O mês de setembro foi marcado por dois acontecimentos que deixaram a direção do partido e todos aqueles que buscam uma unidade no campo da esquerda ficarem preocupados. Fica cada vez mais claro que uma corrente do partido, só aceita Lula como representante do projeto que as esquerdas estão construindo para 2022, se for ele o cabeça de chapa. É evidente que a unidade está cada vez mais comprometida e o surgimento de um projeto de desconstrução da liderança de Lula como figura central de unidade é colocado em andamento dentro e fora do partido.
Desde o final da década de oitenta, o petista vem desempenhado este papel de liderança e mantendo uma hegemonia entre os aliados. Apesar de todo este capital político, o PT e Lula, vêm enfrentando nos últimos tempo críticas dentro e fora do partido, tendo que combater duas frente: uma interna, com os próprios membros e uma externa, com os partidos de esquerda. Estes dois movimentos passaram a fazer parte da nova conjuntura e fará com que Lula e o PT venha compor com seus aliados de primeira hora, em detrimento de uma aliança mais voltada para o centro. Estamos presenciando o surgimento de um antilulismo e um antipetismo dentro do campo progressista e o que é pior, está sendo gestados entre membros do próprio partido e aliados históricos que nestes últimos trinta anos, estiveram ao nosso lado.
Um personagem que mais tem batido no PT e em Lula nos últimos tempo é o ex-candidato à Presidência da República Ciro Gomes (PDT), suas ofensas passam a ganhar holofotes, quando assume o discurso da direita e afirma na grande mídia que Lula "não é inocente" e, ao justificar por que não apoiou Haddad no segundo turno, termina criando um discurso que o petista "é uma fraude" num partido de ladrões. "Não sou obrigado a apoiar ladrão, não sou obrigado a apoiar quadrilha", afirmou ele à BBC Brasil.
Outro fato importante que surgiu nestes últimos dias é sem dúvida a divergência de uma ala do partido em relação a condução do processo político e suas posições semelhantes a uma esquerda que não aceita a hegemonia do PT e estão dispostos a aceitar formar uma frente anti-Bolsonaro com as exigências da direita: Não deixar o povo participar e proibir em qualquer documento a bandeira de LULA LIVRE.
Assim, na entrevista que deu a Revista Veja o governador petista da Bahia, Rui Costa, se coloca como candidato na próxima eleição e questiona com suas declarações pública, a direção do partido, atacando Lula e o PT. Na entrevista à Veja em que defende que o PT deveria ter apoiado Ciro e não lançado Fernando Haddad em 2018, o governador baiano disse que o "Lula Livre" não deve ser condicionante à formação de alianças, embora afirme que o partido "não pode e nem deve abrir mão" dessa bandeira. "Não acho que esse é o ponto que deve ser usado pelo PT para condicionar qualquer diálogo com as oposições para formar uma frente", afirmou.
Podemos afirmar que as entrevistas à BBC Brasil, por Ciro Gomes e à Veja, pelo atual Governador da Bahia, apontam para um novo fenômeno na cena política brasileira: uma parcela significante da esquerda está se deslocando para o centro. Parece paradoxal, e é; trata-se de uma tendência pela adesão a itens da pauta conservadora, com o intuito pragmático de conquistar os setores das classes médias que se inclinaram ao bolsonarismo.
O que une Ciro e Rui? Podemos dizer que o elo que une estes dois personagens da política brasileira é o discurso de que o PT deveria deixar de lado a bandeira "Lula Livre" para formar uma frente "por direitos". Acredito que hoje é impossível conceber a formação de uma frente ampla de partidos e da sociedade civil sem o Partido dos Trabalhadores e seu grande líder: Luiz Inácio Lula da Silva. Estes personagens, sabem que seu grande adversário é Lula e seu partido, por isto, não poupa agredir e caluniar e tentar excluir o PT e o seu projeto.
Padre Carlos