A noite emprestou as estrelas
Bordadas de prata
E as águas de Amaralina
Eram gotas de luar
Amaralina,
um nome que ecoa através dos tempos, traz consigo as memórias de uma terra
moldada por proprietários poderosos, especialmente José Álvares do Amaral. No
entanto, o que hoje conhecemos como Amaralina não era mais do que uma extensa
fazenda, estendendo-se desde o Rio Vermelho até a boca do Rio, uma vasta
propriedade que pertenceu a um único homem, um descendente do Conde da
Castanheira, o visconde do Rio Vermelho, batizado como Manuel Inácio da Cunha
Menezes.
A vida
em Amaralina era intricadamente ligada à pesca, especialmente a pesca de xaréu.
As águas próximas à costa eram abundantes nessas criaturas majestosas,
sustentando comunidades inteiras com seu precioso recurso. O local que agora é
ocupado pelo Quartel de Amaralina foi uma vez o lar desses pescadores
destemidos. Mas Amaralina não era apenas um cenário idílico de pesca e
fazendas; era também um lugar de resistência.
Durante
os anos sombrios da ditadura, o Quartel de Amaralina foi transformado em prisão
para aqueles que se opunham ao regime. Presos políticos foram detidos ali,
enfrentando a dura realidade da repressão. No entanto, mesmo nas sombras da
opressão, a comunidade de Amaralina permaneceu resiliente.
A casa
que abrigava a sede da colônia foi demolida mas a capela que era parte
integrante da vida dos pescadores foi conservada e se localiza na entrada do
quartel, durante muitos anos foi para aqueles pescadores um santuário de esperança.
As
décadas passaram, e Amaralina evoluiu. As fazendas deram lugar a bairros, as
terras foram divididas e vendidas, mas a essência de Amaralina permanece. Hoje,
enquanto caminhamos pelas ruas movimentadas deste bairro, devemos lembrar-nos
das histórias entrelaçadas de fazendeiros poderosos, pescadores destemidos e
ativistas corajosos. Amaralina, cujo nome é uma homenagem aos seus antigos
proprietários, é também um testemunho da resiliência humana, uma narrativa viva
de luta e esperança que perdura através dos séculos.