Alto
oficial do Exército envolvido na trama do
golpe
Em um dia tenso e politicamente carregado
em Brasília, o presidente Lula da Silva cancelou abruptamente uma viagem que
deveria fazer para dois estados nas regiões centro-oeste e norte do Brasil na
sexta-feira. Em vez disso, convocou uma reunião de emergência com o ministro da
Defesa, José Múcio Monteiro, e o comandante do Exército, general Tomás Miguel
Ribeiro Paiva. O motivo do cancelamento e da urgência do encontro foi uma
matéria da revista "Veja", que revela o envolvimento de um alto
oficial do Estado-Maior do Exército em uma trama armada em dezembro passado
para impedir que o presidente eleito Lula da Silva assumisse cargo e manter o
candidato derrotado, Jair Bolsonaro, no poder.
A existência de uma conspiração envolvendo
pessoas próximas a Jair Bolsonaro, incluindo militares aposentados e da ativa
em cargos políticos no governo, com o objetivo de realizar um golpe de Estado
não é inteiramente nova. O jornal Correio da Manhã, por exemplo, já noticiava
no dia 5 de maio o envolvimento do ajudante de campo de Bolsonaro,
tenente-coronel da ativa Mauro Cid, na preparação dessa ruptura
antidemocrática. No entanto, a recente revelação da revista causou grande
alvoroço em Brasília devido à descoberta do envolvimento de outro oficial de
alta patente da ativa do Exército, o coronel Jean Lawand Júnior, que ocupa
cargo no Estado-Maior. Nas mensagens divulgadas pela publicação, Lawand
pressiona Cid a apressar a execução de um golpe para "salvar" o
Brasil de Lula.
Lawand, militar de destacada carreira nas
Forças Armadas, ainda hoje participa das reuniões do alto comando do Exército,
coordenando o Gabinete de Projetos Especiais do Exército. Recentemente, ele
também foi nomeado para um cargo importante em Washington, DC, representando o
Brasil em um projeto relacionado a mísseis, sua área de especialização. Essa
revelação causou grande preocupação e irritação ao presidente Lula, levando-o a
cancelar todos os compromissos do dia e convocar Múcio e Tomás Paiva.
O ministro e o general, que participavam de
um evento militar em Brasília, saíram às pressas antes de seu término e se
reuniram com o presidente Lula por mais de uma hora e meia. Lula, visivelmente
agitado, exigiu medidas decisivas e urgentes contra Lawand, a quem considerava
uma grande ameaça à estabilidade das Forças Armadas e à democracia devido ao
seu cargo de alto escalão no Exército.
Em resposta à ordem do presidente, o
Exército anunciou horas depois o cancelamento da nomeação de Lawand para o
cargo nos Estados Unidos. Este é um movimento significativo, considerando a
relutância e lentidão habituais do Exército em punir os oficiais. Além disso,
foi revelado no final da tarde que uma investigação interna já havia sido
iniciada contra o coronel. A investigação se concentra em suas mensagens
trocadas com o ajudante de campo de Bolsonaro, nas quais Lawand não só defende
um golpe de estado como também incentiva uma insurreição militar contra os
generais de alta patente do Exército caso eles não apoiassem o projeto de
transformar Bolsonaro em um ditador e mantê-lo no poder indefinidamente.
Este último desenvolvimento lança luz sobre
a situação política precária no Brasil, onde as instituições democráticas estão
sob ameaça de conspirações dentro das fileiras militares. A pronta resposta e a
determinação do presidente Lula em enfrentar o assunto de frente demonstram seu
compromisso com a defesa da democracia e a manutenção da estabilidade das
Forças Armadas do país. À medida que as investigações avançam e as ações são
tomadas, é crucial que o Brasil restaure a confiança em suas instituições
democráticas e garanta que tais tentativas de minar o estado de direito e a
vontade do povo recebam as devidas consequências.
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