sábado, 30 de setembro de 2023

ARTIGO - Centrão: o bloco governista por excelência

 


O Centrão e sua relação simbiótica com o governo

 


O bloco do Centrão é, talvez, o grupo parlamentar mais influente da política brasileira atual. Quando meu amigo brincou, em 2022, que o Centrão iria compor o governo de quem ganhasse a eleição presidencial, ele captou uma verdade profunda sobre a natureza desse grupo. O Centrão é, por excelência, governista e busca integrar qualquer governo, independentemente de orientações ideológicas.

Isso ficou claro na composição do governo Lula, iniciado em 2023. Mesmo tendo apoiado majoritariamente Bolsonaro na eleição, o Centrão logo passou a integrar a base aliada do PT, ocupando ministérios e cargos estratégicos. Nomes como Ciro Nogueira, Fábio Faria e Daniela do Waguinho, todos filiados a partidos do Centrão, foram incorporados ao primeiro escalão do governo petista.

Essa plasticidade ideológica do Centrão decorre do fisiologismo que orienta sua atuação. Mais do que programas ou valores, o que move esse bloco é a busca por espaços de poder, cargos e verbas públicas para irrigar seus currais eleitorais. Daí a importância de sempre estar próximo do Palácio do Planalto, independentemente de quem esteja na presidência.

Contudo, essa relação simbiótica com o governo não está isenta de turbulências. O Centrão age como uma criança mimada, ameaçando deixar a base aliada quando não tem suas demandas por cargos atendidas. Foi assim nos governos do PT no passado e se repete agora com Lula. É um jogo de pressão por mais espaço no Executivo.

O que torna essa estratégia de chantagem ainda mais efetiva atualmente é o ineditismo da força do Centrão no Legislativo e mesmo no governo. Com figuras como Arthur Lira, Rodrigo Pacheco e Geraldo Alckmin em posições de destaque, o grupo nunca esteve tão influente. Por isso, as ameaças de rompimento devem ser lidas mais como táticas de barganha do que possibilidade real.

Ainda que desgastante, Lula parece não ter alternativa a não ser continuar reproduzindo essa relação de troca com o Centrão, distribuindo cargos em busca de governabilidade. Ao mesmo tempo, o Centrão dificilmente abandonaria os privilégios do governo federal para uma oposição incerta. Essa conexão, por mais criticada que seja, tende a se perpetuar, já que atende aos interesses de ambos os lados.

 

Padre Carlos


ARTIGO - Do Balneário de 1887 à Vanguarda Moderna: O Rio Vermelho em Transformação



 Rio Vermelho: Entre a Nostalgia e a Modernidade



Nos meandros do tempo, onde as ondas do mar dançavam ao ritmo do sol poente, o Rio Vermelho em Salvador foi o epítome do encanto. Em 1887, este bairro boêmio era muito mais do que um aglomerado de casas; era um balneário, um refúgio para os espíritos em busca de poesia na brisa do oceano. Solares majestosos com quintais adornados por coqueiros que balançavam em consonância com os sonhos dos habitantes.

A imagem daquele casamento será imponente, que ainda se ergue altivo perante o tempo, é um lembrete vívido de uma época passada. À sua sombra, o aroma tentador do acarajé de Dinha flutuou no ar, uma herança gustativa que atravessou os séculos. Ao lado, a antiga igrejinha de Senhora Santana, erguida pelos missionários jesuítas, permanece como um testemunho silencioso da devoção de outrara. Uma pequena porção do passado, resgatada das garras do sadismo das reformas urbanas por mãos brilhantes de militantes específicas para a preservação da história.

Olhando para uma fotografia panorâmica datada de 1906, somos transportados para uma era onde a arquitetura imponente das residências beijava o horizonte. No entanto, essas estruturas desapareceram no rolar implacável do tempo, deixando apenas memórias. Memórias que, como pérolas raras, merecem ser cuidadosamente guardadas.

A nostalgia que envolve o Rio Vermelho é mais do que uma simples lembrança do passado. É uma reverência à herança cultural que nos define como comunidade. Mas, enquanto olhamos para trás com carinho, devemos também enfrentar o presente e o futuro com coragem e determinação.

O Rio Vermelho moderno é um mosaico complexo de culturas, uma fusão vibrante do antigo e do novo. As jangadas 'al mare' continuam a pontuar o horizonte, agora compartilhando espaço com restaurantes de moda e galerias de arte contemporânea. A alma boêmia do bairro persiste, entrelaçada com a vitalidade de uma comunidade que abraça a mudança enquanto honra suas raízes.

