domingo, 5 de abril de 2020

ARTIGO - “A vida mede-se pelo amor” (Padre Carlos)


“A vida mede-se pelo amor”  



 

Neste Domingo de Ramos, o Papa renovou o apelo à solidariedade para com os que sofrem e estão sozinhos. Francisco afirmou que a atual pandemia obriga a Humanidade a centrar-se no essencial. 

Em meio às medidas sanitárias, não só a Praça São Pedro estava vazia, mas também a Basílica Vaticana, onde o Papa Francisco presidiu à celebração eucarística. 

“Hoje, no drama da pandemia, perante tantas certezas que se desmoronam, diante de tantas expectativas traídas, no sentido de abandono que nos aperta o coração, Jesus diz a cada um: Coragem! Abra o coração ao meu amor”. 

O Papa pediu que “nestes dias da Semana Santa, em casa, permaneçamos diante do Crucificado, medida do amor de Deus por nós” e que “diante de Deus, que nos serve até dar a vida, peçamos a graça de viver para servir. Procuremos contactar quem sofre, quem está sozinho e necessitado. Não pensemos só naquilo que nos falta, mas no bem que podemos fazer.” 

Na sua pregação, o convite do Papa foi para se deixar guiar pela Palavra de Deus na Semana Santa, que, quase como um refrão, mostra Jesus como servo: na Quinta-feira Santa, é o servo que lava os pés aos discípulos; na Sexta-feira Santa, é apresentado como o servo sofredor e vitorioso (cf. Is 52, 13). 

“Deus salvou-nos, servindo-nos. Geralmente pensamos que somos nós que servimos a Deus. Mas não; foi Ele que nos serviu gratuitamente, porque nos amou primeiro. É difícil amar, sem ser amado; e é ainda mais difícil servir, se não nos deixamos servir por Deus”, proclamou Francisco. 

 

Papa lembrou então que “O que Ele faz para nos servir é tomar sobre Si as nossas infidelidades, removendo as nossas traições. Assim, nós, em vez de desanimarmos com medo de não ser capazes, podemos levantar o olhar para o Crucificado e seguir em frente. 

– Meu Deus, meu Deus, por que Me abandonaste? 

Sobre o abandono de Jesus, nada é mais impressionante do que as palavras pronunciadas por Ele na cruz: Meu Deus, meu Deus, por que Me abandonaste? No abismo da solidão, pela primeira vez Jesus O designa pelo nome genérico de «Deus». Na realidade, trata-se das palavras de um Salmo (cf. 22, 2), que dizem como Jesus levou à oração inclusive a extrema desolação – explicou Francisco. 

“O drama que estamos atravessando impele-nos a levar a sério o que é sério, a não nos perdermos em coisas de pouco valor; a redescobrir que a vida não serve, se não se serve.” Palavras do Papa Francisco na homilia da missa neste Domingo de Ramos, celebrada na Basílica de São Pedro. 

 

 

 

 

 

sexta-feira, 3 de abril de 2020

ARTIGO - A fazenda Pituba (Padre Carlos)

A fazenda Pituba 







 

