domingo, 1 de março de 2020

ARTIGO - Um prefeito que defenda a educação (Padre Carlos)



Um prefeito que defenda a educação 
  
     Quando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva visitou a Universidade Federal do Recôncavo (UFRB) onde receberia um título Honoris, foi impedido de receber esta honraria, por parte das elites baiana. Este foi, mais um episódio de perseguição ao líder político. “Fico triste por não ganhar o título, mas fiquei sabendo que tem uma filha de quilombola que conseguiu chegar na universidade. Quando ela se formar e ganhar seu diploma, esse será meu título”, afirmou ele. Lula dedicou o título a cada negro e negra que se formou na universidade. “Um pouco do sucesso da política e do acerto econômico é você ter consciência política de que lado você está”, disse.  
Este fato que aconteceu em 2017, me fez lembra um dos maiores brasileiros de nossa história, Joaquim Nabuco, disse que a Abolição ficaria incompleta se os escravos não recebessem terra para trabalhar, e seus filhos não recebessem escolas para estudar. Cem anos depois, outro dos maiores brasileiros da história, Luiz Inácio Lula da Silva, disse que se o Brasil não construísse universidades e escolas técnicas para qualificar sua mão de obra, estaria condenado ao crescimento. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sempre defendeu a educação como forma de vencer as desigualdades do país.  
  
Em sete meses, teremos eleições municipais, mas nenhum candidato a prefeito em Vitória da Conquista, parece consciente da dimensão de nossos problemas, nem interessado em oferecer uma resposta que não da improvisação pontual. De um lado o descaso do atual Prefeito, durante estes três anos, os estudantes da nossa cidade encontraram dificuldades para seguir com os seus estudos, em função da falta de água, merenda e professores em diversas unidades. Faltou também nesta gestão ônibus deixando a zona rural de Vitória da Conquista sem aula. Chegamos ao cumulo neste governo, deixar faltar até gás de cozinha nas escolas municipais bem como, pães nas creches. Ainda menos, enfrentar os problemas imediatos considerando que a solução de longo prazo está na construção de um sistema de educação com máxima qualidade em nosso município. 
  
A Campanha Salarial de 2020 tem que ser encarada como uma luta não só por salário, mas pela qualidade da educação como um todo no nosso município.  É triste constatar, que a profissão de professor não seja devidamente valorizada como deveria por parte dos nossos representantes.   
  
Querendo apenas agradar ao eleitor, este governo tem se assustado com os baixos índices nas pesquisas. Por isto, ficam presos às improvisadas trapalhadas seculares dos discursos demagógicos. Por outro lado, os partidos de oposição boicotam seus pré-candidatos que defendem a educação como solução, porque isso não atrai votos. 
A nossa cidade nestes últimos anos passou de um município prospero e que atraia investimentos, para um projeto que marcha ao encontro da pobreza, violência, desigualdade, ineficiência, improvisando soluções parciais para cada problema. 
Por isso, não há ouvidos para a fala de Nabuco, nem de Darcy e nem de Lula. Se adotássemos esta geração que precisa hoje de Vitória da Conquista, ela depois poderia adotar, nossa cidade. 
  
Padre Carlos 

sábado, 29 de fevereiro de 2020

ARTIGO - Diga Que Valeu! (Padre Carlos)



Diga Que Valeu! 

Quando nos separamos de uma grande paixão, seja em decorrência do falecimento ou em vida, nós lidamos com a morte. Somos culturalmente criados para as vitórias, conquistas e sucesso, mas recebemos pouquíssima (ou quase nenhuma) educação para as derrotas ou perdas. E quando a maior delas surge, não sabemos lidar com estes infortúnios e em muitos casos, algumas delas são irreparáveis. Depois de tanto tempo, não interessa mais saber o que aconteceu. Por quê? A vida fez o seu trabalho. As circunstâncias levaram a este desfecho. Sim, foi um grande choque, sentir o baque durante anos, conversou com um amigo como se estivesse confessando com um padre. E é justamente aí que mora o perigo: a gente precisa lidar com uma perda sem esperança. Uma perda com um ponto final. O grande problema é que ele não consegue pensar em se despedir um dia desta vida sem ter a certeza que foram felizes, pelo menos naquele tempo. “Então, diga que valeu”! 
Só o poeta consegue interpretar o que sentimos, quão grande é a nossa dor e com uma precisão de um cirurgião ou como um artesão das palavras, retrata estes sentimentos através da sua obra. Encontrei este artista das letras em Paulo Afonso, na década de noventa e seu poema lembrou-me o trabalho de uma diva da música francesa, a suplica é a mesma e o sentimento de perda fica latente: “Então diga que valeu”. A necessidade de saber se foi amado, se aquelas juras de amor foram verdadeiras, se valeu apena viver todo aquele amor na juventude é importante. Para uma boa parte da minha geração esta certeza é fundamental, “o nosso amor valeu demais, foi lindo, ficou pra trás”.  
O tempo é o sinal concreto de um fim. Depois de décadas você tem a certeza que sua história com aquela pessoa acabou. Por mais que os fatos estejam contra você, é difícil aceitar que a vida passou e você não pode rebobiná-la. Mas você não sabe se aquela pessoa ainda existe, porque você está sentindo falta de alguém com quem conviveu há anos. Você não sabe mais se aquela mesma pessoa continua viva, aquela de quem você sentiu saudade todos estes anos e lembrou com carinho desta paixão nos momentos mais difíceis da sua vida. E o poeta continua a perguntar: “Então diga que valeu, O nosso amor valeu demais, que pena, ficou pra trás”. E você tem certeza que ficou pra traz quando vê depois de anos uma foto no facebook,  rodeada de gente que você nem conhece, acredita que seja filhos ou será sobrinhos? E se pergunta por que a vida não foi generosa também com ele?, O que será que ela fez todos estes anos, se está feliz, se ainda tem a mesma mania, o mesmo ídolo, se gosta da mesma música ou se ainda se lembra daquele último filme que assistiram juntos. 
Provavelmente, a resposta para tudo isso ele jamais saberá. Ele não aceitou a sua perda ela já faz parte dele e soube conviver com esta todos estes anos da sua vida, como uma companheira de viagem. Desta forma, ele se acostumou com a presença desta perda e sempre que ela surge, ele com toda paciência, lambe suas feridas. Sem dúvida, é um dos sentimentos mais dolorosos que existem, mas é através dele que deveríamos amadurecemos e aprendemos a dar valor ao que temos e enquanto temos. 