A preservação do patrimônio histórico não deve ser um ato de estagnação, mas sim um trampolim para a inovação responsável. É possível abraçar o futuro sem perder a essência do passado. O Rio Vermelho, com sua rica tapeçaria de história e modernidade, é um testemunho vivo dessa possibilidade.

Ao saborear o acarajé de Dinha, sob a sombra benevolente do casarão antigo, podemos refletir não apenas sobre o que perdemos, mas também sobre o que ganhamos. Ganhamos a capacidade de adaptar, de evoluir e, ainda assim, de manter nossas raízes profundamente plantadas na terra fértil da tradição.

O Rio Vermelho, com toda a sua beleza atemporal, é mais do que um bairro. É um símbolo, uma narrativa viva que conta a história de um povo e sua jornada ao longo do tempo. Enquanto a cidade ao redor se transforma incessantemente, o Rio Vermelho permanece como um farol, lembrando-nos de que, para abraçar o futuro, devemos primeiro valorizar e preservar nosso passado.

(Padre Carlos)

 


sexta-feira, 29 de setembro de 2023

ARTIGO - A Última Canção da Geração de 68:

 

Um Legado a Ser Preservado

 


O mundo está testemunhando silenciosamente o fim  de uma era. A geração que nasceu entre as décadas de 1940 e 1960, conhecida carinhosamente como a "geração de 68", está gradualmente deixando este mundo para trás. Mas, enquanto esses guerreiros se retiram do campo de batalha, deixa para trás um legado que transcende o tempo e que deve ser preservado e honrado.

Um dos pilares fundamentais que sustentaram essa geração foi a consciência política e a luta contra a ditadura. Cresceram em um mundo onde se podia sonhar com revolução e justiça social. Os festivais de músicas alimentavam a  alma e as  utopias daqueles jovens. Apesar de toda militância, ainda tínha tempo para o Carnaval dos clubes, para o baile de debutantes, e para namorar, muitas vezes encontrando o amor de sua vida na primeira tentativa. E, acredite, muitos daquela época ainda estão casados ​​com essa primeira paixão.

Agora, mais do que nunca, o mundo precisa relembrar esses valores. Num cenário global de violência, intolerância e desigualdade, o amor ao próximo é a bússola que pode nos guiar para um futuro mais humano e compassivo.

A geração de 68 não é apenas uma parte da história; ela é a história. Foram os arquitetos da democratização, os construtores da educação e saúde pública e os defensores dos direitos humanos. Eles lutaram por um mundo onde a igualdade não era apenas uma palavra, mas uma realidade.

O mundo de hoje ainda é desafiado por desigualdades gritantes e intolerância desenfreada. Mas, o legado da geração de 68 nos oferece esperança. Ele nos lembra que a mudança é possível quando nos unimos em solidariedade, respeito e amor ao próximo.

Este é o desafio que a geração atual e o que estão por vir enfrentar: continuar a luta por um mondo mais justa e lembrar de todos aqueles que tombaram para que tivéssemos hoje uma democracia e o direito de sonhar.  Precisamos lembrar que somos uma edição limitada, cada um de nós. Somos portadores de uma herança valiosa e é nosso dever garantir que essa herança não seja esquecida ou negligenciada.

Nós, como herdeiros da geração de ouro, temos a responsabilidade de construir um mundo melhor. Um mundo onde a tolerância é mais poderosa do que a violência, onde o respeito é mais forte do que a intolerância e onde o amor ao próximo é a força motriz que une todas as pessoas.

A geração de 68 está indo embora, mas seu legado perdurará. Que podemos nos inspirar nesse legado e, juntos, criar uma sinfonia de paz, compreensão e amor que ressoe através das gerações vindouras. É o nosso presente para o futuro, uma dádiva que não pode ser subestimada, pois está é a última canção de uma era que moldou o mundo como o conhecemos hoje.


Padre Carlos

General é alvo de busca por suspeita em atos extremistas


O Golpismo não Pode ser Tolerado




A democracia brasileira sofreu um forte golpe no fatídico dia 8 de janeiro, quando extremistas invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes em Brasília. Cenas chocantes de vandalismo tomaram conta das telas de TV e causaram estupefação em todo o país. Agora, passados quase dez meses, a Polícia Federal segue firme em seu propósito de identificar e punir todos os envolvidos nesse lamentável episódio.


Nesta sexta-feira, foi a vez do general da reserva Ridauto Lúcio Fernandes ter sua casa alvo de busca e apreensão. Há fortes indícios de que ele tenha participado ativamente do planejamento e execução dos atos golpistas. Se confirmada sua culpa, que seja exemplarmente punido. A Lei de Segurança Nacional existe justamente para inibir e reprimir quem tenta subverter a ordem democrática.


