sábado, 21 de março de 2020

ARTIGO - Estamos ouvindo nossa gente? (Padre Carlos)



Estamos ouvindo os eleitores?



Elaborar um plano de governo para Vitória da Conquista sem ouvir quem nela vive, é como costurar um paletó sob medida para um desconhecido. Existe consenso sobre a necessidade de participação dos cidadãos nos processos de decisão política, mas quando decidimos esquecemos dos filiados e eleitores. Nos preocupamos e discutimos na instância partidária sobre o divórcio entre eleitores e eleitos, lamentamos o aumento sistemático da abstenção, acusamos a complexidade do sistema eleitoral e os mais pessimistas chegam a anunciar o fim da democracia interna do partido. Andamos tão preocupado com os projetos de poder do nosso grupo e aliados que esquecemos o óbvio. Promover a participação significa apenas ter a humildade de ouvir as pessoas antes, e não depois, de serem tomadas decisões. 
O centro das decisões políticas tem que ser deslocado dos mandatos para o interior do partido. Elaborar um plano de desenvolvimento para Vitória da Conquista precisa ser consequência da ação e da vontade das pessoas que moram nos quatro cantos deste município, enquanto sujeito coletivo, levando-se em consideração sempre a vontade das suas bases de apoio. A vontade dos militantes e filiados precisa ser previamente determinada e harmonizada na estrutura interna do partido. A organização partidária tem que ser o agente transformador, na construção de um projeto de governo, não os mandatos e suas assessorias.  Assim, o Partido dos Trabalhadores poderá de fato catalisar as políticas públicas que tanto a sociedade precisa. Só com estas medidas, o partido conseguirá tornar hegemônicas suas ideias e concepção de mundo, tendo sempre por base, por sua vez, os princípios demoráticos. 
A falta de democracia interna foi uma das causas de nosso esvaziamento, se um partido não pratica a democracia internamente, como poderá ele fortalecer a democracia no país como um todo? Para termos um processo eleitoral realmente democrático, não precisaremos democratizar os partidos? Que tal começar pelo nosso? E por que não começar com discussões de baixo para cima, não sobre nomes para a vice da chapa majoritária, mas sobre ideias e programas? 
Elaborar uma chara majoritária e um plano para a cidade sem ouvir, antes, os militantes e a população urbana e da zona rural é como costurar um terno sob medida para um desconhecido, por completo, as dimensões físicas de quem o vai vestir. O terno até pode parecer bonito no cabide, mas a probabilidade de lhe servir na justa medida é Zero. 
  


ARTIGO - O Papa Francisco e às ruas desertas de Roma ( Padre Carlos )



O Papa Francisco e às ruas desertas de Roma 




Não quero fazer qualquer tipo de analogia com o que vimos no domingo passado aqui no Brasil, até porque, o amor e carinho que o Pontífice tem com o povo italiano tem muito a ver com o carisma do Pastor num momento de dor e sofrimento de uma nação. 
O Papa Francisco ao sair às ruas desertas de Roma sem aviso prévio e rezando em dois santuários, pelo fim do surto de coronavírus tem um simbolismo profundo. Começou pela Basílica de Santa Maria Maggiore e depois caminhou ao longo da “Via del Corso”, uma das principais ruas do centro de Roma. O percurso terminou na Igreja de São Marcelo, onde rezou perante um crucifixo usado numa procissão em 1522, ano em que a cidade foi atingida pela “Grande Peste”. Nada mais triste que morrer sozinho em um isolamento, por isto, Papa Francisco pediu aos padres que visitem infectados pelo coronavírus, para que sinta a presença de Deus neste momento de calvário. Só um verdadeiro Pastor tem esta sensibilidade. Como diz Dom Zanoni: “As dores e os sofrimentos, as alegrias e esperanças do povo de Feira de Santana são meus também”. 
Buscando forças para seguir com suas vidas, o povo italiano entoa cânticos de união, em todo o final de semana, presentes nas suas varandas e janelas com um só objetivo: aplaudir os profissionais de saúde que, por estes dias, vem travando duras batalhas contra o novo coronavírus. Em resposta a um apelo que começou a circular nas redes sociais, o gesto repetiu-se por todo o país. 
Foi para dar exemplo aos padres e ser solidário com os profissionais da saúde, que Francisco fez aquela via Sacra. E rezou desta forma a Deus: "Sustentai aqueles que se gastam pelos necessitados: os voluntários, enfermeiros e médicos, os que estão na vanguarda do tratamento dos doentes, à custa da sua própria segurança", diz o Papa numa mensagem em vídeo transmitida no início desta semana, durante a oração do terço promovida pelos bispos italianos e seguida por fiéis de todo mundo. 
      
