sábado, 31 de dezembro de 2022

ARTIGO - Adeus ano velho e feliz ano novo! (Padre Carlos)

 


AFINAL, O QUE VOCÊ FEZ?

 


 

            Ainda bem que existem os poetas para dizerem tudo aquilo que queremos e não sabemos como....

            Em uma mensagem de final de ano, que virou música, John Lennon

lembra que o natal e o ano novo chegaram e pergunta: “O QUE VOCÊ FEZ?”

     Em 2023 vai completar 43 anos do dia em que, como falou Milton Nascimento, “... um simples canalha matou um rei”. Nada, ninguém, poderia ter feito a bala parar.

          Foi pensando neste acontecimento e lembrando a cultura da bala que faço esta crônica. Quando Bolsonaro se despede de Brasília e carrega sua prole no avião presidencial rumo a Orlando, penso no país que ele está deixando para traz. Não era assim o Brasil que eu queria!

        As balas que atiramos não voltaram e nem voltarão.

       Por isso é que John Lennon perguntava o que se tinha feito! Como não dá para parar a bala que matou Guarda Municipal Marcelo Arruda que foi morto a tiros na comemoração de seus 50 anos deixando esposa e quatro filhos, entre eles uma menina de 6 anos e um bebê de 1 mês.

      Neste ano o nosso voto teve um simbolismo muito forte, ele se tornou o escudo para estas balas. Não mais atiremos as mesmas balas desnecessárias, pois claro está que uma vez atiradas elas não retornam para a arma de quem as atirou.

        O Ano Novo é sim um grande símbolo. Seu significado tem um simbolismo forte de recomeço para muitas pessoas e para o País. No dia 1º de cada ano é celebrado o Dia Mundial da Paz, conhecido popularmente como Confraternização Universal.

       Sempre penso em simbologias por estes dias, pois cada um de nós relaciona a passagem do ano a alguma coisa bem particular e não só ao fato do calendário, mas do começo de uma nova jornada. Relaciono as festas de final de ano as coisas boas. O Réveillon, hoje, é tudo aquilo que posso fazer de bom para as pessoas que amo e para as pessoas que estão passando fome, assim, não posso fazer o bem só para aquelas que fazem o bem para mim.

     É isso, então, que desejo para vocês todos – que seu Ano Novo possa ser relacionado a coisas maravilhosas. Que ao tomar posse neste dia, o presidente possa lembrar dos 30 milhões de famintos e que os sonhos e esperança de cada voto faça valer!

        Gostaria de deixar para todos nós uma frase de uma das músicas

que meus verdadeiros heróis (The Beatles) fizeram: “E no final, o amor que você recebe é do mesmo tamanho do amor que você deu”.

        Adeus ano velho e feliz ano novo!

 

        Padre Carlos







 


quarta-feira, 28 de dezembro de 2022

ARTIGO -“os idosos podem nos ensinar que todos nós somos, na realidade, frágeis”. (Padre Carlos)

 

Hay que envelhecer pero sin perder la ternura.



Mesmo estando mais lento devido o envelhecimento, e com maior dificuldade em se movimentar, Francisco não abandonou sua agenda e como um bom jesuíta, tem demostrado ao mundo que é um Papa Missionário.

Contudo, apesar das suas limitações físicas, o Papa tem surpreendido os fieis, mesmo com toda limitação que o envelhecimento tem proporcionado a sua mobilidade, o pontífice encontra motivo mesmo na sua fragilidade para nos ensinar que não devemos parar de lutar mesmo diante das nossas fraquezas e limitações. Lutar pelos fracos e enfermos é fundamental, mas o importante é ensina-los a continuar lutando e esta é a tarefa essencial da Igreja e deverá ser desenvolvida com grande humanidade e atenção aos que sofrem.

O pontífice tem chamado a atenção do mundo para esta questão. Assim, mesmo com 86 anos, tem usado sua própria vulnerabilidade para exigir dignidade e respeito aos idosos em um mundo cada vez mais povoado por eles. Para o Papa, os avós e os idosos não são sobras de vida, desperdícios para jogar fora.

