sábado, 17 de junho de 2023

ARTIGO - Vereador Chico Estrela: Uma voz em defesa do esporte e da cidade. (Padre Carlos)

 

Uma vitória para a cidade o Clube e seus torcedores

 


O artigo de opinião é um gênero jornalístico que se caracteriza por expressar opiniões de seus autores, ao contrário das notícias, que devem ser isentas do julgamento daqueles que as escrevem. Como o nome diz, é um gênero produzido na área jornalística para ser publicado em jornais e revistas impressos ou virtuais. O artigo de opinião tem como objetivo convencer o leitor a respeito de um tema polêmico, isto é, que divide a sociedade e precisa ser de interesse social.

 

Um exemplo de tema polêmico é o papel do esporte na cidade. Nesse sentido, o vereador Chico Estrela demonstrou uma iniciativa que engrandece não só o esporte, mas toda a cidade. No domingo passado (11), ele esteve no Lomantão para prestigiar o Clube Vitória da Conquista, que luta para trazer nosso futebol para a primeira divisão. Luta esta que deveria ser de todos, pois traz não só prestígio, mas também renda para o município, devido à torcida do clube que termina representando toda a nossa região.

 

Ao saber que o jogo decisivo que o Vitória da Conquista iria enfrentar na quarta-feira, dia 28 de junho, seria realizado na parte da tarde, o vereador não se conformou. Nesta data, o Conquista enfrentará o Fluminense de Feira. Mesmo não fazendo parte da bancada de situação e não gozando dos favores e privilégios deste bloco, ele lutou junto aos poderes públicos e conseguiu, em um curto espaço de tempo, recuperar a iluminação do estádio e garantir que a partida que seria na parte da tarde, trazendo um prejuízo ao clube e aos torcedores que não poderiam estar presentes, fosse realizada na parte da noite.

 

Temos a felicidade de divulgar notícias como esta. E lembrar para os demais vereadores que a responsabilidade é de todos. O esporte é uma forma de cultura e lazer que beneficia toda a população. O apoio ao Clube Vitória da Conquista é um exemplo de como podemos valorizar o nosso futebol e a nossa cidade. Parabéns ao vereador Chico Estrela pela sua atitude cidadã e pelo seu amor ao esporte.


ARTIGO - Lula cancela viagem e convoca militares após revelação de envolvimento de alto escalão em golpe. (Padre Carlos)

 



Alto oficial  do Exército envolvido na trama do golpe

 

 


Em um dia tenso e politicamente carregado em Brasília, o presidente Lula da Silva cancelou abruptamente uma viagem que deveria fazer para dois estados nas regiões centro-oeste e norte do Brasil na sexta-feira. Em vez disso, convocou uma reunião de emergência com o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, e o comandante do Exército, general Tomás Miguel Ribeiro Paiva. O motivo do cancelamento e da urgência do encontro foi uma matéria da revista "Veja", que revela o envolvimento de um alto oficial do Estado-Maior do Exército em uma trama armada em dezembro passado para impedir que o presidente eleito Lula da Silva assumisse cargo e manter o candidato derrotado, Jair Bolsonaro, no poder.

A existência de uma conspiração envolvendo pessoas próximas a Jair Bolsonaro, incluindo militares aposentados e da ativa em cargos políticos no governo, com o objetivo de realizar um golpe de Estado não é inteiramente nova. O jornal Correio da Manhã, por exemplo, já noticiava no dia 5 de maio o envolvimento do ajudante de campo de Bolsonaro, tenente-coronel da ativa Mauro Cid, na preparação dessa ruptura antidemocrática. No entanto, a recente revelação da revista causou grande alvoroço em Brasília devido à descoberta do envolvimento de outro oficial de alta patente da ativa do Exército, o coronel Jean Lawand Júnior, que ocupa cargo no Estado-Maior. Nas mensagens divulgadas pela publicação, Lawand pressiona Cid a apressar a execução de um golpe para "salvar" o Brasil de Lula.

Lawand, militar de destacada carreira nas Forças Armadas, ainda hoje participa das reuniões do alto comando do Exército, coordenando o Gabinete de Projetos Especiais do Exército. Recentemente, ele também foi nomeado para um cargo importante em Washington, DC, representando o Brasil em um projeto relacionado a mísseis, sua área de especialização. Essa revelação causou grande preocupação e irritação ao presidente Lula, levando-o a cancelar todos os compromissos do dia e convocar Múcio e Tomás Paiva.

