terça-feira, 19 de setembro de 2023

ARTIGO - A Pequenez de Nossa Fé Diante do Medo e da Morte

 


A Importância da Fé Neste Momento


 

Padre Carlos

 

É impressionante como, ao longo de nossas vidas, percebemos que nossos medos e incertezas persistem, independentemente de nossos anos de estudo em teologia e filosofia. Nossa jornada no entendimento da fé muitas vezes nos leva a questionar a profundidade de nossa própria convicção. Hoje, desejo abordar esse tema que, embora seja uma certeza em nossa existência, frequentemente buscamos evitar: o medo e a morte.

Recordo-me dos anos na PUC de Belo Horizonte, na década de noventa, quando tive a honra de estudar sob a tutela de grandes teólogos e filósofos. Aquelas eram épocas de intensa busca por respostas para as perguntas mais profundas da vida e da fé. No entanto, ao longo de minha jornada, deparei-me com uma realidade que me desconcertou profundamente: a fé, muitas vezes, é mais evidente nos corações dos leigos do que nos de muitos de nós, teólogos e sacerdotes.

O que nos leva a essa reflexão é a constatação de que a fé não é apenas um conhecimento acadêmico. Não é meramente uma série de doutrinas ou um conjunto de preceitos filosóficos. A fé é, antes de tudo, uma experiência de relacionamento com o divino, um mergulho profundo na transcendência que vai além das palavras e dogmas. E é nesse contexto que o medo e a morte emergem como testes cruciais de nossa fé.

A morte, em sua inevitabilidade, nos confronta com a fragilidade de nossa existência. Mesmo com anos de estudo teológico, somos confrontados com a mesma incerteza que aflige a todos. Nossas elaboradas teorias sobre a ressurreição e a vida eterna se tornam, diante desse abismo, um desafio à nossa fé.

É quando perdemos um ente querido, quando a sombra da morte toca nossas vidas, que somos obrigados a confrontar nossa fé de maneira mais profunda. Nesses momentos, não importa quão eruditos sejamos, nossa fé é posta à prova. Descobrimos que a fé não se mede pelo conhecimento intelectual, mas pelo modo como enfrentamos o medo e o desespero em relação à morte.

Nossos anos de estudo podem fornecer ferramentas para a compreensão teológica, mas a verdadeira fé reside na maneira como enfrentamos o mistério da morte com coragem, esperança e confiança. É nos momentos de desespero que nossa fé é forjada, quando reconhecemos a limitação de nosso entendimento e nos voltamos para a transcendência em busca de conforto.

Portanto, é hora de reconhecer a humildade de nossa fé diante do medo e da morte. É hora de aprender com aqueles que, sem diplomas teológicos, possuem uma fé que brilha com intensidade nos momentos mais sombrios. Devemos encarar de frente nossos medos e incertezas, pois é aí que a verdadeira fé se manifesta.

Que possamos, como estudantes da teologia e da filosofia, aprender com a fé simples e profunda daqueles que nos ensinam que, no final das contas, a fé é sobre confiar na promessa da ressurreição, não apenas como uma doutrina, mas como uma realidade que transcende nossa compreensão.

Que nossa fé seja testada e fortalecida no enfrentamento do medo e da morte, para que possamos caminhar com coragem e esperança, lembrando que a verdadeira fé é aquela que nos sustenta nos momentos mais desafiadores da vida.

Que assim seja.

 

 


ARTIGO - PRF, quase centenário, foi de polícia das estradas a força repressiva


Da Patrulha das Estradas à Repressão




Por Carlos Roberto


A história da Polícia Rodoviária Federal (PRF) é uma jornada que se estende por quase um século, desde sua criação em 1928, quando foi instituída como a "Polícia das Estradas". Ao longo de décadas, essa instituição ganhou reconhecimento por seu papel na fiscalização e patrulhamento das rodovias federais do Brasil, sempre pautada pelo preparo técnico e de inteligência para garantir a segurança nas estradas.


No entanto, nas últimas décadas testemunhamos uma mudança significativa na atuação da PRF, que passou a se envolver cada vez mais em atividades repressivas, especialmente no combate ao tráfico de drogas. Essa transformação ganhou um impulso adicional durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro, quando a PRF direcionou seus esforços nessa direção.


A PRF, que antes era vista como uma instituição de caráter preventivo, voltada para a vigilância das estradas, hoje se encontra envolvida em operações com altos índices de letalidade e casos controversos, como as mortes de Genivaldo, asfixiado em uma viatura em 2022, e de Heloisa Silva, uma criança de apenas 3 anos. Esse cenário está longe da visão original que permeou sua criação.


