quinta-feira, 27 de julho de 2023

ARTIGO - Quebrando o Silêncio: Confrontando o Feminicídio e Suas Raízes Machistas. (Padre Carlos)

 


Feminicídio: um crime que não pode ser silenciado



O feminicídio é uma grave violação dos direitos humanos e um reflexo da desigualdade de gênero enraizada em nossa sociedade. Nesse sentido, é fundamental abordar as causas e consequências desse fenômeno, bem como destacar a importância de combater o descaso que o alimenta.

O aumento de feminicídios na cidade de Vitória da Conquista, na Bahia, é um grave problema social que exige atenção e ação das autoridades e da sociedade. Nos últimos meses, vários casos chocantes de violência contra mulheres foram registrados na região, como o assassinato da estudante universitária Sashira Camilly Cunha Silva, de 19 anos, que foi dopada, esfaqueada e estrangulada pelo ex-namorado e outros dois colegas de curso, que pretendiam vender o carro da vítima. Esse crime bárbaro causou revolta e comoção na população, que pede justiça e medidas efetivas para prevenir e combater o feminicídio. Segundo o Tribunal de Justiça da Bahia, um dos denunciados pelo crime teve a prisão preventiva restabelecida após recurso do Ministério Público.

Primeiramente, é necessário reconhecer que o feminicídio não é um caso isolado, mas sim parte de um sistema estrutural que perpetua a violência contra as mulheres. O machismo, a cultura do controle e a objetificação das mulheres são elementos que contribuem para a violência de gênero e, consequentemente, para o feminicídio.

Mas, quero chamar a atenção da comunidade conquistense para se sensibilizar com as outras Sashiras, a do bairro da Alegria, a Sashira do Bairro Aparecida e tantas outras. Temos que nos comover e buscar solucionar todos estes crimes bárbaros independentemente do bairro ou classe social. Não podemos aceitar que as mulheres sejam tratadas como objetos descartáveis, que possam ser eliminados por homens que não aceitam o fim de um relacionamento ou que agem por ciúme, possessividade ou machismo. Não podemos nos calar diante da violência de gênero, que mata milhares de mulheres todos os anos no Brasil e no mundo.

É preciso conscientizar a população sobre a gravidade desse problema e oferecer apoio às vítimas e às suas famílias. É preciso também fortalecer as redes de proteção às mulheres, como as delegacias especializadas, os serviços de acolhimento e os canais de denúncia. É preciso, enfim, garantir que as mulheres possam viver livres de violência e de medo.

O feminicídio é uma triste realidade que precisa ser enfrentada de maneira urgente e eficaz. É responsabilidade de todos lutar contra o descaso que alimenta essa violência, garantindo que as mulheres possam viver em uma sociedade livre de violência e discriminação.

 


quarta-feira, 26 de julho de 2023

ARTIGO - A Resistência Conservadora à Mudança na Igreja. (Padre Carlos)

 


Desafios e Tensões

 


 A entrevista recente concedida por Dom Norberto Förster, bispo da Diocese de Ji-Paraná, Rondônia, ao Catholich.de, trouxe à tona questões pertinentes sobre as diferenças entre o Brasil e a Alemanha, bem como as tensões enfrentadas em sua diocese e as mudanças ocorridas desde o Sínodo da Amazônia. Vale a pena refletir sobre essas revelações e suas implicações para a Igreja Católica no país.

Desafios da sinodalidade e resistência do clero: Uma das questões abordadas por Dom Norberto é a resistência de parte do clero e do presbitério em acolher os pedidos constantes do Papa Francisco em busca de uma maior sinodalidade na Igreja. Alguns jovens padres extremamente conservadores têm se mostrado contrários às mudanças propostas, inclusive queimando documentos escritos pelos bispos sem entregá-los aos fiéis. Essa atitude revela uma resistência à participação dos leigos e à democratização das decisões eclesiais.

Influência de grupos conservadores: Além da resistência interna, Dom Norberto também mencionou a influência de grupos políticos e religiosos extremamente conservadores que têm impacto significativo através das redes sociais. Esses grupos propagam uma visão tradicionalista e podem minar o espírito profético da Igreja, dificultando a abertura para uma maior inclusão e diálogo com a sociedade.

