Elaborar um plano de governo para Vitória da Conquista sem ouvir quem nela vive, é como costurar um paletó sob medida para um desconhecido. Existe consenso sobre a necessidade de participação dos cidadãos nos processos de decisão política, mas quando decidimos esquecemos dos filiados e eleitores. Nos preocupamos e discutimos na instância partidária sobre o divórcio entre eleitores e eleitos, lamentamos o aumento sistemático da abstenção, acusamos a complexidade do sistema eleitoral e os mais pessimistas chegam a anunciar o fim da democracia interna do partido. Andamos tão preocupado com os projetos de poder do nosso grupo e aliados que esquecemos o óbvio. Promover a participação significa apenas ter a humildade de ouvir as pessoas antes, e não depois, de serem tomadas decisões.
O centro das decisões políticas tem que ser deslocado dos mandatos para o interior do partido. Elaborar um plano de desenvolvimento para Vitória da Conquista precisa ser consequência da ação e da vontade das pessoas que moram nos quatro cantos deste município, enquanto sujeito coletivo, levando-se em consideração sempre a vontade das suas bases de apoio. A vontade dos militantes e filiados precisa ser previamente determinada e harmonizada na estrutura interna do partido. A organização partidária tem que ser o agente transformador, na construção de um projeto de governo, não os mandatos e suas assessorias. Assim, o Partido dos Trabalhadores poderá de fato catalisar as políticas públicas que tanto a sociedade precisa. Só com estas medidas, o partido conseguirá tornar hegemônicas suas ideias e concepção de mundo, tendo sempre por base, por sua vez, os princípios demoráticos.
A falta de democracia interna foi uma das causas de nosso esvaziamento, se um partido não pratica a democracia internamente, como poderá ele fortalecer a democracia no país como um todo? Para termos um processo eleitoral realmente democrático, não precisaremos democratizar os partidos? Que tal começar pelo nosso? E por que não começar com discussões de baixo para cima, não sobre nomes para a vice da chapa majoritária, mas sobre ideias e programas?
Elaborar uma chara majoritária e um plano para a cidade sem ouvir, antes, os militantes e a população urbana e da zona rural é como costurar um terno sob medida para um desconhecido, por completo, as dimensões físicas de quem o vai vestir. O terno até pode parecer bonito no cabide, mas a probabilidade de lhe servir na justa medida é Zero.
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