Uma
Jornada de Inocência a Sabedoria
O tempo foi implacável em sua marcha
constante. Escorreu por entre nossos dedos como areia fina, moldando nossas
vidas em seu fluxo incessante. Como disse o poeta, "eu vi o menino
correndo, eu vi o tempo".
Viajo pelas memórias e vejo a criança
brincando na praça, correndo atrás da bola, rindo com os amigos. Sinto uma
pontada de nostalgia, de saudade, de alegria. Lembranças inundam minha mente,
transportando-me para minha infância na Pituba, na década de sessenta. As
brincadeiras na rua, os jogos de futebol, as aventuras no bairro ecoam em meu
coração. Recordo-me de minha juventude no Nordeste de Amaralina, dos sonhos de
mudar o mundo, da militância política, da fundação do PT. As lembranças fluem
como águas límpidas, trazendo à tona o chamado vocacional, o seminário em
Vitória da Conquista, a filosofia e a teologia em Belo Horizonte. Meu trabalho
no Mosteiro de São Bento, minha paróquia, o grupo de jovens, e a busca pela
sabedoria e pela paz se desenrolam diante de mim. Os amores da juventude, as
paixões arrebatadoras, as desilusões amorosas, e as lições de vida ecoam em
minha alma.
Vejo a criança brincando na praça e percebo
o quão rápido o tempo passou, como a vida é efêmera e tudo muda. Medito sobre
minhas próprias transformações, como cresci, envelheci e vivi intensamente.
Recordo-me dos amores, das paixões, das dores e das superações. Aprendi com os
erros, perdoei as falhas e sou grato pelas bênçãos que enriqueceram meu
caminho.
Contemplando a criança na praça, sinto uma
vontade de abraçá-la, de aconselhá-la a aproveitar cada momento, a viver
intensamente cada instante e ser sempre feliz. Quero dizer-lhe que a vida é
bela, mas também desafiadora, e que cada dia é um dom precioso a ser
valorizado.
Ao sorrir diante da criança brincando,
reconheço em seus olhos um reflexo de mim mesmo, um pedaço de minha história e
uma esperança para o futuro. Nela vislumbro a beleza da criação, a imagem de
Deus e a graça do amor. A criança representa a poesia da vida, o fluir da
consciência e o milagre do ser.
Assim, nas dobras suaves do tempo,
entrelaçam-se nostalgia e esperança, saudade e gratidão. Meus olhos miram o
passado com afeto e carinho, enquanto meu coração pulsa ao ritmo do presente,
ansioso pelo futuro que se revelará em seu próprio tempo. Em cada recordar,
encontro a beleza de uma jornada singular, permeada pelas marcas da infância,
juventude e vida adulta. E é nesse encontro de tempos que sigo adiante, com a
certeza de que a vida é feita de momentos, e cada um deles é eterno em sua
própria efemeridade.