sábado, 17 de junho de 2023

ARTIGO - Lula cancela viagem e convoca militares após revelação de envolvimento de alto escalão em golpe. (Padre Carlos)

 



Alto oficial  do Exército envolvido na trama do golpe

 

 


Em um dia tenso e politicamente carregado em Brasília, o presidente Lula da Silva cancelou abruptamente uma viagem que deveria fazer para dois estados nas regiões centro-oeste e norte do Brasil na sexta-feira. Em vez disso, convocou uma reunião de emergência com o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, e o comandante do Exército, general Tomás Miguel Ribeiro Paiva. O motivo do cancelamento e da urgência do encontro foi uma matéria da revista "Veja", que revela o envolvimento de um alto oficial do Estado-Maior do Exército em uma trama armada em dezembro passado para impedir que o presidente eleito Lula da Silva assumisse cargo e manter o candidato derrotado, Jair Bolsonaro, no poder.

A existência de uma conspiração envolvendo pessoas próximas a Jair Bolsonaro, incluindo militares aposentados e da ativa em cargos políticos no governo, com o objetivo de realizar um golpe de Estado não é inteiramente nova. O jornal Correio da Manhã, por exemplo, já noticiava no dia 5 de maio o envolvimento do ajudante de campo de Bolsonaro, tenente-coronel da ativa Mauro Cid, na preparação dessa ruptura antidemocrática. No entanto, a recente revelação da revista causou grande alvoroço em Brasília devido à descoberta do envolvimento de outro oficial de alta patente da ativa do Exército, o coronel Jean Lawand Júnior, que ocupa cargo no Estado-Maior. Nas mensagens divulgadas pela publicação, Lawand pressiona Cid a apressar a execução de um golpe para "salvar" o Brasil de Lula.

Lawand, militar de destacada carreira nas Forças Armadas, ainda hoje participa das reuniões do alto comando do Exército, coordenando o Gabinete de Projetos Especiais do Exército. Recentemente, ele também foi nomeado para um cargo importante em Washington, DC, representando o Brasil em um projeto relacionado a mísseis, sua área de especialização. Essa revelação causou grande preocupação e irritação ao presidente Lula, levando-o a cancelar todos os compromissos do dia e convocar Múcio e Tomás Paiva.

O ministro e o general, que participavam de um evento militar em Brasília, saíram às pressas antes de seu término e se reuniram com o presidente Lula por mais de uma hora e meia. Lula, visivelmente agitado, exigiu medidas decisivas e urgentes contra Lawand, a quem considerava uma grande ameaça à estabilidade das Forças Armadas e à democracia devido ao seu cargo de alto escalão no Exército.

Em resposta à ordem do presidente, o Exército anunciou horas depois o cancelamento da nomeação de Lawand para o cargo nos Estados Unidos. Este é um movimento significativo, considerando a relutância e lentidão habituais do Exército em punir os oficiais. Além disso, foi revelado no final da tarde que uma investigação interna já havia sido iniciada contra o coronel. A investigação se concentra em suas mensagens trocadas com o ajudante de campo de Bolsonaro, nas quais Lawand não só defende um golpe de estado como também incentiva uma insurreição militar contra os generais de alta patente do Exército caso eles não apoiassem o projeto de transformar Bolsonaro em um ditador e mantê-lo no poder indefinidamente.

Este último desenvolvimento lança luz sobre a situação política precária no Brasil, onde as instituições democráticas estão sob ameaça de conspirações dentro das fileiras militares. A pronta resposta e a determinação do presidente Lula em enfrentar o assunto de frente demonstram seu compromisso com a defesa da democracia e a manutenção da estabilidade das Forças Armadas do país. À medida que as investigações avançam e as ações são tomadas, é crucial que o Brasil restaure a confiança em suas instituições democráticas e garanta que tais tentativas de minar o estado de direito e a vontade do povo recebam as devidas consequências.


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