Situação não isolada: É importante ressaltar que a realidade descrita pelo bispo de Ji-Paraná não é um caso isolado. Várias dioceses enfrentam desafios semelhantes, onde a resistência a mudanças e a influência de grupos conservadores têm se mostrado obstáculos à sinodalidade e ao avanço da Igreja.

 Diante dessas revelações, é necessário um profundo discernimento e diálogo dentro da Igreja Católica no Brasil. A sinodalidade, proposta pelo Papa Francisco, busca uma maior participação dos leigos nas decisões e uma Igreja mais próxima das realidades e desafios enfrentados pelas comunidades. É fundamental que os líderes religiosos promovam esse diálogo interno, conscientizando e respeitando diferentes perspectivas, mas sempre visando o bem comum e a missão evangelizadora da Igreja.

A superação desses desafios requer uma abertura ao Espírito Santo, uma escuta atenta às vozes dos fiéis e uma coragem para enfrentar resistências e influências negativas. Somente assim a Igreja Católica poderá se renovar, se adaptar aos tempos atuais e cumprir sua missão de ser uma Igreja acolhedora, inclusiva e comprometida com os mais necessitados.

A reflexão sobre a realidade da Igreja Católica no Brasil, à luz das revelações feitas por Dom Norberto Förster, é um convite a todos os leitores a se engajarem nesse processo de transformação e renovação, buscando uma Igreja mais sinodal e fiel ao Evangelho de Jesus Cristo.

 


ARTIGO - A Notícia da Morte de Dom Geraldo Me Deixou Triste. (Padre Carlos)



 Um Tributo ao Bom Pastor e ao Sacerdócio na Vida da Igreja



A notícia da morte de Dom Geraldo trouxe-me profunda tristeza e nostalgia. Ele foi não apenas um líder religioso em minha vida, mas também um pai no ministério sacerdotal. Aprendi a amá-lo não somente pela sua sabedoria e boa administração, mas também pelo exemplo do Bom Pastor que sempre foi para sua comunidade. Neste artigo, gostaria de refletir sobre o papel do padre e a importância da figura bíblica do pastor para a definição da missão e existência do sacerdote na vida da Igreja.

Olhando para o Evangelho de São João, no capítulo 10, encontramos a imagem do Bom Pastor, que nos diz: "O bom pastor dá a sua vida pelas ovelhas" (Jo 10,11). Esta é a essência da missão sacerdotal - dar a vida. A Páscoa de Jesus é o exemplo máximo desse sacrifício, e é a partir dessa entrega do Sumo e Eterno Sacerdote que os padres encontram sua inspiração e propósito.

Dom Geraldo exemplificou essa missão com sabedoria e dedicação. Sua forma de liderar, embora inicialmente tenha causado impacto devido às mudanças em relação ao seu antecessor, revelou-se eficaz. Ele educou os padres a assumirem responsabilidades não apenas em suas paróquias individuais, mas como parte de um todo - a Arquidiocese. Essa abordagem paterna ajudou os presbíteros a amadurecerem como indivíduos e a gerirem os recursos de forma mais realista e responsável.

É importante ressaltar que a presença de Dom Geraldo e seu antecessor teve um impacto significativo na participação dos leigos na Igreja. O ditado árabe mencionado, "Quem planta tâmaras, não colhe tâmaras," nos lembra que a ação de líderes religiosos pode não trazer frutos imediatos, mas certamente semeia o caminho para uma colheita futura. A influência positiva deles na comunidade ajudou a moldar uma geração de fiéis comprometidos e engajados.

O sacerdócio é uma vocação especial e desafiadora. Os padres são chamados a serem pastores do rebanho de Deus, guiando, protegendo e nutrindo suas ovelhas espirituais. Eles são chamados a seguir o exemplo de Jesus, o Bom Pastor, que deu sua vida pelas suas ovelhas. A figura do pastor é essencial para a definição dessa missão e existência do sacerdote na vida da Igreja, pois ela nos lembra do amor, compaixão e sacrifício que são fundamentais para o ministério sacerdotal.

A morte de Dom Geraldo deixa um vazio em nossos corações, mas sua memória e legado permanecerão vivos naqueles que tiveram a oportunidade de serem guiados por ele. Que sua vida dedicada ao serviço de Deus e da Igreja continue a inspirar os futuros sacerdotes a abraçarem a vocação com zelo e dedicação, seguindo os passos do Bom Pastor que dá a sua vida pelas ovelhas.

terça-feira, 25 de julho de 2023

Artigo de Opinião: O Papel da Prefeita Sheila Lemos em um Cenário Político Complexo.

