As eleições serão adiadas?
Quem conhece o
ministro do STF, Luís Roberto Barroso, sabe que se trata de um magistrado extremamente
cauteloso e por se tratar do próximo presidente do Supremo Tribunal Eleitora,
venho acompanhando de perto suas opiniões sobre a realização ou não das
eleições de outubro próximo. Já faz alguns meses, que o ministro vinha declarado
que a definição sobre o eventual adiamento das eleições municipais de outubro,
só deve ser discutido, a partir de junho. Porem neste início de semana, o
ministro Luís Roberto Barroso cogitou para seus auxiliares que iria propor ao
Congresso Nacional que as eleições municipais deste ano sejam realizadas em
quatro dias - dois sábados e dois domingos consecutivos - ou que a votação
ocorra em horários definidos de acordo com a faixa etária dos eleitores.
Mesmo vindo a público essa intenção do futuro
presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o que se ouve mais nos corredores do Supremo
são comentários por parte de autoridades ligadas ao judiciário, afirmando que
se têm como certo o adiamento, devido à dificuldade dos partidos cumprirem cada
vez mais o calendário eleitoral. A realizações de convenções partidárias e de
outros atos que ocasionaria aglomerações e a exposição dos candidatos, são os
principais obstáculos para que o pleito seja adiado.
Adiar uma eleição não
é simples assim, a data da eleição está prevista na Constituição e, portanto,
qualquer alteração terá de ser feita pelo Congresso por meio de emenda
constitucional. A própria Constituição estabelece que as regras não podem mudar
a menos de um ano antes da eleição. Ou seja, será preciso um trabalho
articulado entre o TSE, o Congresso e o STF (Supremo Tribunal Federal) para que
não considere os pedidos que por ventura vem ser impetrados e considere este
adiamento inconstitucional.
Outro fator
importante e que não podemos esquecer, é que a Constituição determina o
pré-calendário. Isto é, as eleições precisam ser realizadas no primeiro domingo
de outubro e no último domingo de outubro (segundo turno). A partir disso, o
TSE solta o cronograma das eleições, que já foi publicado no fim de 2019. Os
prazos de que tratam sobre fidelidade partidária e sobre troca de domicílio
eleitoral para onde o candidato pretende concorrer já venceram.
Existe no Congresso,
várias propostas de emenda à Constituição de senadores e deputados. Querem
unificar as eleições. Assim, quem está no cargo agora ficaria até 2022 e lá
seriam realizadas eleições gerais, desde o vereador até o presidente da
República. Gostaria de lembrar que a última vez que uma eleição foi adiada
ocorreu em 1980, quando o pleito acabou se realizando em 1982. Havia
bipartidarismo e o governo, ainda uma ditadura, temia que o MDB arrebentasse
nas urnas. Adiaram para manter a ditadura por mais dois anos. Hoje se isto
acontecesse, as esquerdas seriam muito prejudicadas, já que a decepção com as políticas
econômicas e com o presidente Jair Bolsonaro
tem levado uma parcela significativa do eleitorado para oposição.