Pela primeira vez, a Semana Santa e a Liturgia deste calendário sagrado, vão decorrer à porta fechada, anunciou o Vaticano.  
Depois da China, a Itália é o país mais atingido pela Covid-19, em decorrencia deste vírus, muitas vidas foram dizimadas. Por isto, na Itália,  entoa-se cânticos de união vindos das janelas, deste povo sofrido. 


Padre Carlos
  

sexta-feira, 20 de março de 2020

ARTIGO - As pesquisas e as chances do campo democrático ( Padre Carlos )



As pesquisas e as chances do campo democrático 



Existe pesquisas encomendadas por partidos e candidatos que por estratégia política e ou por força da lei eleitoral, não poderia jamais ser publicadas, mas falaremos um pouco pelo que ouvimos aqui e ali destas intenções que nem sempre são confirmadas. 
“Fulano tem 22% das intenções de voto”, é comum algo do gênero.
Na verdade, as intenções de voto são divulgadas sobre o montante dos que votaram, não da totalidade dos pesquisados. 
Apesar de acreditar nas pesquisas e conhecer a  seriedade que elas são realizadas, andando pela cidade e conversando com o eleitorado conquistense, podemos constatar que apesar do Professor José Raimundo ter uma frente em relação ao candidato da situação, os mesmos eleitores  apontam o fato de que uma renovação seria bem-vinda e oxigenaria a própria eleição.. 
Mesmo entre os eleitores que foram levados a declarar voto, seria uma estupidez inferir que esse quadro representa o que acontecerá no dia 4 de outubro, diante das inúmeras variáveis políticas, econômicas e sociais. 
Não estamos nem no pré-jogo, para usar uma linguagem futebolista. No máximo, os elencos estão em montagem. 
O pré-jogo começará quando a campanha for para as ruas, na segunda metade de agosto. O jogo, somente nas duas, três semanas prévias ao pleito, quando a população começar a conversar, entre si, pela definição do que fará na urna eletrônica.  
Teremos em nossa cidade, algumas centenas de candidatos a vereador (isso mesmo, eles já começaram a se mexer desde 2018 com o olhar em 2020), afinal é preciso planejar a melhor forma de garantir que a campanha atinja seus objetivos. Para os candidatos a prefeito, os partidos aliados que irão compor uma frente, terão que trazer consigo uma estrutura partidária e uma chapa de vereadores que corresponda verdadeiramente o peso político. Só assim os partidos poderão compor uma aliança que represente a densidade eleitoral de cada sigla dentro das campanhas majoritária. Contam também neste pacote, tempo de televisão, alianças, capilaridade, propostas, debates, corpo a corpo, recursos financeiros, aliás, como sempre. 
O que as pesquisas revelam, e isso tem pouca repercussão para os blogueiros chapa branco e os de oposição, e não dar chamadas nos noticiários, é que o eleitorado, em sua maioria,  está farto da polarização e quer ver propostas sobre a melhoria de suas condições de vida, notadamente na saúde e na educação. 
Guilherme está fora do jogo eleitoral, diretamente, e seu poder de transferência de votos é apenas uma possibilidade, não uma certeza. A pesquisas, boca a boca aliás, dizem que, com Guilherme a certeza de vitória seria garantida, seus votos potencias migram uma parte para o candidato da oposição, mas uma parte do eleitorado do guilhermismo só decidirá na hora. 
Dificilmente este cenário eleitoral permanecerão nos atuais patamares, quando o pré-jogo e o jogo começarem, logo depois do São João. Muito provavelmente sofrerá desidratação severa. A extrema-direita, como também a extrema-esquerda, são pouco expressivas no nosso município, apesar de barulhentas, sobretudo nas redes sociais. 
A hora é de apostarmos na unificação do campo democrático e na explicitação dos grandes projetos para a nossa cidade. Precisamos virar a página e começar a discutir programas e propostas de governo. 
O mais, sobre as pesquisas, é especulação, e amanhã uma página virada. 