 

 A Estratégia de Sheila Lemos para a Reeleição




No atual contexto político de Vitória da Conquista, é imprescindível que o eleitorado conservador compreenda a importância de apoiar a prefeita Sheila Lemos como a melhor candidata para representar essas forças. É crucial evitar a divisão da direita, pois isso pode abrir espaço para que partidos como o PT ou o MDB alcancem o poder. Além disso, é fundamental reconhecer que não existe, atualmente, um partido de extrema direita com a estrutura necessária para vencer uma eleição no município.

Nesse cenário, a prefeita Sheila Lemos deve buscar ampliar sua base de apoio, mirando especialmente no eleitorado de centro, com o intuito de deslocar parte dos votos de seus adversários. Para isso, é relevante que ela escolha um vice que possa contribuir para atrair novos apoiadores.

O crescimento da ultradireita em Vitória da Conquista é um fenômeno complexo e desafiador, demandando uma análise cuidadosa e uma estratégia política inteligente por parte das forças conservadoras. Nesse sentido, a prefeita Sheila Lemos desempenha um papel fundamental, pois tem a oportunidade de fortalecer sua base de apoio atual e expandi-la para garantir sua reeleição em 2024.

Ao traçar sua estratégia política, é essencial que a prefeita compreenda as demandas e anseios da população, buscando soluções para os problemas enfrentados pela cidade. Sua gestão precisa se mostrar eficiente, transparente e comprometida com o bem-estar da comunidade.

Além disso, é importante que Sheila Lemos se mantenha aberta ao diálogo com diferentes setores da sociedade, promovendo o debate saudável e respeitoso das ideias. A capacidade de ouvir as diferentes perspectivas é uma qualidade imprescindível para um líder político, sobretudo em um cenário polarizado como o que vivemos atualmente.

Outro aspecto relevante é o investimento em projetos que beneficiem a cidade como um todo, sem deixar de lado as demandas específicas das diferentes regiões de Vitória da Conquista. Uma atuação equilibrada e abrangente contribuirá para a consolidação de sua base de apoio.

Dessa forma, a prefeita Sheila Lemos tem a oportunidade de se destacar como uma líder política habilidosa, capaz de enfrentar os desafios impostos pelo cenário político atual. Ao buscar a unidade da direita e ao abraçar uma política de diálogo e desenvolvimento, ela poderá firmar sua posição como uma candidata forte e competitiva nas eleições de 2024.

Em suma, o papel da prefeita Sheila Lemos é crucial para garantir a estabilidade e o progresso de Vitória da Conquista. O eleitorado conservador deve compreender a importância de apoiar sua liderança e de trabalhar unido em prol do desenvolvimento da cidade. Somente com uma estratégia política sólida e um projeto de gestão eficiente é que poderemos superar os desafios presentes e pavimentar um futuro promissor para Vitória da Conquista.

 

 

ARTIGO - Vitória da Conquista se Prepara para Eleições Acirradas: Quem Será o Próximo Prefeito?. (Padre Carlos)