Quando surgiu a "Polícia das Estradas", sua missão era clara: fiscalizar as estradas e garantir a segurança dos usuários. O intenso tráfego na rodovia Rio-Petrópolis, que na época recebia cerca de três mil veículos por dia, exigia uma fiscalização sistemática. O tempo passou, e a PRF evoluiu, sendo incluída na Constituição Federal de 1988 como parte do sistema de segurança pública.


Nos anos 1960, a PRF ganhou notoriedade nas televisões brasileiras com o seriado "Vigilante Rodoviário", que, embora fosse uma produção estadual, popularizou a atividade de fiscalização nas estradas com a figura icônica do policial interpretada por Carlos Miranda.


Entretanto, o crescimento e a mudança de foco da PRF ocorreram de forma gradual e, em grande parte, organizada em comparação com outras forças policiais do país. Ela era percebida como uma instituição diferenciada, que não adotava uma postura repressiva semelhante às polícias estaduais.


A transformação da PRF em uma força repressiva pode ser atribuída a várias causas. Uma delas é uma decisão estratégica de investimento em tecnologia e inteligência, com foco na apreensão de drogas ilegais, muito antes do governo Bolsonaro. Além disso, a instituição foi uma das pioneiras na adoção de câmeras em fardamento.


No entanto, essa mudança de identidade institucional também foi influenciada por uma especificidade chamada de "mimetismo institucional". Essa influência se estende a outras forças policiais, incluindo os estados militares e civis, bem como as guardas municipais.


O contexto político também desempenhou um papel importante nessa transformação, com decisões que permitiram à PRF atuar conjuntamente com outras forças e cumprir mandatos de busca e apreensão. Isso possibilitou sua participação em operações com alto índice de letalidade, como as corridas na Vila Cruzeiro, em Varginha e em Itaguaí.


O futuro da PRF agora depende de decisões políticas e estratégicas. É fundamental que uma instituição recupere sua identidade preventiva e de inteligência, afastando-se das viés repressivas. Para isso, é necessário escolher comandos nacionais e regionais com cuidado, reformular a formação dos agentes e tomar medidas rigorosas em relação aos desvios de conduta.


A história da PRF é marcada por mudanças significativas, e a transição de uma polícia das estradas para uma força repressiva é uma reflexão de como as instituições podem se adaptar e evoluir ao longo do tempo, para o bem ou para o mal. A sociedade brasileira espera que essa transformação seja guiada por princípios que priorizem a segurança, a justiça e o respeito aos direitos humanos.


segunda-feira, 18 de setembro de 2023

ARTIGO - A Importância das Pré-Candidaturas Femininas em Vitória da Conquista

 

Protagonismo Feminino






Prezados leitores,


O cenário político de Vitória da Conquista pretende passar por uma transformação significativa com a presença de duas pré-candidaturas femininas à prefeitura. Esta é uma oportunidade única para nossa cidade, e gostaria de destacar a importância de as mulheres se destacarem e liderarem seus próprios projetos políticos.


A ausência de mulheres na política é um problema que persiste em muitas partes do mundo. No entanto, quando as mulheres têm a oportunidade de se envolverem na tomada de decisões políticas, vemos uma diversidade de perspectivas e soluções que enriquecem o debate público.


As pré-candidatas femininas não devem ser vistas como meras concorrentes das candidaturas masculinas, mas como líderes em potencial que têm muito a oferecer à nossa cidade. Eles trazem uma riqueza de experiências e conhecimentos que podem ser aplicados na busca por soluções para os desafios que enfrentamos.


É fundamental que as mulheres se tornem protagonistas de seus próprios projetos políticos. Eles não devem apenas seguir os moldes estabelecidos, mas sim moldar suas campanhas e propostas de acordo com suas visões e valores. A política deve ser um espaço inclusivo, onde todas as vozes sejam ouvidas e respeitadas.


Como cidadãos de Vitória da Conquista, temos o dever de apoiar ativamente as pré-candidaturas femininas e garantir que as mulheres tenham uma participação significativa no processo político. Isso não apenas fortalecerá nossa democracia, mas também nos conduzirá a decisões mais equitativas e justas para nossa comunidade.


Nossa cidade está diante de uma oportunidade única de promover a igualdade de gênero na política e de dar voz às mulheres que desejam contribuir para o desenvolvimento de Vitória da Conquista. Vamos abraçar essa oportunidade e trabalhar juntos para um futuro mais inclusivo e representativo.


Atenciosamente, 

Padre Carlos

ARTIGO - Padre Ariosvaldo: Um Pastor Exemplar e Homem de Valores

 

Cinquenta Anos de Luz: Homenagem a Padre Ariosvaldo




Hoje, quero dedicar estas palavras a alguém que é um verdadeiro exemplo de dedicação, amor e compromisso com sua fé e com as pessoas que têm a honra de chamar de suas ovelhas. É com imensa carinho e gratidão que presto homenagem ao Padre Ariosvaldo, um homem de Deus que completou cinquenta anos de vida.