O ministro e o general, que participavam de um evento militar em Brasília, saíram às pressas antes de seu término e se reuniram com o presidente Lula por mais de uma hora e meia. Lula, visivelmente agitado, exigiu medidas decisivas e urgentes contra Lawand, a quem considerava uma grande ameaça à estabilidade das Forças Armadas e à democracia devido ao seu cargo de alto escalão no Exército.

Em resposta à ordem do presidente, o Exército anunciou horas depois o cancelamento da nomeação de Lawand para o cargo nos Estados Unidos. Este é um movimento significativo, considerando a relutância e lentidão habituais do Exército em punir os oficiais. Além disso, foi revelado no final da tarde que uma investigação interna já havia sido iniciada contra o coronel. A investigação se concentra em suas mensagens trocadas com o ajudante de campo de Bolsonaro, nas quais Lawand não só defende um golpe de estado como também incentiva uma insurreição militar contra os generais de alta patente do Exército caso eles não apoiassem o projeto de transformar Bolsonaro em um ditador e mantê-lo no poder indefinidamente.

Este último desenvolvimento lança luz sobre a situação política precária no Brasil, onde as instituições democráticas estão sob ameaça de conspirações dentro das fileiras militares. A pronta resposta e a determinação do presidente Lula em enfrentar o assunto de frente demonstram seu compromisso com a defesa da democracia e a manutenção da estabilidade das Forças Armadas do país. À medida que as investigações avançam e as ações são tomadas, é crucial que o Brasil restaure a confiança em suas instituições democráticas e garanta que tais tentativas de minar o estado de direito e a vontade do povo recebam as devidas consequências.


ARTIGO - Um legado de amor e saudade: A história emocionante de Edézio. (Padre Carlos)

 


Memórias que aqueceram a alma

 


 

 

Hoje acordei com uma saudade do meu pai. Faz vinte e cinco anos que ele partiu. Não é fácil falar de Edézio, devido à sua dependência do álcool, apesar de não saber que era doente. Esse problema, junto com sua falta de instrução e uma cultura rígida, fizeram com que não entendêssemos algumas situações. Mas hoje vou falar do Edézio que conheci e aprendi a amar.

Meu pai era muito carinhoso e isso foi se revelando quando ele foi envelhecendo. Ainda jovem, permaneceu ao lado da mãe, só saindo de perto dela quando ela faleceu. Ele sofreu muito com a sua perda e viajou para São Paulo. Estamos falando do início da década de cinquenta. E apesar de poucos se lembrarem, nesse período houve uma seca muito grande no Nordeste brasileiro, e a fome assolava os municípios nordestinos. Nessa época ele deveria ter uns vinte e cinco anos. Como um bom baiano, sofreu muito com o frio, pois no início ficou trabalhando em São Bernardo do Campo e só não retornou logo porque um amigo o convidou para trabalhar em Santos. Ali ele se adaptou muito bem. Lembro como hoje dele falando que morava perto do campo da Portuguesa Santista. Ele me confidenciou muitas coisas que viveu nessa época.

Mas a saudade da Bahia era grande e ele voltou. Naquela época a viagem era de trem. Ele fazia a rota de São Paulo a São Roque, no Paraguaçu. No retorno um amigo que estava também retornando foi roubado. Então ele e os colegas fizeram uma vaquinha e deram ao companheiro que pode chegar a casa dele com algo para comer. Retornando à Bahia foi vender pão em Itaparica, corria todo o povoado da ilha com um balaio de pão na cabeça. Mas ele queria mesmo era ir para Salvador, parece que o destino o chamava para ele cumprir a sua missão.

Foi então que surgiu a oportunidade de trabalhar no Instituto de Cegos, onde havia uma fábrica de vassouras que era administrada pelas irmãs da congregação mercedária.  Curiosamente, minha mãe era uma noviça dessa congregação, e o destino os uniu. Eles se conheceram e foram morando juntos no bairro da Vasco da Gama.

Nesse período, minha tia Domingas, que também tinha ingressado no convento junto com minha mãe, residia na casa das freiras na Pituba. Ela intercedeu junto à superiora para ajudar Edézio a encontrar um lugar para ficar. Assim, ele passou a cuidar da casa de Dona Lavínia e Jaime Machado, na Pituba, encontrando um lar e uma família que o acolheu. Eu acredito que meu pai não entrou na justiça contra esta família, porque foi acolhido no momento que mais precisava.