Lúcia Rocha: A Fiel da Balança na Disputa Eleitoral em Vitória da Conquista



    Vitória da Conquista, o terceiro maior município do estado da Bahia, se prepara para mais uma acirrada corrida eleitoral à Prefeitura Municipal. A pouco menos de um ano para o início das campanhas, a cidade já presencia uma movimentação política intensa, com três pré-candidatos que despontam na disputa: a atual prefeita Sheila Lemos (UB), o deputado federal Waldenor Pereira (PT) e a vereadora Lúcia Rocha (MDB).
    Recentemente, o Blog Sena trouxe à tona informações que já vinham sendo comentadas ao longo dos meses: uma pesquisa de intenção de votos realizada em maio, que revela um cenário de destaque para os políticos mencionados. Na pesquisa estimulada, Lúcia Rocha obteve a maioria das intenções de votos, seguida por Waldenor Pereira e Sheila Lemos, que aparecem empatados tecnicamente em segundo lugar. O mesmo cenário também avaliou as intenções de voto de outros candidatos, como David Salomão e Ivan Cordeiros, que aparecem em quarto e quinto lugar, respectivamente.
    Por outro lado, na pesquisa espontânea, Lúcia Rocha figura apenas em terceiro lugar, e a liderança fica empatada tecnicamente entre Sheila e Zé Raimundo (PT), este último não sendo pré-candidato, mas ainda sendo lembrado pelas pessoas. Zé Raimundo, atualmente deputado estadual, é parceiro histórico de Waldenor Pereira, pré-candidato do PT, que conta com o apoio do colega, mas não pode contar com o apoio do Governador Jerônimo Rodrigues para ampliar suas chances eleitorais, porque Lúcia faz parte da base do governo do estado.
    A existência de diferentes cenários nas pesquisas reflete a complexidade política da cidade e a polarização entre os principais partidos. O grupo formado por PT e o PCdoB, buscam consolidar a candidatura de Waldenor Pereira, com a intenção de, pelo menos, repetir o resultado eleitoral alcançado por Zé Raimundo em 2020. Já o MDB, representado pela vereadora Lúcia Rocha, tem se mostrado uma opção atraente aos eleitores, conquistando uma fatia significativa das intenções de voto, especialmente na pesquisa estimulada.
    Uma aliança entre Lúcia Rocha e Waldenor Pereira tem sido objeto de especulação, visto que, de acordo com a pesquisa recente, essa "dobradinha" poderia garantir a vitória sobre Sheila Lemos. O MDB, ciente da força que essa união pode ter, tem pressionado publicamente para que o PT aceite a vice de Lúcia Rocha. Por outro lado, as lideranças petistas alegam que a decisão sobre a composição da chapa será tomada no momento oportuno.
    A vereadora Lúcia Rocha, ao se posicionar como um fiel da balança, tem demonstrado que sua pré-candidatura é mais do que um mero projeto político individual. Ela representa uma alternativa que transcende a polarização partidária e busca um diálogo com diversos segmentos da sociedade conquistense. O fato de Lúcia ter liderado as intenções de voto na pesquisa estimulada e figurado em terceiro lugar na pesquisa espontânea revela que seu nome ganhou visibilidade e apoio popular.
    As eleições municipais são momentos cruciais para a democracia, e a população de Vitória da Conquista se encontra diante de uma escolha importante. Cada pré-candidato traz consigo uma história política e ideais distintos, mas é fundamental que o eleitorado esteja atento ao perfil e às propostas de cada um deles, buscando entender como contribuirão para o desenvolvimento e bem-estar da cidade.
    Neste contexto, é louvável que Lúcia Rocha tenha conseguido furar a bolha da polarização, ganhando destaque como uma figura política que dialoga com diferentes setores e apresenta-se como uma alternativa viável e promissora para a população de Vitória da Conquista. A corrida eleitoral está apenas começando, e os próximos meses serão decisivos para o futuro da cidade.
    É preciso que os candidatos se apresentem de forma transparente, expondo suas ideias e projetos, para que os cidadãos possam fazer suas escolhas de maneira informada e consciente. Vitória da Conquista merece uma gestão comprometida com o bem comum, capaz de superar divergências e trabalhar pelo progresso da cidade e pelo bem-estar de todos os seus habitantes.
    No final, a verdadeira balança é o povo, e é a ele que compete o papel de definir o futuro da cidade. Que as eleições em Vitória da Conquista sejam pautadas por um debate construtivo, ideias inovadoras e a vontade de fazer a diferença, resultando em uma escolha democrática e representativa para todos. Somente assim, o município poderá avançar e prosperar em busca de um futuro melhor para cada um de seus cidadãos.
    Ainda é cedo para dizer quem vencerá as eleições, mas Lúcia Rocha tem tudo para ser uma candidata forte. Ela é uma mulher experiente, com um histórico de atuação na política, e tem propostas concretas para melhorar a vida da população de Vitória da Conquista. Além disso, ela é uma figura carismática.

segunda-feira, 24 de julho de 2023

ARTIGO - Aprender a ser filho é uma lição para a vida toda. (Padre Carlos)

 


A lição que frequentemente chega tarde demais

 

 

A relação entre pais e filhos nem sempre é fácil ou harmoniosa. Muitas vezes, só vamos compreender verdadeiramente nossos pais quando já somos adultos e enfrentamos desafios semelhantes aos que eles viveram. É uma lição de empatia e maturidade que frequentemente chega tarde demais.

