terça-feira, 29 de setembro de 2020

ARTIGO - A democracia latino-americana está ferida (Padre Carlos)

 


 

A democracia latino-americana está ferida

 


Em 2012, publiquei um artigo em um blog da nossa cidade, e para minha tristeza algumas das questões que tratei nele tornam-se realidade pelas mãos da direita latino-americana.

      


"Para Chico Buarque não existe pecado do lado de baixo do Equador! Ou seria crime contra a democracia? Caetano expressa muito bem o que gostaria de dizer:  "Será que nunca faremos senão confirmar/ A incompetência da América católica/ Que sempre precisará de ridículos tiranos/ Será, será, que será? / Que será, que será? /Será que esta minha estúpida retórica/ Terá que soar, terá que se ouvir/ Por mais mil anos". Quase não sofremos influência dos moralistas anglo-saxões, nosso inconsciente coletivo não foi formado na criação de um mundo capitalista-presbítero. A tal ética protestante e o espírito capitalista weberianos chegaram até nós atrasados e distorcidos ao ponto de, como diria Ruy Barbosa, sentirmos “... uma saudável nostalgia da escravidão”. Foi por isto que o modelo tocquevilliano de democracia – onde igualdade e liberdade são complementares, aqui se tornou excludentes – chegou na terra das palmeiras desvirtuado e um pouco tosco.

Nossa história revela toda esta vocação: ditaduras e autoritarismos de toda sorte; repúblicas coronelísticas e militarizadas, populistas e/ou nacionalistas; revoluções e guerrilhas; democracias tuteladas e agora o novo componente, as milícias. A prática do golpe de Estado legal parece ser a nova estratégia das oligarquias latino-americanas. Testada nas Honduras e no Paraguai, ela mostrou-se eficaz e lucrativa para eliminar presidentes (muito moderadamente) de esquerda. Foi com esta nova fermenta sem derramar sangue, que a direita Latino Americana, varreram todos os governos de esquerda nos últimos tempos.  

Com um discurso moralista este novo governo de direita vem tentando cooptar os militares e as Instituições da Republica.  A visão autoritária na condução do processo político sem foi uma característica da burguesia. Convém não esquecer que Bolsonaro tem uma profunda inserção nos meios militares, até por ser originário deles. E bem sabemos por que presidentes latino-americanos tentam manter boas relações com os militares. Já dizia Jânio Quadros: “Só tem uma coisa pior do que depender dos militares é não tê-los por perto quando necessário”.

 Citando Hegel, Marx escreveu no 18 de Brumário de Luís Bonaparte que os acontecimentos históricos repetem-se duas vezes: a primeira como tragédia, a segunda como farsa. Isso aplica-se perfeitamente aos golpes de estado que a direita tem dado na América latina. Evo Morales (Bolívia), Rafael Correa (Equador), Dilma no (Brasil), etc, em uma cruzada patrocinado pelo EUA. Segundo pesquisas realizadas pelos meios de comunicação, existem cerca de 140 países no mundo vivendo sob regimes democráticos. No entanto, só em cerca de 60 pode-se considerar que há uma consolidação da democrática. Ou seja, em menos da metade as possibilidades de haver reverses autoritários reduziram-se quase a zero. No último tempo, muitos governos de direita eleitos democraticamente apresentam uma acentuada tendência a manterem sua autoridade com métodos não democráticos. Utilizam-se de vários expedientes: modificam as constituições de seus países para benefício próprio, intervém nas eleições, restringem a independência dos outros poderes, além de exercerem controle sobre os militares.


A democracia não pode ser reduzida ao ato eleitoral, em que pese ele ser condição necessária para se tê-la. Ela requer eficiência, transparência e equidade na atuação das instituições políticas. Exige, também, uma cultura política que aceite a legitimidade da oposição e que reconheça os direitos de todos. Não será negando estas condições em nome da luta contra a corrupção ou perseguindo as oposições através de um judiciário partidário, que vamos abater as debilidades das democracias latino-americanas.


 


ARTIGO - O ser humano é capaz do melhor ( Padre Carlos )

 


 

 

O ser humano é capaz do melhor

 


Os próximos anos não vão ser fáceis e o retorno do crescimento econômico vai ser lento e doloroso. Espero que possamos aprender a lição. Será uma boa oportunidade para sermos mais solidários, altruístas e justos.

