quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020

ARTIGO - A Amazônia precisa mais de missionários, não de padres. (Padre Carlos)





A Amazônia precisa mais de missionários, não de padres. 
  
  
O documento que o Vaticano acaba de publicar, tem como objetivo transformá-lo é uma carta de amor à floresta amazônica e aos seus povos indígenas. Desta forma, não devemos misturar uma luta daqueles povos as nossas lutas, nem querer justificar as ordenações de padres casados a falta de sacerdotes nesta parte do mundo. Concordo com o Papa, neste documento não deveria tratar nem o fim do celibato obrigatório para os padres nem abertura para o diaconato feminino. Isto não significa que o Papa decidiu ignorar os apelos que lhe haviam sido feitos pelos bispos sul-americanos no sínodo sobre a Amazônia, nem tão pouco, cedido aos caprichos da ala conservadora da Igreja. Apesar de não ter procuração para falar em nome de Francisco, acredito que o Pontífice, tenha optado por dar um passo à atrás para poder dar dois passos à frente. Ao não levantar esta questão, ele não fecha as portas para estes temas, embora nossas expectativas fossem muito mais reivindicações de cristãos do primeiro mundo que as dos povos da Amazônia. 

Estará a porta definitivamente fechada? Nossa luta é mais ampla, lutamos por um cristianismo que não seja insensível diante da miséria e da fome, das doenças que as acompanham, da opressão e humilhação dos mais pobres. Diante destes fatos, é necessário um novo Aggiornamento, isto é: atualização, renovação, reforma mesmo. 
 Apesar da tão aguardada revolução doutrinal da Igreja Católica, ela não deve acontecer em um documento para permitir a ordenação sacerdotal de homens casados como forma de responder à falta de padres em várias regiões do globo, tão pouco em um sínodo que trata da floresta Amazônica. Em vez de tratar deste tema, o Papa preferiu trabalhar com uma maior presença de missionários na Amazónia e as formas de ministérios que valorize os leigos e leigas, religiosas e diáconos permanentes. Não é facilitando uma presença maior de ministros ordenados que possam celebrar a eucaristia que vai resolver este tema secular. “Isso seria um objetivo muito limitado, se não procurássemos também suscitar uma nova vida nas comunidades”, lê-se no documento. 
O Papa não disse que não vai permitir a ordenação sacerdotal de homens casados, apenas omitiu este tema de um sínodo que tratou do nosso ecossistema global. 

Padre Carlos 

domingo, 9 de fevereiro de 2020

ARTIGO - Quarenta anos de luta (Padre Carlos)

                            Quarenta anos de luta 

      São 40 anos de luta, quatro décadas dentro do PT. Partido pelo qual me apaixonei e carrego sua bandeira até hoje. O PT não é uma sigla, o partido são pessoas, são elas que devem ser abraçadas e parabenizadas, estando dentro ou fora do partido. Quero parabenizar aqueles que a quarenta anos fundaram o partido e todas as gerações que deram continuidade a esta luta. 
Quarenta anos se passaram, lembro-me como hoje, estava no CEAS, para uma reunião da Pastoral Operária com o Pe. Confa, quando fui apresentado aquele jovem sindicalista (Wagner) que acabara de ser eleito presidente da comissão provisória do Diretório Estadual na Bahia. 
        Dediquei minha juventude e renunciei a boa parte de minha vida pessoal, para servir ao partido, lutar suas lutas, sonhar os seus sonhos, sofrer as suas derrotas. E o fiz, exclusivamente, por decisão pessoal, íntima, irrevogável. Pois acredito em suas propostas de transformação da sociedade. Devo confessar-lhes que me arrependo de não ter dado ainda mais, muito mais, até a medida da exaustão, no limiar do cansaço, por saber que fui feliz e me realizei em cada  passeata, em cada campanha eleitoral, em cada jornada de luta, em cada esforço em busca do possível ou do impossível. 
          Durante estes quarenta anos, o Partido pode contar o carismático líder sindical como pilar e referência da luta de toda uma geração; assim dentro desta simbiose Lula foi forjado como mito e alma do próprio Partido. Com uma proposta de governo sem assustar o mercado financeiro, o PT e Lula conseguem vencer as eleições de 2002 com o slogan “Agora é Lula”. Pois a esperança venceu os ataques ao neoliberalismo. O NOSSO governo teve como destaque o programa Bolsa Família, Distribuição de renda programas sociais que mudam a sorte do povo brasileiro, sobre tudo daqueles que viviam abaixo da linha da miséria e defesa da soberania. E realizamos o que todos os sábios economistas afirmavam que jamais poderia acontecer demos um fim na dívida externa brasileira, elevando à potencialidade a capacidade de produção do Brasil. Aprovação do governo do Presidente Lula se confirma com sua reeleição em 2006 no segundo turno. 
          Hoje, o PT ao completar quarenta anos, pode se orgulhar de tudo que fez, alcançamos resultados incríveis, principalmente, na redução das desigualdades. Tínhamos um sonho ambicioso há 40 anos e como foi um projeto (sonho) coletivo, conseguimos realizá-los. Daqui para frente, não devemos deixar de sonhar e sempre sermos comprometidos com esses sonhos e com o povo brasileiro. 
Viva o PT, Viva a minha geração! 

