sexta-feira, 24 de fevereiro de 2023

ARTIGO - Rogério Câncio e a paixão pelo Esporte Clube Bahia. (Padre Carlos)

 


A paixão pela Pituba e o amor pelo tricolor




É muito bonito quando podemos homenagear um amigo que é torcedor de um time de futebol e expressar a admiração e respeito que temos por sua paixão. O Esporte Clube Bahia é um dos clubes mais tradicionais e importantes do futebol brasileiro e com certeza, um time que desperta muito orgulho e amor em seus torcedores.

Por isso, ao resgatar esta foto do esquadrão lembrei-me de Rogério Câncio e de Jurinha (Juracy) Meireles, sentir que essa era uma ótima oportunidade para expressar todo o meu carinho e admiração por eles e por sua paixão pelo time. Quando conhecemos alguém que é torcedor do mesmo time de futebol que nós, é como se encontrássemos um irmão de alma. E quando esse torcedor é um amigo querido, a nossa admiração e carinho pelo seu amor pelo time só aumentam.

É o caso do meu amigo Rogério, torcedor fervoroso do Esporte Clube Bahia. Eu sempre admirei a paixão dele pelo tricolor, que é uma das maiores e mais vibrantes torcidas do Brasil. Para o Rogério, o Bahia é muito mais do que um time de futebol, é uma parte importante de sua vida, uma fonte de orgulho e alegria.

Lembro-me de tantos momentos em que encontrei Rogério na antiga Fazendinha no STIEP, acompanhando os trenos e discutido sobre a formação do time. É isso que torna o futebol tão especial: ele mexe com as emoções e os sentimentos das pessoas, criando laços de amizade e união entre torcedores de todos os lugares.

Por isso, hoje eu quero homenagear o meu amigo Rogério, lembrando o Bahia da Fazendinha e que foi o time dos meus sonhos. Este Bahia contava com um elenco repleto de craques e conquistou importantes títulos.

Naquele período, o Esporte Clube Bahia era uma verdadeira potência do futebol brasileiro, com um time que tinha como base a solidez defensiva e um ataque poderoso. O time era composto por jogadores talentosos e experientes, que souberam unir técnica, habilidade e raça para alcançar grandes resultados.

Entre os jogadores que marcaram época no Bahia na década de 70, podemos destacar nomes como Buttice, Sapatão, Roberto Rebouças, Altivo, Baiaco e Ubaldo, que formavam uma defesa sólida e quase intransponível. No ataque, o time contava com grandes jogadores como Natal, Douglas, Picolé, Fito e Peri, que eram capazes de decidir partidas com jogadas individuais ou em conjunto.

Por isto, resolvi fazer esta homenagem a este torcedor fiel e apaixonado pelo Bahia. Sua dedicação e amor pelo tricolor são inspiradores e nos fazem lembrar que torcer por um time de futebol é muito mais do que torcer por onze jogadores em campo, é torcer por uma história, por uma cultura e por uma paixão que nos une em torno de um mesmo ideal.

Parabéns, Rogério, por ser um torcedor tão especial e por levar o amor pelo Bahia no coração. Tenho certeza de que além da sua paixão pela Pituba o amor pelo tricolor continuará a inspirar muitos outros torcedores, assim como tem inspirado a mim. Viva o Bahia e viva a amizade entre torcedores!

 


quinta-feira, 23 de fevereiro de 2023

ARTIGO - É preciso resgatar a dignidade e a importância do militante político. (Padre Carlos)

 


Os militantes políticos devem ser valorizados pelo seu comprometimento com as causas sociais, pela sua capacidade de mobilizar a população e pela sua dedicação ao bem comum.

 


Escrever pra mim é antes de tudo, um testemunho e um gesto solidário, para que possa dar notoriedade a vidas a personagens que são esquecidos ou excluídos do projeto que ajudaram a construir. Digo isto porque é preocupante como a valorização dos militantes políticos nos últimos tempos, esteja sendo determinada principalmente pela sua capacidade de angariar votos para um partido ou corrente política, em detrimento de sua história e contribuição para a causa. Isso pode levar a uma visão instrumentalista e superficial da militância política, na qual os militantes são vistos apenas como ferramentas para ganhar eleições.

 Valorizamos apenas os números, as estatísticas e as possibilidades de ganhar eleições.  Essa mudança de paradigma tem consequências graves, pois coloca a política no mesmo nível de uma simples competição esportiva, onde o objetivo é vencer a qualquer custo, independentemente dos valores e princípios que defendemos. Essa lógica eleitoreira é um dos principais fatores que alimentam a corrupção e a falta de ética na política, uma vez que as pessoas são vistas como meros instrumentos de poder, e não como seres humanos com ideias e projetos para transformar a sociedade. 

