A Amazônia precisa mais de missionários, não de padres.
O documento que o Vaticano acaba de publicar, tem como objetivo transformá-lo é uma carta de amor à floresta amazônica e aos seus povos indígenas. Desta forma, não devemos misturar uma luta daqueles povos as nossas lutas, nem querer justificar as ordenações de padres casados a falta de sacerdotes nesta parte do mundo. Concordo com o Papa, neste documento não deveria tratar nem o fim do celibato obrigatório para os padres nem abertura para o diaconato feminino. Isto não significa que o Papa decidiu ignorar os apelos que lhe haviam sido feitos pelos bispos sul-americanos no sínodo sobre a Amazônia, nem tão pouco, cedido aos caprichos da ala conservadora da Igreja. Apesar de não ter procuração para falar em nome de Francisco, acredito que o Pontífice, tenha optado por dar um passo à atrás para poder dar dois passos à frente. Ao não levantar esta questão, ele não fecha as portas para estes temas, embora nossas expectativas fossem muito mais reivindicações de cristãos do primeiro mundo que as dos povos da Amazônia.
Apesar da tão aguardada revolução doutrinal da Igreja Católica, ela não deve acontecer em um documento para permitir a ordenação sacerdotal de homens casados como forma de responder à falta de padres em várias regiões do globo, tão pouco em um sínodo que trata da floresta Amazônica. Em vez de tratar deste tema, o Papa preferiu trabalhar com uma maior presença de missionários na Amazónia e as formas de ministérios que valorize os leigos e leigas, religiosas e diáconos permanentes. Não é facilitando uma presença maior de ministros ordenados que possam celebrar a eucaristia que vai resolver este tema secular. “Isso seria um objetivo muito limitado, se não procurássemos também suscitar uma nova vida nas comunidades”, lê-se no documento.
O Papa não disse que não vai permitir a ordenação sacerdotal de homens casados, apenas omitiu este tema de um sínodo que tratou do nosso ecossistema global.
Padre Carlos