sexta-feira, 14 de julho de 2023

ARTIGO - Governo brasileiro extingue programa de escolas cívico-militares: Educação ou Doutrinação? (Padre Carlos)

 

 

 

Governo brasileiro extingue programa de escolas cívico-militare


 


 

       Nos últimos anos, o debate em torno do modelo de escolas cívico-militares no Brasil tem sido acalorado. Defendido pelo Presidente Jair Bolsonaro como uma solução para a melhoria da qualidade da educação, o programa foi alvo de críticas de especialistas em educação e de parte da sociedade civil. Agora, o Governo brasileiro decidiu extinguir o programa, uma decisão louvável que merece ser analisada sob uma perspectiva crítica.

       Uma das principais críticas levantadas contra as escolas cívico-militares é o argumento de que elas não educam, mas sim doutrinam os estudantes. Essa preocupação não é infundada, uma vez que a presença militar no ambiente escolar pode criar um clima de disciplina rígida e autoritarismo, limitando a liberdade de expressão e o livre pensamento, fundamentais para o desenvolvimento de cidadãos críticos e criativos.

       A educação de qualidade deve ir além da transmissão de conteúdos e deve estimular a formação integral dos estudantes. Nesse sentido, a implementação de escolas de tempo integral se apresenta como uma alternativa mais promissora. Com uma carga horária estendida, é possível oferecer aos alunos atividades extracurriculares, como esportes, artes e projetos sociais, que contribuem para o desenvolvimento de habilidades socioemocionais, tão importantes para o enfrentamento dos desafios da vida adulta.

       Além disso, é necessário que as escolas sejam espaços onde o pensamento crítico e a liberdade de expressão sejam valorizados. A diversidade de ideias e a possibilidade de discordância são fundamentais para a construção de uma sociedade democrática e plural. Infelizmente, a estrutura rígida e hierarquizada das escolas cívico-militares pode limitar a capacidade dos estudantes de questionar, refletir e criar novas ideias.

       Outro ponto a se considerar é a competência dos profissionais envolvidos na educação. Embora os militares desempenhem um papel importante na defesa e segurança do país, sua formação e expertise estão voltadas para essa área específica. Ser professor requer habilidades pedagógicas, conhecimento didático e sensibilidade para lidar com as necessidades educacionais dos estudantes. Misturar as funções militares e educacionais pode comprometer a qualidade do ensino oferecido.

       Ao extinguir o programa de escolas cívico-militares, o governo brasileiro demonstra um reconhecimento importante: a necessidade de promover uma educação que forme cidadãos autônomos, críticos e capazes de participar ativamente na sociedade. É preciso buscar alternativas que valorizem a educação integral, a liberdade de expressão e o livre pensamento, elementos essenciais para o desenvolvimento de uma sociedade mais justa e democrática.

       Embora alguns estados ainda pretendam dar continuidade ao programa de escolas cívico-militares, é importante questionar se essa é realmente a melhor abordagem para a educação no Brasil. É necessário investir em políticas públicas que fortaleçam a educação em tempo integral, proporcionem espaços de debate e reflexão e valorizem os professores como protagonistas do processo educativo.

       É chegada a hora de repensarmos o modelo educacional brasileiro, buscando uma formação que vá além da mera transmissão de conhecimentos. O futuro do país depende de uma educação de qualidade, que promova a liberdade, a diversidade de pensamento e a capacidade de inovação. A extinção do programa de escolas cívico-militares é um passo na direção certa, mas ainda há muito a ser feito para transformar a educação brasileira em uma verdadeira ferramenta de desenvolvimento humano e social.







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ARTIGO - Não se nasce velho: O poder da liberdade na construção da identidade na terceira idade. (Padre Carlos)

 

 Além das rugas: Desafiando os estereótipos  da velhice




     Simone de Beauvoir, uma das principais expoentes do existencialismo, traz à tona uma reflexão profunda sobre a condição feminina e a liberdade da mulher. Sua famosa frase "Não se nasce mulher: torna-se" destaca que o gênero feminino não é meramente determinado pela biologia, mas sim pela experiência social e histórica, pela vivência e pela capacidade de se assumir como sujeito.

