quinta-feira, 30 de abril de 2020

Artigo - Como sair da crise? (Padre Carlos)



Como sair da crise? 


   

Nestes últimos dias venho me perguntando se não estamos perdendo o foco dos verdadeiros problemas que o país vem enfrentando e deixando as crises do planalto pautar a nossa agenda. Acredito que mesmo às dificuldades encontradas pelo governo que aí está para conseguir a legitimidade necessária para se manter, não podem sobrepor os verdadeiros interesses para que possamos sair o mais rápido desta crise. 
O debate político que as esquerdas devem travar neste momento, precisa passar por duas vertentes: o das medidas urgentes para responder e combater a crise pandémica e o outro, diz respeito as medidas que teremos que tomar para reconstrução da nossa economia. Todos nós sabemos que esta crise provocada pelo coronavírua será prolongada. Mas, mesmo se não fosse verdade, a pergunta fundamental ainda seria a mesma: conseguiremos manter os nossos empregos? Sabemos da importância que tem as medidas adotadas pelos governos: federal, estadual e municipal bem como das suas consequências já que o prazo ainda é incerto e o impacto social econômico pode ser muito grande. Não temos uma prescrição objetiva, mas seguramente, os estados e municípios que não têm transmissão comunitária, se começarem a tomar medidas de distanciamento social muito rígidas podem não sustentar por muito tempo. Por outro lado, se deixa pra fazer no pico, pode ter hospitais e UTIs sobrecarregados demais. Desta forma, apesar da questão ser de ordem técnica, a decisão sempre será política. 
O clima formado pela quarentena devido a pandemia do covid 19 – termina criando uma neurose coletiva que impede de avaliarmos todos os ângulos da questão fazendo com que deixemos a ideia de definição estratégica da nossa economia, para mais tarde. Na verdade, não é desta forma que vamos superar todos estes problemas.  
Este é o tempo para se pensar em uma estratégia econômica que englobe todo o território nacional, incluindo as regiões que sempre foram desprezadas pelo poder central. Temos que discutir a crise climática a industrialização do Norte e Nordeste e a soberania nacional. A crise pandémica atinge com particular violência os estados mais pobres da União, onde as cicatrizes das políticas neoliberal de Temer e Bolsonaro estão muito presentes. Além de todos estes problemas que os estados enfrentam, o governo federal cortou 96 mil benefícios do Bolsa Família. Esses cortes representam 61% do cancelamento de 158 mil bolsas no país, anunciado pelo governo Bolsonaro, que anteriormente havia prometido aumentar o programa. É preciso ter alguma sensibilidade social e proteger as pessoas mais pobres, estes cortes aumentam a miséria no país e há uma crise justificada de legitimidade do próprio governo. Não podemos deixar que estes acontecimentos destrua o pacto federativo. 
Precisamos na verdade de uma política que seja capaz de corrigir o desequilíbrio estruturais do nosso país. E que, ao fazê-lo, imponha uma economia justa onde até hoje só existiu desigualdade.  

quarta-feira, 29 de abril de 2020

ARTIGO - As denúncias começam a chegar (Padre Carlos)

As denúncias começam a chegar 



A decretação de situação de emergência por parte dos municípios baianos, como já o fez o Governador Rui Costa, foi fundamental para a flexibilização da burocracia imposta à administração pública exigida em tempos normais. Desta forma, ao declarar situação de emergência nos municípios, o decreto autoriza a mudança de procedimentos nos gastos por parte da Prefeitura da nossa cidade. Gostaria de lembrar a Câmara de Vereadores de Vitória da Conquista, que flexibilizar não significa fechar os olhos para estas despesas sem que haja critérios técnicos para comprovar tal gastos.  
No momento em que a administração municipal passa a gerir as receitas do município sobre o regime de situação de emergência, é fundamental que  a Câmara institua comissões específicas para acompanhar a situação fiscal e a execução orçamentária e financeira das medidas relacionadas à emergência de saúde pública decorrente do coronavírus (Covid-19) na nossa cidade. 
Levanto estas questões para chamar a atenção dos vereadores sobre a denúncia apresentada pelo empresário Francisco Estrela Dantas Filho, ou simplesmente Chico Estrela, com relação a divergências de valores sobre os contratos apresentados pelo Governo estadual e o da Rede municipal. A Prefeitura de Vitória da Conquista contratou, em caráter emergencial, 20 leitos clínicos adultos e 10 leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital São Vicente de Paula para atender pacientes diagnosticados com coronavírus, no valor de: 3.458 milhões de reais. Por se tratar de um contrato em período de situação de emergência, foi redigido uma ata de dispensa de licitação para este contrato que foi firmado entre a Prefeitura e o Hospital que foi publicado no Diário Oficial do Município nesta sexta-feira (24). Já o governo do estado, contratou ao todo 20 leitos de UTI, outros 20 leitos de enfermaria e um tomógrafo para auxiliar no tratamento com Coronavírus. Mensalmente a contratação dos leitos vai custar: R$ 1.656 milhão. 

