A
Importância da Fé Neste Momento
Padre
Carlos
É impressionante como, ao longo de nossas
vidas, percebemos que nossos medos e incertezas persistem, independentemente de
nossos anos de estudo em teologia e filosofia. Nossa jornada no entendimento da
fé muitas vezes nos leva a questionar a profundidade de nossa própria
convicção. Hoje, desejo abordar esse tema que, embora seja uma certeza em nossa
existência, frequentemente buscamos evitar: o medo e a morte.
Recordo-me dos anos na PUC de Belo
Horizonte, na década de noventa, quando tive a honra de estudar sob a tutela de
grandes teólogos e filósofos. Aquelas eram épocas de intensa busca por
respostas para as perguntas mais profundas da vida e da fé. No entanto, ao
longo de minha jornada, deparei-me com uma realidade que me desconcertou
profundamente: a fé, muitas vezes, é mais evidente nos corações dos leigos do
que nos de muitos de nós, teólogos e sacerdotes.
O que nos leva a essa reflexão é a
constatação de que a fé não é apenas um conhecimento acadêmico. Não é meramente
uma série de doutrinas ou um conjunto de preceitos filosóficos. A fé é, antes
de tudo, uma experiência de relacionamento com o divino, um mergulho profundo
na transcendência que vai além das palavras e dogmas. E é nesse contexto que o
medo e a morte emergem como testes cruciais de nossa fé.
A morte, em sua inevitabilidade, nos
confronta com a fragilidade de nossa existência. Mesmo com anos de estudo
teológico, somos confrontados com a mesma incerteza que aflige a todos. Nossas
elaboradas teorias sobre a ressurreição e a vida eterna se tornam, diante desse
abismo, um desafio à nossa fé.
É quando perdemos um ente querido, quando a
sombra da morte toca nossas vidas, que somos obrigados a confrontar nossa fé de
maneira mais profunda. Nesses momentos, não importa quão eruditos sejamos,
nossa fé é posta à prova. Descobrimos que a fé não se mede pelo conhecimento
intelectual, mas pelo modo como enfrentamos o medo e o desespero em relação à
morte.
Nossos anos de estudo podem fornecer
ferramentas para a compreensão teológica, mas a verdadeira fé reside na maneira
como enfrentamos o mistério da morte com coragem, esperança e confiança. É nos
momentos de desespero que nossa fé é forjada, quando reconhecemos a limitação
de nosso entendimento e nos voltamos para a transcendência em busca de
conforto.
Portanto, é hora de reconhecer a humildade
de nossa fé diante do medo e da morte. É hora de aprender com aqueles que, sem
diplomas teológicos, possuem uma fé que brilha com intensidade nos momentos
mais sombrios. Devemos encarar de frente nossos medos e incertezas, pois é aí
que a verdadeira fé se manifesta.
Que possamos, como estudantes da teologia e
da filosofia, aprender com a fé simples e profunda daqueles que nos ensinam
que, no final das contas, a fé é sobre confiar na promessa da ressurreição, não
apenas como uma doutrina, mas como uma realidade que transcende nossa
compreensão.
Que nossa fé seja testada e fortalecida no
enfrentamento do medo e da morte, para que possamos caminhar com coragem e
esperança, lembrando que a verdadeira fé é aquela que nos sustenta nos momentos
mais desafiadores da vida.
Que
assim seja.
Nenhum comentário:
Postar um comentário