quinta-feira, 13 de julho de 2023

ARTIGO - Francisco, precursor de uma reforma sinodal da Igreja. (Padre Carlos)

 


A reforma da Igreja precisa de planejamento e fortalecimento das estruturas




      A Igreja Católica é uma instituição milenar que enfrenta diversos desafios e crises ao longo da sua história. Nos últimos anos, o Papa Francisco tem se destacado como um líder carismático e reformista, que busca renovar a imagem e a missão da Igreja no mundo contemporâneo. Mas será que Francisco é o grande reformador da Igreja? Ou ele é apenas o precursor de uma mudança mais profunda e complexa que ainda está por vir?

      Neste artigo, vamos argumentar que a reforma da Igreja não se resume à figura do Papa, mas exige um planejamento estratégico e um fortalecimento das estruturas eclesiais, que garantam a continuidade e a coerência do projeto de renovação iniciado por Francisco. Afinal, se trata de uma construção de dois mil anos, que não pode ser modificada de forma precipitada ou superficial.

      O papel de Francisco como precursor da reforma

      Não há dúvida de que Francisco é um Papa diferente dos seus antecessores. Ele tem uma personalidade simples, humilde e acolhedora, que conquista a simpatia dos fiéis e dos não fiéis. Ele tem uma visão pastoral, que prioriza o diálogo, a misericórdia e a proximidade com os pobres e os excluídos. Ele tem uma agenda social, que denuncia as injustiças e as desigualdades do sistema econômico e político, e defende a ecologia integral e o cuidado com a casa comum.

      Todas essas características fazem de Francisco um Papa reformador, que busca atualizar o ensino e a prática da Igreja, em sintonia com os sinais dos tempos e as necessidades do povo de Deus. Ele também tem promovido algumas mudanças concretas na organização e na gestão da Cúria Romana, buscando torná-la mais transparente, eficiente e participativa.

      No entanto, Francisco não pode ser considerado o grande reformador da Igreja, pois ele mesmo reconhece que o seu papel é preparar o caminho para uma reforma mais ampla e profunda, que envolva toda a comunidade eclesial. Em várias ocasiões, ele afirmou que a reforma da Igreja é um processo sinodal, ou seja, um caminho conjunto de escuta, discernimento e conversão, que requer a participação ativa de todos os batizados: bispos, padres, religiosos e leigos.

      A necessidade de planejamento e fortalecimento das estruturas

      Se a reforma da Igreja é um processo sinodal, isso significa que ela não depende apenas da vontade ou da autoridade do Papa, mas também da colaboração e da corresponsabilidade de todos os membros da Igreja. Isso implica em um planejamento estratégico e em um fortalecimento das estruturas eclesiais, que possibilitem a implementação efetiva das mudanças propostas por Francisco.

      O planejamento estratégico é necessário para definir os objetivos, as prioridades, as etapas e os recursos da reforma da Igreja. Não se trata de um plano rígido ou impositivo, mas de um instrumento flexível e dinâmico, que oriente as decisões e as ações dos agentes eclesiais em vista da renovação desejada. O planejamento estratégico deve levar em conta as diferentes realidades culturais, sociais e eclesiais onde a Igreja está presente, respeitando a diversidade e a inculturação do Evangelho.

      O fortalecimento das estruturas eclesiais é necessário para garantir a continuidade e a coerência da reforma da Igreja. Não se trata de reforçar o poder ou o controle das instituições eclesiásticas, mas de torná-las mais funcionais, transparentes e participativas, ao serviço da comunhão e da missão da Igreja. O fortalecimento das estruturas eclesiais deve favorecer a sinodalidade em todos os níveis: universal, regional, nacional e local, estimulando a comunicação, a consulta e a colaboração entre os diversos sujeitos eclesiais.

      Conclusão

      A reforma da Igreja é um desafio e uma oportunidade para a Igreja Católica no século XXI. O Papa Francisco tem sido um precursor dessa reforma, com o seu testemunho e o seu magistério. Mas ele não pode realizá-la sozinho, nem pode impô-la de cima para baixo. Ele precisa do apoio e da contribuição de toda a comunidade eclesial, que deve se envolver no processo sinodal de escuta, discernimento e conversão.

      Para que a reforma da Igreja seja eficaz e duradoura, ela precisa de planejamento e fortalecimento das estruturas. Isso não significa burocratizar ou engessar a Igreja, mas sim organizar e dinamizar a sua ação, em sintonia com o Espírito Santo e com as necessidades do mundo. Afinal, se trata de uma construção de dois mil anos, que não pode ser modificada de forma precipitada ou superficial, mas sim com sabedoria e responsabilidade.

 





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