O Dia Mundial dos Avós e dos Idosos passou a ser celebrado em (25/07), A primeira celebração dedicado aos Avós e dos Idosos ocorreu na Basílica de São Pedro. Devido a uma cirurgia no cólon, o Santo Padre não presidiu aquela celebração, mas a sua homilia foi lida por dom Fisichella. O Papa inicia a sua homilia com o seguinte versículo do Evangelho daquele domingo: «Jesus disse a Filipe: “Onde havemos de comprar pão para esta gente comer?”» “Jesus não se limita a ensinar, mas deixa-se interpelar também pela fome que se faz sentir na vida das pessoas. E assim alimenta a multidão, distribuindo os cinco pães de cevada e os dois peixes recebidos de um jovem. Ao fim, sobram ainda numerosos pedaços de pão, dizendo aos seus discípulos que os recolham, «para que nada se perca».”.

Este proposito de humanizar a terceira idade e busca a dignidade desta gente, teve início bem antes de Francisco se tornar papa, aos 76 anos. No livro “Sobre o Céu e a Terra”, ele disse que ignorar as necessidades de saúde dos idosos constituía uma “eutanásia encoberta” e que os idosos muitas vezes “acabam sendo guardados em uma casa de repouso como um casaco pendurado no armário durante o verão.”.

Um alto membro do Vaticano, o arcebispo Vincenzo Paglia, disse em uma entrevista que persuadiu Francisco a articular um novo ensinamento da Igreja sobre o envelhecimento, foi “proposto não com palavras, mas com o corpo” porque, ele disse, “os idosos podem nos ensinar que todos nós somos, na realidade, frágeis”. “O envelhecimento é um dos grandes desafios do século 21."

O Para tem denunciado esta forma do Ocidente vê e se relacionar com os mais velhos. Desta forma, denúncia regularmente à maneira como as pessoas mais velhas são tratadas como lixo em uma “cultura do descartável”.

 


segunda-feira, 26 de dezembro de 2022

ARTIGO - Polícia impede atentado de bolsonarista com camião de combustível. (Padre Carlos)

 


Vamos esperar cadáveres aparecerem para tomar uma atitude mais enérgica contra estes criminosos?

 






Como se não bastasse à tentativa dos bolsonaristas de invadir sede da Polícia Federal no início do mês, agora as investidas deste grupo tem tomado grandes proporções e não podemos ficar esperando os cadáveres aparecerem para se tomar uma atitude mais enérgica contra estes criminosos.  

O fato é que esta situação começou a  fugir do controle como nunca tínhamos visto, como aconteceu neste sábado (24), um empresário bolsonarista, foi preso sob a acusação de tentar explodir um caminhão-tanque numa área próxima ao aeroporto de Brasília. A brigada de minas e explosivos foi acionada para neutralizar a bomba colocada no camião tanque de combustível. O plano criminoso para explodir este artefato explosivo, poderia resultar em um dos maiores atentados terroristas do Brasil — em plena véspera de Natal. O trabalho das forças de segurança do DF impediu que a tragédia acontecesse e colocou atrás das grades George Washington De Oliveira Sousa, 54 anos, preso pela Polícia Civil (PCDF).

O suspeito foi detido e confessou que é apoiador de Bolsonaro e participa no acampamento que desde as eleições está à frente do quartel-general do Exército em Brasília pedindo a intervenção militar.

O atentado frustrado contava com equipamentos sofisticados, incluindo um dispositivo de acionamento remoto. O artefato foi posicionado para também envolver um caminhão de querosene, o que poderia ter aumentado o poder destrutivo do ataque.

Este atentado chama nossa atenção para a necessidade de encontrar os mentores intelectuais e a fonte que vem financiando e alimentando ideologicamente este movimento. Não podemos prender somente os operadores destes atos terroristas e fingir que não exista uma cadeia de comando, que mesmo com o seu silêncio, termina falando muito para estas pobres almas.

 


ARTIGO - Os meus amigos não cabem na palma da mão! (Padre Carlos)

 


A amizade sincera dá ânimo para viver.

 


Outro dia estava conversando com um amigo no celular sobre os nossos desejos e esperança para o ano que vem. Falávamos baixinho dos nossos segredos e rimos alto, até dos problemas que nos amedrontava. Rimos também daqueles que cresce sem controle dentro da gente: o medo, a frustração, a raiva. Dei-me conta que enquanto riamos, meus problemas iam se dissolvendo e as minhas energias e certezas que não estava sozinho me fortalecia por dentro. A amizade é esse renascimento onde caímos, mesmo quando nem sabíamos de que era disso que precisávamos tanto.

