quinta-feira, 26 de outubro de 2023

A "Carta ao Povo de Deus": a sinodalidade é o caminho do terceiro milênio



A sinodalidade, caminho de conversão eclesial


A 16a Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos publicou recentemente uma inspiradora "Carta ao Povo de Deus", convidando todos os fiéis a participarem do processo sinodal em curso na Igreja Católica. Essa carta representa um marco histórico e um sinal de esperança para o terceiro milênio.


Pela primeira vez, leigos e leigas foram convidados a sentar-se à mesma mesa que os bispos, para debater e votar durante uma Assembleia do Sínodo. Isso mostra que a Igreja está disposta a trilhar novos caminhos, abrindo espaço para a participação do Povo de Deus nos processos decisórios.


O método sinodal, baseado no diálogo fraterno e na escuta respeitosa de todas as vozes, foi colocado em prática durante a Assembleia. Houve liberdade para expressar convergências e divergências, anseios e questionamentos. Essa experiência inédita alimenta a esperança de uma Igreja mais sinodal.


A Carta reconhece que, para amadurecer nesse caminho, a Igreja precisa se converter. Isso implica escutar aqueles que historicamente tiveram menos voz, como os pobres, os excluídos, as minorias étnicas e as vítimas de abusos eclesiásticos. Somente assim a Igreja poderá ser fiel à sua vocação de anunciar o Evangelho a partir da realidade concreta dos pequenos e descartados.


O documento também ressalta a importância de valorizar os diversos ministérios e carismas presentes no Povo de Deus, desde os mais humildes até os consagrados. Todos são chamados a contribuir, na complementaridade de seus dons, para o discernimento e as decisões eclesiais.


A sinodalidade, portanto, apresenta-se como o caminho privilegiado para a Igreja viver sua comunhão e cumprir sua missão evangelizadora neste terceiro milênio. Trata-se de resgatar a experiência das primeiras comunidades cristãs, onde todos tinham voz e os apóstolos discerniam em sintonia com toda a Igreja.


Que o Espírito Santo guie esse processo, para que a Igreja se renove em diálogo com o mundo de hoje e seja fermento do Reino de Deus na história. A exemplo de Maria, estrela da evangelização, ousemos trilhar juntos esse caminho sinodal.



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quarta-feira, 25 de outubro de 2023

ARTIGO - "Roma Negra: Uma Jornada pela Identidade Bahiana"

 Mãe Aninha, nos versos apaixonados de Caetano Veloso


Padre Carlos,


A missão de explorar as profundezas da "Roma Negra" foi uma jornada inspirada pelo seu amigo, Padre Joselito, um convite para desvendar as raízes profundas que sustentam a rica tapeçaria cultural da Bahia. Ao aceitar esse desafio, mergulhei nas palavras sábias de mãe Aninha, nos versos apaixonados de Caetano Veloso e na riqueza das tradições afro-brasileiras que moldaram Salvador e além.


A expressão "Roma Negra", uma derivação de "Roma Africana", ganha vida através das memórias de mãe Aninha, uma líder espiritual cuja visão elevada iluminou as conexões entre Salvador e os orixás. Em suas palavras, encontramos não apenas uma afirmação da espiritualidade, mas uma declaração poderosa sobre a centralidade de Salvador no cenário do culto aos orixás.


Em "Reconvexo", Caetano Veloso canta sobre a sombra da voz da matriarca da Roma Negra, uma presença que desafia o tempo e a obscuridade, lembrando-nos da riqueza cultural e da resistência que permeiam a Bahia. É uma chamada para reconhecermos não apenas a influência, mas a vitalidade contínua da cultura afro-baiana.


Ao seguir os passos da "Roma Negra", somos guiados por uma narrativa de força, tradição e celebração. É uma história que desafia as normas, questiona as divisões e celebra a diversidade. Nos versos de Caetano, nas palavras de mãe Aninha e na riqueza das tradições bahianas, encontramos uma lição vital sobre identidade e resistência.


Nesta jornada, somos desafiados a questionar as narrativas estabelecidas, a aprender com as lições do passado e a celebrar a diversidade que enriquece nossa sociedade. Que possamos honrar a "Roma Negra", reconhecendo sua importância histórica e cultural, promovendo um futuro onde a compreensão, aceitação e igualdade floresçam.