 


O verão ainda não começou e já nos preparamos para a segunda fase (inevitável?) do vírus. Entretanto, fazendo um balanço de meses de quarentena, da volta de uma certa normalidade e de uma economia asfixiada pelo vírus e pela crise que já tinha se instalado antes da pandemia. Contamos diariamente os casos confirmados, os internados nas UTIs, os recuperados e os que não sobreviveram. As consequências desta maldita covid-19 vão resistir ao tempo e deixarão marcas, muitas vezes, irreparáveis. Nunca desejamos tanto que um ano terminasse tão depressa!

Para os baianos, principalmente eu que nasci e me criei em Salvador, de uma hora para outra deixar de poder beijar e abraçar familiares e amigos é muito difícil, faz parte da nossa cultura. O distanciamento imposto abalou as já frágeis relações inter-humanas numa sociedade dependente das redes sociais. Impediu os avós de estarem com os netos, impossibilitou as idas à praia e ao barzinho, proibiu os jogos de futebol e instaurou um medo que até então não conhecíamos. Se ainda restavam dúvidas temos agora a certeza que sem internet quase ninguém vive. Mas os desafios do TikTok e os filmes da Netflix não substituem o contato humano. Por outro lado, a cultura é vital para alimentar o espírito e prover o sustento de todos os que dela dependem para viver. 


         Foram muitos os erros cometidos por este governo, no que diz respeito a coordenação e liderança neste momento. A falta de consenso e de união originou protestos e manifestações. Surgiram dentro do próprio governo, movimentos ‘anti-máscaras’, os grupos radicais que recusam a vacina e ainda os que afirmam que tudo isto não passa de uma conspiração para exterminar a população. Ou até mesmo os que defendem tratar-se de uma guerra virológica premeditada. Os desafios são grandes e quase toda as autoridades tentam evitar um novo confinamento.


        Sem dinheiro ninguém vive e o vírus veio acentuar as desigualdades já existentes. Quase todos os setores foram afetados, mas o mais sacrificado foi, sem dúvida, o turismo. As companhias aéreas despedem aos milhares e pedem ajuda ao Estado para assegurar a sua continuidade. Um pouco por todo o litoral nordestino, hotéis e restaurantes fecham as portas. Para sempre. No país onde o verão e o carnaval eram vividos o ano inteiro.

 

       E depois? Tenho amigos que ainda não voltaram ao trabalho, outros que       já foram dispensados. Aprendemos a viver com poucos recursos, mas a escola, o hospital, o supermercado e a farmácia são essenciais e os seus interlocutores são os novos heróis.


Os próximos anos não vão ser fáceis e a retoma vai ser lenta e dolorosa. Mais uma prova à nossa resistência de brasileiro e nordestino, isto é, da nossa capacidade de superação. Ainda assim, mantenho o otimismo. Espero que possamos aprender a lição. Será uma boa oportunidade para sermos mais solidários, altruístas e justos. Sei que o vírus não acontece só com os outros. Mas também sei que o ser humano é capaz do melhor. Basta querer.

 


segunda-feira, 28 de setembro de 2020

ARTIGO - Tres anos sem Dom Celso (Padre Carlos)

 


 amos  sem Dom Celso




    “Se amais os que vos amam, qual é a vossa recompensa? Porque até os pecadores amam aos que os amam. ”

 

Hoje completa três  anos do súbito falecimento de Dom Celso. Foi na madrugada de 28 de setembro de 2018, vítima de uma parada cardíaca que meu bispo nos fez invocar as orações de todo o Povo de Deus. Tenho para com ele profunda gratidão como pastor, pai e amigo. Shakespeare (O mestre maior das paixões humanas) escreveu que “quando alguém morre, a sua bondade é também enterrada com ele”, mas a bondade deste pai é imensa para que a morte possa matá-la. A sua perda faz lembrar que quando morre um Pai espiritual como este, seu clero também morre um pouco e como disse o poeta inglês: “a morte de alguém sempre me diminui pois faço parte da humanidade.