ARTIGO - Esta saudade não cabe no meu coração (Padre Carlos)



Esta saudade não cabe no meu coração 

É impressionante como as lembranças da minha infância e da minha juventude tem povoado os meus pensamentos nestes últimos dias e com isto, despertados sentimentos que a muito não experimentava. Às vezes eu encontro no meu dia a dia com coisas que me possibilita viajar de volta a Pituba ou ao Nordeste de Amaralina, a minha infância ou juventude. A saudade é um sentimento muito presente na minha vida, sinto através do cheiro da brisa do mar,  do gosto da acarajé, de uma foto antiga do clube português, da  praça Nossa Senhora da Luz ou da fundação do Partido dos Trabalhadores, às vezes me deparo com alguma coisa que me faz recordar bons momentos já vividos em Taizé ou em Bolo Horizonte no período da teologia.  
O engraçado disto tudo é a ilusão de que foi ontem e pode ser retomado todas estas vidas, do momento que foi interrompida. Quando o poeta diz: “Não se admire se um dia Um beija flor invadir a porta da tua casa Te der um beijo e partir Foi eu que mandei um beijo Que é pra matar meu desejo Faz tempo que não te vejo Ai que saudade d'você ”. 
 Hoje eu implorei ao beija flor que levasse até você um pouco da minha saudade, que com suas asas magicas e invisíveis abraçasse você por mim. Mesmo com a presença desta amiga, tenho a certeza que a felicidade não é tão ausente quanto imaginávamos e que não é tão difícil espantar a tristeza através dela.   Tem dias que fico pensativo, sem saber se valeu a pena passar por toda dificuldade que encontrei durante esta trajetória, aí escuto o poeta: “Valeu a pena? Tudo vale a pena Se a alma não é pequena. Quem quer passar além do Bojador Tem que passar além da dor”.  
Assim, quando achava que minha vida não tinha sentido, ou achando que a alegria não estava mais no presente, parava um pouco e lembrava-me dos sorrisos que já foram dados, dos abraços de felicidade, e de todas as dificuldades já superadas.   Eu sei que todo mundo passa por períodos complicados, e quando este chegou, confrontei com as alegrias e conquistas que me fizeram acreditar que era possível vencer as dores e perdas da caminhada. Desta forma, abracei as boas lembranças e fiz da saudade uma forma de catalogar toda felicidade vivida nesta vida. 
Mais, a vida segue, o carrossel não para e o Pelegrino continua andando por caminhos diferentes, e quem sabe os querubins  ou algum anjo de plantão não convença há Deus deixar ainda nesta vida  cruzar com os amigos da infância na Pituba, do grupo de jovens, da CVX, da fundação do PT e do seminário de filosofia e teologia, como seria lindo reencontrar com  eles e construir novas histórias.  

ARTIGO - A geração que fez a diferença! (Padre Carlos)

A geração que fez a diferença!      Decorridos tantos anos do fim da ditadura, observa-se que a geração da utopia está partindo e a nova...