sábado, 8 de junho de 2019

ARTIGO | Jesus, Reformista ou Revolucionário (Padre Carlos)




Jesus, Reformista ou Revolucionário



            Belo Horizonte nas décadas de oitenta e noventa, era o grande centro teológico da América Latina. Para esta cidade, os bispos e provinciais de muitas congregações religiosas, enviavam seus estudantes para os diversos institutos teológicos que havia naquela cidade.
Esta oportunidade de estudar no olho do furação teológico, me proporcionou a conhecer grandes mestres desta área, foram eles que pregaram em meu peito o amor pelos estudos dos textos bíblicos e pelas pesquisas que diz respeito a estes no decorrer do tempo e da história.
      
      Quando nos propomos a escrever sobre o Jesus histórico, tínhamos consciência que teríamos que nos apropriar da hermenêutica para entender o campo de estudo relacionado à forma como interpretamos a Bíblia. E da exegese para a interpretação real da Bíblia ao extrair o significado do texto bíblico.
            O nosso objeto de estudo é entender como um simples carpinteiro das baixas colinas da Galileia passou a ser visto como uma ameaça ao sistema estabelecido, como um problema social e religioso a ser combatido. Não podemos esquecer sua visita ao templo e a expulsão dos comerciantes do local, foram estes comportamentos que foram considerados atos terroristas, crimes gravíssimos e uma afronta aos sacerdotes líderes do povo Judeu rebelando assim, contra o status quo daquela elite.
            A passagem de Jesus pelos territórios da Judeia, Samaria e na Galileia, curando aleijados, dando de comer aos pobres, ensinando pessoas a dividir o pão e afrontando cobradores de impostos, levaram o sistema a considerar Jesus Cristo como um vírus que cada vez mais infectava pessoas e as rebelavam afrontando assim todo o sistema, um verdadeiro revolucionário e alvo da mais pesada penas da justiça da sua época.
            O que pensavam os judeus do século 1º d.C. a respeito do galileu que falava e agia com autoridade? Acreditava que se tratava do Messias, o descendente do rei Davi cujo trabalho seria derrotar os inimigos de Israel e implantar o Reino de Deus na Terra. Acredito que essa era a visão que Jesus teve inicialmente sobre si mesmo. Só com o tempo ele vai tomando consciência da sua missão. Quando abordamos este assunto, não podemos enveredar em um discurso da cultura cristã e sim no tema do judaísmo de veia revolucionária que existia no século 1º d.C., do qual para a comunidade Jesus era um representante. Desta forma, não podemos esquecer que estamos abordando aqui a "busca pelo Jesus histórico". O problema do pesquisador é que, fora do Novo Testamento, não há quase nenhum vestígio do homem que iria alterar de modo permanente o curso da história humana. A referência não bíblica mais antiga e mais confiável de Jesus é do historiador judeu Flávio Josefo, do século I (morto em 100 d.C.).
       
    
Assim, voltando aos acontecimentos que antecederam sua prisão e condenação, não poderíamos deixar de lembrar ao leitor, que o templo de Israel, naquela época, era o centro administrativo, religioso e político do povo Judeu, lá os sacerdotes que comandavam as leis e que detinham poder político sobre o povo de Israel se alocavam e realizavam suas atividades, era o centro de cobrança de impostos e sede do governo. Foi nesse espaço que, num acesso de raiva, Jesus Cristo derruba as mesas dos cambistas e expulsa os vendedores de comida barata e souvenirs. Solta as ovelhas e o gado prontos para serem vendidos para sacrifício e abre as gaiolas de pombos, colocando as aves em fuga.
            Este comportamento de Jesus era acima de tudo, de um profeta apocalíptico, ou seja, alguém que previa -provavelmente "para ontem", ainda durante seu tempo de vida- a intervenção decisiva de Deus na história, libertando o "povo escolhido" de Israel e instaurando uma nova era de justiça e de paz. Seus ensinamentos vinham acompanhados do seu exemplo, não por simples retórica, assim suas denuncias tinha peso e autoridade. Foi com este capital político e espiritual, que ele, desferiu um golpe fatal no espírito consumista, colocando a avareza como oponente de Deus. Emparedar e desmascarar os lideres judeu levou a elite a conspirar cada vez mais a sua morte e para não serem envolvidos com tal ato, venderam a Roma à imagem de alguém que reivindicava o reino dos judeus e devido à traição, deveria morrer e consequentemente a morte de cruz.
            Todo criminoso que era pendurado em uma cruz recebia uma placa declarando o crime específico pelo qual estava sendo executado. O crime de Jesus, aos olhos de Roma, foi o de buscar o poder político de um rei. “Rei dos Judeus”. Assim estava escrito na placa que os romanos colocaram acima da cabeça de Jesus.
       