Quando converso com um amigo é assim!  Sempre existe assunto, parece uma conversa que nunca se esgota. É mesmo isso que acontece entre os verdadeiros amigos: a conversa não morre. Tudo é motivo de ser assunto e a gargalhada nunca é inconveniente. Entre amigos de verdade é assim, não há receios, há vontade de continuar. Talvez seja esta a diferencia estre a amizade e o amor: não temos de medir o que se segue. O que se segue é sempre válido, sem julgamentos.

Os amigos terminam provocando na gente, esta coisa boa de querer integra-los para sempre na nossa vida: pode ser só por um momento, mesmo assim é válida quando surge: a ideia e o sentimento. Queremos a presença deles e delas para sempre nos momentos bons. Como se fosse possível.

Com os amigos, queremos passar o Verão, as férias, num destino aonde será improvável irmos, continuar a festa a noite toda, ver aquele filme que esta em cartaz no cinema: vamos todos! Depois, um a um, quase todos dirão que não podem que já tinham outras coisas combinadas. Muitas vezes me doeu a falta dos amigos em momentos que considerei importantes. Hoje, absolvo-os de imediato, para saber que no dia seguinte, os verdadeiros, encontrarão sempre um tempo para celebrar.  Os verdadeiros amigos não falham, até quando faltam. Vêm dias depois, abraçam-nos numa hora que não estava na agenda.

Mandam uma mensagem adivinhando que estamos tristes. Tenho muita sorte: os meus amigos ainda não cabem apenas na palma da mão: são mais. São muitos. Pode ser que um ou outro não esteja num momento importante, mas com certeza virá ao meu chamado quando eu mais precisar. Os amigos não têm de estar sempre, têm de vir numa noite e fazer dela especial. Exultamos a presença deles, e eles a nossa. Brindamos à vida. Lembramo-nos de tudo o que já vivemos. Eles dizem coisas que nós já não nos lembramos de que um dia dissemos e recorda quem realmente somos.

 


sábado, 24 de dezembro de 2022

ARTIGO - O Salvador nasceu no silêncio e na pobreza mais extrema. (Padre Carlos)

 

Um Deus que se fez pobre.

 



Quando nos damos conta da pobreza daquele cenário e da simplicidade que é uma manjedoura, temos a verdadeira noção do que representa o Natal. Deus fez nascer Seu Filho, naquelas condições na cidade de Belém e foi justamente na pobreza daquele lugar que chegou a salvação para o mundo. O Salvador nasceu no silêncio e na pobreza mais extrema, veio na simplicidade dos genuínos afetos humanos, para nos fazer filhos de Deus.

Por isto, o Natal revela um Deus que se aproxima da Humanidade e se humilha ao nascer em Belém, na pobreza e com os pobres. Assim, demonstra que não é indiferente ao sofrimento humano e que sua encarnação na humanidade foi para salvar a todos, seja qual for a sua condição social, língua, cultura ou nação. É um Deus com uma particular predileção pelos desfavorecidos, pelos pequenos e os mais pobres.

Um Deus que se fez pobre para nos enriquecer de todo o seu amor.  É certo que podemos vivenciar coisas não muito boas, mas precisamos fazer memória da nossa história, das nossas vitórias, porque nela existem muitas lembranças que nos ajudam a continuar lutando.

 

Jesus nasceu nesta pequena cidade, na periferia daquele império. Ele como Rei do universo não nasceu em palácios, mas nasceu numa manjedoura, e o seu reinado é de serviço. E as pessoas vão reconhecer Jesus em você na sua maneira de servir, no partir do pão. Jesus se fez pobres para que nós fossemos ricos, somos ricos porque temos o maior tesouro que é Jesus Cristo. Deixe que esse tesouro seja o centro da sua vida, e com certeza ela será sempre um ato de louvor mesmo em momentos de dor. Quando Jesus for o centro, o Senhor da nossa vida, quando transformarmos nosso coração em uma manjedoura, nada vai nos abalar, porque saberemos onde encontrar o Senhor.

 

 

 

quarta-feira, 21 de dezembro de 2022

Lula vai ajudar na negociação da guerra na Ucrânia.

 


Lula pode ter um papel na mediação do conflito da Ucrânia.

