segunda-feira, 22 de maio de 2023

ARTIGO - Nas Teias da Saudade: A Dor do Poeta que Dilacera Corações. (Padre Carlos)

 


Entre Lembranças e Lamentos

 


A saudade é um labirinto de sentimentos, uma ferida que dilacera o coração e nos faz mergulhar em uma melancolia profunda. Nesta trilha sinuosa, sou um poeta desterrado, perdido nas gravações que insistem em me envolver. Ah, como sinto falta da minha infância, um tempo dourado em que a inocência floresce em cada riso inocente e cada descoberta maravilhosa!

Lembro-me dos amigos que outrora caminharam ao meu lado, compartilhando aventuras e segredos, formando um elo inquebrável. Hoje, suas presenças se perderam nas dobras do tempo, e a saudade aperta meu peito com força, fazendo-me lembrar dos dias ensolarados e das brincadeiras intermináveis.

Na juventude, sonhos emparelhavam no horizonte como borboletas coloridas, dançando com a promessa de um futuro brilhante. Ah, como sinto falta daquelas ambições audaciosas, dos anseios que alimentaram minha alma e me fizeram acreditar que poderia conquistar o mundo com meu talento e paixão. Mas a vida, traiçoeira em sua volubilidade, soprou seus ventos impiedosos e levou-me dos sonhos que um dia acalentei.

E o primeiro amor... Ah, esse sentimento tão puro e avassalador que molda a juventude com fogo ardente! A lembrança de um olhar trocado, de um toque inocente, ressoa em mim como um eco distante, levando-me de volta a um tempo em que o coração pulsava com uma intensidade desconhecida. Como gostaria de reviver aqueles momentos, de sentir a paixão incandescente novamente, mas a saudade me sufocou, gravando-me de um amor que se dissipou como poeira ao vento.

A escola das freiras, onde as primeiras letras se desenvolveram no meu mundo interior, é um lugar distante que me invade de saudade. Os corredores estreitos e as vozes suaves das professoras ecoam em meus ouvidos, trazendo à tona uma vez em que o conhecimento era desbravado com curiosidade e encantamento. Como sinto falta daquele ambiente acolhedor, da pureza das palavras e do universo de conhecimento que se abria diante de mim.

A saudade me consome, trazendo à tona o desejo de retornar a um tempo em que os sonhos eram tecidos com fios de esperança e a felicidade era encontrada nas pequenas coisas. Sinto falta de ser criança, de desbravar o mundo com olhos maravilhados, de pular sem medo nas asas da imaginação. A dor do poeta, permeada pela saudade, é uma ferida que cicatriza com dificuldade, pois cada lembrança reacende a chama ardente daquilo que foi e jamais voltará a ser.

Que este lamento possa ecoar nos corações dos leitores, despertando em cada um a sensibilidade para a dor que assola a alma do poeta. Que a saudade seja compreendida como uma tela onde se misturam a nostalgia e melancolia, um emaranhado de emoções que nos conectam ao passado e nos refletem sobre a efemeridade da vida.

Que cada palavra escrita ressoe como um chamado, despertando a atenção do leitor para a dor que transborda nas linhas deste poema. Pois, por trás da aparente proteção das palavras, encontra-se a força intensa da saudade, capaz de dilacerar o coração e transformar a alma do poeta em um oceano de lembranças entrelaçadas.


domingo, 21 de maio de 2023

ARTIGO - A inclusão das mulheres na Igreja: repensando o papel do clero. (Padre Carlos)

 


A Participação Feminina na Igreja Católica



 

A questão da inclusão das mulheres tem se tornado cada vez mais crucial para a renovação da Igreja Católica. O debate sobre a participação feminina no clero ganha destaque diante de um contexto no qual a igualdade de gênero e a valorização da diversidade têm se tornado pautas importantes em diversas esferas da sociedade. Nesse contexto, o jesuíta José I. González Faus chamou a atenção do Papa Francisco em uma carta aberta, questionando a exclusão das mulheres com base em princípios teológicos equivocados.