    
Desta forma, sua pregação se tornava perigosa e revolucionária, ao não selar nenhum compromisso com a manutenção do Status Quo, mas com a introdução de uma nova ordem de coisas, onde o ser humano teria mais importância do que as instituições e tradições. Onde o sábado fora feito para o bem-estar do homem, e não o homem para o sábado. Não vejo aqui um discurso reformista ou conciliador, mas, uma ruptura com o sistema e tudo que aprisionava o pobre no campo político e espiritual.


PadreCarlos.


ARTIGO | Não se mente para um inocente (Padre Carlos)




Não se mente para um inocente



            Existe entre os adultos um costume nada pedagógico de enganar as crianças. Se num determinado dia colocamos a baixo a casa porque nosso filho mentiu, no dia seguinte cometemos os mesmos erros e achamos que as crianças ou adolescentes não estão percebendo nossa manobra. Temos que ter consciência que mentir para uma eles é muito pior do que mentir a um adulto. A verdade é o grande valor moral que buscamos transmitir para elas, sendo assim, a verdade se torna a base da educação. Estes valores éticos e moral que os pais tentam a todo o custo transmitir acabam simplesmente sendo destruídos sem que deem conta disso.
       

     Assistimos com facilidade a mentiras aparentemente inocentes nos parques, nos supermercados e ambientes infantis. Com receio de a criança chorar e precisando levar o filho para casa, muitos pais simplificam a tarefa dizendo: ‘Vamos embora para outro parque ou outro mercado’, ‘vamos rapidinho e voltamos’ ou ‘vamos tomar um sorvete’. Qualquer coisa suficientemente tentadora que convença o filho a sair dali de forma rápida e silenciosa. Depois a criança começa a aperceber que nada do que imaginou vai acontecer, mas nesse momento já está longe do olhar dos outros e mesmo que fique irritada – e com razão – para os pais é um mal menor. O que não é um mal menor são estas expectativas que se criam diariamente e que depois são frustradas. A excitação e depois a frustração, de forma repetida, de desejar qualquer coisa que depois não se realiza, pode ter consequências graves nestes seres humanos em formação, e está até entre as causas de algumas psicopatologias. Por outro lado, à medida que os pais mentem aos filhos, vão sendo desacreditados e as pessoas em quem estes mais deveriam confiar, deixam de ser confiáveis para eles.
            Se isto acontece com as boas expectativas, também acontece com as más. Quantas vezes ouvimos pais com ameaças, muitas vezes impossíveis, quando não encontram outra forma de controlar o filho? Fazem ameaças exageradas que depois não irão cumprir. ‘Vai ficar sem celular para o resto da vida’, ‘ Vai ficar de castigo até aos 18 anos’, ‘nunca mais vai para festa’, etc. Não vale a pena ameaçar de novo porque não acreditam mais em você e o respeito que tinham também começa a perder.
            Certo dia, os pais de um garoto que frequentava a catequese, me procurou na casa paroquial para falar do comportamento do seu filho, eu olhei com carinho e atenção para aquele casal de meia idade e lhe falei: seu filho o admira e o vê como seu próprio espelho, são os comportamentos de vocês que ele observa, é seu reflexo quando fica em dúvida sobre algo que ele se lembra; aí está o desafio e o esforço de ser pai meu amigo. É o convite para seguirmos melhorando como pessoas, como pais, como indivíduos. Quando nos ligamos na questão da saúde, nos bons hábitos, naturalmente nossos filhos conhecem essa realidade e entram em contato com ela. Mais cedo ou mais tarde esse passa a ser seu caminho natural. Quando tratamos bem as pessoas próximas, conhecidas e desconhecidas é assim que nossos filhos recebem também a importante informação de que é assim que as pessoas devem ser tratadas.
            As promessas que você faz para eles são para serem cumpridas. Sejam boas ou más. Se não for possível então não deveria ser prometido pelos adultos, estes já são suficientemente crescidos para pensarem antes de falar e dizerem só o que sabem que vão conseguir cumprir. Pelo bem do seu filho e de si próprios.
      