ARTIGO - Pastor incita evangélicos a pedirem a Deus que arrebente a mandíbula de Lula. (PadreCarlos)

 

O apelo do “Pastor”





O papel do líder religioso é fundamental para a formação de valores éticos e morais na sociedade. Infelizmente, nem sempre esses líderes agem de forma condizente com os princípios que pregam. Um exemplo disso é o caso do pastor Anderson Silva, líder da Igreja Vivo Por Ti, de Brasília, que fez um apelo chocante em um podcast divulgado no Youtube.

No podcast em questão, o pastor incitou os evangélicos a pedirem a Deus que arrebente a mandíbula do ex-presidente Lula. Tal declaração é inaceitável e fere profundamente os valores de amor e respeito ao próximo pregados pela religião cristã.

É preciso lembrar que a liberdade de expressão não é absoluto e deve estar sempre pautada no respeito aos direitos humanos e à dignidade das pessoas. O pastor Anderson Silva, ao fazer um apelo tão violento, desrespeitou esses princípios fundamentais.

A religião tem um papel importante na formação da sociedade e deve ser utilizada para promover a paz, a tolerância e o amor ao próximo. O discurso de ódio, como o proferido pelo pastor Anderson Silva, só gera divisão e violência, e não contribui para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.

Por isso, é fundamental que as lideranças religiosas sejam responsáveis em suas falas e ações, sempre pautadas nos valores cristãos de amor e respeito ao próximo. Incitar a violência e o ódio não é uma atitude condizente com a mensagem de Jesus Cristo, que pregou a paz e o amor entre os homens.

Em suma, é preciso repudiar veementemente o discurso de ódio proferido pelo pastor Anderson Silva e lembrar que a religião não deve ser utilizada como instrumento de violência e intolerância. É preciso promover a união e o amor entre as pessoas, independentemente de suas crenças políticas ou religiosas.

 

sexta-feira, 16 de junho de 2023

 


ARTIGO - Comemorando 100 mil acessos em nosso blog. (Padre Carlos)



A espora do conhecimento




     Caro(a) leitor(a), hoje estamos em festa! É com grande alegria que anunciamos que nosso blog ultrapassou a marca dos 100 mil acessos. Essa conquista é motivo de celebração, pois representa não apenas um número expressivo, mas também o reconhecimento do trabalho árduo e dedicado de todos os envolvidos.

     Nosso blog nasceu há quatro anos, com o objetivo de divulgar e debater as questões da filosofia política, uma área de estudo que se dedica a questionar, problematizar e tentar entender as diversas questões políticas que permeiam o convívio social. Acreditamos que a filosofia política é uma ferramenta essencial para compreender e transformar a realidade em que vivemos, pois ela nos ajuda a pensar criticamente sobre conceitos como Estado, governo, justiça, liberdade, democracia, direitos humanos e cidadania.

     Os artigos que publicamos são fruto de quarenta e cinco anos de militância política e social, bem como de pesquisa acadêmica e leitura constante dos grandes pensadores da filosofia política, desde os clássicos como Platão, Aristóteles, Maquiavel e Rousseau, até os contemporâneos como Marx, Foucault, Habermas e Derrida. Todos eles nos inspiram e nos desafiam a pensar por nós mesmos e a buscar novas formas de entender e atuar no mundo.

       Escrever não é fácil, isso todo mundo já está cansado de saber, principalmente quando nos propomos a certos assuntos como: filosofia, teologia, antropologia e história; buscando assim com este trabalho uma abordagem conjuntural. Mesmo sabendo de todas estas dificuldades, não desistimos nem nos intimidamos de colocar no papel nossos sentimentos e as felicidades e dores de todos aqueles que estão precisando de alguém que possa traduzir.

     Assim, aprendemos que as dificuldades de escrever e entender o inconsciente de um povo fazem parte dessas pessoas que se propõem a mergulhar cada vez mais neste mundo das ideias e só assim poderão se sentir um verdadeiro artesão das palavras e conseguir de forma precisa interpretar as alegrias e tristezas de um povo marcado pelo sofrimento e esquecido pelos poderes públicos e pelo estado brasileiro.

     Assim, acreditamos ter deixado claro o nosso objetivo. Sabemos que escrevendo sobre a conjuntura política e levantando as questões filosóficas que estejam relacionadas com o nosso dia-a-dia, podemos quem sabe envolver esta juventude dentro deste contexto político e filosófico da melhor forma possível. Desta forma, procuramos apresentar às pessoas que não conhecem o submundo da militância e desconhecem a linguagem aplicada e a escrita engajada vivenciando este universo.