    No entanto, essa reflexão não se limita apenas à questão de gênero. É possível aplicar o mesmo princípio à noção de envelhecimento. Da mesma forma que não se nasce mulher, também não se nasce velho, torna-se velho. A idade cronológica não é o fator determinante para definir a condição de ser velho, mas sim a situação existencial e pessoal, a vivência e a liberdade de cada indivíduo.

     É comum que, ao chegarmos à velhice, tenhamos a sensação de que não envelhecemos, pois ainda nos sentimos jovens de espírito, com energias e vontades. No entanto, é importante compreender que o envelhecimento é um processo natural e inevitável. O passado desempenha um papel importante em nossa formação, sendo uma referência que nos projeta para o futuro. No entanto, não devemos nos limitar a ele.

    O passado, com todas as suas experiências, conhecimentos e limitações, deve servir como um ponto de partida para alçarmos voos mais altos, para superarmos nossas próprias barreiras e nos reinventarmos a cada dia. Não devemos nos tornar escravos do nosso passado, mas sim utilizá-lo como base para construir um futuro de liberdade e realização.

     A liberdade na velhice é o espaço que criamos para além das circunstâncias que nos rodeiam. É a capacidade de olhar para além das nossas expectativas e desafiar os estereótipos impostos pela sociedade em relação à idade. É reconhecer que, mesmo com o passar dos anos, continuamos a ter potenciais a serem explorados e sonhos a serem realizados.

      A velhice não deve ser encarada como um declínio, mas como uma etapa da vida em que podemos nos reinventar, desenvolver novos interesses, buscar novos aprendizados e contribuir de maneiras diferentes para a sociedade. É a oportunidade de assumirmos nosso papel como seres autônomos e ativos, capazes de fazer escolhas conscientes e viver de forma autêntica.

        Portanto, é fundamental que cada um de nós reconheça a importância de criar um espaço de liberdade para além do nosso passado. Devemos nos libertar das amarras que o tempo impõe e abraçar a oportunidade de viver plenamente, explorando nossas potencialidades, desafiando as limitações e construindo um futuro que seja verdadeiramente nosso.

    Assim como Simone de Beauvoir nos convidou a repensar o papel da mulher na sociedade, também devemos repensar o papel do idoso, reconhecendo-o como um sujeito ativo, capaz de transformar sua própria realidade e contribuir de forma significativa para o mundo ao seu redor.

        A velhice não é apenas uma fase de vida, mas uma oportunidade de crescimento, de descoberta e de plenitude. Cabe a cada um de nós assumir esse papel com consciência, responsabilidade e autenticidade, construindo um futuro que reflita nossas aspirações e potenciais, independentemente da idade que tenhamos alcançado.

   Não nascemos velhos, nos tornamos velhos. E é nesse processo de tornar-se que encontramos a verdadeira essência da vida e a liberdade para sermos quem quisermos, ocupando nosso espaço no mundo com dignidade e propósito.






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quinta-feira, 13 de julho de 2023

ARTIGO - Professor Mozart Tanajura Júnior: O Álvaro de Campos da Atualidade. (Padre Carlos)

 

Os traços modernistas e as marcas futuristas do Professor Mozart 





   Na vasta paisagem intelectual, encontramos figuras que transcendem as fronteiras de uma única área de conhecimento, deixando uma marca indelével em diversos campos. O Professor Mozart Tanajura Júnior, assim como o poeta Álvaro de Campos, é um desses raros fenômenos. Sua trajetória como um estudioso da Filosofia e das Letras o aproxima do personagem icônico criado por Fernando Pessoa, sendo um verdadeiro espelho do seu tempo.

      Assim como Campos, o Professor Tanajura demonstra uma perspectiva única e inovadora sobre a sociedade e a cultura contemporâneas. Sua maestria nas áreas da Filosofia e das Letras permite-lhe explorar as complexidades do mundo atual, assim como o poeta da modernidade capturou a essência de sua própria época.