Com respeito e gratidão,


Carlos Roberto

ARTIGO - "Desafios Políticos na Bahia: Entre Estratégias e Expectativas"

Reflexões de Padre Carlos sobre a Bahia Política




A política é uma arena onde estratégias e expectativas se entrelaçam, formando um jogo complexo de poder e influência. Na Bahia, essas dinâmicas estão mais evidentes do que nunca, especialmente diante das recentes reviravoltas envolvendo o pré-candidato do MDB, Geraldo Jr., e o Partido dos Trabalhadores (PT).


A notícia de que o governador Jerônimo estaria aguardando Geraldo Jr. "se mancar" e retirar sua candidatura para prefeito de Salvador em 2024 não apenas surpreendeu, mas também desencadeou uma série de reações dentro do cenário político baiano. O PT, junto com seus aliados, PCdoB e PV, deixou claro que não abrirá mão da cabeça de chapa em nenhuma circunstância, seja em Salvador ou em Vitória da Conquista.


A visita do governador a Vitória da Conquista adiciona uma nova camada de complexidade a essa situação já intrincada. A esperança do governador era que o pré-candidato do PT ganhasse terreno nas pesquisas, permitindo-lhe cumprir sua promessa de apoiar quem estivesse na frente. No entanto, a ascensão meteórica da vereadora Lucia Rocha, do MDB, desafiou todas as expectativas. Sua popularidade parece prosperar sob a pressão, um fenômeno político que ecoa a resistência da massa de pão, que cresce mais quando é batida.


Este cenário político em constante evolução levanta questões cruciais sobre a natureza da democracia e da representação política. As alianças partidárias são moldadas por uma série de fatores, incluindo ideologia, estratégia e, em última análise, a vontade do eleitorado. Enquanto os partidos manobram e os candidatos se posicionam, é imperativo lembrar que a verdadeira essência da democracia reside na capacidade do povo de fazer escolhas informadas e significativas.


Padre Carlos





ARTIGO - "Gestos de Respeito e Cortesia na Política: Uma Necessidade Urgente"



A visita do governador foi anunciada




Caro leitor,


É com profunda preocupação que observamos a política local, especialmente quando se trata das relações entre os poderes constituídos. Recentemente, a anunciada visita do governador Jerônimo Rodrigues a Vitória da Conquista trouxe à tona não apenas a ausência de formalidade, mas também a falta de cortesia e reconhecimento para com a nossa prefeita, a legítima representante do município. A cortesia na política não é apenas uma questão de etiqueta; é um gesto de respeito, uma demonstração de civilidade e um compromisso com o bem-estar da comunidade que os líderes eleitos juraram servir.


Entendemos que não existe uma lei que obrigue o governador a informar a prefeita sobre sua visita, mas é imperativo ressaltar que tal gesto, embora não obrigatório, é essencial para manter a harmonia e a colaboração entre os diferentes níveis de governo. A falta de comunicação prévia permite que o cenário político local seja explorado por interesses partidários, como vimos no caso do pré-candidato a prefeito, o deputado federal Waldenor Pereira, que aproveitou a situação para fazer política em oposição à prefeita.


Além disso, é crucial destacar a importância da cooperação entre os governos estadual e municipal. Grandes projetos, como a construção de rodovias e hospitais, podem ser realizados quando há um entendimento e colaboração mútua entre diferentes esferas políticas. A ausência de tal cooperação prejudica diretamente a comunidade, privando-a de desenvolvimentos essenciais que poderiam melhorar significativamente a qualidade de vida de todos.


A notícia sobre uma possível festa de aniversário de Conquista patrocinada pelo Governo do Estado, embora ainda não confirmada, levanta questões pertinentes sobre o uso de recursos públicos para eventos políticos. Se confirmada, essa festa merece uma investigação adequada por parte do Ministério Público. É vital garantir que os recursos públicos sejam usados de forma transparente e em benefício da comunidade, não para promover interesses políticos pessoais ou partidários.


Neste cenário, é essencial lembrar que a política deve ser uma busca constante pelo bem comum, não uma plataforma para promoção pessoal ou partidária. É dever dos líderes eleitos trabalhar em conjunto, independentemente de afiliações partidárias, em prol do progresso e do desenvolvimento de nossa cidade e de nosso estado.


