Qual
o tipo de sociedade que desejamos construir.
Como professor de filosofia, minha missão é
despertar o pensamento crítico e reflexivo nos alunos e na sociedade em geral.
Abster-me de debates polarizados sobre Lula e Bolsonaro é uma escolha
consciente, pois tais discussões muitas vezes apenas reproduzem discursos
prontos e ideologias vazias. Meu interesse está em debater um modelo de
sociedade que seja justo, democrático, solidário e que respeite os direitos
humanos e a diversidade.
O atual modelo de sociedade propagado pelo
bolsonarismo, que tem encantado uma parcela considerável da nação, me causa
preocupação e indignação como cidadão e cristão. Ao discutir um modelo de
sociedade, não posso aceitar que o preconceito, a cultura da morte e a visão
dos mais fortes se sobreponham aos mais fracos. É crucial falar sobre essa
cultura e mentalidade, repudiando discursos nazistas e a defesa de posições que
se camuflam como liberdade de expressão.
Por vezes, me questiono sobre qual seria a
postura da Rede Globo ou do Estadão se fosse comprovado que a família do ex-presidente
Lula tivesse adquirido 55 imóveis com dinheiro vivo. O que diria a Folha de São
Paulo se ficasse evidente que os filhos do ex-presidente tivessem homenageado
um miliciano e empregado a família dess, em seus gabinetes? E se um dos seus
filhos de Lula tivesse se relacionado com a filha de um dos assassinos da
vereadora Marielle Franco e fosse vizinho desse criminoso? Diante disso,
reitero que o mais importante não é discutir Lula ou Bolsonaro, mas sim buscar
uma discussão sobre as formas de governo.
Estamos falando de uma forma de governo que
permitiu a morte de muitas pessoas durante a pandemia. Estamos falando de um
presidente que preferiu participar de motociatas em vez de visitar hospitais.
Estamos falando de um líder que negou a ciência, a vacina e o isolamento
social. Estamos falando de um presidente que atacou as instituições, a imprensa
e os movimentos sociais.
O modelo de sociedade que muitos
brasileiros almejam para o Brasil me causa medo. Foam esses mesmos brasileiros que não
elegeu o ex-ministro Mandetta, que defendeu a saúde, mas presentiaou com uma
estrondosa votação o general Pazuello,
responsável por deixar de comprar as vacinas e não enviar oxigênio para Manaus,
resultando na morte de inúmeros contaminados. Que Brasil é esse em que Ricardo
Salles, envolvido em tantos crimes ambientais, recebeu mais votos que Marina
Silva? Poderia citar inúmeros exemplos, mas é fundamental discutir o modelo de
governo em questão.
Em tempos de grandes desafios e incertezas,
é essencial que a sociedade brasileira promova um diálogo construtivo sobre o
tipo de sociedade que desejamos construir. Precisamos buscar um modelo que
promova a justiça social, a igualdade de oportunidades, o respeito às
diferenças e o cuidado com o meio ambiente. Essa discussão vai além das figuras
políticas individuais, é uma reflexão sobre os valores, princípios e
direcionamentos que queremos para o nosso país.
O Brasil precisa se unir em torno de um
projeto coletivo que vá além de questões partidárias e personalidades
políticas. É necessário discutir e construir um modelo de sociedade que promova
a inclusão, o respeito aos direitos humanos, a valorização da diversidade e a
garantia de oportunidades para todos. Precisamos de um governo que priorize o
bem-estar social, a educação de qualidade, a saúde pública eficiente e a
preservação do meio ambiente.
Não podemos nos contentar com um governo
que negligencia a vida, que desconsidera a ciência e que ataca as instituições
democráticas. É hora de buscar soluções para os problemas reais que assolam
nosso país, como a desigualdade social, a falta de infraestrutura, a violência
e a corrupção. Precisamos de líderes comprometidos com o interesse coletivo,
que promovam a transparência, a ética e a responsabilidade no exercício do
poder.
Ao debatermos o modelo de governo, é
fundamental que as vozes da sociedade civil sejam ouvidas e que haja espaço
para o diálogo plural e inclusivo. É preciso valorizar o pensamento crítico,
incentivar a participação cidadã e fortalecer os mecanismos de democracia participativa.
Somente assim poderemos construir uma sociedade mais justa, onde os direitos de
todos sejam respeitados e onde haja oportunidades equitativas para o
desenvolvimento humano.
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