segunda-feira, 20 de fevereiro de 2023

ARTIGO - O país precisa de uma direita humanista, plural e de base liberal. (Padre Carlos) .

 A direita é capaz de apresentar uma alternativa clara e séria nas suas intenções?

 


Como filósofo e articulista, venho percebendo a algum tempo que a forte polarização na sociedade, tem produzido um esvaziamento do centro direita. Este deslocamento vem sendo acompanhado pelos cientistas políticos e demais profissionais desta área desde as eleições de 2018, agora aparece ainda mais forte, com a redução das bancadas de partidos tradicionalmente e aumento das bancadas dos partidos situados no polo da ultradireita e esquerda. Esse movimento aparece tanto nos legislativos estaduais como nas bancadas federais, e pode ser ilustrado pela queda dos números de parlamentares que o PMDB conseguiu eleger e pelo quase desaparecimento do PSDB, partido que ganhou duas eleições seguidas para o Governo Federal e governou São Paulo por quase três décadas, com relação ao Cidadania, só conseguiu eleger meia dúzia de deputados porque estes aderiram em suas bases o bolsonarismo, além do aumento expressivo de partidos como PL, PP e Republicanos, que ganharam peso ao se alinhar explicitamente a onda conservadora e de ultradireita.

Não há dúvida de que Bolsonaro representa hoje as forças de oposição ao governo Lula, isto se deu pela capacidade de promover um total realinhamento do campo conservador.

 Diante desta nova realidade, entendemos que o governo Lula tem sido um guarda-chuva para esta vertente de pensamento, desta forma, a direita democrática deixa seu protagonismo e o seu legado que foi apossado pelos bolsonarista. Sabemos como está difícil o regime democrático brasileiro conter uma direita que seja capaz de captar desejos e valores dos cidadãos, organizando suas pautas de reivindicações, disputando cargos de poder. Por isto, a direita tem a obrigação de apresentar uma alternativa responsável ao perigo do extremismo, com um bom projeto democrático e um verdadeiro sentido de estado. Para isto, não pode se dá ao luxo de criar soundbites, nem narrativas populistas que alimente um público sedento de devaneios e ficções, mas sabendo que materializará a sua missão, convicta de que essa integridade fará o seu caminho pelo eleitorado brasileiro.

Sonho um dia poder contar com uma direita humanista e plural, de base liberal, mas com uma inclinação para o social. Tendo sempre presente que nem todos tiveram as mesmas oportunidades e que por essa razão o estado tem como obrigação cuidar dos seus, sobretudo de todos os que se encontram em situações de vulnerabilidade.

Só assim, a direita seria capaz de apresentar uma alternativa clara, bem definida nos seus limites e séria nas suas intenções. Uma alternativa à polarização.

 

 

 

 

 


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