Em conclusão, apelamos para um retorno aos valores fundamentais da política: respeito mútuo, cortesia, cooperação e transparência. Somente através desses princípios podemos construir uma sociedade mais justa e próspera para todos os cidadãos.


Atenciosamente,


Padre Carlos.

ARTIGO - A quem recorrer quando a justiça é injusta? O caso do ex-presidente do TJMT

 STF pode reintegrar ex-presidente do TJMT acusado de desvio de dinheiro público


Quando as injustiças vêm de quem deveria praticar a ordem e a verdade, a quem recorrer? Essa é a pergunta que muitos cidadãos brasileiros devem estar se fazendo diante da possibilidade de reintegração do ex-presidente do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, Mariano Alonso Ribeiro Travassos, aos quadros do Judiciário. Travassos foi aposentado compulsoriamente em 2011, após ser acusado de participar de um esquema de desvio de dinheiro público envolvendo uma loja maçônica.

O Supremo Tribunal Federal (STF) está julgando o recurso do magistrado, que já conta com dois votos favoráveis, dos ministros Nunes Marques e André Mendonça. Se o recurso for aceito, Travassos voltará a exercer suas funções e receberá as diferenças salariais referentes ao período em que esteve afastado. Ou seja, além de não ser punido pelo suposto crime, ele ainda será recompensado financeiramente.

Essa decisão, se confirmada, representa um grave atentado à moralidade e à credibilidade do Poder Judiciário, que deveria ser o guardião da Constituição e dos direitos dos cidadãos. Como confiar em uma instituição que acoberta e beneficia seus membros envolvidos em escândalos de corrupção? Como esperar que a justiça seja feita quando os próprios juízes são suspeitos de ilícitos?

Alguém precisa fazer algo para impedir essa injustiça. A sociedade civil, os órgãos de controle, os meios de comunicação e os demais poderes da República devem se manifestar e exigir que o STF reveja sua posição e mantenha a aposentadoria compulsória de Travassos. Caso contrário, estaremos diante de um precedente perigoso, que pode abrir caminho para a impunidade e a desmoralização do Judiciário.

Não podemos aceitar que as injustiças vêm de quem deveria praticar a ordem e a verdade. Precisamos lutar por um Judiciário independente, imparcial e transparente, que cumpra seu papel de garantir a democracia e o Estado de Direito no Brasil.

Padre Carlos 

terça-feira, 24 de outubro de 2023

ARTIGO - A Humanidade e Compaixão do Padre Joselito: Um Chamado à Empatia


 Um Olhar Emocional sobre a Compaixão e a Humanidade:





Em meio aos tempos turbulentos e muitas vezes desoladores que vivemos, é gratificante encontrar gestos que nos fazem acreditar na humanidade, gestos que transcendem as barreiras da religião e tocam o âmago do que significa ser compassivo e empático. Um desses gestos profundamente comoventes veio do Padre Joselito, da Arquidiocese de Vitória da Conquista, cuja ação recente na pequena cidade de Iguaí, na Bahia, ressoa como um poderoso chamado à empatia e à compreensão.


A tristeza tomou conta de Iguaí quando dois jovens da comunidade se envolveram com o crime e, em um trágico confronto com a polícia, perderam suas vidas. A comoção foi ainda maior porque esses jovens, apesar de terem escolhido um caminho perigoso, eram queridos por muitos na cidade e filhos de famílias respeitáveis. A cidade se viu diante de um dilema emocional e ético quando as autoridades decidiram proibir que os corpos fossem velados na Câmara de Vereadores.


Foi nesse momento de dor profunda e confusão que Padre Joselito mostrou ao mundo o verdadeiro significado do amor ao próximo e da empatia. Ao tomar conhecimento da decisão do promotor da cidade em mandar retirar aqueles corpos daquela casa, ele ignorou que dor de uma mãe, independentemente das escolhas de seu filho, não poderia ser desconsiderada. Abraçando aquele corpo e sem saber para onde levar aquele corpo do seu filho furado de bala, o padre lembrou da imagem de Nossa Senhora da Piedade ou Misericórdia e se comoveu. Aquela mulher lembrava a cena do calvário e aqueles corpos furados de bala lembram o corpo de Cristo traspassado pela lança. Em um gesto de profunda compaixão, o padre decidiu abrir as portas da Igreja para os corpos, oferecendo um espaço sagrado para o luto, o consolo e a despedida.