Padre Ariosvaldo pode até ser um palmeirense apaixonado, o que para alguns pode parecer uma escolha curiosa, mas é seu coração repleto de virtudes e seu compromisso inabalável com a justiça que realmente atrai minha atenção. Seu amor pelo próximo e sua indignação diante das injustiças são características que o tornam um pastor excepcional.

A vida de um pastor vai muito além de liderar uma paróquia ou celebrar missas. Envolve cuidar das almas, oferecer conforto aos aflitos e ser um farol de esperança em tempos difíceis. Padre Ariosvaldo desempenha esse papel com uma dedicação que transcende o comum. Ele é um guia espiritual que conduz suas ovelhas pelo caminho da fé, sempre com compaixão e paciência.

A misericórdia é uma das virtudes mais marcantes desse homem de Deus. Sua capacidade de perdoar e compreender é verdadeiramente admirável. Ele acolhe a todos, independentemente de suas falhas e imperfeições, lembrando-nos do amor infinito de Deus.

Ao longo de sua jornada, Padre Ariosvaldo tem sido um pilar fundamental para a Igreja de Vitória da Conquista. Sua dedicação incansável, seu compromisso com a comunidade e sua capacidade de unir as pessoas em torno da fé são inestimáveis. A Catedral Metropolitana é o lugar que ele ocupa com toda justiça, pois ali ele exerce seu ministério de maneira exemplar.

Neste dia especial, quero expressar minha gratidão pelo bem que Padre Ariosvaldo tem feito à nossa comunidade e à Igreja como um todo. Sua vida é um testemunho vivo dos valores do Evangelho, e seu compromisso com a justiça e a compaixão é uma inspiração para todos nós.

Que este aniversário seja apenas mais um capítulo em sua jornada de fé e serviço. Que Deus continue abençoando Padre Ariosvaldo com saúde, sabedoria e amor, para que ele continue sendo um pastor exemplar e um farol de esperança em nossas vidas.

Nós o celebramos não apenas pelos seus cinquenta anos de vida, mas por cada ato de amor e serviço que ele ofereceu à nossa comunidade. Padre Ariosvaldo, você é um verdadeiro presente de Deus, e somos gratos por tê-lo como nosso pastor e amigo.


O Vereador Ricardo Babão: Um Olhar Além da Oposição. (Padre Carlos)

 


Entre a Oposição e a Cooperação

 


Na política, toda causa tem uma consequência, e recentemente, em Vitória da Conquista, essa máxima foi exemplificada de maneira interessante. Quando o presidente municipal do PT, Isaac Bonfim, declarou que não aceitaria candidaturas de vereadores que não fizeram oposição à prefeita Sheila Lemos, desencadeou uma série de reflexões e eventos que merecem nossa atenção.

O pronunciamento de Bonfim trouxe à tona a questão da independência partidária, um valor fundamental na política. No entanto, além disso, também levanta questões de ética e respeito pelo povo de Conquista. A oposição não deve ser apenas uma postura contrária, mas sim um compromisso com a cidade e seus cidadãos.

Nesse contexto, os vereadores Luciano Gomes e Ricardo Babão foram mencionados por Isaac Bonfim devido à sua postura aparentemente contraditória à bancada de oposição, votando a favor de projetos da prefeita. Essas ações geraram um entendimento interessante: a política não é apenas preto e branco. Babão, ao elogiar a prefeita Sheila Lemos, demonstrou que o diálogo e a cooperação podem coexistir com a oposição.

Foi pensando nisto, que o vereador Ricardo Babão, do PCdoB, de Vitória da Conquista,  elogiou  a prefeita Sheila Lemos (UB), em um discurso no último domingo (17). Babão, que é um dos líderes da oposição na Câmara Municipal, afirmou que seguirá apoiando a prefeita, desde que ela mantenha um "olhar carinhoso" para o povo conquistense.

É crucial lembrar que a política não deve ser vista como um jogo de ganhar ou perder, mas sim como um meio para melhorar a vida da população. Os vereadores que escolhem o caminho da cooperação não abandonam sua obrigação de fiscalizar e representar o povo, mas buscam uma abordagem mais equilibrada e pragmática.

A independência partidária não deve significar alienação da responsabilidade para com a cidade e seus cidadãos. A oposição desempenha um papel vital na democracia, mas deve ser acompanhada de um compromisso genuíno em servir ao público.

Vitória da Conquista enfrenta desafios complexos, e a estrutura política deve estar à altura desses desafios. O debate e a colaboração são essenciais para criar soluções eficazes e, assim, beneficiar a comunidade.