Quando jovens, tendemos a ver nossos pais como provedores e protetores incontestes, sem fraquezas ou complexidades. Não reconhecemos suas dores, medos e dilemas, tampouco procuramos entender suas histórias e circunstâncias. Julgamos suas escolhas sem nos colocarmos em seus sapatos.

Somente mais tarde, ao nos tornarmos nós mesmos pais, ou quando nossos pais envelhecem e precisam de cuidados, é que compreendemos sua humanidade. Percebemos que eles também tiveram sonhos e enfrentaram tempestades, assim como nós. Entendemos suas limitações e o quanto precisam de afeto, mesmo que não o demonstrem.

Infelizmente, essa lição frequentemente vem tarde demais. Quando finalmente aprendemos a ser filhos, nossos pais já não estão mais por perto. Resta-nos a saudade e o arrependimento de não termos aproveitado melhor o convívio com eles.

Portanto, é urgente valorizar nossos pais agora, enquanto podemos. Aprender sobre suas histórias, entender suas escolhas, cuidar deles com zelo. Pais e filhos têm muito a aprender uns com os outros em todas as fases da vida. Essa troca de empatia e sabedoria é um caminho de mão dupla, que nos enriquece e nos faz mais humanos.

 


ARTIGO - Companheiros Esquecidos: O Verdadeiro Significado da Esquerda em Questão. (Padre Carlos)

 O que significa ser companheiro na esquerda?






A palavra companheiro tem um significado especial para muitas pessoas que se identificam com a esquerda política. Ela remete a uma ideia de solidariedade, de luta coletiva, de compromisso com uma causa maior do que os interesses individuais. Ser companheiro é fazer parte de uma família, de uma comunidade, de um projeto histórico de transformação social.

Mas será que esse significado ainda se mantém na atualidade? Será que os companheiros de ontem são reconhecidos e valorizados pelos companheiros de hoje? Será que há espaço para a divergência, para o debate, para a crítica construtiva entre os companheiros? Será que há respeito pela diversidade, pela pluralidade, pela autonomia dos companheiros?

Infelizmente, parece que não. Parece que muitos companheiros foram esquecidos e abandonados pelos que hoje se dizem herdeiros do projeto da esquerda. Parece que muitos companheiros deram os melhores anos de sua vida, enfrentaram a ditadura, a repressão, a tortura, o exílio, a clandestinidade, a perseguição, a morte, para que outros pudessem desfrutar das conquistas e dos benefícios da democracia e da cidadania. Parece que muitos companheiros não recebem nenhum apoio, nenhuma solidariedade, nenhuma gratidão por parte dos que hoje ocupam os espaços de poder e de representação política.

Parece que muitos companheiros só são lembrados quando se trata de pedir votos, de fazer campanha, de mobilizar as bases, de defender as lideranças. Parece que muitos companheiros só são vistos quando se trata de silenciá-los, de marginalizá-los, de desqualificá-los, de satanizá-los. Parece que muitos companheiros só são ouvidos quando se trata de concordar, de aplaudir, de obedecer, de seguir.

Isso é ser companheiro? Isso é ser esquerda? Isso é ser humano?

Eu acho que não. Eu acho que ser companheiro é muito mais do que isso. É ter consciência crítica, é ter senso histórico, é ter ética política. É ter coragem de dizer não quando necessário, é ter humildade de reconhecer os erros quando cometidos, é ter disposição de aprender com as diferenças quando apresentadas. É ter lealdade com os princípios, é ter responsabilidade com as consequências, é ter compromisso com as mudanças.

Ser companheiro é ser solidário com quem precisa, é ser generoso com quem merece, é ser grato com quem contribuiu. Ser companheiro é ser fiel à causa, é ser coerente com o discurso, é ser honesto com o povo. Ser companheiro é ser digno da história, é ser respeitado pelo presente, é ser inspirador para o futuro.

Ser companheiro é ser humano.

ARTIGO - A geração que fez a diferença! (Padre Carlos)

A geração que fez a diferença!      Decorridos tantos anos do fim da ditadura, observa-se que a geração da utopia está partindo e a nova...