quinta-feira, 23 de abril de 2020

ARTIGO - As máscaras das nossas tragédias (Padre Carlos)

As máscaras das nossas tragédias 


A máscara individualiza o personagem, mas não o torna um sujeito psicológico, isso mostra a inestimável riqueza que teve a tragédia grega, desde então. Diante desta constatação, procuro entender o que realmente aconteceu nos últimos tempo, foi a máscara de Bolsonaro que cai ou foi a VENDA que estava sobre os olhos dos seus eleitores? Ah, digo isto, porque boa parte do que está acontecendo, se deve a crise política que o país tem atravessado e este fenômeno de alguma forma termina enfraquecendo as instituições criando assim, situações para o aparecimento de falsos profetas.   Por isso, temos que ter em mente que esta crise vai passar. Vamos aprender muito com ela. Mas a maior lição será conhecer as pessoas os partidos e os projetos políticos. Saber quem se preocupa com as pessoas em quem está preocupado com a mesquinhez de suas intenções pobres. Isto vale para observarmos como, as pessoas a nossa volta, empresários e homens públicos tem tentado resolver os graves problemas da crise. E tomara que possamos mudar para melhor depois que a pandemia passar. Se isso acontecer, nós vamos criar resistência não só ao coronavírus, mas também a algumas “doenças” que surgiram nos últimos tempo. Esta patologia estava com a máscara da fascinação ou com uma convicção cega que o impediam de apreciar a verdade autêntica. 
Na verdade, o bolsonarismo se tornou um fenômeno devido a neurose coletiva que vem sendo demostrado através das manifestações de massas. Muitas são as pessoas que, por exemplo, procuram encaixar as suas arestas e vazios particulares com os problemas enfrentados pelo seu “mito” para que tudo tenha a mais perfeita harmonia… Entretanto, muitas dessas convicções patrióticas surgem mascarando ou disfarçando carências próprias. Ou ainda pior, mostrando virtudes que não são reais ou um sentimento de classe. Do outro lado, eles observam Bolsonaro como “completo”, quase idílico, sem perceber máscara alguma. 

  É possível que a direita tucana que apoiou Bolsonaro tivessem a intensão de domesticar a fera ou torna-lo mais sociável. É claro que às vezes as pessoas realmente podem mudar. As circunstâncias poderiam fazê-lo mudar, as experiências na presidência… Contudo, todos nós dispomos de uma essência inconfundível, de um tipo de personalidade, integridade e valores que costumam ser constantes ao longo do tempo e conhecendo os valores do capitão, saberíamos logo, que ele jamais mudaria.  Os ícones do PSDB deveriam saber que ninguém constrói um projeto de nação da noite para o dia. Isso requer tempo, partido e um pacto político. Foi a cumplicidade com o projeto de ultradireita, que favoreceu a Ascensão de Bolsonaro ao poder. Esta atitude dos tucanos no Brasil, lembra muito a social democracia alemã na década de trinta.  A tendência de as massas idealizá-lo ou atribuir-lhe dimensões extraordinária, favorecia o campo da direita que achava que com a saída da esquerda chegaria ao poder. Só quando entenderam que não faziam parte da festa, suas expectativas foram pouco a pouco se acabando e os véus da verdade e da vergonha vão caindo… 
  
Mas aí, o momento chega. Ele sempre chega. Aquele em que a tão colorida máscara cai, causando por vezes, alguns estragos irreparáveis. As pessoas não mudam, elas se revelam. Bolsonaro neste domingo apenas mostrou de forma clara o que realmente ele é: um golpista de araque e amante da ditadura. Ninguém muda pra pior, por mais terrível que seja a criatura! Ela já era terrível desde sempre!  
Algumas pessoas possuem várias personalidades, por mais estranho que pareça, isso acontece em certas patologias com o ser humano, desta forma, ela se mantém do mesmo jeito até que seu calo seja pisado, seu ponto fraco seja cutucado. Nesse instante, a “fera se mostra” e os tolos se perguntam: meu Deus o que eu fiz! 

































terça-feira, 21 de abril de 2020

ARTIGO - “Traidor da Constituição é traidor da Pátria.” (Padre Carlos)


“Traidor da Constituição é traidor da Pátria.” 