É preciso resgatar a dignidade e a importância do militante político, valorizando o compromisso com as causas sociais e a capacidade de diálogo e construção coletiva. Os partidos e correntes políticas deveriam valorizar e reconhecer a contribuição dos militantes políticos não apenas durante as eleições, mas também ao longo de todo o processo político, desde a construção de propostas até a implementação de políticas públicas. Dessa forma, é possível construir um ambiente político mais participativo, democrático e inclusivo, que valorize verdadeiramente os companheiros e a luta por um país melhor.

 Ao invés disso, valorizamos apenas o que eles podem nos oferecer em termos de poder e influência. Esse tipo de mentalidade é extremamente prejudicial para a democracia e para a representatividade da população. Os militantes políticos devem ser valorizados pelo seu comprometimento com as causas sociais, pela sua capacidade de mobilizar a população e pela sua dedicação ao bem comum. É preciso voltar a valorizar os verdadeiros militantes e lutar contra a corrupção e o oportunismo político que minam a democracia.

 

 

 

 


quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023

ARTIGO - A Espiritualidade Quaresmal (Padre Carlos)

 

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A Espiritualidade Quaresmal





A quaresma é um tempo de graça e conversão, um verdadeiro retiro espiritual que a Igreja nos convida a vivenciar nestes quarenta dias de oração intensa, jejum e penitência.  Sabemos que os 40 dias referem-se aos 40 anos do Êxodo. É um tempo suficiente para um caminho de libertação. Desta forma, aprendemos com os exercícios de oração e o Retiro Quaresmal, que este tempo é um caminho pedagógico que forma o homem interior, que o conduz à Vitória Pascal de Cristo. Portanto, Quaresma é saída, saída da vida velha para a vida cheia da esperança de Cristo!
 É neste contexto que devemos entender o que quis dizer Jacques Lacan: "Os teólogos não acreditam em Deus, porque falam dele." Talvez mais importante do que falar de Deus seja falar com Deus. Nosso proposito nesta quaresma tem que ser falar com Deus, Este encontro pessoal com o Sagrado só pode ser feita através da fraternidade e o  diálogo sincero com Ele na oração.
 A Campanha da Fraternidade é o modo com o qual a Igreja no Brasil vivencia a Quaresma. Seu objetivo é despertar a solidariedade dos seus fiéis e da sociedade em relação a um problema concreto que envolve a sociedade brasileira, buscando caminhos e soluções. A cada ano é escolhido um tema, que define a realidade concreta a ser transformada. Assim, a Campanha da Fraternidade 2023 terá como tema "Fraternidade e Fome: A fome é um escândalo e um contra testemunho! Num país como o Brasil, líder mundial na produção de alimentos, ver pessoas passando fome revela muito sobre nossa economia, nossa cultura, nossa política e nossos cidadãos.
Vivenciar a quaresma hoje no Brasil supõe uma abertura ecumênica, mas também um diálogo inter-religioso no sentido etimológico do termo o que vai além da articulação dos discursos teológicos ou da ação pastoral que é desencadeada com a Campanha da Fraternidade. Implica incorporar Fraternidade e Diálogo no discurso ideológico e na prática política dos movimentos sociais e dos partidos de esquerdas que assumem as aspirações libertadoras do nosso povo. Defender a vida nos dias de hoje, implica para a comunidade de fé, um compromisso que vai além do discurso teológico. É preciso descer do pedestal e encarna-se na vida e na luta de inúmeros irmãos que estão sendo oprimidos e por isto, não podemos se dá ao luxo de separar fé e vida, Campanha da Fraternidade e ação política, salvação e libertação.

Só vivenciando a espiritualidade quaresmal, poderemos assumir a defesa da Fraternidade e do Diálogo e esta só pode se dar com o Dom do Compromisso e o terreno concreto deste compromisso é a política. É nesta arena que se decide a sorte de milhões de seres humanos, mas também a nossa fidelidade ao projeto do Reino e o amor aos pobres. É desta forma que nossa oração passa a gerar nos corações profundamente arrependidos a acolhida do Mistério Pascal, da Paixão, Morte e Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo.
O Filho de Deus se entregou por toda a humanidade nas mãos dos homens, padeceu todo tipo de suplício, maltratado, injuriado, fizeram-no carregar a cruz, no calvário pregaram-no no madeiro e o ergueram entre bandidos. Sua morte cruenta transformou-se em remédio de salvação para todos nós. Mas o Pai, que é Deus, o ressuscitou glorioso.