     
Enganam-se quem pensa que as crianças e os jovens não prestam atenção ou que se esquecem do que lhes disseram. As eles ouvem atentamente, mesmo que às vezes não pareça, têm uma memória prodigiosa e tendo muito menos coisas com que se preocupar do que os adultos, por isso, o que lhes é dito é guardado e pensado. Não cai no esquecimento.
Mesmo que tenhamos de ir pelo caminho mais difícil - que é o de enfrentar as feras e a verdade e assumir as consequências – acredito que é o caminho certo e não abro mão dele. Se os pais não são capazes de fazê-lo também não podem exigir aos filhos que façam.
Temos de saber com que valores queremos educar os nossos filhos e se seremos dignos da sua confiança. Os valores são transmitidos, sobretudo por imitação e muitos adultos não dão exemplo.
            Não existem mentiras inocentes. Existem sim, mentiras e verdades. E se os adultos consideram as suas mentiras inocentes, como podem condenar as mentiras de seus filhos?
Padre Carlos.

ARTIGO | O Pacto das Catacumbas (Padre Carlos)





O Pacto das Catacumbas



            Minha juventude teve a sorte de contar com uma Igreja dedicada a formação dos seus quadros e foi justamente nestes movimentos da ( ACO ), que comecei minha militância política. Desta forma, quando tinha dezessete anos, já participava de forma intensa do movimento sindical através da JOC ( Juventude Operária Católica ).
Em uma palestra no CEAS, o Pe. Confa, que era orientador do movimento, passou a relatar para os presente, como foi concebido a proposta de Igreja Pobres, para os Pobres.
    
        Segundo o jesuíta, durante o Concílio, em resposta à proclamação de João XXIII, um significativo grupo de bispos, entre os quais se encontravam dom Helder Camara, constituiu o movimento “Igreja dos Pobres”. Ao final do Concílio, em 16 de novembro de 1965, este grupo celebrou uma missa na Catacumba de Santa Domitila, em Roma, e firmou o documento que se tornou conhecido como “Pacto das Catacumbas por uma Igreja Serva e Pobre”. Entre outros compromissos, os signatários afirmavam: “Procuraremos viver segundo o modo ordinário da nossa população, no que concerne à habitação, à alimentação, aos meios de locomoção e a tudo que daí se segue. Para sempre renunciamos à aparência e à realidade da riqueza, especialmente no traje (fazendas ricas, cores berrantes), nas insígnias de matéria preciosa (devem esses signos ser, com efeito, evangélicos). Nem ouro nem prata.”
            Os Bispos Latino-Americanos reunidos em Medellín em 1968 proclamaram um documento de vital importância para a Igreja Católica na América Latina, onde assumiram a chamada “opção pelos pobres”, que depois será reafirmada nas Conferências de Puebla (1979), Santo Domingo (1992) e Aparecida (2007). O número XIV do Documento de Medellín intitula-se “Pobreza da Igreja” e nele se faz a recepção dos principais pontos do “Pacto das Catacumbas”.
            É em profunda sintonia com as posições de Mendellín que Bergoglio exerce o seu ministério episcopal em Buenos Aires. Vive de forma austera, usa os meios de transporte comuns, vai ao encontro dos pobres, estimula seus padres para que se dirijam à periferia. Eleito Papa, mantém os mesmos compromissos. Exorta a Igreja a ir à periferia do mundo e aos pastores a terem um estilo de vida austero como sinal do compromisso evangélico. Os pobres ocupam uma posição central em seu ministério.
        
   
Uma Igreja pobre, para os pobres. Papa Francisco nos convoca a viver o Evangelho na solidariedade concreta com o pobre, indo ao seu encontro, sabendo que neles se encontra o próprio Cristo. Como o Samaritano da parábola de Jesus, que nós sejamos capazes de sentir compaixão pelos excluídos, empobrecidos e explorados, vencendo a globalização da indiferença, construindo novas estruturas econômico sociais que não tenham apenas o lucro como objetivo, mas sim o bem viver e o bem-estar de todos, hoje e no futuro.



Padre Carlos.


ARTIGO | Quanto mais amamos, nos tornamos mais humanos. (Padre Carlos)




Quanto mais amamos, nos tornamos mais humanos.