    Com um profundo conhecimento filosófico, o Professor Tanajura desafia as convenções estabelecidas, buscando interpretar o mundo de forma crítica e criativa. Sua abordagem transcende os limites disciplinares, assim como Álvaro de Campos rompeu com as tradições poéticas do passado. Ambos exploram a experimentação e a liberdade de expressão em suas respectivas áreas de atuação.

           Enquanto Álvaro de Campos exaltava o culto à máquina e à velocidade, o Professor Tanajura mergulha nas questões da pós-modernidade, analisando as transformações sociais, culturais e tecnológicas que moldam o mundo contemporâneo. Ele investiga as relações humanas, a influência dos avanços tecnológicos e a fluidez das identidades em um contexto cada vez mais globalizado.

           Assim como o sensacionismo permeia a poesia de Campos, a obra do Professor Tanajura é marcada por uma busca incessante pela compreensão das sensações humanas e sua relação com a sociedade. Ele nos convida a refletir sobre a intensidade e a vivacidade das experiências cotidianas, explorando as emoções e os impactos das mudanças aceleradas do mundo moderno.

    Além disso, o Professor Tanajura compartilha com Álvaro de Campos a capacidade de expressar melancolia e desencanto perante a contemporaneidade. Ambos observam a fluidez e a incerteza do mundo ao seu redor, e encontram nas palavras e nas ideias um refúgio para compreender e lidar com a complexidade da existência.

          No entanto, é importante ressaltar que, assim como Campos encontrou seu veículo de expressão na poesia, o Professor Tanajura encontra na Filosofia e nas Letras seus instrumentos de análise e crítica. Sua habilidade em transitar por diferentes campos do conhecimento permite-lhe abordar questões essenciais com profundidade e perspicácia, enriquecendo o diálogo entre a filosofia, a literatura e a contemporaneidade.

         Em suma, o Professor Mozart Tanajura Júnior emerge como um Álvaro de Campos da atualidade, cujo olhar penetrante e aguçado nos convida a refletir sobre as complexidades e os desafios do mundo contemporâneo. Sua maestria na Filosofia e nas Letras o coloca em posição privilegiada para interpretar e analisar a sociedade e a cultura atuais, revelando-nos novas perspectivas e estimulando nosso pensamento crítico.

       Assim como Álvaro de Campos é um ícone da poesia moderna, o Professor Tanajura é uma figura intelectual cujo legado inspira e instiga o debate em diversos campos do conhecimento. Que suas palavras e ideias continuem ecoando através do tempo, desafiando-nos a compreender e enfrentar os dilemas e as potencialidades da contemporaneidade.

 






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ARTIGO - Francisco, precursor de uma reforma sinodal da Igreja. (Padre Carlos)

 


A reforma da Igreja precisa de planejamento e fortalecimento das estruturas




      A Igreja Católica é uma instituição milenar que enfrenta diversos desafios e crises ao longo da sua história. Nos últimos anos, o Papa Francisco tem se destacado como um líder carismático e reformista, que busca renovar a imagem e a missão da Igreja no mundo contemporâneo. Mas será que Francisco é o grande reformador da Igreja? Ou ele é apenas o precursor de uma mudança mais profunda e complexa que ainda está por vir?

      Neste artigo, vamos argumentar que a reforma da Igreja não se resume à figura do Papa, mas exige um planejamento estratégico e um fortalecimento das estruturas eclesiais, que garantam a continuidade e a coerência do projeto de renovação iniciado por Francisco. Afinal, se trata de uma construção de dois mil anos, que não pode ser modificada de forma precipitada ou superficial.

      O papel de Francisco como precursor da reforma

      Não há dúvida de que Francisco é um Papa diferente dos seus antecessores. Ele tem uma personalidade simples, humilde e acolhedora, que conquista a simpatia dos fiéis e dos não fiéis. Ele tem uma visão pastoral, que prioriza o diálogo, a misericórdia e a proximidade com os pobres e os excluídos. Ele tem uma agenda social, que denuncia as injustiças e as desigualdades do sistema econômico e político, e defende a ecologia integral e o cuidado com a casa comum.