Padre Carlos 

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2020

Artigo - José de Abreu, o combatente solitário. ( Padre Carlos )




         
                                            José de Abreu, o combatente solitário.


                                                                         


Quando Regina Duarte aceitou ocupar a vaga de Roberto Alvim, demitido após divulgar um vídeo em que fazia referências ao nazismo, à namoradinha do Brasil, não só empresta seu nome e imagem construídos ao longo destes cinquenta anos, bem como, se coloca na linha de frente deste projeto de ultradireita que chegou ao poder.
Este comportamento de Regina revoltou muitos colegas e apesar de não fazerem críticas de forma abertas a esta posição política que sua colega abraçou não se sentem a vontade de comentar as posições de extrema direita da atriz. A posição dos seus colegas não tem um caráter de combate ao fascismo e assim, diferenciamos estas iniciativas de alguns colegas, com a fala de José de Abreu.  O que boa parte do publico ignora é que a posição de José de Abreu além de ser política, chama atenção da sociedade brasileira para os perigos deste governo. "Assuma seu cargo de apoiadora de fascista se tiver coragem. E aguente as consequências. Outra coisa, eu não estou só! Arrisco minha carreira para impedir que uma colega minha se atire num poço sem fundo!", finalizou.  ...
       Abreu chama nossa atenção, para este governo extremista de Direita, que tem em seus discursos de ódio, o objetivo de atacar os fundamentos do Estado democrático, desta forma seu grito de alerta lembra a todos os brasileiros que:“ O fascismo não se debate, fascismo se destrói”.
Enquanto a esquerda tolerante, justificar toda estas agressões como liberdade de expressão, os fascistas buscam a estratégia de nenhum palanque. Tudo que eles querem é acabar com a Democracia e o Estado de Direito.
            A tolerância é um valor central das sociedades democráticas, um pilar dos direitos humanos. Nesse sentido, podemos afirmar que  não há liberdade individual fora de uma "sociedade aberta", pois é através da prática democrática e das leis que a consagram e protegem que a convivência e a liberdade se estruturam. As democracias são sociedades plurais que tem dentro do seu seio o conflito de interesses e ideias, onde, inclusive, tendências antidemocráticas e fascistas podem encontrar espaço. Como filósofo, podemos afirmar que esta onda de ultradireita faz parte do mecanismo do estado burguês. Quando a burguesia vê que o poder está escapando das suas mãos, recorre ao fascismo para manter o poder de seus privilégios, como aconteceu no Brasil com o golpe em 2016.
O fascismo, sempre teve uma postura de atentado das liberdades individuais e por isto, devemos combater de forma aberta para serem contidas em nome da tolerância, assim, parabenizo o ator José de Abreu pela coragem de enfrentar e combater os fascistas do Brasil.



Padre Carlos

terça-feira, 4 de fevereiro de 2020

ARTIGO - As contradições da esquerda (Padre Carlos)