Uma das muitas perguntas que ficaram sem resposta neste final de semana é se a nossa frágil e nova democracia vai conseguir resistir ao avanço inexorável do novo coronavírus, ou tombará diante dos milhares de corpos provocado pelo covid-19? Para alguns especialistas, as instituições que formam o corpo desta “nova república,” já foram infectados. Diante disto, ao subir em uma caçamba de uma caminhonete, diante do quartel-general do Exército e se dirigir a uma aglomeração de apoiadores pró-intervenção militar no Brasil, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ao afirmar que "acabou a época da patifaria" e gritando palavras de ordem como "agora é o povo no poder" e "não queremos negociar nada," deixa claro que está conspirando contra a República e o estado de direito, o chefe do Executivo não pode pregar contra a democracia. 

Assim, somos informados das ações do presidente e das estatísticas da pandemia, no nosso isolamento forçado sem poder fazer muita coisa. O novo coronavírus que está arrastando perigos nem sempre detectáveis na avalanche de notícias que acompanha o avanço da covid-19, revelam tudo e termina omitindo as doenças que podem matar a nossa democracia. Desta forma, varremos para debaixo do tapete o problema da crise política, dos ataques aos direitos trabalhistas, das desigualdades sociais, dos ataques aos direitos civis, das mortes provocadas pelos cortes dos programas sociais. A máquina de fabricar maldade contra o pobre irá gripar? E que danos infligirá o Bosovírus à democracia, quando defende publicamente um novo AI-5 -o mais radical ato institucional da ditadura militar (1964-1985), que abriu caminho para o recrudescimento da repressão- além de defender as manifestações que pedem  o fechamento do STF e mirarem no presidente da Câmara, Rodrigo Maia . 
Acredito que está ainda muito cedo para tentarmos adivinhar o quanto o Brasil ficará diferente sem o governo de Jair Bolsonaro, quando a poeira desta pandemia assentar, há danos colaterais já bem visíveis na nossa frágil democracia e nas Instituições que compõe o Estado brasileiro. A crise do coronavirus só vai ser superada com responsabilidade política, união de todos e solidariedade. Invocar o AI-5 e a volta da Ditadura é rasgar o compromisso com a Constituição e com a ordem democrática.  
Infelizmente, o que gripou de forma imediata, foi aquilo que nós descrevíamos como a parte central e a sustentação positiva da democracia: a nossa constituição. É preciso lembrar ao STF as palavras do Dr. Ulysses: “Traidor da Constituição é traidor da Pátria. Temos ódio e nojo à ditadura”. 


domingo, 19 de abril de 2020

ARTIGO - A falta é de utopia ou esperança? (Padre Carlos)




A falta é de utopia ou esperança? 



Já faz algum tempo que venho pensando sobre minha caminhada como militante e a crise das utopias que se abateu nos últimos trinta anos sobre estas gerações. Assim, venho me perguntando para entender, qual a verdadeira função do sonho no inconsciente do jovem e qual a importância que estas utopias interferem e terminam exercendo em nossas vidas? 

