Nossa Mosca
Azul
A mosca azul é o nome de um poema de Machado de Assis, (Poesias Completas, 1901). Esta mosca,
também é, nas regiões mais pobres, atrasadas e sem saneamento, um tipo de mosca
varejeira, que somente sobrevive porque se alimenta de dejetos humanos.
Conhecendo o
poema e a tal varejeira, pensei em fazer um paralelo entre a nossa realidade a
mosca e suas consequências. Andei pensando por estes dias como será a vida
da gente daqui a 20 ou 30 anos no nosso município? Não saberia descrever nem sei se ainda terei a
graça divina de está presente para vivenciar esta realidade. Mas sei que muito
do que acontecerá depende das decisões e ações que tomaremos hoje. Sei que não haverei de participar de muitas
destas conquistas que virão pela frente em Vitória da Conquista e em todo o
Sudoeste baiano. Mas faço questão de ficar ao lado do partido dos meus
companheiros, daqueles que junto comigo lançaram, ainda que em terra árida de
caatinga e mata de cipó, as sementes de um futuro melhor.
.Com o fim do
PED e as escolhas definida da nova direção para o partido, passei a me preocupar
com a danada da mosca e me lembrei de outro fato que poderia explicar de forma
mais clara estes meus medos. Assim, vou tentar externar através de uma das minhas cenas preferidas
no cinema que foi protagonizada por Al Pacino no filme O Advogado do Diabo. Na
cena final do filme, Al Pacino, protagonizando o diabo em pessoa, solta a frase
"A vaidade é, definitivamente, meu pecado predileto!".
E
de que formas a vaidade se manifesta? De todas as formas possíveis! Desde a
mais conhecida e óbvia, que é a vaidade na forma de se achar autossuficiente
e pensar que não precisa de ninguém para alcançar a vitória. Todas as correntes
e lideranças são importantes para o conjunto do partido, como diz o poeta: “do tamanho que se
é, nem maior nem menor do que ninguém. E sustentar a esperança na certeza de
que só haverá colheita se desde agora se cuidar, delicada e anonimamente, da
semeadura. Enquanto uns saem para caçar borboletas, prefiro cuidar do jardim
para que elas venham” (Mário Quintana).
Quero chamar atenção das lideranças do partido, sobre a
importância de não perder de vista de que o projeto de eleição não deve superar o projeto de
cidade. Na medida em que um projeto de cidade for abandonado em favor de um
projeto de eleição cria-se um projeto de poder sem a consciência de que este
poder precisava ser instrumento que fortalecesse as bases sociais.
O recado vem primeiro para mim, pois os ouvidos mais
próximos de minha boca são os meus, e vai para todos que terão uma participação
mais ativa neste contexto de ser participante das próximas décadas em nosso
município, neste clima de euforia de tantas conquistas e boas projeções,
cuidemos para não ser picados, ou melhor, dizendo, encantados com a mosca azul.
Padre Carlos