Precisamos entender os critérios que foram alicerçados tal contratos e porque existe uma diferença exorbitante entre ambos? O papel do vereador é apontar falhas e investigar “O que queremos na verdade é que fiscalizem esta e todas denúncias que por ventura surgirem neste período de situação de emergência.  
O serviço à comunidade conquistense é uma das ações mais nobres desempenhadas pelos Senhores. Assim, trabalhar para melhor a vida das pessoas e transformar realidades difíceis neste momento de pandemia devido ao covid-19 no nosso município, deve ser o objetivo de Vossas Excelência. Por acreditar no Presidente e em todos os representantes daquela casa, temos a certeza que as medidas serão tomadas para que estes fatos sejam esclarecidos.  

terça-feira, 28 de abril de 2020

ARTIGO - Um plano de ação estratégica (Padre Carlos)

Um plano de ação estratégica 


Nestes dias em que a pandemia causada pelo novo coronavírus impõe a nossa cidade, adoção de medidas sanitárias extremas, como a necessária política da quarentena e distanciamento social, não podemos fechar os olhos e achar que o isolamento por si só resolverá o problema. Sei que a comparação pode parecer um absurdo, mas se não começarmos planejar o retorno ao trabalho dentro de critério técnicos, poderemos está condenando esta população ao gueto como aconteceu em Varsóvia. Não quero flexibilizar as leis. Quero que o comitê gestor de saúde tenha liberdade e autonomia para fazer de forma isenta e criteriosa se já podemos dentro de normas sanitária, retornar ao trabalho. 
Sabemos das pressões que se abatem sobre os poderes públicos neste momento seja este: legislativo, executivo ou judiciário, eles neste momento são obrigados a lidar com as  consequências advindas das suas decisões e com certeza se houver, essas serão irreversíveis tanto para economia do município como para as vidas que porventura poderemos perder. Independentemente da política adotada por cada cidade, haverá mudanças duradouras no nosso dia-a-dia, que vão desde a forma como interagimos com as pessoas mais próximas até a forma como trabalhamos. 
Se por um lado, compete a este comitê gestor da saúde as informações e decisões sobre o retorno ou não das atividades do nosso comercio, por outro, chama a responsabilidade os representantes público para a criação de um Fórum em Defesa do Emprego, que tenha como objetivo propor medidas de curto, médio e longo prazo para reduzir os efeitos da crise econômica provocada pela pandemia do coronavírus. 
Precisamos mobilizar empresas, trabalhadores, universidades, poder público e a sociedade para discutir ações para ajudar as pessoas nessa crise. É preciso agir em favor da nossa gente. Por isso precisamos com urgência criar estas iniciativas de Ação em Defesa do Emprego, uma mobilização em nossa cidade e em todo o Sudoeste baiano. Muitas famílias estão sem renda, sem poder comer ou pagar suas contas.  
Estas ações se fazem necessária neste momento de crise e tem que partir das autoridades competentes. Já passou da hora de termos um plano de ação estratégica para minimizar esse sofrimento no curto prazo possível e nos próximos meses. 
De um lado, os profissionais de saúde lutam pra salvar vidas e garantir a saúde das pessoas e avaliam a conjuntura se a comunidade já pode ou não retornar as suas atividades.  De outro, as autoridades e seus parceiros buscarão garantir emprego, ocupação e renda desta população. Só desta forma, conseguiremos enfrentar esta crise e responder da melhor forma as demandas que são apresentadas. 