 

          


Assim, vou aproveitar esta oportunidade e contar para vocês como conheci Dom Celso e me apaixonei por esta Diocese. 

 A vida é repleta de encontros e desencontros. Planejados ou frutos do acaso, são eles que definem os nossos caminhos. O que somos, quem somos, tem muito a ver com quem nos relacionamos nas veredas da vida. Como disse o poeta: “A vida é arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida”. No início da década de noventa, morava com os irmãos de Taizé, durante um ano convivi com estes monges ecumênicos e tinha como orientador espiritual, a irmã Rafaela, uma religiosa que tinha a espiritualidade inaciana na sua formação. Com a indicação do irmão Michel, fui convidado por Dom Mario para ingressar na Diocese de Paulo Afonso, conversei com o bispo e me coloquei a disposição daquela Igreja local. 
      

 

 Como morava em Alagoinhas e a orientação espiritual era em Salvador, visitava esta religiosa uma vez por semana e aprofundava com ela os exercícios espirituais além é claro, de partilhar minha caminhada de fé. Ao relatar o convite que recebera daquela diocese, esta sabia mulher me propôs conhecer um bispo da Diocese de Vitória da Conquista, pois este estava naquele dia em Salvador, hospedado na Casa de Retiro no bairro de Brotas.    Para falar a verdade, não queria conversar com outro bispo, achava que já estava definida minha opção em relação ao meu futuro, porém não queria ser indelicada com minha orientadora, afinal ela sabia o que estava fazendo.
Ao ser apresentado a Dom Celso José, fui apresentado também a uma Igreja misericordiosa e gratuita, onde todos podiam sentir-se acolhidos, amados, perdoados e animados. Este foi o sentimento que brotou no meu coração. Um verdadeiro pai que manifestava bondade, graça e amor. Eu sentir durante todos os anos que convivi com este santo, a manifestação da graça, isto é, tinha a mesma atitude que o nosso Deus. O amor e carinho pelos seus presbíteros eram comoventes, sempre fazendo algo em favor do seu presbitério, mesmo que ele não merecesse, mesmo que este não fosse digno, mesmo que aqueles padres não reconhecesse a intenção daquele pastor. Sua preocupação com a formação acadêmica e o bem-estar dos seus era o primeiro objetivo e também seu grande legado.
      

 

 Uma geração de bispo está partindo para o braço do Pai e boa parte deste, foram formados pela Ação Católica. Grandes intelectuais e formadores vieram deste movimento. Acho que a preocupação de Dom Celso com a formação de seu clero e também dos leigos e movimentos tem muito da espiritualidade de uma igreja que busca na formação de quadros, ajudar a criarmos uma consciência de ser verdadeiramente comunidade de fé. 
           


 Hoje, agradeço a Deus e aquela freira, por ter insistido em me apresentar a Diocese de Vitória da Conquista e a seu bispo um verdadeiro pastor. Se não tive coragem ou oportunidade de dizer na vida, durante sua existência aqui, digo agora antes que seja tarde demais: Obrigado Dom Celso, por ter me acolhido, protegido e acreditado em mim.


 

Padre Carlos.

 

 




sábado, 26 de setembro de 2020

ARTIGO - Em estado nostálgico (Padre Carlos)

 


 

Em estado nostálgico

 


 



Certa vez fui procurado por um senhor de meia idade que se encontrava triste e buscava alguém que pudesse ouvir sua história: sobre sua juventude, seus medos e seus amores do passado. No início pensei   tratasse de um quadro clássico de depressão, mas com o passar do tempo, percebi que existe uma necessidade imanente no ser humano de tentar perpetuar suas memórias. Esta busca de se imortalizar, de não ser esquecido e passar para as novas gerações as experiências acumuladas, fazem com que busquem no passado nas lutas, virtudes e vitórias de suas gerações um sentido para as suas vidas.


Quando encontrei hoje uma foto da época da militância na Pastoral Operária, refiz toda a  minha trajetória de militante, da JOC a CVX, da fundação do PT ao Seminário de Teologia em Belo Horizonte.  Nossa existência é repleta de eventos alegres e marcantes e a saudade destes momentos fazem parte da condição humana. Mas, mesmo compreendendo todas essas necessidades, é preciso estar atento para entender quando este saudosismo se transforma em doença.