A Páscoa é sofrimento vivido com amor, é morte tragada pela vida, é sacrifício oferecido para nossa salvação. Páscoa, numa palavra, é a nossa salvação, é Cristo, o cordeiro imolado por nós. Devemos trilhar o deserto da nossa vida com os olhos fixos na manhã da Ressurreição, sem nos ater nas desesperanças que nos cercam. Isto é Páscoa!

Os 40 dias vão da Quarta-feira de Cinzas até o Domingo de Ramos, neste tempo no qual devemos vivenciar o espírito do Êxodo, temos também de fazer uma reflexão profunda sobre a situação do pobre e como nossa ação pode ser gestos concretos de cuidados. Como Povo de Deus, conduzido pela sua Palavra, sairemos da Terra da Escravidão, do pecado (egoísmo, maldade, injustiça, violência, hedonismo, vícios, da exploração, etc.) para a Terra Prometida da realização das Promessas Divinas em relação à humanidade.

Quaresma é tempo de saída de nós mesmos, mundo de fraqueza e fechamento, para irmos ao encontro do outro, mundo da abertura e fortalecimento, da nossa fé na construção de um mundo melhor.

No caminho quaresmal, a Igreja convida seus filhos ao êxodo existencial, convida-nos a sair da frouxidão na vida espiritual, mas também da defesa da vida humana. Não basta vê a opressão é preciso sentir compaixão e lutar cuidando dele. Quaresma é um tempo favorável para a mortificação. Sabe-se que Adão continua a cair quando pecamos, mas a Igreja recorda sempre que o pecado não tem a palavra final em nossas vidas.

O tempo da Quaresma é um caminho pedagógico que forma o homem interior, que o conduz à Vitória Pascal de Cristo. Portanto, Quaresma é saída, saída da vida velha, saída da nossa inercia, saída para que possamos lutar pela vida cheia de esperança em Cristo!
 Maria, seus filhos que sofrem são seguramente cobertos com o seu manto. Assim como esteve presente aos últimos momentos dramáticos de Seu Filho, Jesus Cristo, nós vos pedimos: Que este povo possa vencer a morte em vida que se abate sobre ele. Que possamos celebrar com alegria a vitória sobre todas as mortes.

Padre Carlos


terça-feira, 21 de fevereiro de 2023

ARTIGO - A Pituba é um lugar cheio de história e tradição (Padre Carlos)

     Não podemos negar que aquela geração da Pituba da minha infância está partindo.







A saudade chegou ao momento em que soube que Jacira Meireles tinha deixado à gente. Não podemos negar que aquela geração da Pituba da minha infância está partindo.

Para quem não conheceu o bairro da Pituba em Salvador em meados do século passado, temos que informar que era um pouco diferente do que é hoje. Nosso bairro era um balneário na década de sessenta e tinha suas características boêmia trazendo no verão uma classe média que se misturava com os moradores formando uma só família. Que saudade da festa da Pituba, dos amigos de infância e do clube português.

O bairro da Pituba em Salvador, Bahia, é um lugar cheio de história e tradição. Na década de sessenta, era um verdadeiro balneário, com suas praias exuberantes e ares de boemia. O bairro costumava atrair uma classe média, que buscava um refúgio para aproveitar o verão com tranquilidade e diversão.

Os dias de verão eram preenchidos por um clima de festa e descontração, onde os moradores e visitantes se reuniam em torno dos bares e restaurantes para apreciar a culinária típica da Bahia e saborear bebidas refrescantes. A atmosfera era contagiante, e a alegria era sentida em cada esquina.

A festa da Pituba era um evento marcante na época, onde todos se reuniam para celebrar a cultura local. Era uma oportunidade para dançar ao som dos ritmos baianos, provar as delícias gastronômicas e rever amigos de infância que há muito tempo não se via.

Um dos pontos altos do bairro era o Club Português, um lugar onde as famílias se reuniam para socializar e passar o tempo livre. O clube era um símbolo de união e amizade, um lugar onde se podia jogar futebol, nadar e desfrutar de uma variedade de atividades de lazer.

 

Hoje em dia, muitas coisas mudaram na Pituba, mas as tradições ainda perduram. O bairro se tornou um dos mais procurados em Salvador, com uma grande oferta de comércio e serviços. As praias continuam exuberantes, a culinária é ainda mais rica e as pessoas ainda são tão acolhedoras como antigamente.

Para aqueles que cresceram na Pituba, a saudade da festa, dos amigos de infância e do Club Português é imensa. Mas a lembrança desses tempos felizes permanece viva na memória, como um sopro de nostalgia e de um tempo que não volta mais, assim como você minha amiga.




