Para construir o Brasil do futuro
Um dos grandes desafios que temos que
enfrentar nestes últimos tempos são os ataques as base do nosso regime republicano
democrático e suas instituições sem que possamos fazer muita coisa em
sua defesa no que se refere às tentativas de golpe e o desrespeito a nossa
constituição. Como
professor de filosofia chamo a atenção da classe política para que possa
entender que uma das causas estes problemas estão relacionado à falta de consciência história de alguns
setores da sociedade e das novas gerações. Não resgatamos os nossos valores
históricos e não buscamos celebrar as nossas vitórias para entrar no período de
democratização. Fechamos os olhos para aqueles que rasgaram a constituição em
64 e não repactuamos a Nação. Para construir o Brasil do futuro, nós precisávamos
ter usado os mitos do passado que alimentaram nossas utopias e assim, poderiam
ter capacidade de sustentar o nosso presente. Por isso, uma sociedade que não
faz uso de sua história, não consegue se entender.
Nós
somos nesta eleição, através de uma frente democrática chamada a participar da
construção do futuro deste país, assim podemos nos perguntar: quais são as
nossas âncoras de identidade?
Quem
escreveu nossa história sabia que as masmorras de Curitiba tinha uma função estratégica.
Quais dos nossos heróis nos identificamos com este passado? Nossa cultura
autoritária fez com que absolvêssemos os valores burgueses e tivéssemos vergonha
da senzala. Os nossos mitos, portanto, é
checado o tempo todo porque, no fundo, nós estamos confrontando a nossa própria
identidade, quando colocamos um retirante como protagonista do projeto de
salvação e não um filho de coronel.
Primeiramente
pode haver um susto, mas depois nos perguntamos: será que realmente somos
assim? É aí que começamos a fazer perguntas como: será que somos democráticos
ou a nossa índole é, na essência, autoritária?
Queremos
soluções rápidas como em 85 que não nos deram o trabalho de construirmos um
pacto entre a senzala e a casa grande, ou queremos um consenso, para construção
de soluções duradouras?
Na verdade, estamos órfãos de identidade. Onde
fica a casa grande e a senzala? Afinal,
quem nós somos? O Brasil precisa encontrar um eixo comum que suavize os
conflitos e, neste momento de confronto, é necessário voltar ao passado para
nos perguntarmos: dá para construir o Brasil com a matéria-prima que temos à
disposição?
Uma
identidade, para ser realmente sólida, preciso ser produto de um pacto, isto é,
a sociedade tem que se reconhecer coletivamente nessa identidade como nação. E
é isso que nos polariza tanto e que reflete uma intolerância, não aceitamos a
senzala neste projeto nacional.
Para as camadas populares, só valerá a pena
salvar a democracia se todas as classes envolvidas nesta luta devolver as
esperanças do povo de que “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes
no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes”...
Os
frutos virão mais lentamente do que imaginamos, mas eles serão resultados da
história que construímos hoje. O Brasil de hoje pode não ser o melhor, pode não
ser o mais justo, mas o Brasil que nós sonhamos hoje pode, sim, ser melhor e
mais justo se nós assumirmos o desafio de construí-lo hoje.
Padre
Carlos
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