            As contradições da esquerda 


As pessoas que consideram que o ano para os políticos, só começa depois do fim do carnaval, não tem noção para os problemas que a esquerda brasileira vem enfrentando desde os primeiros dias deste ano que se inicia 
Como prevíamos, o trabalho do presidente Lula tem sido desde que saiu da prisão, construir um discurso que possa mobilizar as massas para o enfrentamento com o projeto de extrema-direita antinacional e ultraliberal, que vem passando um trator nos direitos sociais e dilapidando o patrimônio nacional. Não podemos negar, que já faz algum tempo que estamos enfrentando dentro e fora do partido uma divergência em relação a tática a ser empregado na luta contra as forças fascistas que chegaram ao poder. 
Há uma contradição entre a política apresentada por uma parte da esquerda que cria uma abertura a outras forças inclusive de direita que participaram do golpe de Estado de 2016 e que defendem a mesma política neoliberal do governo de Jair Bolsonaro. Nesse pacto cabem todos os que se opõem ao que representa o bolsonarismo e seu regressivismo político e ideológico, mas não econômico. 
Essa Frente, de resistência política, ideológica e objetiva (materializando-se na ação), deverá avançar para a recuperação de espaços perdidos, a partir de uma plataforma política alternativa e progressista. A Frente é, portanto, uma plataforma liberal, abrindo assim perspectivas política para que em determinados estados possa apresentar-se como tal. Não podemos negar que parte dos governadores petistas no Nordeste são favorável a este projeto. Um exemplo claro, foi a reforma da previdência. Não que ela não fosse necessária, mas a forma como foi conduzida e implantada. Esta reforma contraria toda a linha política do partido e além de contrariar tudo que o PT defende, seus dirigentes foram omissos e se calaram diante do que estava acontecendo. 
O trabalho de Lula neste momento é tentar harmonizar o partido para poder sair fortalecido na busca de uma unidade pelas esquerdas, criando assim, um canal de diálogo com o campo progressista. 
Desta forma, ao analisar as contradições da esquerda brasileira, chamamos a atenção do leitor, para que possa acompanhar de perto estas divergências interna dentro do partido e no campo da esquerda de um modo geral. Sendo assim, podemos constatar que serão muitos os problemas que iremos enfrentar dentro e fora do partido na construção desta sonhada unidade do campo progressista. 

Padre Carlos 

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2020

ARTIGO - O Fado é uma oração (Padre Carlos)


                      O Fado é uma oração




          O Fado é para ser ouvido em silêncio, saboreando a letra, a melodia, o drama, a paixão, a dor e a alegria de um grande amor. Entender uma cultura e se apaixonar por ela é como viajar em grandes emoções, sentir o gosto do passado, amando e namorando com a nossa língua. Assim é a música portuguesa que aprendi amar, nela não há lugar para barulhos indiferença e vulgaridade. 

         
A Cultura portuguesa, entre elas a poesia lusitana, me faz viajar por lugares e época distante, onde só minha alma entende e consegue chegar. O Fadista fala do amor, dos medos, angústias e das paixões, sofre com as relações impossíveis e proibidas e recorda uma Portugal que não existe mais. 
          O fado é uma oração para os amantes e uma forma de entender este amor romântico que aparece no fim da idade média. Hoje, estava refletindo sobre o Fado e o amor romântico. O fadista é um trovador daquela época. Foram os lusitanos que mais se aproximaram das tragédias e loucuras das grandes paixões para expressar em seus fados estes sentimentos. Assim, nestes poemas, conseguem manter em toda a sua trajetória o fogo das paixões, para que pudéssemos vivenciá-lo de todas as formas que ele nos apresenta neste novo milênio. 
           Quando falamos desta arte, esquecemos o longo caminho que estes poetas tiveram que percorrer até chegar aos nossos dias da forma viva e cheia de emoções como vivenciamos. Estas melodias, estas histórias e estórias, contadas nestes poemas, são frutos dos sentimentos romântico, belo e com a intensidade das grandes paixões deste povo. Desta forma, o Fado vai se transformando como se fosse poesias de trovadores, de uma Portugal do Estado Novo e revelado por uma nova geração de fadista no pós setenta e quatro. É dentro deste universo lusitano que nasce uma nova concepção de falar e vivenciar este amor, estes poetas buscavam através da sua sensibilidade, romper com um antigo Portugal, onde a mulher era vista como elemento de desejo de posse física, para expor os seus desejos e as suas paixões.  
         
 São justamente, os elementos platônicos que vão humanizando aquela sociedade sucumbida por um regime fascista, trazendo assim elementos onde a mulher era considerada fonte inspiradora dos bons costumes. Diante disto, o Fado passa a ser uma força que busca  orientar este povo pra contemplação do belo como fuga da pobreza e do regime. 


          Padre Carlos 
 
 

ARTIGO - A geração que fez a diferença! (Padre Carlos)

A geração que fez a diferença!      Decorridos tantos anos do fim da ditadura, observa-se que a geração da utopia está partindo e a nova...