         A ideia de uma espora surgiu das leituras de Aristóteles, ele nos lembra do conceito de animal político e nos remete ao estímulo que faz o animal sair de sua inércia. Ah! Se nós pudéssemos de alguma forma no campo das ideias esporar, estimular, avivar, espicaçar, incitar encorajar e desta forma encorajar a todos que queiram nos honrar com suas atentas leituras, temos certeza que seríamos a espora do conhecimento.

       O que nós desejamos mesmo é provocar reações no leitor capaz de sair da inércia política e se envolver com a luta por um mundo melhor. Só poderíamos assim entender o que queria dizer aquele antigo compositor cearense, que um pouco nos deixou: “Não me peça que eu lhe faça / Uma canção como se deve / Correta, branca, suave / Muito limpa, muito leve / Sons, palavras, são navalhas / E eu não posso cantar como convém / Sem querer ferir ninguém” (Belchior).

     Por isso, queremos agradecer a você, leitor(a), que nos acompanha e nos incentiva com seus comentários, críticas e sugestões. Você é a razão de ser do nosso blog e o motivo de nossa satisfação. Esperamos continuar contando com sua presença e sua participação em nosso espaço de reflexão e diálogo. Juntos, podemos fazer a diferença e contribuir para uma sociedade mais justa, democrática e solidária.

Um forte abraço,

Equipe do blog 

ARTIGO - Lúcia Rocha pode representar um fator de equilíbrio ou de desequilíbrio nas eleições municipais de 2024. (Padre Carlos)

 

Os votos de Lúcia Rocha podem ser decisivos para definir as eleições do ano que vem.

 

 


 

Hoje me lembrei de Pirro, um general grego, que disse ao ganhar a Batalha do Ásculo (279 a.C.) que outra vitória daquela e ele estaria perdido. Referia-se ao alto número de soldados mortos e de não ter mais onde recrutá-los. Este fato histórico me lembrou de Lula e do PT, nesta ultima eleição. Apesar de ter derrotado Bolsonaro por uma margem muito pequena, podemos dizer que este mérito não é apenas do Partido dos Trabalhadores e da esquerda brasileira, estes agrupamentos tem o dever de dividir esta façanha com o centro e a direita democrática. Foi necessária uma frente democrática para derrotar a ultradireita nestas eleições.

Mas, como o que “importa mesmo é não ser derrotado”, que os vencedores comemorem: às suas conquistas mesmo que elas pareçam frágeis, coloca os agentes do campo progressistas como protagonista do processo político. Aquele “antigo compositor baiano” segue tendo razão, pois “é preciso estar atento e forte, não temos tempo de temer a morte”.

Confesso que minhas preocupação em relação ao processo eleitoral em Vitória da Conquista se deva por entender que é semelhante o processo e se não temos Lula no Planalto de Conquista, precisamos discernir e buscar as alianças necessárias para ganhar as eleições.

Quem conhece nossas elites e as  nossas culturas política sabe que ela não é nada democrática e neste  período costuma vir à tona todos os medos e preconceito das elites locais. Então, farei breve avaliação das forças em disputas e tratarei de perspectivas futuras. Peço-lhe apenas, caro leitor, que não desconsidere que a análise é de momento, pois a política eleitoral é semelhante  as nuvens, dança ao sabor do vento.

Segundo os resultados do primeiro turno das eleições presidenciais de 2022 a cidade deu uma ampla vantagem para Lula (PT), que obteve 55,40% dos votos válidos, contra 36,55% de Jair Bolsonaro (PL). Para o cargo de governador da BA, ACM Neto (UNIÃO) liderou com 46,89% dos votos válidos, seguido por Jerônimo (PT), com 37,95%, No segundo turno, Lula ampliou sua vantagem para 58,31%, enquanto ACM Neto também se manteve na frente com 59,05%.

Diante desse cenário, pode-se dizer que Vitória da Conquista não tem espaço para uma terceira via na disputa presidencial ou estadual, pois os eleitores já demonstraram uma preferência clara pelos candidatos do PT e do UNIÃO. No entanto, isso não significa que os votos de Lúcia Rocra, caso confirme sua candidatura a prefeita da cidade, serão irrelevantes. Pelo contrário, eles podem ser decisivos para definir as eleições do ano que vem. Isso porque existe um eleitorado que se comporta de forma flutuante e que segue algumas lideranças na cidade. Esses eleitores podem ser influenciados por Lúcia Rocra,(MDB) que tem uma trajetória política solida e tem densidade eleitoral.  Além disso, ela pode atrair os votos dos eleitores insatisfeitos com a gestão municipal ou com os candidatos do PT e do UNIÃO.