 


 

 

Oito dias antes de tomar posse, Lula anunciou no Twitter ter falado ao telefone com o Presidente russo Vladimir Putin. Tudo indica que o petista esteja buscando mais uma vez ter um papel relevante nas negociações de paz projetando assim o Brasil definitivamente no cenário internacional.

Lula disse em uma coletiva a correspondentes internacionais, que o sindicalismo o ensinou a negociar de cabeça erguida. Assim ele falou da política internacional do seu governo. “Vamos receber o mundo aqui dentro e vamos visitar o mundo, porque é preciso que, neste mundo globalizado, a gente faça política internacional com muita grandeza e com muito respeito”, afirmou.

         Quem conhece um pouco de política internacional, sabe que uma ligação desta transcende os protocolos da posse e sabendo qual dos dois homens fez o telefonema, descobriríamos a história e o contexto desta conversa, que pode ser mais do que formalidade de “congratulação pela vitória”. O que não podemos negar é que com histórico de boas relações entre Lula e o presidente russo Vladimir Putin, cresce a expectativa sobre a condução da diplomacia do novo governo brasileiro em relação à guerra na Ucrânia e a interação com Moscou. 

        O que sabemos de concreto é que em conversas formais com representantes de outros países, o presidente russo, Vladimir Putin, destacou a parceria estratégica com o Brasil e as boas relações que sempre manteve com os governos brasileiros. 

Não podemos esquecer que seis meses antes de ser eleito Presidente do Brasil pela terceira vez, Luiz Inácio Lula da Silva deu uma entrevista à revista "Time" durante a qual anunciou ao mundo que, caso fosse eleito, queria ter um papel na mediação do conflito da Ucrânia.


ARTIGO - A imortalidade esta na obra do autor, por isto Nélida Piñon é imortal.

 

 

Viver em função da literatura, viver para a literatura.

 


A morte da escritora Nélida Piñon, reacendeu a necessidade de chamar a atenção da comunidade literária  sobre os verdadeiros critérios para escolha dos imortais da ABL. Infelizmente o sentido que a expressão Popular assobiar e Chupar Cana tem feito muito sentido nas ultimas escolhas dos membros daquela Academia. Ela se refere à ideia de uma pessoa fazer ao mesmo tempo duas coisas impossíveis, isto é, não é possível assobiar enquanto se chupa cana e vice-versa. Quem primeiro chamou a nossa atenção para esta questão foi o compositor Benito de Paula, quando na década de setenta do século passado, alguns jogadores de futebol e atores passaram a gravar musica, ele afirma que: cantor ou compositor, não podem ser ator nem jogador de futebol. Não podemos banalizar a ABL e achar que a imortalidade está somente naquelas cadeiras.

Temos que definir quais os critérios verdadeiros para se ingressar naquela casa. Ultimamente ser representante de conglomerados de comunicações ou ter uma quantidade de discos de ouro tem chamado mais a atenção dos imortais para escolha de seus pares que uma vida dedicada à literatura. Mas hoje não vou me prender a estas questões, quero memorizar esta grande escritora que foi e é referencia para diversas gerações pelo pioneirismo e coragem em abri caminhos para as mulheres de nosso tempo ocupar o métier das letras. A escritora foi à primeira mulher, em 100 anos, a tornar-se presidente da ABL, entre 1996 e 1997 e a primeira à frente de uma academia literária no mundo. Mas para isto, ela teve que Viver em função da literatura, viver para a literatura.

         Autora de mais de 20 livros, entre novelas, contos, literatura infanto-juvenil, ensaios e memórias. Estreou na literatura com o romance Guia-Mapa de Gabriel Arcanjo, lançado em 1961. O seu segundo livro Madeira Feito Cruz saiu dois anos depois, em 1963. Em 1984, lançou uma das suas obras mais marcantes: A República dos Sonhos. A Academia Brasileira de Letras destaca precisamente este romance no seu percurso, uma obra sobre uma família de imigrantes galegos no Brasil, em que “faz reflexões sobre a Galiza, a Espanha e o Brasil”.