Somos motivados e movidos por eles e, assim, caminhamos de acordo com o que pensamos ser necessário para realizá-los. Pois, por exemplo, foi com o sonho de tornar este país em uma grande nação que nós dedicamos os melhores anos da nossa juventude.  A militância se tornava cada vez mais prazerosa à medida em que trazíamos na memória um projeto de um mundo melhor para nossos filhos.  Mesmo aqueles de nós que hoje admitem não ter sonhado tanto assim, são de alguma forma, em alguma luta no movimento social, conduzidos por desejos internos que influenciaram suas escolhas. E é sobre esse ponto que quero falar hoje. 
O sonho deu lugar a primazia do indivíduo sobre o coletivo, do desperdício sobre o comedimento, do desejo carnal sobre o do espírito, do ter sobre o ser, do insulto sobre o respeito, enfim, o eu sobre todos, tornou-se a regra central da vida, pela qual as pessoas hoje se guiam. 
Não posso aceitar que este fenômeno carregue em suas presas tudo que lutei e sonhei um dia. Me entristece ao ver a liberdade, a vontade, o desejo, o prazer, tudo em nível individual, são os deuses comilões que estão no altar das mentes a serem incessantemente servidos. 
A ignorância oprime a sabedoria, a força supera o direito, a feiura enterra a beleza, a violência alavanca o terror, o demônio vence a deus. Por todos os lados ouvem-se gritos dos que ordenam e lamentos dos que obedecem, por todos os lugares as maldades eclodem satisfazendo os injustos, por todos os momentos os honestos e inocentes se apequenam pelo medo, cumplicidade do silêncio ou impotência de reagirem. 
A cada instante o estado de direito é ameaçado, as conquistas do passado são apagadas, o presente é esquecido, o futuro é descartado. A saga de um povo é esquecida, a vida é jogada, o amanhã é incerto. O descompromisso é permanente, o trabalho é temporário, o resultado é indiferente. A riqueza é exaltada, a pobreza é condenada. O rico é bajulado, o pobre é espezinhado. O projeto de morte é enaltecido e o velho militante é desprezado. O pensamento democrático é violado, a crença que fazemos parte de um todo é desrespeitada, a fé é questionada, a amizade é ultrajada e o amor é traído. 


sexta-feira, 17 de abril de 2020

ARTIVO - O novo ministro e suas escolhas. (Padre Carlos)




O novo ministro e suas escolhas. 



Não precisamos ser operadores do direito para saber que vida é um direito garantido por lei. O direito à vida é o mais importante e mais discutido dentre todos os direitos abarcados pelo Código Civil Brasileiro e pela Constituição Federal. Este artigo discorre sobre esse direito, sobre o princípio da dignidade humana no momento em que alguns estados começam a entrar em desespero com 100% de UTI ocupada e pretende provocar uma reflexão sobre as escolhas que as autoridades poderão fazer com os moribundos em decorrência a pandemia do coronavírus. Essa é uma questão discutida há muito tempo nos corredores das CTIs, mas em razão da sua complexidade e das mudanças culturais sociedade, torna-se sempre um tema atual. 
Sabendo das dificuldades que o país vai atravessar com esta crise, por isto, precisamos saber o que pensa o novo ministro da Saúde em relação a atual crise e como ele pretende enfrentar o pico da pandemia. O que se passa na cabeça de um oncologista e empresário? 
Faz um ano que o empresário Nelson Teich deu a seguinte orientação a médicos em um congresso oncológico: “o dinheiro para Saúde é "baixo" no Brasil e, por isso", devem ser feitas "escolhas". Ele propôs o seguinte dilema: um idoso com problemas de saúde "que pode estar no final da vida" ou um adolescente. Qual vai ser a escolha? [...] E tem uma coisa que é fundamental é: como você tem um dinheiro limitado, você vai ter que fazer escolhas. Então você vai ter que definir onde você vai investir. Então, sei lá, eu tenho uma pessoa que é mais idosa, que tem uma doença crônica avançada, ela teve uma complicação. Para ela melhorar, eu vou gastar praticamente o mesmo dinheiro que eu vou gastar para investir num adolescente que está com um problema. O mesmo dinheiro que eu vou investir é igual. Só que essa pessoa é um adolescente que vai ter a vida inteira pela frente e o outro é uma pessoa idosa que pode estar no final da vida. Qual vai ser a escolha?", disse Teich. 
Como empresário da saúde, sabemos o ponto de vista e as escolhas que fará, mas como médico, gostaríamos de lembra-lo do juramento que prestou ao forma-se em medicina. É nesta hora que entendemos o ritual do juramento de Hipócrates nas cerimônias de formatura. Para que manter essa tradição? Para entendermos que a vida é um dom de Deus, confiado ao homem para que o administre dignamente. Daí a negação a todo ato que elimine a vida da pessoa inocente (aborto, eutanásia direta, suicídio assistido, pena de morte, manipulação de embriões, assassinatos, esterilização, guerra e corrida armamentista. A vida não pode  estar jurada de morte nas portas das UTIs e não pode haver conspiração contra a vida por falta de dinheiro. Assim, lembramos ao médico e não o empresário: "Aplicarei os regimes para o bem do doente segundo o meu poder e entendimento, nunca para causar dano ou mal a alguém". "A ninguém darei por comprazer, nem remédio mortal nem um conselho que induza a perda". 
Sim Dr. Nelson, aos olhos da sociedade, a mera existência de um juramento solene dá a impressão de que vocês são sacerdotes e devem dedicação total aos que vos procuram, sem manifestar preocupação com aspectos materiais como as condições de trabalho ou a remuneração pelos serviços prestados, para a felicidade de tantos empresários gananciosos. 
     

