam diversos desafios, como a criminalização dos movimentos sociais, a perseguição política e a detecção. É necessário garantir a proteção e a defesa desses militantes, assegurando seu direito à liberdade de expressão, de organização e de participação política, bem como oferecer apoio e solidariedade em momentos de dificuldades.

Ao resgatar a memória desses militantes esquecidos, a esquerda brasileira pode reafirmar seus princípios e valores, fortalecendo sua identidade e sua luta por um Brasil mais justo, igualitário e democrático. Reconhecer a importância desses lutadores e lutadoras é também respeitar a história de resistência e luta do povo brasileiro, que sempre buscou transformar a realidade em busca de um país mais justo e solidário.

É hora de resgatar a memória desses militantes esquecidos, para que suas histórias sejam contadas e suas contribuições sejam reconhecidas. É uma forma de honrar seu legado e inspirar as futuras gerações a continuarem a lutar por um Brasil melhor. Afinal, a história da esquerda brasileira é composta por muitos nomes, muitas trajetórias e muitos rostos, e é importante dar voz e visibilidade a todos aqueles que dedicaram suas vidas à construção de um país mais justo e democrático. É tempo de resgatar a memória desses militantes e manter sua chama acesa na luta por um Brasil melhor para todos.

 

 

ARTIGO - A geração que fez a diferença! (Padre Carlos)

A geração que fez a diferença!      Decorridos tantos anos do fim da ditadura, observa-se que a geração da utopia está partindo e a nova...