Nélida Piñon morreu em Lisboa, no sábado passado, aos 85 anos. Para sempre iremos guardar o exemplo que ela deixou, de mulher lutadora e guerreira que não cai com o primeiro embate e que nunca recua, nem desiste. Sua imortalidade esta na sua obra e exemplo de vida. Descanse em paz minha escritora.


terça-feira, 20 de dezembro de 2022

ARTIGO - É preciso definir nossos posicionamentos frente ao governo Lula! (Padre Carlos)

 


A classe operária não vai ao paraíso!


Para que fique claro e me liberte de alusões infundadas sobre o meu posicionamento político, como homem de esquerda, continuo pensando que a existência do PT e o seu fortalecimento é fundamental no espaço político, institucional, social, do nosso regime democrático. Crédito tem bastantes, entre outros, no combate heroico à ditadura, travado ininterruptamente, ao longo de mais de quarenta anos, na contribuição que deu à construção da democracia e da nova Constituição, refletindo nela os valores políticos, sociais, conquistados com a Nova República, após a derrota do regime militar.

Mas como professor de filosofia e articulista, não poderia me isentar de levantar tais questões: a reeleição de um ex-sindicalista para a presidência da república é um acontecimento extraordinário na história política do Brasil. Por essa razão, não podemos ter as mesmas estratégias e as táticas empregadas nos governos de direita e utradireita, por outro lado não podemos ser ingênuo de achar que a correlação de forças tenha mudado e diante disso, não precisamos mais lutar.

Levanto estas questões, porque é fundamental entendermos o momento político em que estamos vivendo, ele pode criar a falsa cessação que chegou o momento de abaixarmos a guarda em relação às lutas travadas no governo Temer e Bolsonaro e ao mesmo tempo, chamar a atenção dos trabalhadores da necessidade de definirmos nossos posicionamentos frente ao governo Lula, face à vinculação histórica do Partido dos Trabalhadores com o movimento sindical.

Para o sindicalista torna-se interessante o entendimento dos rumos que deverão tomar no intuito de criar uma consciência na classe trabalhadora que a eleição de Lula por mais extraordinária que seja não significa que A classe operária vai ao paraíso. É preciso tencionar que a luta continua e entender de uma vez por toda, que não é por este governo ser de “esquerda” que devemos abaixar nossas armas e escudos. A luta por melhores condições de vida e de trabalho não acabou e estas conquistas não vai cair do céu como um passe de mágica ou milagre. Nenhum governo vai defender você, eles representam um conjunto de interesses, que não são necessariamente os seus.

 

 


domingo, 18 de dezembro de 2022

ARTIGO - Quando só me resta o silêncio. (Padre Carlos)

 


A foto revela nossa história

 


Hoje encostei por acaso na Face book uma foto de um companheiro dos anos de chumbo. Ao olhar aquela imagem me dei conta como gostava  de ver o mundo preto e branco, de não ter dúvidas, de apoiar cegamente a minha ideologia, de concordar sempre com o meu partido, de defender até à exaustão as resoluções das convenções partidária, de estar incondicionalmente do lado dos meus camaradas, de abanar a cabeça em sinal de concordância mesmo não entendendo tal proposta, de receber palmadinhas nas costas, de pensar estrategicamente, de falar apenas como fruto dessa estratégia, de tecer elogios, de gritar bem alto o nome daqueles dirigentes, de chorar e rir com as vitórias e derrotas que sofremos.

O mundo era preto e branco e eu era feliz, não tínhamos duvidas quem era nosso inimigo e adversário e por isto, nos sentíamos os mocinhos. Quase meio século daqueles acontecimentos da foto, passei a entender que a luta é a mesma, mas os lutadores mudaram por dentro.  A melhor coisa sobre uma fotografia, é que ela não muda mesmo quando as pessoas mudam.

Acreditava que o inimigo viria de fora e era visível, isto me confortava e me dava uma vantagem na luta. Hoje percebo que, na grande maioria das vezes, o inimigo está oculto fora e dentro das organizações. É Importante um olhar crítico e um discernimento profundo para podermos descobrir os adversários de hoje. A militância, o medo e a preocupação com a repressão faziam com que apenas acreditássemos nos dogmas.

 Depois destes anos compreendi que o mundo se tornou confuso, por isto, me concentrei na fotografia, ela tinha algo de sonho verdadeiro e utopia. Com isto, busquei me identificar naquela foto para não esquecer quem realmente sou. O preto e branco daquela época tornavam mais fácies nossas escolhas. Infelizmente as imagens coloridas destes novos tempos se tornaram inadequadas, desta forma, só me resta o silêncio.