Portanto, a candidatura de Lúcia Rocra pode representar um fator de equilíbrio ou de desequilíbrio nas eleições municipais de 2024. Ela pode tanto ajudar a consolidar a vitória de um dos candidatos majoritários, quanto provocar uma surpresa e levar a disputa para o segundo turno. Tudo vai depender da capacidade dela de dialogar com os diferentes segmentos da sociedade conquistense e de apresentar propostas que atendam às demandas da população.

 


ARTIGO - A Arte de Compartilhar a Humanidade através da Escrita. (Padre Carlos)

 


A escrita como conexão



    Em um mundo onde as memórias são digitais, as mensagens são instantâneas e as redes sociais são onipresentes, a escrita ganhou um novo sentido para mim. Escrever virou uma forma de preservar as recordações, de registrar os momentos efêmeros e de dividir as emoções com os meus amigos, parentes e leitores. Nessa teia de palavras e sentimentos, eu descobri que a escrita não é só uma atividade solitária, mas também uma forma de me conectar com os outros. 

     Eu confesso a vocês que tinha pavor de escrever. Por isso, quando decidi pegar a caneta e o papel, não foi para me exibir ou mostrar minhas habilidades literárias, mas para encontrar uma forma de documentar minha existência, de dizer o que estava sentindo.               Assim, escrever virou uma forma de me revelar, de abrir as portas do meu coração e deixar que as palavras fluíssem livremente. Como eu poderia falar da Pituba ou dos amigos da infância de outra forma? Mesmo quando as palavras ficavam confusas, desajeitadas, eu tentava escrever sobre a minha juventude, sobre os amigos do Nordeste de Amaralina, sobre o PCdoB e o PT. Não me importava se minha escrita era perfeita, pois ela não tinha essa pretensão. Era só uma forma de expressão, um canal para transmitir o que senti e vivi nesses anos de chumbo. 

     Eu me fortaleci ao descobrir que a linguagem podia ser para mim uma arma ou uma ferramenta poderosa. É por meio dela que eu tento dar sentido ao amor, à saudade, à alegria e à dor do menino Bel. Não existem palavras que possam abrir essas emoções completamente complexas, mas a escrita me permitiu criar uma ponte, uma conexão com o Mosteiro de São Bento e com o Mosteiro de Taizé, com a filosofia e a teologia. Mesmo que eu esteja separado por distâncias físicas ou emocionais, as palavras escritas têm o poder de me aproximar de Santo Antônio ou de Salvador. Como diz o poeta: com um risco no papel, viajo de um lado para o outro. 

       Por meio da escrita, eu posso compartilhar minha trajetória, minhas experiências e minhas reflexões com o mundo. Eu posso capturar momentos como o teológico em Belo Horizonte, preservá-los em letras e permitir que outros os vivenciem também. A escrita transcende o tempo e o espaço, permitindo que as histórias sejam contadas e que as conexões sejam sustentáveis mesmo quando os protagonistas estão distantes. 

        Escrever é um ato de coragem. É mergulhar fundo nos nossos pensamentos e emoções, revelando partes de nós mesmos que talvez nunca tivéssemos coragem de revelar se não fosse dessa forma. É também um ato de vulnerabilidade, pois ao expor minhas palavras pelo mundo, estou sujeito a críticas e incompreensões. Mas mesmo assim, a escrita vale a pena. Ela me dá a oportunidade de poder me conectar com pessoas que talvez nunca tivesse oportunidade de conhecer ou de encontrar conforto em histórias que ecoam dentro de nós e de deixar uma marca duradoura em um mundo efêmero. 

     Eu escrevi para não esquecer, para não perder o fio da memória. Eu escrevi para não deixar que o tempo apagasse as marcas. Eu escrevi para me conectar com outros corações, para trazer proximidade à distância. E, acima de tudo, eu escrevi porque descobri que as palavras têm o poder de transformar, curar e inspirar. E assim, na medida em que minhas palavras encontram os olhos e corações dos outros, percebo que a escrita é muito mais do que uma simples forma de comunicação. É uma forma de compartilhar a minha humanidade.

ARTIGO - A geração que fez a diferença! (Padre Carlos)

A geração que fez a diferença!      Decorridos tantos anos do fim da ditadura, observa-se que a geração da utopia está partindo e a nova...