O Brasil é uma jovem democracia que ainda busca amadurecer suas instituições republicanas. Não podemos permitir que nostálgicos da ditadura ou inconformados com o resultado das eleições coloquem tudo a perder. O estado democrático de direito precisa ser defendido a todo custo.


Parabenizo a Polícia Federal pela competência e seriedade com que vem conduzindo as investigações. Espera-se que todos os envolvidos sejam identificados e respondam por seus atos criminosos. O recado deve ser claro: golpismo não será tolerado. Quem tentar subverter a ordem democrática irá para a cadeia. Essa é a única saída para consolidarmos de vez a democracia no Brasil.


O dia do Miguelense: uma homenagem merecida e necessária

 

A importância de celebrar nossa história

 

 

No dia 29 de setembro, comemora-se o dia do Miguelense, uma data que celebra a presença e a contribuição do povo de São Miguel das Matas para a história e o desenvolvimento de Vitória da Conquista. Essa homenagem foi instituída pela prefeita Sheila Lemos há um ano, por meio de um Projeto de Lei criado pelo vereador Luis Carlos Dudé. Essa iniciativa tem o caráter de reconhecimento e valorização de uma parcela importante da população conquistense, que tem suas raízes no Recôncavo Baiano, uma região que é berço de muitas manifestações culturais, históricas e econômicas do Brasil.

A migração dos miguelenses para Vitória da Conquista se intensificou nas décadas de 1950 e 1960, quando muitos buscaram na cidade do Sudoeste baiano oportunidades de trabalho e estudo. Eles trouxeram consigo sua cultura, sua religiosidade, sua gastronomia, sua arte, sua música. Eles se integraram à sociedade conquistense, participando ativamente da vida política, social e econômica da cidade. Eles contribuíram para o crescimento e o progresso de Vitória da Conquista, que hoje é uma das mais importantes do interior do Nordeste. A cidade tem um dos maiores PIBs da região, com mais de 7 bilhões de Produto Interno Bruto. A cidade também se destaca pela sua infraestrutura, pela sua educação, pela sua saúde, pela sua segurança pública. Vitória da Conquista se tornou uma capital regional de uma área que abrange aproximadamente oitenta municípios na Bahia e dezesseis no norte de Minas Gerais.

Por isso, é justo e louvável que a prefeita Sheila Lemos tenha instituído o dia do Miguelense, como forma de reconhecer e agradecer a esse povo que tanto fez e faz pela nossa cidade. Essa homenagem também tem o objetivo de resgatar e preservar a memória e a identidade dos miguelenses, que muitas vezes são esquecidas ou invisibilizadas. É importante que os miguelenses se orgulhem de suas origens, de sua história, de sua cultura. É importante que os conquistenses conheçam e valorizem a diversidade e a riqueza que os miguelenses trazem para a nossa cidade. É importante que todos nós celebremos a vida e a obra dessas pessoas que são parte integrante da nossa comunidade.

O dia do Miguelense é uma data que deve ser lembrada e comemorada por todos nós. É uma data que nos convida a refletir sobre o nosso passado, o nosso presente e o nosso futuro. É uma data que nos inspira a buscar a união, a solidariedade e o respeito entre os diferentes povos e culturas que compõem a nossa cidade. É uma data que nos motiva a construir juntos a Conquista do futuro, usando os mitos do passado que alimentam nossas utopias e sustentam o nosso presente.

 

quinta-feira, 28 de setembro de 2023

ARTIGO - Como o Governador adoçou a boca da Azul Linhas Aéreas?

 


Empresário não rasga dinheiro e é foi por isso que queremos saber como o Governador adoçou a boca da Azul?

 


A suspensão abrupta do voo direto entre Vitória da Conquista e Salvador pela Azul Linhas Aéreas pegou todos de surpresa. A explicação dada pela companhia, de que era uma medida para ajustar a capacidade à demanda, levantou muitas questões. Afinal, como um passe de mágica, o governador conseguiu transformar essa questão econômica em política. O que teria acontecido nos bastidores para que a empresa tomasse essa decisão?

 

Empresários não rasgam dinheiro, isso é uma máxima que todos nós conhecemos. E é por isso que a pergunta que não quer calar é: o que deram à Azul Linhas Aéreas em troca da suspensão desses voos? Afinal, a decisão não afeta apenas a economia da terceira cidade mais populosa do estado, mas também a vida de seus habitantes.