                                                                                                                    Bel

                                                                                                                                                

                                                                        

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2023

ARTIGO - O país precisa de uma direita humanista, plural e de base liberal. (Padre Carlos) .

 A direita é capaz de apresentar uma alternativa clara e séria nas suas intenções?

 


Como filósofo e articulista, venho percebendo a algum tempo que a forte polarização na sociedade, tem produzido um esvaziamento do centro direita. Este deslocamento vem sendo acompanhado pelos cientistas políticos e demais profissionais desta área desde as eleições de 2018, agora aparece ainda mais forte, com a redução das bancadas de partidos tradicionalmente e aumento das bancadas dos partidos situados no polo da ultradireita e esquerda. Esse movimento aparece tanto nos legislativos estaduais como nas bancadas federais, e pode ser ilustrado pela queda dos números de parlamentares que o PMDB conseguiu eleger e pelo quase desaparecimento do PSDB, partido que ganhou duas eleições seguidas para o Governo Federal e governou São Paulo por quase três décadas, com relação ao Cidadania, só conseguiu eleger meia dúzia de deputados porque estes aderiram em suas bases o bolsonarismo, além do aumento expressivo de partidos como PL, PP e Republicanos, que ganharam peso ao se alinhar explicitamente a onda conservadora e de ultradireita.

Não há dúvida de que Bolsonaro representa hoje as forças de oposição ao governo Lula, isto se deu pela capacidade de promover um total realinhamento do campo conservador.

 Diante desta nova realidade, entendemos que o governo Lula tem sido um guarda-chuva para esta vertente de pensamento, desta forma, a direita democrática deixa seu protagonismo e o seu legado que foi apossado pelos bolsonarista. Sabemos como está difícil o regime democrático brasileiro conter uma direita que seja capaz de captar desejos e valores dos cidadãos, organizando suas pautas de reivindicações, disputando cargos de poder. Por isto, a direita tem a obrigação de apresentar uma alternativa responsável ao perigo do extremismo, com um bom projeto democrático e um verdadeiro sentido de estado. Para isto, não pode se dá ao luxo de criar soundbites, nem narrativas populistas que alimente um público sedento de devaneios e ficções, mas sabendo que materializará a sua missão, convicta de que essa integridade fará o seu caminho pelo eleitorado brasileiro.

Sonho um dia poder contar com uma direita humanista e plural, de base liberal, mas com uma inclinação para o social. Tendo sempre presente que nem todos tiveram as mesmas oportunidades e que por essa razão o estado tem como obrigação cuidar dos seus, sobretudo de todos os que se encontram em situações de vulnerabilidade.

Só assim, a direita seria capaz de apresentar uma alternativa clara, bem definida nos seus limites e séria nas suas intenções. Uma alternativa à polarização.

 

 

 

 

 


domingo, 19 de fevereiro de 2023

ARTIGO - “A morte de alguém sempre me diminui, pois faço parte da humanidade”. (Padre Carlos)

 Zezéu vou votar em você, quero vê a cidade de felicidade votar no PT.

 


Shakespeare (O mestre maior das paixões humanas) escreveu que “quando alguém morre a sua bondade é também enterrado com ele”, o que não ocorreu com meu amigo Zezéu, pois a sua bondade permaneceu desinteressadamente, sua bondade através de sua humildade, sua capacidade de agregar os amigos, sua coragem como militante e político, ajudou o PT da Bahia a se tornar um partido viável eleitoralmente.

Neste sábado vai fazer oito anos que meu amigo partiu. Por isto, honrar o legado de Zezéu e buscar o resgate da sua memória pode ajudar a manter viva sua história e a sua luta. É uma forma de resgatar a memória e as contribuições que ele fez durante sua existência, que vai do movimento estudantil a forma humanizada que uma cidade poderia ser administrada. Só assim poderemos ajudar a manter seu espírito vivo para aqueles que o amaram.

 O resgate da memória de Zezéu pode ajudar a preservar a história e a cultura de uma nova geração de arquitetos preocupado com a cidade e as pessoas que não tem uma casa ou ao grupo de político progressista ao qual o amigo pertencia. As histórias deste grande militante podem ser compartilhadas e transmitidas a outras pessoas e ajudar a manter vivas as tradições e valores daquele grupo que queria e mudou a Bahia.

A sua risada muito característica durante as conversas era um espelho de sua bondade, de sua ausência de maldade. A sua morte faz lembrar que quando morre um companheiro de luta como este toda esquerda, todo sonho de liberdade e justiça também morre um pouco e como disse o poeta inglês: “a morte de alguém sempre me diminui, pois faço parte da humanidade”.

