segunda-feira, 22 de maio de 2023

ARTIGO - Nas Teias da Saudade: A Dor do Poeta que Dilacera Corações. (Padre Carlos)

 


Entre Lembranças e Lamentos

 


A saudade é um labirinto de sentimentos, uma ferida que dilacera o coração e nos faz mergulhar em uma melancolia profunda. Nesta trilha sinuosa, sou um poeta desterrado, perdido nas gravações que insistem em me envolver. Ah, como sinto falta da minha infância, um tempo dourado em que a inocência floresce em cada riso inocente e cada descoberta maravilhosa!

Lembro-me dos amigos que outrora caminharam ao meu lado, compartilhando aventuras e segredos, formando um elo inquebrável. Hoje, suas presenças se perderam nas dobras do tempo, e a saudade aperta meu peito com força, fazendo-me lembrar dos dias ensolarados e das brincadeiras intermináveis.

Na juventude, sonhos emparelhavam no horizonte como borboletas coloridas, dançando com a promessa de um futuro brilhante. Ah, como sinto falta daquelas ambições audaciosas, dos anseios que alimentaram minha alma e me fizeram acreditar que poderia conquistar o mundo com meu talento e paixão. Mas a vida, traiçoeira em sua volubilidade, soprou seus ventos impiedosos e levou-me dos sonhos que um dia acalentei.

E o primeiro amor... Ah, esse sentimento tão puro e avassalador que molda a juventude com fogo ardente! A lembrança de um olhar trocado, de um toque inocente, ressoa em mim como um eco distante, levando-me de volta a um tempo em que o coração pulsava com uma intensidade desconhecida. Como gostaria de reviver aqueles momentos, de sentir a paixão incandescente novamente, mas a saudade me sufocou, gravando-me de um amor que se dissipou como poeira ao vento.

A escola das freiras, onde as primeiras letras se desenvolveram no meu mundo interior, é um lugar distante que me invade de saudade. Os corredores estreitos e as vozes suaves das professoras ecoam em meus ouvidos, trazendo à tona uma vez em que o conhecimento era desbravado com curiosidade e encantamento. Como sinto falta daquele ambiente acolhedor, da pureza das palavras e do universo de conhecimento que se abria diante de mim.

A saudade me consome, trazendo à tona o desejo de retornar a um tempo em que os sonhos eram tecidos com fios de esperança e a felicidade era encontrada nas pequenas coisas. Sinto falta de ser criança, de desbravar o mundo com olhos maravilhados, de pular sem medo nas asas da imaginação. A dor do poeta, permeada pela saudade, é uma ferida que cicatriza com dificuldade, pois cada lembrança reacende a chama ardente daquilo que foi e jamais voltará a ser.

Que este lamento possa ecoar nos corações dos leitores, despertando em cada um a sensibilidade para a dor que assola a alma do poeta. Que a saudade seja compreendida como uma tela onde se misturam a nostalgia e melancolia, um emaranhado de emoções que nos conectam ao passado e nos refletem sobre a efemeridade da vida.

Que cada palavra escrita ressoe como um chamado, despertando a atenção do leitor para a dor que transborda nas linhas deste poema. Pois, por trás da aparente proteção das palavras, encontra-se a força intensa da saudade, capaz de dilacerar o coração e transformar a alma do poeta em um oceano de lembranças entrelaçadas.


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