Hoje vou contar uma estória para os senhores: havia uma sala com um vazamento de água num dos lados e vários fios desencapados no outro lado. Nesta sala, chamada Vitoria da Conquista, haveria pessoas dispersas pelos lugares ainda não atingidos pela água e elas tentavam se manter o mais longe possível dos fios desencapados.
Por motivos que não se sabe bem, a maioria das pessoas tinha uma postura de passividade em relação aos problemas existentes na sala. Talvez a passividade possa ser explicada pelo medo do desemprego ou por acreditar nas autoridades. Em dois momentos diferentes duas pessoas morreram ao tentar, heroicamente, concertar os fios desencapados.
Mas o fato é que a maioria das pessoas não tentava acabar de vez com o vazamento de água, no máximo utilizam panos, vassouras e rodos para secar o chão. Também, não pensavam em como acabar com o eminente perigo representado pelos fios desencapados. Vez por outra alguém sugeria que se tentasse isolar os fios. Mas, vinha a inevitável pergunta: como fazê-lo sem levar um choque?
Até tinha um eletricista na sala, mas ele alegava que estava sem ferramentas adequadas para realizar a tarefa. E lembrava o tempo todo que, devido ao vazamento, estava com os pés encharcados. Também havia na sala um encanador, mas este só aceitava consertar o vazamento mediante pagamento.
O fato é que durante algum tempo até se tentou resolver os problemas da sala, mas eles eram tantos e tão complexos que as pessoas foram se acomodando. Preferiram criar formas de conviver com os problemas, mesmo correndo o risco de morrer ao invés de tentar resolvê-los em definitivo, pois tudo era muito difícil e demandava tempo e dinheiro.
A tentação de comparar nossa cidade a esta sala é grande. Fruto da incapacidade de tomar decisões corajosas e não ser insensato como o Prefeito de Milão: os pedidos constantes do CDL, lembra a campanha: Milão não pode parar. Ao invés de concertar os vazamentos de água e encapar e/ou embutir os fios na parede preferimos seguir encontrando formas de conviver com eles.
Acostumamo-nos a acreditar em tudo que os poderes públicos falam. Seguimos preferindo viver com o problema do coronavírus ao invés de seguir as orientações dos órgãos responsáveis pelo controle da pandemia. Achamos mais fácil atender o clamor dos lojistas que o clamor do povo.
Mesmo revogando o decreto da morte, o prefeito demostrou uma insensatez em relação as vidas dos conquistense.