No entanto, é necessário direcionar o foco da discussão para além da exclusão das mulheres e adentrar a compreensão de que, inclusive entre os presbíteros, não existe uma condição de sacerdócio que se perpetue na linguagem imprópria e na sacralização que levaram ao clericalismo e aos abusos . O despojamento dessas atribuições irreverentes de sacerdotes por parte dos homens ordenados é reservada para a mudança da Igreja e a vanguarda em direção a uma maior igualdade de gênero.

Ao longo da história, a Igreja Católica tem sido marcada por estruturas patriarcais que relegam as mulheres a papéis secundários, impedindo-as de exercerem plenamente seu potencial e contribuindo de forma significativa para a vida da comunidade eclesial. Essa exclusão baseada em princípios teológicos questionáveis ​​não apenas nega a igualdade fundamental entre homens e mulheres, mas também enfraquece a própria missão da Igreja de promover a justiça e a inclusão.

O chamado para uma reflexão mais profunda sobre o papel do clero é urgente. O modelo hierárquico, no qual apenas homens são ordenados como sacerdotes, precisa ser repensado. A compreensão de que nem mesmo os presbíteros são sacerdotes, no sentido estrito do termo, pode abrir caminhos para uma maior participação feminina na liderança da Igreja.

A inclusão das mulheres não se trata apenas de uma questão de justiça de gênero, mas também de um enriquecimento para a própria Igreja. As mulheres têm desempenhado papéis fundamentais ao longo da história cristã, como líderes espirituais, teólogas, catequistas e agentes pastorais. Negar-lhes a possibilidade de exercer ministérios ordenados é privar a Igreja de seus talentos e perspectivas únicas.

Para que a Igreja se renove e atenda aos desafios do mundo contemporâneo, é essencial que se promova um diálogo aberto e sincero sobre a inclusão das mulheres no clero. O despojamento das atribuições irreverentes de sacerdotes, atualmente restritas aos homens ordenados, é um passo necessário nesse processo. É preciso reconhecer que a diversidade e a igualdade de gênero são valores fundamentais que podem fortalecer a Igreja e capacitá-la a responder às necessidades e aspirações das pessoas de hoje.

        A abertura para uma maior participação feminina no clero não significa diminuir a importância do sacerdócio, mas sim repensar sua natureza e função dentro da comunidade de fé. É necessário desvincular o conceito de sacerdócio de uma estrutura exclusivamente masculina e compreender que todos os batizados são chamados a exercer seu sacerdócio comum.

A valorização da diversidade de dons e experiências trazidas pelas mulheres pode trazer uma nova vitalidade à Igreja. Ao envolver mais mulheres na tomada de decisões pastorais e na liderança, a Igreja estará mais apta a enfrentar os desafios e as questões contemporâneas, respondendo de forma mais efetiva às necessidades dos fiéis.

Além disso, ao questionar a exclusão das mulheres com base em princípios teológicos equivocados, como apontado pelo jesuíta José I. González Faus, a Igreja também está se abrindo para um diálogo mais amplo e inclusivo. É importante lembrar que a tradição da Igreja está em constante evolução, e a reflexão teológica pode e deve levar em consideração os novos conhecimentos, as mudanças sociais e as demandas da comunidade de fiéis.

No entanto, é fundamental que esse diálogo seja cuidado com respeito, humildade e abertura para a ação do Espírito Santo. As mudanças dentro da Igreja devem ser realizadas de forma gradual, respeitando a diversidade de opiniões e a complexidade dos desafios envolvidos. O objetivo não é simplesmente importar uma nova estrutura hierárquica, mas sim criar espaços para a participação plena das mulheres e para uma revisão de estruturas e práticas que podem perpetuar desigualdades e exclusões.