 

Para entender melhor essa situação, é preciso analisar os acontecimentos recentes. Durante uma agenda oficial em Brasília, o governador Jerônimo Rodrigues anunciou a manutenção de voos regionais em Ilhéus, Vitória da Conquista e Porto Seguro. Ele se reuniu com o ministro dos Portos e Aeroportos, Sílvio Costa Filho, e o presidente da Azul Linhas Aéreas, John Rodgerson, para firmar essa parceria.

 

Mas o que chama a atenção é a rapidez com que essa decisão foi tomada e anunciada. Parece que o governador conseguiu convencer a empresa de que era do seu interesse manter os voos nessas cidades. E aqui está o ponto crucial: o que teria sido oferecido em troca?

 

Política e economia muitas vezes se entrelaçam de maneira obscura. E quando se trata de companhias aéreas, que dependem de uma série de autorizações e regulamentações governamentais, as negociações nos bastidores podem ser complexas. O presidente da Azul destacou o impulso do destino Bahia como um compromisso importante para a empresa. Sim e porque na explicação da suspensão dos voos isto não oi considerado?

 

Empresários, em geral, são movidos por interesses financeiros. E a decisão de suspender voos rentáveis ​​não parece fazer sentido do ponto de vista econômico puramente. Portanto, é natural que surjam questionamentos sobre o que realmente aconteceu nos bastidores dessa negociação.

 

É importante que a transparência prevaleça nesse processo. Os cidadãos de Vitória da Conquista têm o direito de saber o que foi negociado em seu nome e como isso afetará suas vidas. Empresário não rasga dinheiro, mas político rasga. É fundamental que as autoridades esclareçam os detalhes dessa negociação para que a verdade prevaleça e a confiança na política não seja abalada.

 

Em tempos de busca incessante pela verdade e de um compromisso inabalável com a informação, é essencial que todos os envolvidos sejam transparentes. Afinal, é assim que construímos uma sociedade justa e consciente. Empresários, políticos e cidadãos devem estar cientes de que as ações nos bastidores têm consequências diretas na vida de todos.

 

Artigo escrito por Padre Carlos Roberto,

 


ARTIGO - Caminhando contra o vento aos oitenta anos.


Pessoas que Desafiam o Tempo



O tempo, implacável, parece seguir sempre em frente. Os anos passam, as rugas aumentam, os cabelos embranquecem. É o ciclo natural da vida, dirão muitos. No entanto, existem aqueles que parecem desafiar essa aparente fatalidade, indivíduos que transcenderam a passagem dos anos e permanecem eternamente jovens.


Nomes como Gilberto Gil e Caetano Veloso vêm imediatamente à mente. Mesmo após décadas de carreira, eles ainda irradiam vigor, criatividade e irreverência. Basta vê-los no palco ao lado das novas gerações para constatar que o tempo para eles é relativo. Enquanto a maioria se resigna ao envelhecimento, eles celebram a vida em sua plenitude.


O que explica essa juventude persistente? Talvez seja a paixão pela música, que ainda os move e inspira depois de tantos anos. Ou quem sabe seja a sede de conhecimento e a curiosidade, que os mantêm antenados ao mundo. Ou ainda uma visão poética da existência, que relaciona passado e presente em sintonia.


De todo modo, artistas como esses nos ensinam que a idade cronológica não define quem somos. É possível reinventar-se, aprender sempre e manter o espírito jovem, independentemente dos anos vividos. Mostram que as convenções podem e devem ser desafiadas, para que a chama interior nunca se apague.


Felizmente, não são os únicos exemplos de pessoas que superaram os limites do tempo. Em todos os campos existem aqueles que se recusam a ser etiquetados ou diminuídos pela idade. Cientistas que fazem descobertas tardias, atletas que batem recordes na maturidade, profissionais que encontram nova vocação na terceira idade.


São casos que nos enchem de esperança e alegria, ao mostrar que a vida pode ser constantemente renovada. Prova de que a verdadeira idade mora na alma, não no corpo. E de que é sempre tempo de recomeçar, reinventar, crescer. Basta preservar acesa a chama da curiosidade e do entusiasmo.


Enquanto o relógio insiste em girar, existirão aqueles que o desafiam com seu espírito jovem. Que seguem produzindo, se transformando, encantando gerações mais novas. São pessoas que transcendem o tempo e nos ensinam que a vida pode ser uma eterna primavera. Precisamos só regar diariamente nossa sede de viver.


Padre Carlos






ARTIGO - A geração que fez a diferença! (Padre Carlos)

A geração que fez a diferença!      Decorridos tantos anos do fim da ditadura, observa-se que a geração da utopia está partindo e a nova...