Ex-presidiário, uma pena perpétua
O tempo de reclusão, dos nossos
irmãos que foram condenados por algum crime, deveria ser mais do que um
castigo, deveria ser um tempo de recuperação da pessoa, tempo de preparação
para a sua reintegração na sociedade.
Quando uma pessoa adoece,
procura um médico e devido à gravidade, se interna no hospital até recuperar a
saúde. E, quando tem alta, ninguém é tratado como um ex-doente. No entanto, um
indivíduo que passa pela cadeia fica condenado para sempre como um ex-penitenciário,
ou seja, a sociedade acredita muito pouco na capacidade regeneradora do sistema
prisional. São cada vez mais raras as exceções, quem comete um crime, mesmo
depois de ter cumprido a sua pena, é considerado criminoso para sempre.
Muitas vezes, por causa
disso, pessoas que saem da cadeia são rejeitadas pelos amigos e pela família,
não encontram emprego e acabam voltando a atividades criminosas. Os irmãos no
crime são, nesses casos, os únicos que os acolhem. Assim não se consegue
quebrar o círculo vicioso da reincidência Além disso, o tempo de reclusão, em
vez de ser um tempo de reeducação para a vida, torna-se frequentemente numa
aprendizagem de formas mais refinadas da criminalidade. Uma escola para o
crime.
Devido estas
constatações, em alguns países europeus, está estudando formas para retardar ao
máximo a entrada de novos indivíduos no sistema prisional. Nestes países,
quando as pessoas são colocadas em liberdade, também não são abandonadas a toda
sorte: são acompanhadas desde o primeiro minuto e são dadas condições para que
não voltem a enveredar pelo crime. O objetivo é que haja cada vez menos presos
a reincidirem. Esta política está dando resultados: só na Holanda, foram
fechadas 19 cadeias na última década. E preparam-se para fechar mais cinco.
No Brasil, as
autoridades vão na contramão da história e de todo o estudo que tem feito em todo o mundo, a
política de masmorra de Sergio Mouro, tem como objetivo, o recrudescimento da pena, a criação de novos
tipos penais, a mitigação de direitos e garantias e o endurecimento da execução
penal, para as autoridades brasileiras, estas medidas levarão à redução da
violência e da criminalidade.
A experiência
legislativa demonstra, inequivocamente, que não há relação alguma entre leis
que privilegiaram o endurecimento do sistema penal com a redução da
criminalidade (vide a Lei 8.072/90, sobre crimes hediondos). Pelo
contrário, medidas baseadas na política criminal da “lei e da ordem” têm levado
ao encarceramento em massa, principalmente dos mais vulneráveis, e ao
colapso do sistema penal. Não é demais martelar que o Brasil tem a terceira
maior população carcerária do planeta e a que mais cresce proporcionalmente.
Foram estas medidas, que
levaram a criar condições para as piores chacinas no nosso país.
Padre Carlos
Padre Carlos Roberto
Pereira, foi coordenador da Pastoral Carcerária em Vitória da Conquista;
Presidente do Concelho da comunidade para assuntos penais; Coordenador de
atividades laborativas da Sec. de Assuntos Penais do Governo do Estado da Bahia
e Diretor Adjunto do Presídio Adv. Nilton Gonçalves, na cidade de Vitória da
Conquista.
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