      Todas essas características fazem de Francisco um Papa reformador, que busca atualizar o ensino e a prática da Igreja, em sintonia com os sinais dos tempos e as necessidades do povo de Deus. Ele também tem promovido algumas mudanças concretas na organização e na gestão da Cúria Romana, buscando torná-la mais transparente, eficiente e participativa.

      No entanto, Francisco não pode ser considerado o grande reformador da Igreja, pois ele mesmo reconhece que o seu papel é preparar o caminho para uma reforma mais ampla e profunda, que envolva toda a comunidade eclesial. Em várias ocasiões, ele afirmou que a reforma da Igreja é um processo sinodal, ou seja, um caminho conjunto de escuta, discernimento e conversão, que requer a participação ativa de todos os batizados: bispos, padres, religiosos e leigos.

      A necessidade de planejamento e fortalecimento das estruturas

      Se a reforma da Igreja é um processo sinodal, isso significa que ela não depende apenas da vontade ou da autoridade do Papa, mas também da colaboração e da corresponsabilidade de todos os membros da Igreja. Isso implica em um planejamento estratégico e em um fortalecimento das estruturas eclesiais, que possibilitem a implementação efetiva das mudanças propostas por Francisco.

      O planejamento estratégico é necessário para definir os objetivos, as prioridades, as etapas e os recursos da reforma da Igreja. Não se trata de um plano rígido ou impositivo, mas de um instrumento flexível e dinâmico, que oriente as decisões e as ações dos agentes eclesiais em vista da renovação desejada. O planejamento estratégico deve levar em conta as diferentes realidades culturais, sociais e eclesiais onde a Igreja está presente, respeitando a diversidade e a inculturação do Evangelho.

      O fortalecimento das estruturas eclesiais é necessário para garantir a continuidade e a coerência da reforma da Igreja. Não se trata de reforçar o poder ou o controle das instituições eclesiásticas, mas de torná-las mais funcionais, transparentes e participativas, ao serviço da comunhão e da missão da Igreja. O fortalecimento das estruturas eclesiais deve favorecer a sinodalidade em todos os níveis: universal, regional, nacional e local, estimulando a comunicação, a consulta e a colaboração entre os diversos sujeitos eclesiais.

      Conclusão

      A reforma da Igreja é um desafio e uma oportunidade para a Igreja Católica no século XXI. O Papa Francisco tem sido um precursor dessa reforma, com o seu testemunho e o seu magistério. Mas ele não pode realizá-la sozinho, nem pode impô-la de cima para baixo. Ele precisa do apoio e da contribuição de toda a comunidade eclesial, que deve se envolver no processo sinodal de escuta, discernimento e conversão.

      Para que a reforma da Igreja seja eficaz e duradoura, ela precisa de planejamento e fortalecimento das estruturas. Isso não significa burocratizar ou engessar a Igreja, mas sim organizar e dinamizar a sua ação, em sintonia com o Espírito Santo e com as necessidades do mundo. Afinal, se trata de uma construção de dois mil anos, que não pode ser modificada de forma precipitada ou superficial, mas sim com sabedoria e responsabilidade.

 





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ARTIGO - O Comportamento Hipócrita dos EUA em Crimes Cibernéticos. (Padre Carlos)

 

 

A Hipocrisia das Potências




        Em um mundo globalizado, a troca de informações e a segurança cibernética são questões fundamentais para qualquer nação. Recentemente, testemunhamos um exemplo claro de hipocrisia e duplo padrão por parte dos Estados Unidos da América, uma potência mundial que acusa outros países de comportamento autoritário enquanto age de forma seletiva em relação aos crimes cibernéticos. O caso envolvendo a Petrobras e o governo de Dilma Rousseff, no qual os EUA permaneceram em silêncio, contrasta fortemente com a resposta imediata que tiveram diante de hackers chineses atacando agências governamentais norte-americanas. Diante desses fatos, surge a pergunta inevitável: será que os EUA não compreendem que as ações que condenam nos outros também podem afetá-los?