Em última análise, a questão da inclusão das mulheres na Igreja é um convite à renovação e ao crescimento. É um chamado para que a comunidade de fiéis se torne cada vez mais aberta, inclusiva e consciente da igualdade fundamental entre homens e mulheres. Ao despojar-se de linguagens impróprias e atribuições irreverentes de sacerdotes, a Igreja pode avançar em direção a uma maior igualdade de gênero, fortalecendo sua mensagem de amor, justiça e misericórdia para todos os seus membros.

 


sábado, 20 de maio de 2023

ARTIGO - Waldenor Pereira e a construção de uma coalizão vitoriosa. (Padre Carlos)

 


A promessa de renovação

 




Vitória da Conquista é um município brasileiro no sudoeste da Bahia, com uma população estimada em 2021 de 343.643 habitantes, sendo a terceira maior cidade do estado e a quinta do interior do Nordeste. Além de ser um importante polo econômico, educacional e cultural da região, a cidade também é conhecida pelo seu clima frio, que lhe rendeu o apelido de "Suíça Baiana". Nas últimas décadas, a política local tem sido marcada pela polarização entre o PT e o União Brasil, que se alternaram no comando da prefeitura desde 1996. Nas eleições de 2020, a candidata do UB, Sheila Lemos, que era vice na chapa do falecido prefeito Herzem Gusmão, venceu o candidato do PT, Zé Raimundo, por uma margem de 14.422 votos. Agora, em 2024, a prefeita busca a reeleição com o apoio dos seus aliados e o controle da máquina municipal, enquanto o PT tenta retomar o poder com a pré-candidatura do deputado federal Waldenor Pereira. Neste artigo, eu vou analisar as possibilidades de Waldenor ganhar a eleição e os obstáculos que ele terá que superar. A minha tese é que Waldenor é o melhor candidato do campo da oposição que reune melhores chances de vencer Sheila Lemos nas urnas. Neste artigo, meu objetivo não é endossar a candidatura de nenhum candidato específico, mas sim analisar os fatos e apresentar a melhor alternativa para o campo da oposição.

Para sustentar a minha tese, eu vou apresentar três argumentos principais: 1) Waldenor tem uma trajetória política consistente e comprometida com os interesses da população conquistense; 2) Waldenor tem uma alta popularidade entre os eleitores conquistenses; 3) Waldenor tem uma capacidade de articulação com outros partidos e movimentos sociais que pode ampliar a sua base de apoio e formar uma frente ampla contra o UB.

Waldenor tem uma trajetória política consistente e comprometida com os interesses da população conquistense. Waldenor é natural de Caculé, mas vive em Vitória da Conquista desde 1972.  Economista e professor licenciado da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), com pós-graduação em Programação e Orçamento Público pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Também possui Diploma de Estudos Avançados em Gestão Pública pela Universidade Complutense de Madrid, Espanha. Tornou-se professor da UESB, onde também foi reitor. Ele iniciou a sua militância política no movimento estudantil e no sindicato dos professores universitários. Ele se filiou ao PT na sua fundação e desde então participou ativamente das lutas sociais e políticas da cidade e da região. Ele foi deputado estadual por dois mandatos (2003 e 2007), deputado federal por quatro mandatos (1999-2002, 2003-2006 e 2007-2010) e deputado federal por quatro mandatos (2011,2015 2019 e-2023). Em todos esses cargos, ele se destacou pela defesa dos direitos dos trabalhadores, da educação pública, da saúde pública, da reforma agrária, da cultura popular e do desenvolvimento regional. Ele também foi um dos principais articuladores das gestões do PT na prefeitura de Vitória da Conquista, tendo sido um dos coordenadores geral das campanhas vitoriosas de Guilherme Menezes em 1996 e 2008 e de Zé Raimundo em 2004. Além disso, ele foi um dos responsáveis pela implantação de importantes obras e programas federais na cidade durante os governos de Lula e Dilma, como o campus da Universidade Federal da Bahia (UFBA), o campus do Instituto Federal da Bahia (IFBA), o programa Minha Casa Minha Vida, o programa Mais Médicos, o programa Luz para Todos, entre outros. Portanto, Waldenor tem uma história de vida e uma atuação política que demonstram o seu compromisso com Vitória da Conquista e com os seus habitantes.

