segunda-feira, 27 de abril de 2020

ARTIGO - A velhice e o coronavírus (Padre Carlos)

A velhice e o coronavírus




Os dados mais recentes das pessoas infectadas pelo novo coronavírus, apontam para o perigo de contaminação de todas as faixas de idade, médicos e pesquisadores não conseguiram chegar até o momento à uma conclusão definitiva. O que descobrimos de concreto, é que um dos grupos de maior risco para a infecção é o dos idosos. 

O problema é grave e uma das questões que temos que levantar é da importância de conscientizar estas pessoas e suas famílias, que as pessoas dos grupos de risco têm de ficar em confinamento até à descoberta de uma vacina. 
O que eu quero dizer é que os velhos (e as pessoas doentes) vão ter de continuar confinadas em suas casas. E, como não sabemos ainda ao certo – na melhor das hipóteses – a vacina não estará disponível neste semestre e quando isto acontecer, vai demorar para chegar a maior parte da população, isto significa que os velhos vão ter de ficar em casa mais alguns meses. 
Mas alguém acha isso possível? 
E será razoável? 
Hoje, faz um mês e meio que me encontro nesta situação de confinamento, admito que a situação de algumas pessoas já seja crítica. 
Será que já paramos pra pensar como estarão os velhos que vivem sozinhos e não podem ter a visita de familiares? 
E aqueles que vivem em casas insalubres, húmidas e as únicas alegrias que tinham eram os momentos em que saíam à rua? 
E os que vivem em casa de familiares onde o ambiente é de cortar o coração, com crianças aos berros e os pais mando calar e os velhos assistindo de forma impotentes a tudo isto e  com medo de falar por se sentirem vulnerável por acharem  que estão vivendo de favor? 
E os que vivem em abrigos para idosos e deixaram de ser visitados por filhos e netos? 
E os que não tinham outra diversão na vida a não ser irem para o jardim jogar às cartas com amigos? 
Como estará hoje toda esta gente? E o que será dela no fim deste ano confinada em casa sem poder sair? 
Recordo de uma imagem desta crise. Um Policial mandando uma ‘idosa’ para casa com modos arrogantes, ameaçando-a levá-la à força caso não obedecesse. Só lhe faltou dizer: “Vai para casa, velha, se não for por bem vai pôr mal!”. 
  As pessoas perderam a noção de humanidade. Esqueceram-se de que nem só de pão vive o homem. Sim, porque o idoso tem fome (Corpo) de pão e de beleza (espírito)! Às vezes incorremos no erro, de considerar somente a quarentena o confinamento, que protege o corpo; e é o elemento principal para vencermos o vírus nesta pandemia. Mas ele não é o único cuidado que a terceira idade precisa nessa hora, a felicidade do espírito humano é fundamental nesta hora. Não! Não podemos dar tréguas ao mal do vírus, que assola o mundo; e que vem crescendo acentuadamente em nosso Brasil, neste mês. O coronavírus desperta uma conexão de forças destrutivas: Ansiedade e depressão se tornam mais comuns nestas pessoas. As relações são afetadas. Precisamos aprender a lidar com o isolamento do idoso em tempos de pandemia. 
Temos que compreender nestas horas, que o idoso não é apenas um ser humano como um corpo sem alma. Não podemos achar que é preciso apenas salvar o corpo – o resto pouco interessa. 
Ora, o ser humano é uma unidade. Corpo e espírito são as mesmas coisas. Não são coisas separáveis. Mata-se uma pessoa matando-a fisicamente – mas também se mata matando-a psicologicamente. Matando-lhe a alma. 




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