segunda-feira, 16 de setembro de 2019

ARTIGO - Antilulismo ou antipetismo (Padre Carlos)





Antilulismo ou antipetismo


            No momento em que o PT se esforça para encontrar novas lideranças políticas capazes de se mostrar eleitoralmente viáveis, o governador da Bahia, Rui Costa, tomou à dianteira: na entrevista a VEJA, ele assume pela primeira vez que poderá ser pré-candidato à Presidência da República em 2022. Reeleito para o segundo mandato com 75% dos votos, o petista conclama os partidos de esquerda a se unirem em uma frente para pensar um projeto de país em oposição ao governo de Jair Bolsonaro. Costa considera que essa aliança não deve ser condicionada a uma defesa da liberdade do ex-­presidente Lula. Segundo ele, o PT se desconectou da sociedade brasileira e não devia ter lançado Fernando Haddad como candidato em 2018.
   
         Para os analistas, a posição desta corrente que representa o governador da Bahia, tem endereço certo e seu objetivo era criar um impacto necessário para chegar aos ouvidos do núcleo duro do lulismo. O partido vive alguns embates internos que o PED e a força eleitoral do nordeste não conseguiram ao longo dos anos resolverem. Diante de tais fatos, podemos constatar uma luta não só dentro do partido, mas também entre algumas lideranças das forças progressistas contra uma corrente que representa o Lulismo. Este núcleo duro que gira em torno do ex-presidente tem um total controle do aparelho do partido e não admite o surgimento de novos protagonista que não saiam dentro dos seus quadros e dos territórios onde tenham maioria da máquina partidária.
            Como ficou constatado, está se formando uma grande frente de oposição ao governo Bolsonaro que vai do antipetismo ao anti-lulismo e por representar setores conservadores, estas correntes não aceita o PT como força hegemônica, bem como a bandeira Lula Livre que poderia ser instrumentalizada para o crescimento de um partido em detrimento de outros.
            Protagonista é a personagem principal de uma narrativa, assim, podemos definir que PT como força hegemonizada da esquerda por três décadas, é o grande protagonista deste projeto. Apesar desta hegemonia está desgastada, não representa necessariamente que não tenha força política suficiente para superar esta crise. Sabendo disto e querendo também ocupar tal função no projeto político os aliados se posicionam para ocuparem estes espaços que foram perdidos com o antipetismo e o antilulismo. Os aliados dentro e fora do partido tentam se posicionar, compondo uma aliança para tentar ocupar o espaço do lulismo.  Mesmo com todo este capital político, PT e Lula, passam a enfrentar críticas para que se posicione em relação a um nome dentro ou fora do partido que possa representar a realidade eleitoral que estamos vivendo.
  
          Para afirmar a força do lulismo, mesmo preso, Lula liderava as pesquisas de opinião em 2018 até ser barrado pela Lei da Ficha Limpa. Foi figura central para que Fernando Haddad, seu ex-ministro da Educação, chegasse ao segundo turno. Mas Haddad perdeu a eleição. A derrota se deu, em grande parte, por causa do antipetismo. Com Lula fora de cena, seus adversários no campo da esquerda e seus aliados entendem que chegou o momento de ter uma participação maior no projeto de governo. Em política não há espaço vazio. Levantou da cadeira, saiu do lugar, logo será ocupado. É uma atividade que admite poucos, raros erros. Todo político precisa de aliados e se o ex-presidente Lula não sair logo da cadeia, terá dificuldade de encontrar um consenso no campo da esquerda e dos partidos progressistas.
           

Padre Carlos

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