    Há algum tempo, foi denunciado publicamente que órgãos de informação dos Estados Unidos estavam envolvidos no hackeamento da Petrobras e do governo de Dilma Rousseff. No entanto, a reação dos EUA a essas revelações foi notavelmente inexpressiva. Em contraste com sua postura atual em relação aos hackers chineses, o silêncio norte-americano naquela ocasião levanta sérias questões sobre sua imparcialidade e sobre a coerência de sua política externa. Como é possível acreditar que um país está acima do bem e do mal, quando escolhe quais violações condenar com base em seus interesses?

           A recente violação das contas de e-mail de agências governamentais norte-americanas por hackers chineses trouxe uma resposta completamente oposta por parte dos EUA. De repente, todos os órgãos de informação até o Congresso Norte-Americano se mobilizaram para denunciar as agressões e crimes contra seu país. Essa reação imediata e enérgica é compreensível, afinal, a segurança de qualquer nação é uma prioridade. No entanto, a falta de coerência na resposta norte-americana é evidente e alarmante.

        O ditado popular "o pau que dá em Chico dá em Francisco" é um lembrete importante da reciprocidade e responsabilidade que cada nação deve ter quando se trata de ações ilícitas, especialmente no âmbito cibernético. O comportamento dos EUA diante desses dois casos evidencia uma postura seletiva e conveniente, na qual os interesses próprios parecem ditar a resposta. É preocupante que uma potência global, que se posiciona como defensora da democracia e dos direitos humanos, falhe em cumprir com os princípios fundamentais que defende.

    A hipocrisia dos Estados Unidos da América diante de ações autoritárias no campo cibernético é um reflexo de uma realidade complexa e desafiadora. Embora seja compreensível que os governos defendam seus interesses nacionais, é fundamental lembrar que a reciprocidade e a coerência são pilares essenciais para a credibilidade de qualquer nação. A postura adotada pelos EUA, ao escolher quais violações denunciar e quais ignorar, mina sua posição moral e o papel que desempenha na comunidade internacional. Afinal, se eles esperam que o mundo os levem a sério em questões de segurança cibernética, é imprescindível que também estejam dispostos a enfrentar as consequências de suas próprias ações. Caso contrário, sua credibilidade e liderança serão prejudicadas, e a luta por um mundo mais justo e seguro se tornará apenas uma fachada vazia.

 

 


ARTIGO - Hacker de Araraquara entrega deputada Zambelli após invasão ao CNJ. (Padre Carlos)"

 

 

 

Hacker com medo de morrer, entregou Zambelli. 




 Desde que o caso veio à tona, envolvendo a invasão ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e a elaboração de uma "ordem de prisão" contra o ministro Alexandre de Moraes, a identidade por trás dessa ação parecia ser um mistério. No entanto, seis meses após o ocorrido, a autoria da invasão e da "brincadeira" foi revelada: trata-se de Walter Delgatti Neto, conhecido como o hacker de Araraquara.

    Delgatti Neto, preso por descumprir medidas cautelares que o proibiam de acessar redes sociais, foi liberado da carceragem da Polícia Federal em São Paulo por ordem judicial e agora enfrentará o processo em liberdade, com monitoramento eletrônico. Ele admitiu ter sido o autor da invasão ao CNJ, mas alega que agiu a pedido da deputada federal Carla Zambelli, do partido PL-SP, que pretendia utilizar a invasão para expor supostas fragilidades nos sistemas.

 Segundo relatos, Delgatti Neto e Zambelli estabeleceram uma aproximação antes das eleições de 2022. O hacker chegou a se encontrar com o então presidente Jair Bolsonaro e com o líder de seu partido, Valdemar da Costa Neto, em Brasília, em um encontro intermediado pela própria Zambelli. De acordo com Delgatti, ele teria sido contratado por Zambelli para prestar consultoria sobre a segurança das urnas eletrônicas, com o objetivo de respaldar as alegações de Bolsonaro sobre possíveis falhas no sistema de votação.