Portanto, a lição a ser aprendida aqui é que a política não é apenas sobre ser do contra, mas sim sobre ser a favor do progresso e do bem-estar da cidade. As futuras eleições e alianças políticas em 2024 certamente trarão desafios adicionais, mas é nossa esperança que o foco continue sendo o melhor interesse de Vitória da Conquista e de seu povo.

 

 


domingo, 17 de setembro de 2023

ARTIGO - Xeque-Mate Político: A Estratégia dos Irmãos Vieira Lima na Bahia.


. A Candidatura Cobiçada

 


 

Nas entranhas da política baiana, uma jogada estratégica está em andamento, envolvendo os irmãos Geddel e Lúcio Vieira Lima, com o intuito de manter viva a candidatura da Vereadora Lúcia Rocha à prefeitura de Vitória da Conquista, visando as eleições de 2024. Em um cenário político marcado pela polarização, a força eleitoral de Lúcia Rocha tornou-se um elemento crucial, capaz de desequilibrar a balança a favor tanto da situação quanto da oposição.

A Vereadora, mesmo não contando com a robusta estrutura partidária de alguns de seus concorrentes, conquistou um amplo apoio, especialmente entre o eleitorado de centro. Esse apoio pode se revelar fundamental para o desfecho das eleições municipais. Lúcia Rocha, portanto, emerge como a "A Vice Cobiçada" que pode decidir os rumos da corrida eleitoral.

No entanto, para manter viva a esperança de Lúcia Rocha alcançar o cargo de prefeita, os irmãos Vieira Lima miram no Governador Jerônimo Rodrigues, do PT. Sua estratégia é clara: persuadir o governador a apoiar o candidato do MDB a prefeitura de Salvador, Geraldo Júnior, na corrida eleitoral. Nesse jogo político, a candidatura de Lúcia Rocha se torna uma moeda de troca valiosa para negociar o apoio do MDB ao candidato do PT em Vitória da Conquista.

Lúcia Rocha se encontra em uma posição única. Seu apelo eleitoral e o suporte do eleitorado de centro a colocar no centro das atenções políticas na Bahia. A sua capacidade de se tornar a vice dos sonhos, tanto para a situação quanto para a oposição, pode ser determinante para o desenvolvimento das eleições municipal.

A política é uma arena de estratégias e negociações, e a saga em torno da candidatura de Lúcia Rocha é um exemplo vivo disso. Vitória da Conquista, mais uma vez, é palco de manobras políticas que podem reconfigurar o tabuleiro político regional. Resta esperar e observar como essa jogada se desenrolará e qual será o destino político da Vereadora Lúcia Rocha e de Vitória da Conquista nas eleições de 2024.

(Padre Carlos)

 


ARTIGO - A Música Estampas Eucalol: Uma Viagem Nostálgica e Cultural. (Padre Carlos)

 





As Estampas da Imaginação




A música "Estampas Eucalol", composta por Hélio Contreiras e interpretada de forma magistral pelo nosso Secretário de Cultura Xangai, é um verdadeiro resgate da memória afetiva de gerações que cresceram entre as décadas de 1930 e 1950. Através de sua bela letra poética, a canção nos transporta às lendárias figurinhas que acompanhavam o clássico sabonete Eucalol e despertavam o imaginário de crianças e adultos.


As famosas estampas Eucalol, inspiradas em temas mitológicos, históricos e literários, estimulavam o gosto pela leitura, pela arte e pela cultura. Colecioná-las era uma brincadeira e um aprendizado, um fascínio pelo mundo dos heróis, deuses e narrativas que atravessavam os séculos. Aquelas pequenas figurinhas coloridas alimentavam sonhos e expandiam horizontes.


Ao relembrar com carinho as estampas, a música de Hélio Contreiras exalta o valor da imaginação e da fantasia. O eu lírico da canção se vê libertando Prometeu, enfrentando o Minotauro, subindo ao Monte Olimpo ou roubando a linda princesa do Rei Lear, que é o primeiro amor de uma criança à sua professora. É como se, através do poder libertador da criatividade, pudéssemos transcender nossas limitações e viver grandes aventuras.


"Estampas Eucalol" toca em uma saudade que não é tristeza, mas celebração de um tempo no qual a curiosidade e o encantamento ainda pareciam possíveis. Um tempo não tão distante, mas que infelizmente se esvaiu com o ritmo voraz da vida moderna.


Resgatar essa herança cultural através da música é reacender a chama criativa e a conexão com nosso universo interior. É lembrar que a imaginação ainda pode ser uma poderosa aliada para colorir a existência e nos transportar a lugares onde somos livres para sonhar. Que possamos aprender com as crianças que habitaram aquele mundo mágico das estampas Eucalol.

ARTIGO - A geração que fez a diferença! (Padre Carlos)

A geração que fez a diferença!      Decorridos tantos anos do fim da ditadura, observa-se que a geração da utopia está partindo e a nova...