         Como padre de uma comunidade carente e privada de acesso a psicólogos e terapeutas, aprendi muito com aquele povo sofrido, hoje entendo que a nostalgia não se resumia somente na saudade das pessoas, mas também na saudade dos lugares que um dia morei ou passei uma temporada, lugares que frequentei e dos bons momentos que passai ao lado de pessoas que se encontram distantes ou que partiram desta vida. Quando me encontro em estado nostálgico, desejo que aquelas pessoas, aqueles lugares, e aqueles momentos especiais sejam reais e existam ainda, para que eu possa estar lá junto a eles!

Saudade da minha turma da Escola Nossa Senhora da Luz, da Pituba da minha infância, do Areal e da minha juventude. Entendi com meu povo que o saudosista é aquele que quer viver do passado, enquanto o nostálgico, faz do passado, inspiração para a vida. Dizem, que o que passou, passou e não volta mais! Com certeza esta pessoa que reproduz esta máxima popular não sabe o que é estar submerso num estado nostálgico. Nostalgia é ver o passado sem poder tocá-lo, é o sentimento que invade todas as pessoas que já viveram momentos muito especiais e felizes.

     


 Alguns momentos da nossa vida são guardados e de vez em quando lembrados com carinho, como os que eu descrevi nos primeiros parágrafos. Um lugar que você ia, coisas que fazia pessoas que já não convive mais. Lembro-me do que se passou na minha infância e juventude, com ternura e muita emoção. E muitas vezes desejamos que tudo aquilo voltasse, nem que só por alguns momentos. "Como era bom"

         Ao ver a foto acima, e ler essas poucas linhas, o peito aperta, os olhos ficam marejados, e a saudade desses belos momentos de militância e formação nos invade e nos leva a uma viagem através do tempo. Assim aprendi com o meu povo, que o principal aspecto do saudosismo é o sentimento da saudade e tem que ser visto e entendido como uma importante característica do ser humano.

 

 

 

 

 

 

 

 

 


quinta-feira, 24 de setembro de 2020

ARTIGO - Renovar é preciso! (Padre Carlos)

 


 

 

Renovar é preciso!

 

 


Compreende-se a preocupação dos cientistas político quando, chama a atenção dos partidos de esquerdas sobre a necessidade de se renovar e o perigo de alguns quadros se perpetuarem nas direções destas instituições partidárias ou das entidades do movimento popular. Este comportamento apesar de formar e construir quadros duradouros que possam personificar um projeto, tem cobrado um preço muito alto ao longo da nossa história, tendo seus efeitos colaterais levado a asfixia de novas lideranças criando cisões e fragmentando o campo progressista.


A esquerda brasileira sempre conviveu com este problema. Um fato clássico que gostaria de citar para ilustrar o que estou falando é a trajetória de Luís Carlos Prestes, o mais respeitado líder comunista brasileiro. Sua liderança à frente do partido levou 46 anos, só em 1980 é destituído do cargo de secretário-geral do PCB, partido que estava sob sua direção desde 1934.  Em uma de suas últimas participações em reuniões do comitê central bolchevique, já rompido, politicamente, com Stalin, Bukharin tomou a palavra e, em tom de brincadeira, “teorizou” que a história podia ser classificada em três grandes eras: o matriarcado, o patriarcado e o secretariado. Pagou com a vida a insolência provocativa. Acredito que se fosse hoje, teria acrescentado os mandatos e a estrutura de poder que se forma em torno deles

          Encontramos com certa razão muita insatisfação nas bases destes partidos, até frustração acumulada com o excesso de homens de classe média, brancos e envelhecidos, à frente da maioria dos nossos diretórias e exercendo mandatos. Não podemos negar que este, cansaço e desconfiança com lideranças que se perpetuam ao longo de décadas nas posições dirigentes, seja à frente de mandatos, sindicais ou parlamentares, ou de cargos executivos, levem a um certo desencanto das lutas.