Waldenor tem uma alta popularidade entre os eleitores conquistenses, especialmente entre os mais jovens e os mais pobres. Waldenor tem uma forte presença nas redes sociais, onde ele dialoga com os seus seguidores e divulga as suas ações parlamentares. Ele também tem uma grande penetração nas comunidades rurais e nos bairros periféricos da cidade, onde ele mantém um contato direto e frequente com os moradores. Ele é reconhecido como um político honesto, humilde e trabalhador, que não se envolve em escândalos de corrupção ou em alianças espúrias. Ele também é respeitado como um líder político que defende os interesses da região sudoeste da Bahia no Congresso Nacional, tendo sido eleito o melhor deputado federal da Bahia em 2019 pelo site Ranking dos Políticos. Nas últimas eleições, em 2022, Waldenor foi o deputado federal mais votado de Vitória da Conquista, com 32.071 votos. Isso mostra que Waldenor tem uma ampla base eleitoral na cidade e que ele pode contar com o apoio de milhares de conquistenses que confiam no seu trabalho e na sua proposta.

Waldenor tem uma capacidade de articulação com outros partidos e movimentos sociais que pode ampliar a sua base de apoio e formar uma frente ampla contra o União Brasil. Waldenor é um político que sabe dialogar com diferentes forças políticas e sociais, respeitando as diferenças e buscando pontos de convergência. Ele tem uma boa relação com os demais partidos de esquerda como o PSB, o PCdoB, o PDT e o PV, suas articulações se estende aos partidos de centro-direita que com certeza serão o fiel da balança nestas eleições, como o MDB e PSD, que podem compor uma aliança em torno da sua candidatura. Ele também tem uma boa relação com os movimentos sociais, como o Sindicato Rural, MST, a CUT, a UNE, entre outros, que podem mobilizar a sociedade civil em favor da sua candidatura. Além disso, ele tem uma boa relação com os setores produtivos da cidade, como os comerciantes, os empresários, os agricultores familiares, os profissionais liberais, entre outros, que podem apoiar a sua candidatura. Portanto, Waldenor tem condições de construir uma ampla coalizão política e social que possa enfrentar e vencer este governo nestas eleições.

As chances de Waldenor Pereira vencer a disputa pela prefeitura de Vitória da Conquista em 2024 são grandes.  Desta forma, com base nesses argumentos, eu concluo que Waldenor é o melhor candidato para as oposições  e o que mais reune condições de derrotar Sheila Lemos nas urnas.  Eu espero que este artigo possa contribuir para o debate político na cidade e para a conscientização dos eleitores sobre a importância do seu voto.


sexta-feira, 19 de maio de 2023

ARTIGO - O Caderno, uma singela homenagem à infância de minhas filhas. (Padre Carlos)

 


O caderno é Papai!




Eu sou o caderno que acompanhou você desde a sua infância. Eu fui testemunha dos seus primeiros traços, das suas primeiras letras, das suas primeiras cores. Eu vi você desenhar a nossa casa, a  nossa rua, as nuvens e o sol, e eu sorri junto com você no papel.

Eu sou o caderno que foi seu colega na escola. Eu te ajudei a resolver os problemas de matemática, a estudar para as provas bimestrais, a fazer as lições de casa. Eu fui seu confidente fiel, guardando os seus segredos, as suas paixões, as suas tristezas. Eu senti as suas lágrimas molharem o meu papel.

