quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020

ARTIGO - Rui Costa e o Deputado Igor Kannário. (Padre Carlos)



Rui Costa e o Deputado Igor Kannário.


Os discursos e as propagandas populistas de alguns governadores do Brasil – como dos estados de São Paulo, Rio e Goiás, por exemplo – já davam a ideia de que o quadro da violência policial se manteria em níveis elevados, semelhantes ao dos últimos anos, devido a postura autoritária e a linha ideológica destes governos. 
Uma abordagem filosófica sobre os últimos acontecimentos no carnaval da Bahia, teria que passar necessariamente pelos conceitos de Michel Foucault, mas este não é o local para abordagem desta natureza. O que podemos aqui é lembra os leitores como o Estado se configura politicamente na história das civilizações como um mecanismo repressor das classes economicamente desfavorecidas, atuando em prol da manutenção dos interesses das elites sociais. Para que tal opressão se estabeleça, o Estado faz uso do braço armado das forças policiais, que exercem violência indiscriminada contra as massas humanas. 
Quero aqui deixar claro, que não concordo com o oportunismo do Deputado Igor Kannário em fazer deste tema um palanque para suas pretensões políticas. O Presidente nacional do DEM, partido do qual o deputado federal e cantor Igor Kannário faz parte, o prefeito de Salvador, ACM Neto, ao não punir o Deputado pelas declarações contra a Polícia Militar (PM-BA), na última segunda-feira (24), durante show no Circuito Osmar (Campo Grande) do Carnaval, termina justificando uma postura nada ética de um parlamentar. Mas quando o Governador considera um "fato gravíssimo" a atitude do cantor, afirmando que ele atenta "contra a ordem pública", especialmente por estar em um trio patrocinado pelo poder público, eu só posso perguntar aos senhores: e se o trio não tivesse patrocínio público, poderia? Este argumento deixa em suspeitas todos os profissionais que contam com este tipo de patrocínio.  Mas não podemos negar, com ou sem este incentivo por parte do estado, a ação inadequada de alguns policiais, que não retratam a maioria da Polícia Militar, por isto, tem que ser denunciada.  

Tenho um profundo reitero pela instituição e sei que não teríamos segurança nesta festa sem estes abnegados polícias, que deixaram suas famílias nas suas cidades, para proteger o povo baiano e seus convidados.  Mas não podemos fechar os olhos diante dos excessos que temos observados não só no Carnaval, mas em algumas diligências por parte de certos membros desta corporação. O comportamento equivocado não deve ser normalizado, isto seria um perigo para o Estado Democrático e uma falta de caráter da minha parte. O que se espera de um governador de esquerda é que tome as medidas que devem ser tomadas para que não ocorram excessos não só contra os foliões, mas com os baianos de um modo em geral.  
Ao tentam justificar para a população as denúncias de violência policial como um " atentado contra a ordem pública", o governador termina causada um mal estar na sua base política e nos seus eleitores. Sabemos que a irresponsabilidade do deputado, poderia causar a incitação da população contra a Polícia Militar e comprometer a segurança da festa, isto só seria suficiente para o Governador entender que houve abuso, se não existisse este excesso, as palavras do político não teriam força. 

As polícias mais violentas do mundo surgem sempre nos países em que as instituições estão fragilizadas e as organizações criminosas estão fortes. Foi assim em lugares como no Chile e na Bolívia, quando usaram o aparato policial para sufocar manifestações contra governos autoritários e golpe de estado. 

Padre Carlos 

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