            Dedicar à vida a alguém é sentir por essa pessoa um amor muito grande, seja esse amor por um filho, um companheiro, um amigo, ou outra pessoa que, para nós, por qualquer motivo, é especial. O que verdadeiramente poderia ser mais importante nos meus sentimentos, do que me sentir especial para alguém. Infelizmente, algumas pessoas não têm a felicidade de se sentirem assim e passam pela vida sem essa felicidade. Outras passam a vida inteira sentindo-se únicas para muitas pessoas – primeiro, para os pais; depois, para um professor ou para um colega; mais tarde, para um amigo, para uma pessoa amada, para os filhos, para os avós… São pessoas especiais, capazes de reunir outros à sua volta, de atrair pelas qualidades, pelo sorriso, pela generosidade, pela gratidão, pelo dom da alegria que irradiam. Penso que todos conhecemos pessoas assim, que todos identificamos pela simpatia. Nos sentimos como se ela fosse o sol, ou referencia de felicidade. Um carisma tão grande que passamos a depender da atenção desta pessoa. 
         
   As pessoas procuram a felicidade assim como as mariposas procuram a luz. Todo mundo quer ser feliz e tudo o que fazemos é para encontrar a felicidade. Por isso, quando você transborda felicidade e alegria, as pessoas simplesmente querem estar perto de você, de alguma maneira, simplesmente porque querem compartilhar da sua alegria.
            Mas, na realidade, não é preciso ser verdadeiramente singular e especial para se ser único. Cada um de nós é, à sua maneira, especial. Sim, todos nós somos especiais de algum modo, mas não é neste sentido que estamos falando. Por incrível que pareça, existem traços que são capazes de fazer de você um ser humano se não único, no mínimo raro. Interessante, não? E apenas depende de cada pessoa, sozinha no seu silêncio, fazer com que os outros vejam as suas qualidades, as reconheçam e as valorizem.
            Fazer algo «exclusivo, dedicado», simplesmente para alguém, é a maior dedicatória que se pode oferecer, é como dizer que se fez ou pensou algo apenas por essa pessoa, individualizando-a de todas as outras.
Uma pessoa pode amar demais e não ser retribuída, como não ter amor nenhum e ser muito amada. Não há essa necessidade de reciprocidade. Amar não garante ser amado. Mesmo assim, amar aumenta a possibilidade de ser amado, sem a menor dúvida. Contudo, não garante, mesmo que se seja amado em retribuição, que esse amor seja devotado exclusivamente à pessoa que ama. É impossível amar a quem se resolva que se quer amar se o amor não surgir espontaneamente, com também é impossível deixar de amar a que se quer deixar de amar.
            Desta forma, valorizar os outros e se sentir valorizado é uma das sensações mais importantes para consolidar a nossa personalidade e garantir a estrutura para que possamos encarar os problemas que diariamente enfrentamos. 
Temos que ter clareza que não adianta querer esquecer a quem se ama porque tal pessoa não ama em retribuição. O amor é como uma droga, e você está vivendo uma crise de abstinência, pois lhe negam a sua dose diária.       Quando estamos apaixonados, nosso organismo produz substâncias como a dopamina (o hormônio do prazer) e a oxitocina (o hormônio do apego). A paixão, principalmente na fase inicial, gera comportamentos que lembram muito a conduta que observamos nas pessoas viciadas em alguma substancia toxica. Trata-se de uma dependência poderosa, com reflexos no cérebro.
Alguns homens mudam radicalmente depois que a mulher se separa dele e passa a assumir um comportamento violento diante da rejeição. Assim, o aumento significativo da violência e os crimes bárbaro contra a mulher. vem chamado a atenção dos profissionais de saúde devido a motivação, que na maioria das vezes estão relacionados a separação. Precisamos trabalhar estas perdas, para que elas não se transforme em uma patologia. Desta forma, estas rejeições amorosas precisam ser absolvidas de forma menos dolorosas.
        