Eu sou o caderno que foi seu amigo na sua infância e adolescência. Eu te ofereci abrigo quando você precisou de um lugar para se expressar, para se libertar, para se descobrir. Eu vi você se transformar em uma linda mulher, cheia de sonhos e desafios. Eu vi você se aventurar no feroz carrossel da vida, e eu temi que você me rasgasse ou me jogasse fora.

O que está escrito em mim é a sua história, é a sua memória, é a sua essência. Eu guardei tudo com muito carinho e orgulho, pois você é muito especial para mim. Eu sei que a vida segue sempre em frente, e que você tem muitas coisas para fazer. Mas eu só peço a você um favor: se puder, não me esqueça num canto qualquer.


ARTIGO - O Brasil e a Vergonha da Anistia: Um Projeto que Mancha o Congresso Nacional. (Padre Carlos)


Não somos o país de Macunaíma, onde os heróis são personagem preguiçoso e trapaceiro da literatura brasileira.



           O deputado federal José Medeiros (PL-MT) apresentou recentemente um projeto de lei que gerou grande polêmica e indignação. O objetivo desse projeto é conceder anistia ampla e geral aos candidatos às eleições gerais de 2022 que foram processados, condenados, tiveram seus registros de candidatura indeferidos, declarados inelegíveis ou tiveram seus diplomas cassados ​​pela Justiça Eleitoral. O mais preocupante é que essa proposta busca o beneficiário especificamente do ex-procurador Deltan Dallagnol (Podemos-PR), cujo mandato de deputado federal foi cassado por decisão unânime do Tribunal Superior Eleitoral.

          Um Retrocesso para a Democracia: Se esse projeto de lei for aprovado, será uma verdadeira vergonha para o Congresso Nacional e para toda a nação brasileira. A proposta de anistiar candidatos que cometeram graves irregularidades eleitorais, como a prática de pedir exoneração de suas cargas públicas antes da instalação de processos administrativos disciplinares, é um retrocesso para a democracia e para o Estado de Direito.

          A Impunidade em Pauta: Ao conceder anistia a políticos condenados e com registros de candidatura indeferidos, o projeto de lei em questão perpetua a impunidade e enfraquece as instituições responsáveis ​​por garantir a lisura do processo eleitoral. Isso representa um desrespeito aos princípios fundamentais da democracia e da justiça, abalando a confiança dos cidadãos nas instituições e minando a credibilidade do sistema político como um todo.

          Preocupações Éticas e Morais: Além das questões legais, há preocupações éticas e morais em relação a esse projeto. Ao buscar anistiar um ex-procurador que teve seu mandato cassado de forma unânime pelo Tribunal Superior Eleitoral, o Congresso Nacional estaria enviando uma mensagem perigosa à sociedade, dando a entender que a transgressão das leis e a violação da ética no exercício do cargo público podem ser toleradas e até mesmo recompensadas.

          O País da Macunaíma: O Brasil é conhecido por sua rica cultura e diversidade, mas também infelizmente pelo jeitinho, pela impunidade e pela falta de seriedade em questões políticas. A aprovação desse projeto de lei só fortaleceria essa triste realidade, colocando-nos como ministro do país da Macunaíma, o personagem preguiçoso e trapaceiro da literatura brasileira.

           É fundamental que os representantes do povo brasileiro no Congresso Nacional estejam comprometidos com a ética, a moralidade e a justiça. A aprovação de um projeto de lei que visa anistiar políticos condenados e que desrespeita as instituições democráticas seria uma vergonha para o país. É necessário que a sociedade se mobilize, exija transparência e responsabilidade de seus representantes e não permita que a impunidade e a falta de ética se tornem a regra no Brasil.

          O futuro da nossa nação depende de uma postura firme contra propostas como essa, que minam a confiança da população nas instituições democráticas e perpetuam a impunidade.

        Cabe ressaltar que a Justiça Eleitoral desempenha um papel crucial na garantia da lisura do processo eleitoral e na proteção dos direitos dos cidadãos. A cassação de mandato e a declaração de inelegibilidade são medidas tomadas com base em investigação e decisões judiciais, visando preservar a integridade do sistema político e evitar que indivíduos incompatíveis com ética e moralidade ocupem cargas públicas.