 

 

 


sábado, 17 de dezembro de 2022

ARTIGO - Só resta ao homem não desistir de viver e lutar, pensar e crer. (Padre Carlos)

 


"somos herdeiros e futurantes"

 


Outro dia, estava aqui em casa pensando com meus botões sobre o verdadeiro sentido deste momento do calendário litúrgico. Como ser feliz e acreditar que algo vai mudar, quando a fome e a miséria reaparecem no cenário brasileiro?

O Advento continua. Ainda é Advento, pois ainda não chegou plenamente o que este povo sofrido e faminto espera. É preciso relembrar que, na bela expressão da professora Helena Buescu, "somos herdeiros e futurantes" encontramos o sentido do Advento. Advento é uma palavra que vem do latim e significa vinda, chegada: em sentido religioso, é a chegada, a vinda de Deus: Ele veio e mostrou-se em Jesus, Ele vem, Ele virá. Somos herdeiros, pois estamos enraizados no passado e vivemos no presente, sempre futurantes enquanto esperamos alicerçados numa esperança sem limites, pela realização de todos os nossos sonhos, "sonhos acordados", como dizia o escritor Ernst Bloch.

Infelizmente, nestes tempos de niilismo, só resta ao homem não desistir de viver e lutar, pensar e crer, sobretudo conservar a coragem, sem jamais abandonar a esperança que iremos vencer a morte, a dor e a solidão.

A Bíblia, no seu último livro, Apocalipse, que quer dizer revelação, conclui assim: "Vi então um novo céu e uma nova terra. E vi descer do céu, de junto de Deus, a cidade santa, a nova Jerusalém. E ouvi uma voz potente que vinha do trono: "Esta é a morada de Deus entre os homens. Ele habitará com eles; eles serão o seu povo e o próprio Deus estará com eles e será o seu Deus. Ele enxugará todas as lágrimas dos seus olhos; e não haverá mais morte, nem luto, nem pranto, nem dor. Porque as primeiras coisas passaram."

O Natal, mesmo que alguns não se lembrem disso, é o aniversário natalício de Jesus Cristo. Sobre ele deixou escrito Ernst Bloch: Jesus agiu como um homem "puro e simplesmente bom, algo que ainda não tinha acontecido". Anunciou um Deus próximo, de amor, um Deus amoroso e amável, e o seu Reino: o Reino de Deus, reino da liberdade, da justiça, do amor, da fraternidade, da paz, da igualdade de todos diante de Deus e diante dos homens, o Reino da realização plena de toda a esperança.

 

 


quinta-feira, 15 de dezembro de 2022

ARTIGO - Paulo Raimundo reacende a chama do Partido Comunista Português. (Padre Carlos)

 

É das injustiças que tiramos força para lutar

 


Quando Raimundo reafirmou esta semana que o Partido Comunista Português foi, é e continuará sendo o partido dos trabalhadores e acima de tudo, de protesto que não está parado no tempo, entendi naquele momento que sua fala transcendia as fronteiras portuguesas. O mais novo secretário-geral comunista não falava somente para os militantes portugueses, ele falava para os comunistas espalhados pelo mundo, principalmente de língua portuguesa.

Para ele a vocação do partido como voz dos trabalhadores, do povo e dos jovens, na luta e no protesto é o que define a nossa existência como partido e nos diferencia das outras agremiações. Temos que revolucionar os nossos sonhos e utopias, só assim poderemos assegurar que o partido não pare no tempo. “Fazer das injustiças força para lutar! – mais salários e pensões, saúde e habitação”. Aos “adversários”, que continuam querendo dar “lições de moral” ao partido sobre o que deve ou não falar e questionar, o novo secretário-geral do PCP frisou que continuará, como sempre, falando com trabalhadores, com o povo e a juventude.

“E quem mais falaria, se não o próprio partido dos trabalhadores?”, interrogou, acrescentando que continuará falando com o povo, porque o partido é “parte deste povo capaz de realizações extraordinárias, como a Revolução de Abril”, e da juventude, pelo seu direito à educação, à cultura, ao desporto, ao lazer, ao trabalho com direitos, à habitação, ao direito a constituir família. O PCP, acrescentou, continua “ao seu lado na luta contra a precariedade e os baixos salários”.