Padre Carlos 
  
  
   
    
      

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020

ARTIGO - Rui Costa e o Deputado Igor Kannário. (Padre Carlos)



Rui Costa e o Deputado Igor Kannário.


Os discursos e as propagandas populistas de alguns governadores do Brasil – como dos estados de São Paulo, Rio e Goiás, por exemplo – já davam a ideia de que o quadro da violência policial se manteria em níveis elevados, semelhantes ao dos últimos anos, devido a postura autoritária e a linha ideológica destes governos. 
Uma abordagem filosófica sobre os últimos acontecimentos no carnaval da Bahia, teria que passar necessariamente pelos conceitos de Michel Foucault, mas este não é o local para abordagem desta natureza. O que podemos aqui é lembra os leitores como o Estado se configura politicamente na história das civilizações como um mecanismo repressor das classes economicamente desfavorecidas, atuando em prol da manutenção dos interesses das elites sociais. Para que tal opressão se estabeleça, o Estado faz uso do braço armado das forças policiais, que exercem violência indiscriminada contra as massas humanas. 
Quero aqui deixar claro, que não concordo com o oportunismo do Deputado Igor Kannário em fazer deste tema um palanque para suas pretensões políticas. O Presidente nacional do DEM, partido do qual o deputado federal e cantor Igor Kannário faz parte, o prefeito de Salvador, ACM Neto, ao não punir o Deputado pelas declarações contra a Polícia Militar (PM-BA), na última segunda-feira (24), durante show no Circuito Osmar (Campo Grande) do Carnaval, termina justificando uma postura nada ética de um parlamentar. Mas quando o Governador considera um "fato gravíssimo" a atitude do cantor, afirmando que ele atenta "contra a ordem pública", especialmente por estar em um trio patrocinado pelo poder público, eu só posso perguntar aos senhores: e se o trio não tivesse patrocínio público, poderia? Este argumento deixa em suspeitas todos os profissionais que contam com este tipo de patrocínio.  Mas não podemos negar, com ou sem este incentivo por parte do estado, a ação inadequada de alguns policiais, que não retratam a maioria da Polícia Militar, por isto, tem que ser denunciada.  

Tenho um profundo reitero pela instituição e sei que não teríamos segurança nesta festa sem estes abnegados polícias, que deixaram suas famílias nas suas cidades, para proteger o povo baiano e seus convidados.  Mas não podemos fechar os olhos diante dos excessos que temos observados não só no Carnaval, mas em algumas diligências por parte de certos membros desta corporação. O comportamento equivocado não deve ser normalizado, isto seria um perigo para o Estado Democrático e uma falta de caráter da minha parte. O que se espera de um governador de esquerda é que tome as medidas que devem ser tomadas para que não ocorram excessos não só contra os foliões, mas com os baianos de um modo em geral.  
Ao tentam justificar para a população as denúncias de violência policial como um " atentado contra a ordem pública", o governador termina causada um mal estar na sua base política e nos seus eleitores. Sabemos que a irresponsabilidade do deputado, poderia causar a incitação da população contra a Polícia Militar e comprometer a segurança da festa, isto só seria suficiente para o Governador entender que houve abuso, se não existisse este excesso, as palavras do político não teriam força. 

As polícias mais violentas do mundo surgem sempre nos países em que as instituições estão fragilizadas e as organizações criminosas estão fortes. Foi assim em lugares como no Chile e na Bolívia, quando usaram o aparato policial para sufocar manifestações contra governos autoritários e golpe de estado. 

Padre Carlos 

ARTIGO - A geração que fez a diferença! (Padre Carlos)

A geração que fez a diferença!      Decorridos tantos anos do fim da ditadura, observa-se que a geração da utopia está partindo e a nova...