               Quando falamos de renovação, não estamos referindo apenas trocar pessoas, é necessária uma mudança de mentalidade, as vezes para aceitar as novas lideranças de operários e jovens intelectuais, mulheres e negros, indígenas e LGBT’s, tenhamos que mudar também nossa compreensão sobre o que é ser vanguarda. Apesar destas renovações serem necessárias, nossa pauta não pode ser elitista e sectária, por supostamente focar nos problemas que não têm apelo popular, esquecendo de projetos para áreas como saúde e educação, e afastando parte do eleitorado.

        


 Quando falamos de renovação estamos querendo criar uma nova mentalidade e assim entender de uma vez por toda, que não basta trocar seis por meia dúzia. O grande desafio da esquerda é criar uma nova linguagem para mobilizar a população. Sim, hoje o grande desafio da esquerda será o de encontrar formas de apresentar noções clássicas como a luta de classes de um modo "excitante, de forma a incentivar as pessoas a criarem novas utopias.

  

 

 


terça-feira, 22 de setembro de 2020

ARTIGO - O brilho infinito do amor (Padre Carlos)

 


 

O brilho infinito do amor

 


Não permita meu Deus que o passar do tempo apague as lembranças deste amor. Não permita Pai de bondade que as recordações desta quadra da minha vida se percam no esquecimento do tempo, nem que deixe de achar importante esta história. Pois, se isto viesse acontecer, o mundo se tornaria estranho e solitário, quando a solidão passar a escrever com as tintas do desterro, as marcas do meu passo terão vencido os meus anjos.


O amor abre os olhos daqueles que amam; é isso que o amor realiza em nós. Ele abre os nossos olhos para que possamos enxergar o outro na nossa vida. Muitas vezes, vivemos no mundo e enxergamos tudo: problemas, dificuldades, crises, defeitos do outro, mas não vivemos para o outro. Não impeças que meus olhos se transformem nos teus, em meus momentos de cegueira, mostrando que os sonhos de outrora não modificaram com o passar do tempo, para continuar visualizando as coisas belas que formaram a nossa história de vida que tanto nos encantou.

Como diz o poeta: “No meio da noite uma dor me consome. No meu desespero eu grito o seu nome”. Neste momento de desesperança, as palavras do poeta serão minhas, para que num grito sem destino possa chegar aos ouvidos desta imensidão de universo e como conforto possa acalmar as eventuais tempestades da minha alma. A força deste amor trará os quatro ventos dos quatro cantos dos céus, e os espalhará na direção de todos estes ventos; e não haverá lugar aonde não cheguem a minha súplica. Sim, ele sorará delicadamente em você na esperança que minha voz de forma sussurrante expresse exprima o perfeito amor. Mais uma vez recorro ao poeta para tentar traduzir meus sentimentos;


“E assim quando mais tarde me procure. Quem sabe a morte, angústia de quem vive. Quem sabe a solidão, fim de quem ama. Eu possa lhe dizer do amor (que tive): Que não seja imortal, posto que é chama. Mas que seja infinito enquanto dure”. O sentido dos versos é claro: o amor não é imortal, visto que é chama, isto é, por ser chama, mas o poeta deseja que, enquanto durar, tenha brilho infinito.

Hoje entendo que a unidade está relacionada há um propósito comum, é este que mantem os casais unidos pelo coração, para que cada pedra da construção deste templo de sonhos seja sempre aberta as nossas confissões.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


sábado, 19 de setembro de 2020

ARTIGO - Terceira via, ou “madalenas arrependidas”? (Padre Carlos)

 

 

 

Terceira via, ou “madalenas arrependidas”?


 

Existem duas frases antigas que aprendi nestes mais de quarenta anos de militância política que diz: “quem fala demais dá bom dia a cavalo” e “o peixe morre pela boca”. Na política não é diferente. 

 

Um dia destes, um candidato a vereador de um partido de “oposição” da nossa cidade me parou na rua para falar sobre política, eleições permanentes e alternância no poder. Eu olhei meio sem jeito para aquele senhor de sessenta e poucos anos e falei que concordava que eram essenciais. Mas, não era o suficiente, o cidadão tem que se responsabilizar pelas escolhas feitas nas urnas. Não adianta fazer discursos enfurecidos diante dos descasos com que se encontra nossa cidade e esconder da população que fez campanha para este político e que tem uma parte de culpa por tudo o que está acontecendo. Antes de fazer política criticando a atual administração, certos candidatos a prefeito e vereadores, deveriam fazer uma autocritica, por ter apoiado o atual projeto que aí está e deixar claro para comunidade que está arrependido pelas escolhas que fez há quatro anos.