quinta-feira, 16 de abril de 2020

ARTIGO - À qual pandemia o Sr. se refere? (Padre Carlos)



À qual pandemia o Sr. se refere?
  

Não podemos negar, que estamos vivendo tempos difíceis. Em todas as partes do mundo, surgem fatos que revelam que esta quadra da história está sendo movida pela intolerância. O mundo contemporâneo tem presenciados vários fatos concretos que dão provas, que a intolerância se coloca como uma espécie de pandemia global. Ela é diferente do covid-19, doença causada pelo novo coronavírus que causa infecção, esta é diferente, por meio dessa, infecta-se a alma, os doentes seguem dispersando o vírus, cujos sinais e sintomas mais comuns são o discurso do ódio contra os pobres e nordestinos e os atos de violência contra os desfavorecidos .  Podemos constatar que as reações xenófobas provocada por este vírus, atingiram um grau de violência aqui no Brasil nunca visto. Não sabemos como enfrentar esta pandemia de ódio e irracionalismo que infectou a nossa gente, nem se tem vacina para tal enfermidade que se abateu contra os brasileiros. 
          
No século passado, a humanidade presenciou todo tipo de violência: os ataques aos monumentos históricos, aos massacres de segmentos populacionais, aos atentados terroristas, entre outros. Esses são alguns exemplos que trazem à luz a conjuntura de intolerância. É certo que a intolerância não é um mal da humanidade contemporânea. A história registra fatos que realçam a intolerância em todas as épocas da humanidade. Apesar da humanidade assistir com certa apatia a estes episódios políticos, religiosos e sociais, a discussão sobre a pandemia da intolerância que se abate sobre o país carece de reflexão mais aguçada sobre os danos que traz a saúde. 
A exemplo das demais infecções virais, a pandemia da intolerância vai se instalando sorrateira e silenciosamente. Ao se dispersar na tessitura da alma, o vírus da pandemia da intolerância alcança as dimensões mais profundas, tentando se instalar pela alteração da capacidade racional. Os doentes da alma, vítimas da pandemia da intolerância, usam argumentos supostamente racionais para difundirem a enfermidade de que são portadores à sociedade. 
Na verdade, para estes doentes da alma, acometidos da pandemia da intolerância, há valores maiores que a vida que devem ser preservados. A intolerância se mascara sob o discurso que estão preocupados com as pessoas. Minimizando assim, os efeitos da outra pandemia que já matou 137.000 pessoas pelo mundo, além de 1769 brasileiros; estas autoridades  infectadas estão garantindo que é hora de as pessoas fora do grupo de risco voltarem à vida normal. 
Segundo o presidente: “Nossa vida tem que continuar, os empregos devem ser mantidos, o sustento das famílias deve ser preservado, devemos, sim, voltar à normalidade. Algumas poucas autoridades, estaduais e municipais, devem abandonar o conceito de terra arrasada, a proibição de transportes e o fechamento de comércio e o confinamento em massa", infelizmente este é a visão da maior autoridade deste país. Só um infectado pelo vírus da intolerância reagiria assim. 
Infelizmente, à semelhança entre algumas doenças e os enfermos das duas pandemias, eles não tem consciência do mal que carrega em si e que eles mesmo dissemina com suas práticas e discursos cotidianos. Há doentes que sequer têm consciência da doença e há países que não tem noção das pandemias que estão enfrentando. 

ARTIGO - A geração que fez a diferença! (Padre Carlos)

A geração que fez a diferença!      Decorridos tantos anos do fim da ditadura, observa-se que a geração da utopia está partindo e a nova...