Essa atitude não foi apenas um gesto de inclusão em um momento de exclusão, mas também um ato profético que ecoa pelos corredores do tempo. Ao desafiar a norma estabelecida em nome da compaixão, Padre Joselito nos lembrou da nossa responsabilidade coletiva de reconhecer a humanidade em todos, mesmo naqueles que cometeram erros graves. Ele nos mostrou que o verdadeiro caminho para a cura e a transformação começa com a aceitação da dor do outro, independentemente das circunstâncias que a causaram.


Ninguém deve desconsiderar a dor de uma mãe, pois é um lamento que transcende as fronteiras da moralidade e das escolhas pessoais. Ao abrir as portas da Igreja para esses jovens, Padre Joselito nos ensinou que a empatia não conhece limites e que, em tempos de escuridão, um gesto de amor pode iluminar o mundo ao nosso redor.


Que possamos todos aprender com esse gesto extraordinário de humanidade. Que possamos, em nossas próprias vidas, encontrar maneiras de estender a mão aos que sofrem, reconhecendo que, no final do dia, somos todos parte da mesma família humana, unidos pela fragilidade de nossa existência e pela necessidade universal de compaixão.


Com esperança e gratidão pela lição do Padre Joselito,


(Padre Carlos)

ARTIGO - As Recentes Mudanças nas Regras Eleitorais

Desafios e Oportunidades





Prezados leitores,


As recentes mudanças nas regras eleitorais no Brasil não passaram despercebidas, especialmente em cidades como Vitória da Conquista, onde a política sempre foi palco de intensos debates e estratégias eleitorais. Com a introdução das federações partidárias e as novas regras para distribuição de vagas para vereador, o cenário político local e nacional passa por profundas transformações, criando dilemas e desafios para as legendas, especialmente as menores e menos consolidadas.


Anteriormente, os grandes partidos tinham a estratégia de lançar uma variedade de candidatos de diferentes densidades eleitorais, confiantes de que, no final, a votação geral do partido seria suficiente para eleger seus nomes mais fortes. No entanto, com a chegada das federações de partidos, essa estratégia se tornou inviável. Agora, a contagem dos votos é feita de forma conjunta, levando a um novo dilema: como os partidos se comportarão diante desse cenário?


Para os partidos menores, a resposta a esse dilema exige uma reavaliação profunda de suas táticas. A concentração de votos em poucos nomes, especialmente os candidatos com mais apelo popular, torna-se crucial para garantir uma posição de destaque dentro da federação. No entanto, isso requer não apenas estratégias individuais, mas também uma coordenação eficaz internamente e com os parceiros da federação.


O desafio está em abandonar visões individualistas em prol de uma estratégia unificada que maximize as chances dos candidatos. Isso implica em uma mudança de mentalidade, onde o bem coletivo deve prevalecer sobre interesses pessoais. As legendas precisam encontrar maneiras de potencializar os candidatos que verdadeiramente representam a vontade popular, em vez de se perderem em disputas internas que enfraquecem o grupo como um todo.


No entanto, apesar dos desafios, as federações também trazem consigo oportunidades. Bem utilizadas, podem fortalecer os partidos menores, trazendo novas lideranças para o cenário político. Essa renovação é essencial para a vitalidade de qualquer democracia, pois traz novas ideias, perspectivas e soluções para os problemas enfrentados pela sociedade.


Resta saber se os partidos terão a inteligência e a maturidade necessárias para enfrentar esse desafio de forma construtiva. A capacidade de adaptação e a habilidade política serão testadas ao máximo nos próximos pleitos. A população conquistense está atenta e espera que seus representantes estejam à altura do desafio, trabalhando em prol da democracia e do bem-estar comum.


Que possamos encarar esse novo cenário eleitoral com sabedoria e coragem, em busca de um futuro político mais justo e representativo para todos.


Atenciosamente,


Padre Carlos


ARTIGO - A geração que fez a diferença! (Padre Carlos)

A geração que fez a diferença!      Decorridos tantos anos do fim da ditadura, observa-se que a geração da utopia está partindo e a nova...