Fake News ou a luz da verdade?
Seja como for, levar
alguém ao engano é coisa antiga. Desta forma, gostaríamos de iniciar este
diálogo com nossos leitores, lembrando que a mentira
política é uma arte tão velha quanto à civilização. A verdade é um conceito
fugidio na metafísica e mutante nas ciências – uma nova descoberta pode anular
o que se dava como certo –, mas no dia-a-dia o assunto é bem diferente: há
coisas que aconteceram, e outras que não; mas não podemos negar que os fatos
reais ou inventados, influenciam a nossa percepção e opinião.
Não é novidade que a
política se faz de omissões, mistificações, deturpações e até de mentiras
descaradas. Até há pouco tempo, chamávamos pelo nome de desinformação, mas uma
expressão inglesa tem outro impacto: agora é fake news!
Não importa o nome que
se dê levar alguém ao engano é coisa antiga. Depois do debate de Collor e Lula,
descobrimos os truques e armadilhas do debate político, e só então aprendemos o
significado pleno da expressão ‘vender gato por lebre’. As comédias das noites
eleitorais, de quando todos os líderes partidários faziam discursos de vitória,
resvalaram até ao grau zero da decência, mas dão sinais de inversão.
Há limites para o decoro
e há certo dever de coerência dos meios de comunicação. Exemplos banais
ilustram a ideia: todos pecamos, mas a sociedade é mais severa para com os
magistrados; em qualquer profissão há distrações, mas ninguém aceitará que um
filho seja operado por um cirurgião com fama de distraído; ou julgado por um
juiz que tenha fama de ser parcial. Falhas
de interpretação e decisões erradas são coisas do dia a dia, mas não se admite
desvio de conduto de um magistrado judicial, em quem acreditamos no rigor da
justiça.
Políticos; governos e
magistrados deveriam estar sob constante escrutínio.
Jamais iremos tolerar a
desonestidade intelectual de quem não hesita em distorcer a justiça e fatos
para justificar as deduções e as conclusões que mais convêm à sua peculiar
visão de mundo e de justiça.
E a perplexidade atinge
o inacreditável quando tomamos conhecimento dos diálogos do então juiz federal Sergio Moro, hoje ministro da Justiça, e o procurador da Deltan
Dallagnol trocavam mensagens de texto sobre o andamento da Operação Lava Jato. A investigação coloca em xeque a imparcialidade do ministro
quando era responsável pelo julgamento em 1ª instância de diversos casos de
corrupção pela 13.ª Vara Criminal Federal de Curitiba, dentre eles, o caso do
tríplex no Guarujá, que levou à prisão o ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva. O site afirma que, em conversas privadas, “Moro sugeriu ao
procurador que trocasse a ordem de fases da Lava Jato, cobrou agilidade em
novas operações, deu conselhos estratégicos e pistas informais de investigação,
antecipou ao menos uma decisão, criticou e sugeriu recursos ao Ministério
Público e deu broncas em Dallagnol como se ele fosse um superior hierárquico
dos procuradores e da Polícia Federal”.
Exigimos
das instituições envolvidas, uma resposta e investigações o mais rápido possível.
Este caso não pode ser tratado com corporativismo que estamos habituados a
presenciar. Tem que cortar na carne para salvar as instituições e a República.
Padre
Carlos