Tive oportunidade de conhecer Zéu, Doia e Pola e criar uma amizade com aqueles meninos. Coordenei sua campanha em 1990. Meu amigo partiu em 2015 e deixou muita saudade.

 Em resumo, o resgate da memória de Zezéu pode ter  importância significativa, desde honrar o legado do amigo até preservar a história e a cultura de um partido e de toda uma geração.

 

José Eduardo Zezéu Vieira Ribeiro (Salvador, 21 de novembro de 1949 — São Paulo, 25 de fevereiro de 2015) ·.

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sexta-feira, 17 de fevereiro de 2023

ARTIGO - Meus carnavais de chuva suor e cerveja (Padre Carlos)





Meus carnavais de chuva suor e cerveja


Hoje estava pensando nos meus carnavais de chuva suor e cerveja. Nos blocos de rua, das batucadas e cordões. Com alguns instrumentos e uma corda, arrastávamos muita gente. Quem conseguia captar o sentimento daqueles jovens era Sérgio Sampaio:
 “Eu quero é botar meu bloco na rua
Brincar, botar pra gemer
Eu quero é botar meu bloco na rua
Gingar, pra dar e vender” Assim, cada bairro vinha para avenida com sua batucada e trazia os amigos da escola e da rua, com nossas mortalhas feitas pela mãe de algum participante daquele bloco.
Que emoção era descer a ladeira de São Bento, a procura dos amigos. Encontrar os companheiros de militância em frente ao clube de engenharia. Fazíamos daquele espaço o QG do DCE e do movimento de esquerda. Que saudade do cordão da orla com era chamado: Paulo Pontes, Dapieve, Aninha, Valdelio, Pedro Yapone, Anilson, Zezeu Pola e tantos outros.

Depois de sonhar com as revoluções, voltava para o Campo Grande pela Carlos Gomes. À noite, brincávamos no Clube Português e encontrava os amigos do bairro.
             Tem pessoas que não param no tempo é como se a vida fosse de forma linear e eles jamais ficassem velhos e ultrapassados. Quando vejo Caetano e Gil, cantando com esta nova geração de cantores do carnaval baiano, acredito que dentro deles não existe tempo nem espaço, são verdadeiros mitos da nossa cultura.
            Quando Caetano volta do exílio, encontra nosso carnaval em uma mudança profunda. Passamos a partir daquele ano, a vivenciar a contra cultura no carnaval e depois desta experiência, o carnaval de Salvador, jamais foi o mesmo. Só o poeta é capaz de influenciar e se deixar ser influenciado, por isto, tem a capacidade de captar nossos sentimentos e traduzir em versos as nossas emoções.
“Não se perca de mim
Não se esqueça de mim
Não desapareça
Que a chuva tá caindo
E quando a chuva começa
Eu acabo perdendo a cabeça
Não saia do meu lado
Segure o meu pierrot molhado
E vamos embolar ladeira abaixo
Acho que a chuva ajuda a gente a se ver
Venha veja deixa beija seja
O que Deus quiser
A gente se embala se embora se embola
Só pára na porta da igreja
A gente se olha se beija se molha
De chuva suor e cerveja”

Hoje, entendo aquela geração que brincava para esquecer aqueles anos de chumbo e buscava nas ruas através de protestos, uma forma de se rebelar contra o sistema. Assim, aqueles meninos lutavam bravamente com as armas que tinham. Na década de 70, lutávamos contra um regime que mantinha nossos sonhos encarcerados, mas, expressávamos no carnaval todo aquele sentimento de impotência, nosso carnaval era democrático.  O Brasil vivia censurado pela ditadura e o carnaval tinha essa função de panela de pressão.
Já na década de 80, o carnaval já tinha uma estrutura empresarial e musical (sonorização, palco) montada em cima de grandes caminhões. Criação típica do carnaval baiano, esta estrutura, passava agora a animar as nossas festas populares com a participação de músicos de axé. Os trios passam a percorrer outros circuitos que não era o Campo Grande a Praça da sé. O trio elétrico mais popular do carnaval de Salvador não é mais o Jacaré nem o Saborosa, agora é o Chiclete com Banana. Naquela década assistimos à queda do Regime Militar e não demos conta de outra queda que estava se dando, a do carnaval popular.

Padre Carlos


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ARTIGO - A geração que fez a diferença! (Padre Carlos)

A geração que fez a diferença!      Decorridos tantos anos do fim da ditadura, observa-se que a geração da utopia está partindo e a nova...