segunda-feira, 27 de abril de 2020

ARTIGO - A velhice e o coronavírus (Padre Carlos)

A velhice e o coronavírus




Os dados mais recentes das pessoas infectadas pelo novo coronavírus, apontam para o perigo de contaminação de todas as faixas de idade, médicos e pesquisadores não conseguiram chegar até o momento à uma conclusão definitiva. O que descobrimos de concreto, é que um dos grupos de maior risco para a infecção é o dos idosos. 

O problema é grave e uma das questões que temos que levantar é da importância de conscientizar estas pessoas e suas famílias, que as pessoas dos grupos de risco têm de ficar em confinamento até à descoberta de uma vacina. 
O que eu quero dizer é que os velhos (e as pessoas doentes) vão ter de continuar confinadas em suas casas. E, como não sabemos ainda ao certo – na melhor das hipóteses – a vacina não estará disponível neste semestre e quando isto acontecer, vai demorar para chegar a maior parte da população, isto significa que os velhos vão ter de ficar em casa mais alguns meses. 
Mas alguém acha isso possível? 
E será razoável? 
Hoje, faz um mês e meio que me encontro nesta situação de confinamento, admito que a situação de algumas pessoas já seja crítica. 
Será que já paramos pra pensar como estarão os velhos que vivem sozinhos e não podem ter a visita de familiares? 
E aqueles que vivem em casas insalubres, húmidas e as únicas alegrias que tinham eram os momentos em que saíam à rua? 
E os que vivem em casa de familiares onde o ambiente é de cortar o coração, com crianças aos berros e os pais mando calar e os velhos assistindo de forma impotentes a tudo isto e  com medo de falar por se sentirem vulnerável por acharem  que estão vivendo de favor? 
E os que vivem em abrigos para idosos e deixaram de ser visitados por filhos e netos? 
E os que não tinham outra diversão na vida a não ser irem para o jardim jogar às cartas com amigos? 
Como estará hoje toda esta gente? E o que será dela no fim deste ano confinada em casa sem poder sair? 
Recordo de uma imagem desta crise. Um Policial mandando uma ‘idosa’ para casa com modos arrogantes, ameaçando-a levá-la à força caso não obedecesse. Só lhe faltou dizer: “Vai para casa, velha, se não for por bem vai pôr mal!”. 
  As pessoas perderam a noção de humanidade. Esqueceram-se de que nem só de pão vive o homem. Sim, porque o idoso tem fome (Corpo) de pão e de beleza (espírito)! Às vezes incorremos no erro, de considerar somente a quarentena o confinamento, que protege o corpo; e é o elemento principal para vencermos o vírus nesta pandemia. Mas ele não é o único cuidado que a terceira idade precisa nessa hora, a felicidade do espírito humano é fundamental nesta hora. Não! Não podemos dar tréguas ao mal do vírus, que assola o mundo; e que vem crescendo acentuadamente em nosso Brasil, neste mês. O coronavírus desperta uma conexão de forças destrutivas: Ansiedade e depressão se tornam mais comuns nestas pessoas. As relações são afetadas. Precisamos aprender a lidar com o isolamento do idoso em tempos de pandemia. 
Temos que compreender nestas horas, que o idoso não é apenas um ser humano como um corpo sem alma. Não podemos achar que é preciso apenas salvar o corpo – o resto pouco interessa. 
Ora, o ser humano é uma unidade. Corpo e espírito são as mesmas coisas. Não são coisas separáveis. Mata-se uma pessoa matando-a fisicamente – mas também se mata matando-a psicologicamente. Matando-lhe a alma. 




ARTIGO - A geração que fez a diferença! (Padre Carlos)

A geração que fez a diferença!      Decorridos tantos anos do fim da ditadura, observa-se que a geração da utopia está partindo e a nova...