    No entanto, como é sabido, as urnas eletrônicas operam de forma isolada e não estão conectadas em rede, o que invalida a tentativa de provar sua fragilidade por meio da invasão ao CNJ. A invasão ao sistema do CNJ teria sido uma espécie de "prêmio de consolação" para Zambelli, que originalmente buscava que Delgatti hackeasse as urnas eletrônicas e as contas de Moraes.

   A defesa de Delgatti Neto afirma que ele teme por sua vida e, por isso, relatou as conversas com Zambelli à Polícia Federal. O hacker não descarta a possibilidade de fazer uma delação formal, o que poderia revelar detalhes sobre sua "job description" e quem era responsável por seu pagamento.

   Agora, com a menção ao nome da deputada federal, o caso subiu para o Supremo Tribunal Federal (STF), segundo seus advogados. A possível delação e o suposto "pedido de prisão" feito pelo hacker contra Moraes são questões que serão tratadas nos autos do processo.

  jiAté o momento, Zambelli alega desconhecer a história da invasão ao CNJ, mas aguardamos seu posicionamento para obter mais informações sobre o assunto.

    Este caso traz à tona a importância de investigações rigorosas e transparentes, bem como o papel das instituições responsáveis pela segurança e integridade dos sistemas e informações. A invasão ao CNJ revelou a vulnerabilidade de sistemas sensíveis e demonstrou a necessidade de medidas eficazes para proteger as instituições e combater ações ilegais.

    À medida que o caso avança e mais detalhes são revelados, é fundamental que a justiça seja feita e que todas as partes envolvidas sejam responsabilizadas de acordo com a lei. Além disso, é necessário um debate sobre a segurança cibernética e a proteção das informações em um mundo cada vez mais digitalizado, garantindo a privacidade e a integridade dos sistemas para evitar abusos e invasões indesejadas.

 

quarta-feira, 12 de julho de 2023

ARTIGO - As novas nomeações dos cardeais e o futuro da Igreja. (Padre Carlos)


Como Francisco está moldando o futuro da Igreja 

         




        O papa Francisco surpreendeu o mundo ao anunciar 21 novos cardeais, que serão nomeados em 30 de setembro. Entre eles, há três argentinos, um bispo de Hong Kong e vários chefes de departamentos do Vaticano. O que essas escolhas revelam sobre a visão e a estratégia do pontífice para a Igreja Católica? 

     Em primeiro lugar, elas mostram que Francisco quer fortalecer a sua linha pastoral, que enfatiza a misericórdia, a proximidade com os pobres e os excluídos, o diálogo ecumênico e inter-religioso e a defesa do meio ambiente. Os novos cardeais refletem essa sensibilidade e têm experiência em áreas como a doutrina, a diplomacia, a evangelização e a comunicação. 

     Em segundo lugar, elas indicam que Francisco quer ampliar a representatividade da Igreja no mundo, dando voz a regiões periféricas e marginalizadas. Dos 18 novos cardeais eleitores com direito a voto em um futuro conclave, apenas seis são europeus, enquanto os demais vêm da África, Ásia, América Latina e Oriente Médio. Além disso, alguns deles são provenientes de países onde os católicos são minoria ou enfrentam perseguição, como o Sudão do Sul, a Malásia e a China.

     Em terceiro lugar, elas sinalizam que Francisco quer preparar o terreno para uma possível sucessão, caso ele decida renunciar ou faleça. Com as novas nomeações, ele terá escolhido mais da metade dos cardeais eleitores em um eventual conclave. Isso significa que ele terá uma grande influência na escolha do próximo papa, que provavelmente seguirá a sua linha reformista e progressista.

      É claro que as nomeações dos cardeais não são definitivas e podem mudar até o dia do consistório. Além disso, elas não garantem que os novos cardeais sejam fiéis ao papa ou que concordem com todas as suas decisões. Mas elas revelam muito sobre o pensamento e o projeto de Francisco para a Igreja no século XXI: uma Igreja mais aberta, diversa e sinodal.

 


ARTIGO - A geração que fez a diferença! (Padre Carlos)

A geração que fez a diferença!      Decorridos tantos anos do fim da ditadura, observa-se que a geração da utopia está partindo e a nova...