terça-feira, 27 de abril de 2021

ARTIGO - O que distinguem os verdadeiros dos falsos amigos (Padre Carlos)

 


O que distinguem os verdadeiros dos falsos amigos








   Já conversamos neste blog mais de uma vez sobre este assunto. Porém, sempre achamos que faltou falar alguma coisa e assim, ficamos com aquela sensação que deveria complementar. Existem várias pessoas que consideramos amigos. No entanto, uma das vantagens de quem já passou dos sessenta, é já ter vivido um pouco mais para entender a dinâmica da vida. Sendo assim, com o passar do tempo terminamos percebendo, no afinal que algumas pessoas que considerávamos amigos, não foram tão leais quanto esperávamos.


Foi no exercício do ministério sacerdotal e na militância política, que fomos conhecendo a existência de certas qualidades nos nossos amigos que não podemos jamais ignorá-las.

 Tivemos durante muitos anos, vários amigos que souberam partilhar com a gente os momentos de alegria. Mas, ao longo da vida, passamos a entender que partilhar os momentos alegres é muito fácil e até prazeroso, o difícil é partilhar com os amigos os momentos de dor e de desespero. São nos momentos de dificuldades que precisamos dos verdadeiros amigos, precisamos de um irmão.

Um verdadeiro amigo não tenta ser o centro das atenções e é sincero nos seus sentimentos.  Desta forma, quando damos risadas de um erro estúpido que fizemos na infância ou nos anos de formação, isto é, em uma situação mais constrangedora em que estivemos envolvidos, não existe nada de ‘mal, de pecado’ ou de reprovação nas suas gargalhadas e eu entendo e aceito. Sabe apenas relativizar os problemas e com isto, termina ajudando a gente ver o lado cômico do acontecimento.

Apesar de detectar os nossos erros, tenho certeza que nosso amigo não nos irá apontar o dedo caso decidamos continuar no mesmo caminho e olha que sou muitas vezes cabeça dura. Pode não concordar com as escolhas, mas irá guardar o nosso segredo e não irá rotular-nos apenas com base num erro. Não vai espalhá-lo pelo nosso grupo de conhecidos ou comentar com outros amigos, pois sabe que a lealdade e a confiança são qualidades que demoram a conquistar, mas que se perdem em apenas cinco segundos;

 


    Assim, como os meus cabelos foram embranquecendo como um capucho de algodão, minha alma também foi clareando e entendendo que os amigos que ficaram, foram aquele que soberam partilhar a dor – sem relativizar, mas também sem exagerar. Não perguntaram se precisava de ajuda, partiram logo para a ação. Ele conhece a gente de tal forma, que sabe que não vão ser as ‘palmadinhas nas nossas costas’ que nos vão ajudar, mas sim uma conversa sincera. Este amigo sente a nossa tristeza, sofre com a gente, não deixando para trás aquilo que nos magoou. Partilha assim, a dor que carregamos, como um verdadeiro Simão de Cirene, partilhando o peso da nossa cruz.

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