Quando a velha Fazenda Pituba, foi adquirida no início do século passado pelo baiano Manoel Dias da Silva e pelo seu cunhado mineiro, Joventino Pereira da Silva, já havia na localidade uma colônia de pescadores  que poderíamos hoje identificar como remanescentes de quilombos, esta área passou a ser na época disputada a partir da primeira metade do século passado por uma população de renda média que passaram a construir casas de veraneio. Quem tinha carro poderia chegar a antiga fazenda através de uma estrada de chão batido que terminava, nas imediações do Costa Azul, devido ao rio que impedia a passagem para o Jardim de Alá. Quem não possuía transporte próprio, descia no terminal do bonde no largo de Amaralina e seguia a pé tendo como referência uma casa em formato de   navio, esta era o marco da divisão entre o bairro de  Amaralina e a Pituba. Com a expansão imobiliária, cada vez mais avançando no litoral e a construção de uma avenida que cortava toda a faixa litorânea até o aeroporto, substituindo assim o antigo acesso pelo subúrbio. Desta forma, o setor imobiliário viu aí uma oportunidade de grandes negócios, já que eram praias praticamente virgens e até então a antiga estrada de Ipitanga, era o único acesso ao bairro de Itapoá. Foram acontecimentos como estes, que proporcionaram esta estância de veraneio da classe média e alta a se tornar um bairro da grande Salvador. Em 1969 o então prefeito Antônio Carlos Magalhães (A CM), determinou a demolição de cerca de 300 casas acabando assim com o (Chega Nego) ou Bico de Ferro e como não havia interesse dos poderes públicos em documentar a história daquela localidade, jamais saberemos a origem desta colônia de pescadores. No local onde era o Bico de Ferro, hoje se encontra o Jardim dos Namorados. Estas pessoas foram deslocadas junto com uma outra comunidade que se formara na praia da Ondina com as mesmas características desta para o bairro da Boca do Rio. A nova orla não comportava estas pessoas e assim perdemos muito com esta limpeza étnica. A burguesia estava chegando ao litoral e aquelas comunidades de negros e pescadores para ACM e os representantes da expansão imobiliária, desnorteava a imagem que eles queriam vender do litoral e das praias virgem que a nova avenida tinha proporcionado.  

Hoje esta parte da cidade, se tornou um grande bairro de classe média, mas na época em que meus país se mudaram no início de 1958 era ainda um bairro de veraneio da elite de Salvador e estava se desenvolvendo rápido. Vamos falar um pouco como foi criado este empreendimento. A Pituba foi o primeiro loteamento planejado em Salvador. Com isto, em 1919, o novo balneário dos soteropolitano, foi criada com régua e compasso a partir da experiência de Belo Horizonte, a primeira capital planejada do Brasil. Inicialmente a Pituba funcionou como um lugar de difícil acesso para a elite veranear, onde a classe média e alta passava com a família o verão e não se misturavam com os nativos. No pós-guerra, passou a se torna um local de segunda residência, como são hoje muitas propriedades nas cidades do litoral de São Paulo e Santa Catarina. 

Mas o antigo local de veraneio, com enormes casas da elite baiana, passou a se desenvolver rapidamente a partir do final da década de cinquenta e início da década de sessenta. A transformação de balneário para um bairro de classe média, se dá em menos de uma década. Entre o final da década de cinquenta e o início o início dos anos sessenta, passamos a presenciar a instalação de restaurantes e bares, o Clube Português, o Colégio Militar e o Colégio das Irmãs Mercedária para educar as filhas destes moradores. 

Apesar de não haver vestígios materiais no local, a antiga capela de Nossa Senhora da Luz, que sempre acolheu aquelas pessoas que sempre passava suas férias naquele balneário e a colônia de pescadores, tinha sua localização entre a rua Minas Gerais com a AV. Otávio Santos, em frente do armazém do Sr. Milton. A atual Igreja de Nossa Senhora da Luz, foi inaugurada em 1960.  

Com relação a devoção à Senhora da Luz, esta teve início no final do Séc. XVII e início do Séc. XVIII. Segundo a tradição,  uma menina de uns doze anos de idade, andando para apanhar gravetos para cozinhar, sentindo sede, viu (ou imaginou ver) surgir entre a mata e a areia, uma figura de uma mulher linda, com um menino sentado no braço esquerdo e na mão direita uma vela acesa; atrás da figura veio um manancial de água, e todo o quadro como iluminado com uma luz azul. Saciada a sede, a menina correu para casa e comunicou aos seus pais o ocorrido, os quais vieram acompanhando-a; chegados ao lugar por ela indicado, constataram a existência do manancial de água, não sabendo explicar se já existia antes; e mais nada viram. Infelizmente as autoridades política e religiosa deixaram o proprietário da antiga fazenda vender este lote que se encontrava esta nascente. Este lugar situa-se perto da confluência das ruas São Paulo com Rio Grande do Sul, bem perto da Praça Belo Horizonte, onde se encontra a casa do engenheiro elétrico, o Dr. João Cunha.  