    O melhor é continuar amando mesmo sem retribuição e mesmo que esse amor não se expresse em nenhum relacionamento amoroso. Com o tempo, você vai se reconciliando e vai ficando no lugar desta paixão, lindas lembranças. Amar sem ser amado não é problema nenhum e é inteiramente possível de se conduzir sem sofrimento. Amar é tolerância e concessão. Não é receber, é dar, desejando o bem ao outro. É superar adversidades. É viver com intensidade e saber lidar com a ausência do outro. 
Quanto mais amamos, nos tornamos mais humanos.
Padre Carlos.


sexta-feira, 7 de junho de 2019

ARTIGO | Um homem de palavra (Padre Carlos)




Um homem de palavra



            No meu tempo de militância no período de chumbo, a palavra na política era sagrada. Quem não a honrasse era rapidamente marginalizado, até excluído do nosso convívio. Os acordos eram verbais e honrados na esmagadora maioria dos casos. Hoje, os acordos político são todos (ou quase) sob a forma eleitoreira e baseada em loteamentos do poder e revista muitas vezes para acrescentar ou detectar falhas que permitam aos signatários escapar a responsabilidades assumidas depois da eleição ou da nova conjuntura.
            Hoje, fiquei refletindo sobre este tema: ser ‘um homem de palavra’. Estes valores da palavra são hoje cada vez mais raros. Quem não tem pode ser considerado um ‘farsante’ – mas a sociedade não o marginaliza como antigamente. Não falo só dos políticos, em que se banalizou a aceitação da promessa eleitoral não serem cumpridas, sempre com uma desculpa ‘na ponta da língua’ e um encolher de ombros dos eleitores, falo também, de alguns homens de bem, que a cada dia decepciona a sociedade.
          
  Quando menino lembro uma vez meu pai falando deste assunto: «Sabe de uma coisa? A minha assinatura pode ser falsificada, mas a minha palavra nunca!». Registei aquela frase antes nunca ouvida e, tendo sido educado neste contexto de ‘palavra de honra’, este assunto voltou ao meu consciente e tocou-me de forma profunda, o certo era que a sua palavra era mesmo ‘lei’.
            Um homem de palavra transmite confiança. Isto não se pede, não se dá e nem se compra. Ao longo de sua vida, ou de sua carreira política, este homem conquista a confiança dos seus correligionários e companheiros de partido. Gostaria de colocar para os leitores, que a moeda que move a política é a palavra, são suas ações que vão se formando seu capital político, não os votos conquistas, estes são a representação do seu patrimônio político, que é a sua palavra, e uma vez perdida, dificilmente pode ser recuperada. 
       
    
Confiar é saber que se pode contar com uma pessoa, que se pode acreditar e depositar fé e esperança nela. Por isso, para merecer a confiança de alguém, é preciso saber honrar a própria palavra e os compromissos firmados. Cada vez que um compromisso ou palavra são quebrados, quebra-se também a confiança. E com ela o homem.




Padre Carlos


ARTIGO | Ex-presidiário, uma pena perpétua (Padre Carlos)






Ex-presidiário, uma pena perpétua

            O tempo de reclusão, dos nossos irmãos que foram condenados por algum crime, deveria ser mais do que um castigo, deveria ser um tempo de recuperação da pessoa, tempo de preparação para a sua reintegração na sociedade.
            Quando uma pessoa adoece, procura um médico e devido à gravidade, se interna no hospital até recuperar a saúde. E, quando tem alta, ninguém é tratado como um ex-doente. No entanto, um indivíduo que passa pela cadeia fica condenado para sempre como um ex-penitenciário, ou seja, a sociedade acredita muito pouco na capacidade regeneradora do sistema prisional. São cada vez mais raras as exceções, quem comete um crime, mesmo depois de ter cumprido a sua pena, é considerado criminoso para sempre.
            Muitas vezes, por causa disso, pessoas que saem da cadeia são rejeitadas pelos amigos e pela família, não encontram emprego e acabam voltando a atividades criminosas. Os irmãos no crime são, nesses casos, os únicos que os acolhem. Assim não se consegue quebrar o círculo vicioso da reincidência Além disso, o tempo de reclusão, em vez de ser um tempo de reeducação para a vida, torna-se frequentemente numa aprendizagem de formas mais refinadas da criminalidade. Uma escola para o crime.
  
          Devido estas constatações, em alguns países europeus, está estudando formas para retardar ao máximo a entrada de novos indivíduos no sistema prisional. Nestes países, quando as pessoas são colocadas em liberdade, também não são abandonadas a toda sorte: são acompanhadas desde o primeiro minuto e são dadas condições para que não voltem a enveredar pelo crime. O objetivo é que haja cada vez menos presos a reincidirem. Esta política está dando resultados: só na Holanda, foram fechadas 19 cadeias na última década. E preparam-se para fechar mais cinco.
            No Brasil, as autoridades vão na contramão da história e de todo o estudo que tem feito em todo o mundo, a política de masmorra de Sergio Mouro, tem como objetivo, o recrudescimento da pena, a criação de novos tipos penais, a mitigação de direitos e garantias e o endurecimento da execução penal, para as autoridades brasileiras, estas medidas levarão à redução da violência e da criminalidade.
     