          A anistia proposta pelo deputado José Medeiros vai na contramão desse propósito, criando um ambiente favorável à impunidade e à corrupção. Ao isentar candidatos condenados de qualquer responsabilidade por seus atos, o projeto de lei envia uma mensagem perigosa: de que é possível escapar das consequências de atos ilícitos cometidos durante a campanha eleitoral.

          É importante ressaltar que a ética e a transparência são valores fundamentais para a construção de uma sociedade justa e equitativa. A impunidade mina esses valores e compromete a confiança dos cidadãos nas instituições democráticas. Quando representantes eleitos propõem projetos que visam a anistia de condenados políticos, estão demonstrando uma falta de comprometimento com esses princípios e, consequentemente, com o bem-estar da população.

          O Brasil não pode permitir ser o país da impunidade, onde os corruptos e infratores das leis são tratados com leniência. Precisamos de representantes que estejam comprometidos em fortalecer as instituições e garantir que todos sejam responsabilizados por seus atos. A sociedade deve cobrar dos legisladores uma postura íntegra e coerente com os valores democráticos, rejeitando qualquer tentativa de anistiar condutas ilícitas e comprometedoras para a democracia.

          A tramitação desse projeto de lei é um teste para a integridade do Congresso Nacional. Os parlamentares têm a responsabilidade de rejeitar propostas que vão de encontro aos interesses da sociedade e que enfraquecem o sistema democrático. É preciso que sejam guiados pelos princípios de justiça, transparência e ética, honrando o voto de confiança depositado pelos herdeiros.

     Portanto, é urgente que a voz dos cidadãos seja ouvida e que a sociedade se manifeste contra essa proposta vergonhosa. O Brasil merece representantes comprometidos com a honestidade, a integridade e o bem comum, e não com a impunidade e a dignidade pelos princípios democráticos. O futuro da nação está em jogo, e é responsabilidade de todos nós lutarmos por um Brasil onde a justiça prevaleça sobre a vergonha.


quinta-feira, 18 de maio de 2023

ARTIGO - A Preservação da História de Vitória da Conquista: Um Patrimônio Desprezado. (Padre Carlos)

 


O Desprezo pela História!

 


 

Enquanto residente de Vitória da Conquista, não posso deixar de expressar a profunda tristeza que sinto ao presenciar o descaso e apagamento da história da nossa cidade. É angustiante ver os casarões centenários, os antigos cinemas e hotéis, testemunhas de uma Conquista que jamais retornará. Recentemente, uma amiga me enviou uma foto da casa onde ela viveu com seus pais, uma propriedade que remonta ao início do século passado e que foi adquirida pela prefeitura. No entanto, é lamentável constatar que o imóvel está abandonado, sem que a prefeitura tome qualquer medida para restaurar nossa história. Estamos perdendo não apenas as estruturas físicas, mas também nossas vidas e identidade.

A preservação do patrimônio histórico é essencial para o desenvolvimento de uma cidade. Os edifícios antigos são testemunhas silenciosas das experiências e eventos que moldaram o passado de Vitória da Conquista. Eles são como páginas de um livro aberto, contando-nos histórias de uma época passada e oferecendo um elo tangível com nossos antepassados. No entanto, quando esses monumentos são deixados em estado de negligência, é como se estivéssemos permitindo que nossa história escorresse pelos vãos de nossos dedos, perdendo uma parte valiosa de nossa identidade coletiva.

O caso da casa adquirida pela prefeitura é apenas um exemplo entre muitos. É alarmante ver a falta de iniciativa por parte das autoridades municipais em relação à restauração e preservação desses imóveis históricos. Afinal, não se trata apenas de construções antigas, mas de símbolos que representam nossa herança cultural e que merecem ser protegidos. Esses locais têm o potencial de se tornarem espaços de convivência, museus ou centros culturais, nos quais moradores e visitantes possam se conectar com o passado e compreender a evolução da nossa cidade ao longo dos anos.

