O Dia Nacional da Marcha para Jesus.
Na última quinta-feira (8), aconteceu em São Paulo a 31ª edição da Marcha para Jesus, o maior evento evangélico do Brasil, que reuniu milhares de fiéis nas ruas da capital paulista. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi convidado para participar do evento, mas recusou o convite e enviou um representante, o ministro-chefe da Advocacia-Geral da União (AGU), Jorge Messias.
A decisão de Lula foi acertada por vários motivos. Primeiro, porque ele estava em viagem ao Nordeste e não poderia alterar sua agenda para comparecer ao evento. Segundo, porque ele é católico e respeita as igrejas, mas não precisa se submeter a um ato religioso que não faz parte de sua fé. Terceiro, porque ele evitou cair em uma armadilha política armada por líderes evangélicos bolsonaristas, que queriam criar um fato político e incentivar a multidão a vaiar Lula.
Isso ficou provado quando o ministro Jorge Messias anunciou que levava uma mensagem de Lula aos evangélicos e foi recebido com vaias e hostilidades por parte do público. O organizador da Marcha, Estevam Hernandes, teve que intervir para pedir oração pelas autoridades do Brasil e evitar o mal-estar. O ministro disse que veio em "missão de paz" e que Lula agradeceu o convite e lembrou ter sido o autor da lei que instituiu o Dia Nacional da Marcha para Jesus, em 2009.
Se Lula tivesse ido à Marcha para Jesus, ele poderia ter sido alvo de mais manifestações contrárias e de provocações por parte dos apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, que ainda tem forte influência entre os evangélicos. Isso poderia gerar um clima de tensão e confronto entre os fiéis e prejudicar a imagem de Lula como um líder conciliador e democrático.
Lula agiu com prudência e respeito ao não ir à Marcha para Jesus em São Paulo. Ele demonstrou que não precisa se aproveitar de eventos religiosos para fazer campanha política ou para disputar a preferência dos evangélicos. Ele sabe que a religião é uma questão pessoal e que o Estado é laico. Ele também sabe que os evangélicos são um segmento diverso e plural, que não pode ser reduzido a um único discurso ou a uma única liderança.
Lula tem o direito de dialogar com os evangélicos e de apresentar suas propostas para o país, mas sem se submeter a pressões ou chantagens de grupos religiosos que querem impor sua agenda ou sua visão de mundo. Lula tem o dever de defender a liberdade religiosa e a tolerância entre as diferentes crenças, mas sem se deixar manipular ou cooptar por interesses políticos ou econômicos que se escondem atrás da fé.
Lula fez bem ao não ir à Marcha para Jesus em São Paulo. Ele mostrou que tem coerência e dignidade. Ele mostrou que tem respeito pelos evangélicos e por todas as religiões. Ele mostrou que tem compromisso com a democracia e com os direitos humanos. Ele mostrou que é diferente de Bolsonaro, que usou e abusou da religião para enganar e iludir os fiéis. Ele mostrou que é Lula.
Nenhum comentário:
Postar um comentário