       A experiência legislativa demonstra, inequivocamente, que não há relação alguma entre leis que privilegiaram o endurecimento do sistema penal com a redução da criminalidade (vide a Lei 8.072/90, sobre crimes hediondos). Pelo contrário, medidas baseadas na política criminal da “lei e da ordem” têm levado ao encarceramento em massa, principalmente dos mais vulneráveis, e ao colapso do sistema penal. Não é demais martelar que o Brasil tem a terceira maior população carcerária do planeta e a que mais cresce proporcionalmente.
Foram estas medidas, que levaram a criar condições para as piores chacinas no nosso país.

Padre Carlos




Padre Carlos Roberto Pereira, foi coordenador da Pastoral Carcerária em Vitória da Conquista; Presidente do Concelho da comunidade para assuntos penais; Coordenador de atividades laborativas da Sec. de Assuntos Penais do Governo do Estado da Bahia e Diretor Adjunto do Presídio Adv. Nilton Gonçalves, na cidade de Vitória da Conquista.


ARTIGO | Ao Mestre com carinho (Padre Carlos)





Ao Mestre com carinho. 

                

              O desenvolvimento de um município só pode ser medido se levarmos em conta vários fatores, como o serviço de saúde, suas estradas, o investimento privado e público, qualidade de vida, a cultura ou a educação. E é na educação que reside o maior desafio de qualquer estado democrático. A qualificação dos cidadãos é o que garante que teremos futuro e que este estará entregue a gente capaz de assumir o que a cidade exige.

            Durante duas décadas, Vitória da Conquista recebeu uma atenção dos seus gestores, capaz de dar respostas aos jovens que querem prosseguir seus estudos. Transformamos esta cidade num polo de educação e prestação de serviço,alavancando assim, o desenvolvimento regional no sudoeste baiano e no norte de Minas Gerais.

         

   Estes investimentos públicos e privados, só foram possível, porque a iniciativa privada entendia, que os gestores do município manteriam os investimentos nos seguimentos necessário para Conquista continuar na rota do desenvolvimento.

O que define um gestor público, é como ele enxerga uma crise, enquanto alguns só conseguem vê o caos outros acreditam ser uma oportunidade de desenvolvimento. O mais importante neste momento, é fazer com que o Governo Municipal dê sinais claros que a aposta na educação vai continuar e que, acima de tudo, a valorização de quem torna o ensino possível é fundamental. Falo naturalmente dos professores.
            A data base para o reajuste salarial dos servidores municipais seria o mês de maio. No entanto, até o momento as rodadas de negociações das cláusulas econômicas não foram iniciadas.
            A presidente do Simmp, Ana Cristina, pediu que o diálogo seja aberto. “Estamos em manifestação porque o governo se nega mais uma vez a dialogar. 


            Uma classe, tradicionalmente unida entre si, apesar da diversidade de pensamentos tem assegurado a formação de milhares e milhares de alunos. É na escola que diariamente confiamos os nossos filhos.

            Independentemente da forma como vão terminar as negociações entre o poder público e o sindicato, temos que ter consciência de que o município não necessita de populismos, nem de colocar a sociedade contra a classe docente, como se todos os males viessem daqueles que formam, e bem, os nossos jovens.

            Não necessitamos de um Prefeito que junte, no mesmo pensamento, educação e finanças. Como esta fazendo o Governo do Estado da Bahia e o fascismo a nível nacional. Infelizes ou ponderadas, a decisão de fechar qualquer diálogo com o sindicato  sem querer discutir com a classe, não trouxeram paz e inflamaram ainda mais a opinião pública. A pergunta que não quer se calar: vale apena ser professor nos dias de hoje? 
 ... vale a pena, quando a alma não é pequena. .

Padre Carlos


ARTIGO - A geração que fez a diferença! (Padre Carlos)

A geração que fez a diferença!      Decorridos tantos anos do fim da ditadura, observa-se que a geração da utopia está partindo e a nova...