Além disso, a restauração desses edifícios históricos pode contribuir para a revitalização de áreas urbanas degradadas. Ao investir na preservação do patrimônio, a prefeitura estaria promovendo não apenas a conservação da história, mas também impulsionando o turismo e a economia local. Cidades ao redor do mundo têm demonstrado que a reabilitação de construções antigas pode resultar em uma renovação cultural e atrair visitantes interessados na herança histórica da região.

É fundamental que as autoridades municipais assumam a responsabilidade de preservar nossa história e promover a restauração dos edifícios históricos de Vitória da Conquista. Isso requer uma ação proativa na identificação, proteção e restauração desses imóveis, bem como na conscientização da importância de nossa herança cultural entre os nossos cidadãos.

 


ARTIGO – A Dor de menino transforma o Brasil. ( Padre Carlos )

 


Jorge Portugal, poeta e profeta da minha geração.

 






          No curral do mundo, onde a vida segue seu curso impiedoso, existem crianças cujas dores parecem inexprimíveis. O professor, sábio em suas palavras, afirmava que a dor da gente é dor de menino acanhado, menino bezerro pisado. Era assim que descrevia aqueles jovens que, na vastidão do universo, se sentiam impotente e esmagados pelo regime militar.

          Esses meninos e meninas, como pássaros enjaulados, tinham suas asas cortadas pelas amarguras cotidianas. As agruras da ditadura, da violência e das torturas lhes roubavam a inocência, deixando marcas profundas em seus corações frágeis. Cada passo dado era uma batalha, cada sorriso uma vitória sobre a dor que os acompanhava.

          No entanto, mesmo diante de tanta adversidade, esses pequenos protagonistas jamais se rendiam. Tinham uma resiliência que desafiava o destino cruel imposto a eles. Ainda que acanhados, encontravam forças para seguir adiante, como raios de sol que penetram por entre nuvens escuras.

          Eram nas artes e nas manifestações que encontravam um refúgio, uma forma de fugir do peso do mundo que os oprimia. Os sorrisos se espalhavam pelos rostos pintados, revelando uma alegria genuína e contagiante. Por breves instantes, eram crianças livres, livres para sonhar, imaginar e serem donos de um universo próprio.

          Na sala de aula, o professor buscava ensiná-los mais do que as lições escritas nos livros. Ensinava-lhes sobre a empatia, sobre o poder de transformação que há no conhecimento. Queria que compreendessem que, apesar das injustiças, podiam trilhar caminhos diferentes, reescrever suas histórias.

          E assim, aos poucos, aqueles meninos e meninas acanhados foram se descobrindo como seres únicos e valiosos. A dor que os marcava não definia quem eram, mas sim a força que carregavam dentro de si. Como flores que brotam em terrenos áridos, encontraram sua beleza na adversidade.

          Hoje, ao olhar para trás, o professor sorri com orgulho. Cada conquista, cada obstáculo superado, é uma prova de que aqueles meninos e meninas bezerros, outrora pisados, encontraram a coragem de se erguer e transformar o mundo à sua volta. A dor que antes os definia, hoje serve para lembrar uma parte triste da nossa história que os fez fortes.

          E assim, o professor continua a repetir, incansavelmente, que a dor da gente é dor de menino acanhado, menino bizerro pisado. Mas também é a dor que se transforma em força, em determinação e em esperança. É a dor que ensina lições preciosas e nos mostra que, mesmo nos lugares mais sombrios, é possível encontrar a luz.

 

ARTIGO - A geração que fez a diferença! (Padre Carlos)

A geração que fez a diferença!      Decorridos tantos anos do fim da ditadura, observa-se que a geração da utopia está partindo e a nova...