terça-feira, 18 de julho de 2023

ARTIGO - As lições de Aristóteles para entender se somos amigos por prazer ou por interesse. (Padre Carlos)

 


  “Sem amigos ninguém escolheria viver”.





Você já se perguntou por que você é amigo de alguém? O que faz você se aproximar de uma pessoa e não de outra? Será que você é amigo de alguém por puro interesse ou por genuíno afeto?

Essas são questões que me vieram à mente quando lembrei da filosofia que recebi no Seminário e das amizades que fiz na vida. Foi lá que eu tive contato com as ideias de Aristóteles, um dos maiores pensadores da história da humanidade.

Aristóteles dedicou uma parte importante de sua obra à ética e à política, e nelas ele abordou o tema da amizade com profundidade e sabedoria. Ele nos ensinou que a amizade é uma virtude essencial para a vida humana, mas que nem todas as amizades são iguais.

Segundo ele, existem três tipos de amizade: a baseada na utilidade, a baseada no prazer e a baseada na virtude. Cada uma delas tem suas características, seus benefícios e seus limites.

A amizade baseada na utilidade é aquela em que as pessoas se relacionam por algum benefício mútuo, seja material, profissional ou social. É o caso dos colegas de trabalho, dos vizinhos ou dos parceiros comerciais. Essa amizade é frágil e passageira, pois depende das circunstâncias e dos interesses envolvidos. Se eles mudam, a amizade acaba.

A amizade baseada no prazer é aquela em que as pessoas se relacionam por causa da diversão, da alegria ou da satisfação que sentem na companhia uma da outra. É o caso dos companheiros de festa, dos hobbies ou dos amores. Essa amizade é mais forte e duradoura do que a anterior, pois depende dos sentimentos e das emoções compartilhadas. Mas ela também pode acabar se os gostos mudam ou se o prazer diminui.

A amizade baseada na virtude é aquela em que as pessoas se relacionam por causa do caráter, da bondade e da excelência moral uma da outra. É o caso dos amigos verdadeiros, dos confidentes ou dos mentores. Essa amizade é a mais nobre e estável de todas, pois depende da escolha livre e consciente de cada um. Ela não acaba com o tempo ou com a distância, mas se fortalece com a convivência e com o crescimento mútuo.

Eu tive a sorte de encontrar amigos dos três tipos nesta vida, mas confesso que os mais marcantes foram os da última categoria. Foram eles que me ajudaram a desenvolver minha personalidade, meus valores e meus ideais. Foram eles que me apoiaram nos momentos difíceis e me celebraram nos momentos felizes. Foram eles que me fizeram sentir saudade ou seria nostalgia.

Aristóteles nos ensina que a amizade é uma forma de amor, mas não um amor egoísta ou possessivo. É um amor generoso e desinteressado, que busca o bem do outro e não o próprio. É um amor que se alegra com a virtude do outro e não com seus defeitos. É um amor que se expressa na lealdade, na sinceridade e na benevolência.

Eu sou grato aos meus amigos  por terem me ensinado esse amor. E espero que você também tenha amigos assim em sua vida. Pois como diz Aristóteles: “Sem amigos ninguém escolheria viver”.

 


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