“Dizem que agora a luta voltou, como se alguma vez tivesse parado. Em que mundo andaram e vivem estes escribas? A luta parou? Que o digam os trabalhadores nas empresas e locais de trabalho”, disse, assegurando que “a luta não tirou férias”.

“Dizem que voltámos a ser um partido de protesto. Sim, é verdade, de nós não esperem outra coisa que não seja um firme e determinado combate à política de direita, à política de empobrecimento e de assalto à nossa soberania”, acrescentou, afirmando que o PCP trava um combate de “construção da alternativa e de soluções para o país”.

Paulo Raimundo assegurou que “o ambiente que se vive no partido é bom, de confiança, de grande vontade e de grande entrega”, e pediu que se olhasse para o PCP por aquilo que é e não por aquilo que dizem que é como “o elemento de esperança e de futuro que é”, como “instrumento de luta e de construção do direito a uma vida digna”.

         “Que dizer destas opções num momento em que os grupos económicos anunciam quatro mil milhões de euros de lucros nos primeiros nove meses do ano. Que crise tão estranha é esta? Isto não é crise, é injustiça. Tudo isto, e muito mais, foi rejeitado agora mesmo no Orçamento do Estado. Ficaram pior os trabalhadores e as populações, ficaram satisfeitos os grandes grupos económicos”, declarou.

O secretário-geral do PCP deixou ainda uma palavra às “lutas mais que justas” que se travam, em setores como a agricultura, a saúde, a ferrovia ou o ambiente.

 


quarta-feira, 14 de dezembro de 2022

ARTIGO - É preciso implantar o Concílio Vaticano II, na Igreja! (Padre Carlos)

 


O Papa e a resistência ao Vaticano II

 

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Outro dia conversava com um amigo sobre a dificuldade da Igreja em colocar em prática as determinações do Concílio, bem como os avanços e retrocessos da instituição nas ultimas décadas, levaram-me os seguintes questionamentos.  Em primeiro lugar, gostaria de deixar claro que uma das preocupações do Papa Francisco é efetivar a reforma introduzida pelo Concílio Vaticano II a mais de meio século.

O Papa tem, manifestado constantemente essa sua apreensão. Por isto tem chamado à atenção e ao mesmo tempo questionando os bispos do mundo inteiro, sobre como estão sendo implantadas as orientações do Vaticano II, principalmente a reforma litúrgica. Não basta reprovar se os bispos italianos ainda estão usando os trajes típicos de outros tempos, com as suas rendinhas e lacinhos. Não vamos ficar supresso se ainda usam determinados paramentos, sessenta anos depois do Concílio. O que desejamos é uma reforma litúrgica encarnada na nossa cultura. A liturgia, romanizada precisa dá espaço a outras culturas. O negro, o latino ameríndio e todas as culturas que formam este povo.

Outro ponto que precisa mudar esta na questão do poder. A voz que se ouve na Igreja é a voz de homens celibatários, enquanto a voz das mulheres e a dos homens casados quase não se ouve. Temos de reconhecer que um organismo que se diz católico, portanto, universal, onde mais da metade dos seus membros, as mulheres, e a grande maioria da outra metade, homens casados ou solteiros, mas não celibatários, quase não têm voz, é um organismo um pouco estranho. Raro. Preocupante. Os administradores paroquiais precisão transcender o clero, já que nos últimos anos transcendemos o presbitério.

Curiosamente, não são os clérigos com a idade avançada os maiores adeptos das "rendinhas e da velha liturgia". São os mais jovens. Os mais idosos são aqueles que viveram com maior intensidade a revolução que significou para a Igreja o Concílio. Os mais novos foram formados em um contesto conservador, marcados por movimentos restauracionistas. O problema é que essa onda conservadora não está presente só no nível litúrgico, com o desenterrar destes paramentos de outros tempos, ressuscita também costumes e tradições e uma eclesiologia vertical. Infelizmente o prejuízo que esta pratica representa a nível pastoral e eclesial traz em seu bojo um retrocessos com terríveis consequências para os seus membros.

Desta forma, não podemos adiar mais estas mudanças na Igreja.

 


ARTIGO - A geração que fez a diferença! (Padre Carlos)

A geração que fez a diferença!      Decorridos tantos anos do fim da ditadura, observa-se que a geração da utopia está partindo e a nova...