 


Quem não se lembra da eleição passada? No primeiro turno os dois candidatos de oposição se xingavam, difamando uns aos outros, nos palanques trocando acusações, espalhando boatos, e depois, quem perdeu, apoiou quem foi para o segundo turno e se abraçam sorrindo nas fotos, dizendo que seus programas são parecidos. Para apagar tudo o que tinha falado contra o outro, afirmavam que a situação editou aquela fita e distorceu tudo o que ele falou. Os políticos acham que nossos eleitores sofrem de amnésia eleitoral.   

 

Ao posarem, agora, de paladinos dos bons modos e da urbanidade, apenas reforçam a péssima impressão que as pessoas decentes têm, desde sempre, desses políticos. Como a vida pode ser comparada a uma “grande roda gigante”, ironicamente, este candidato foi parar justamente ao lado das “madalenas arrependidas” e ainda vive um grande dilema junto aos seus eleitores que não entende estas mudanças de opinião.

    Os eleitores conhecem bem  os políticos que quiseram se dar bem, surfando no ódio contra o PT a nível nacional, para retirar uma administração que transformou Vitória da Conquista em uma das cidades mais prospera do Norte-Nordeste do país.


 

Como na política tudo muda a todo momento, quem sabe estes candidatos a vereador e a prefeito não se arrependem de ter se tornado uma "Madalena arrependida" e volta para os braços do grupo do atual prefeito, onde sempre se sentiram bem à vontade. 

 

 


sexta-feira, 18 de setembro de 2020

ARTIGO - O PSD sob pressão (Padre Carlos)

 


 

 

O PSD sob pressão



 

“A Coerência é, no mínimo, suspeita. ” A frase, do jornalista e dramaturgo Nelson Rodrigues (1912-1980), combina bem com a disputa pela Prefeitura de Vitória da Conquista. Quem é hoje adversário já foi aliado há não muito tempo, em uma verdadeira "dança das cadeiras". Com isso, sobram declarações contraditórias e são formadas alianças consideradas impensáveis no passado.


Quando sob pressão, o senador suplente Abel Rebouças recuou, segundo alguns blogs, afirmando que por decisão unanime do partido, não apoiariam nenhuma das duas candidaturas que tem polarizado o cenário eleitoral na nossa cidade, os blogs da capital, davam conta que esta retirada não foi tão estratégica, ela se deu devido à pressão exercida pelo senador Jaques Wagner (PT), condutor das articulações políticas junto aos partidos aliados do governo estadual. Informações de fontes seguras garantem que o pretenso candidato ao governo estadual já abriu o tabuleiro político para 2022 e tem agido com rigor junto aos partidos aliados. Assim, fica a dúvida com relação a notícia que também circulou estes dias da suposta candidatura do senador Otto Alencar, ao governo do estado em 2022. Desta forma, o que foi divulgado no métier da política na capital, foi que sob pressão, Abel recuou o PSD para apoiar o PT nas eleições de Vitória da Conquista.

A história repete-se sempre, pelo menos duas vezes", disse Hegel. Karl Marx acrescentou: "a primeira vez como tragédia, a segunda como farsa." Porém, Mahatma Gandhi diz: Se queremos progredir, não devemos repetir a história, mas fazer uma história nova.

 

Quem não se lembra do crescimento do PMDB baiano, que conquistou o posto de vice-governador, três secretarias e viu o número de prefeitos saltar de 25 para uma centena quando era aliado do PT, em política tudo tem seu custo. O líder do partido na Bahia, era ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima. Assim, acreditando nas pesquisas que registravam um fraco desempenho administrativo do governador Jaques Wagner (PT), Geddel abandonou seus aliados na Bahia e se posicionou como alternativa para a corrida estadual de 2010, dificultando mais a relação entre PT e PMDB. Desta forma, o ministro pisou no pescoço de seus aliados e rompeu a aliança para realizar seus legítimos projetos pessoais. Esperava-se que PT e PMDB repartissem o espólio do carlismo ou, como se diz, fizessem um acordo de procedimento.