Falar da Pituba das décadas de cinquenta e sessenta, é falar de todo um ambiente boêmio com a boate de Aurino que animava as noites daquele balneário, era um lugar mágico aquela casa de espetáculo, lembrava muito os espaços musicais dos afro-americanos dos anos vinte e trinta. As noites da Pituba tinha uma certa magia que se perderam com o tempo e aquela geração. Como não lembrar da cabana de Pedro, do Galo de Ouro e do Jangadeiro, das alvoradas patrocinadas por Dr. Haroldo, além das festas de largos e do ambiente que se formava com a chegada do verão. 

Assim nasceu a Pituba, como um balneário e bairro que encantou várias gerações com os carnavais do Clube português e a Festa de Largo. Saudade daqueles tempos! 

quarta-feira, 1 de abril de 2020

ARTIGO - O mundo não será o mesmo (Padre Carlos)


 




O mundo não será o mesmo 

 

Não podemos negar que esta crise é diferente de todas as outras que enfrentamos ao longo dos anos, seu aspecto imprevisível com que está evoluindo e afetando de igual modo, todos os países sejam do primeiro ou do terceiro mundo, tem um caráter assustador .A grave crise, ética, política e econômica que antes da pandemia já estávamos vivendo, tinha como componente uma das maiores recessões da história do Brasil e esta vem sendo intensificada e ganhando novos contornos que até então era desconhecido da nossa cultura. Esta nova crise que está chegando, não tem precedentes nas últimas décadas e será, certamente, a mais grave desde a segunda guerra. É muito diferente da crise de 2008, até porque as consequências são, desde já, muito mais negativas para todos nós. 

Além da crise de autoridade, das instituições e política, passaremos a conhecer uma crise que levará a uma desregulação da própria sociedade e que precisará de muito tempo até ser superada. 

Sabemos que a crise econômica será devastadora, mas a vida é o maior bem que o ser humano tem. Desta forma, quando o presidente Jair Bolsonaro incentiva as pessoas a descumprirem o isolamento social e saírem de casa durante a pandemia do coronavírus, ele coloca em risco a vida dos brasileiros. Um exemplo claro desta irresponsabilidade, é o prefeito de Milão, Giuseppe Sala, que patrocinou a campanha “Milão não para”. Depois que o número de mortes na região chegou a 4.474, ele pediu desculpas publicamente  reconhecendo o seu erro ao apoiar uma iniciativa do setor privado, apoiando assim, a campanha de que Milão não deveria parar. A lição de humildade do prefeito  de reconhecer os erros não devolveram as vidas, mas foi suficiente para que outros agentes públicos não cometessem os mesmos desatinos. Infelizmente o presidente Jair Bolsonaro jamais reconhecerá o seu erro de estimular as pessoas a saírem de casa. Quando a narrativa deste governo cair sobre terra e os corpos das vítimas desta pandemia começarem a assustar a sociedade, será difícil conter a revolta e a sensação de que foram enganados. 

 Precisaremos de um grande pacto e uma autocrítica de todos aqueles que terminaram proporcionando esta loucura para que possamos repactuar a sociedade brasileira e mesmo quando isso acontecer, deixará sequelas muito significativas. Não podemos negar que a crise existe e ela não é só em decorrência do coronavíros, mas também das crises moral, política e econômica. O País está dividido a muito tempo e isso é muito ruim. 

Por isto afirmamos que esta crise é diferente de todas as outras, pela imprevisibilidade como afeta a economia, mas também o comportamento ético, político, moral da sociedade.  E por afetar, de igual modo, todos os cidadãos sejam trabalhadores e empresários, todos terão que pagar a conta, espero que não seja com a própria vida. 

Mas, aquilo que se pode concluir é que o Brasil e o mundo ficarão, certamente, diferente depois do coronavírus! 

 

 

 

 


ARTIGO - A geração que fez a diferença! (Padre Carlos)

A geração que fez a diferença!      Decorridos tantos anos do fim da ditadura, observa-se que a geração da utopia está partindo e a nova...