O ciúme entre PSD e PT pode ocorrer e é natural que aconteça na base. Mas o acordo de procedimento é simples. Nossos projetos não são excludentes nem conflitantes. Não devemos ter medo de sombra.  Até porque não são apenas as articulações que decidem os destinos dos homens públicos. Tem o voto, tem as urnas.


No sistema político muitas vezes os governos saem das urnas sem as maiorias legislativas de que precisam, o que estimula o adesismo em cima do governo de plantão. Hoje, nossos aliados e o governador Rui estão administrando com a sabedoria que avalizou a aliança que fizemos em 2018. Como nossa relação é fraterna e de franqueza às vezes rude, mas necessária de parte a parte, pode haver estremecimento. Importante é que a aliança permaneça.

Os tolos dizem que aprendem com os seus próprios erros; eu prefiro dizer para os nossos aliados, que não precisam errar para aprender, quando na vida há tantos erros que outros praticaram para que sirvam de exemplo.

 


quarta-feira, 16 de setembro de 2020

ARTIGO - Um dia deste, vou contar esta história! (Padre Carlos)

 


 

 

Um dia deste, vou contar esta história!

 




 

Sempre fui apaixonado pela arte de escrever. Passo horas viajando por textos e palavras, na busca de uma metáfora que possa traduzir meus sentimentos ou a dor e as alegrias daqueles que não tem voz e com elas vou caminhando sem rumo pelo espaço em torno de frases imaginárias contando do concreto e do abstrato por onde passo. E, assim vagando nesta vida, transmito minhas ideias e os meus sentimentos. Como diz o poeta: “Peregrino nas estradas de um mundo desigual”. E nesta peregrinação, vou fazendo da pena a minha espada contando histórias de vidas e andanças, de pessoas, de fatos e coisas, de mágoas e sorrisos, de encontros e encantos e de desencontros e desencantos que já passei nesta vida.


Um dia deste, vou contar uma história especial perdida no tempo. Uma história muito linda. Uma história de amor que não se acabou quando uma das pobres almas que fizeram parte deste enredo sumiu na distância do tempo. Aquele final de tarde escurecia lentamente, num crepúsculo que jamais vira em sua vida. E, pondo-se o sol, a estrela que tantas vezes, do alto da Bahia de todos os Santos, juntos haviam visto, apareceu. Bela e radiante Vênus lá estava a brilhar como se fosse o seu amor a lhe dar adeus com os seus últimos raios se pondo atrás das ilhas.

Durante anos, aquela pobre criatura vagou sem sentir o afago daquela mão ao lado.  Nunca mais ouviu as doces palavras de amor que por tantos anos lhe serviram de canção. E as lágrimas brotaram. De início, lentas. Depois, aos borbotões. Escondido e encolhido em seu quarto, o amor, em incoercíveis soluços, explodiu…

Como aqueles pedaços de papéis cheios de rabiscos poderia lhe devolver a vida?  Nem parece que  se passaram dois anos desde a sua partida. Difícil escrever sobre algo em especial quando o pensamento apenas se volta para outras esferas, para as saudades que não são suas, para as coisas não vividas por você. Mesmo assim, se sente responsável por não deixar este amor ser esquecido no tempo e não permitir que estas pobres almas sejam vítimas da intolerância de um amor que se findou.


Mas a saudade que ela sente é um sentimento tão grande, tão impregnada em mim que posso sentir sua presença, não sei como um personagem pode ser tão real. Acredito que esta protagonista permanecerá ainda por muito tempo povoando meu imaginário e estará aqui dentro, no meu âmago, murmurando suas palavras em meus escritos ímpares.

Quando minha caneta passa escrever sobre estas pobres almas, sinto suas   dores e suas saudades como se os papéis que estou escrevendo estivessem molhados de lágrimas salgadas de sentimentos. Palavras assim tão doloridas que jamais imaginava que existissem nesta vida.

Um dia deste, vou contar esta história!

 

 

 

 

 

 

 

 

 


ARTIGO - A geração que fez a diferença! (Padre Carlos)

A geração que fez a diferença!      Decorridos tantos anos do fim da ditadura, observa-se que a geração da utopia está partindo e a nova...