sexta-feira, 14 de junho de 2019

ARTIGO | Fake News ou a luz da verdade? (Padre Carlos)





Fake News ou a luz da verdade?


            Seja como for, levar alguém ao engano é coisa antiga. Desta forma, gostaríamos de iniciar este diálogo com nossos leitores, lembrando que a mentira política é uma arte tão velha quanto à civilização. A verdade é um conceito fugidio na metafísica e mutante nas ciências – uma nova descoberta pode anular o que se dava como certo –, mas no dia-a-dia o assunto é bem diferente: há coisas que aconteceram, e outras que não; mas não podemos negar que os fatos reais ou inventados, influenciam a nossa percepção e opinião.


            Não é novidade que a política se faz de omissões, mistificações, deturpações e até de mentiras descaradas. Até há pouco tempo, chamávamos pelo nome de desinformação, mas uma expressão inglesa tem outro impacto: agora é fake news!
   
         Não importa o nome que se dê levar alguém ao engano é coisa antiga. Depois do debate de Collor e Lula, descobrimos os truques e armadilhas do debate político, e só então aprendemos o significado pleno da expressão ‘vender gato por lebre’. As comédias das noites eleitorais, de quando todos os líderes partidários faziam discursos de vitória, resvalaram até ao grau zero da decência, mas dão sinais de inversão. 
            Há limites para o decoro e há certo dever de coerência dos meios de comunicação. Exemplos banais ilustram a ideia: todos pecamos, mas a sociedade é mais severa para com os magistrados; em qualquer profissão há distrações, mas ninguém aceitará que um filho seja operado por um cirurgião com fama de distraído; ou julgado por um juiz que tenha fama de ser parcial.  Falhas de interpretação e decisões erradas são coisas do dia a dia, mas não se admite desvio de conduto de um magistrado judicial, em quem acreditamos no rigor da justiça.
            Políticos; governos e magistrados deveriam estar sob constante escrutínio.
            Jamais iremos tolerar a desonestidade intelectual de quem não hesita em distorcer a justiça e fatos para justificar as deduções e as conclusões que mais convêm à sua peculiar visão de mundo e de justiça. 
            E a perplexidade atinge o inacreditável quando tomamos conhecimento dos diálogos do então juiz federal Sergio Moro, hoje ministro da Justiça, e o procurador da Deltan Dallagnol trocavam mensagens de texto sobre o andamento da Operação Lava Jato. A investigação coloca em xeque a imparcialidade do ministro quando era responsável pelo julgamento em 1ª instância de diversos casos de corrupção pela 13.ª Vara Criminal Federal de Curitiba, dentre eles, o caso do tríplex no Guarujá, que levou à prisão o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O site afirma que, em conversas privadas, “Moro sugeriu ao procurador que trocasse a ordem de fases da Lava Jato, cobrou agilidade em novas operações, deu conselhos estratégicos e pistas informais de investigação, antecipou ao menos uma decisão, criticou e sugeriu recursos ao Ministério Público e deu broncas em Dallagnol como se ele fosse um superior hierárquico dos procuradores e da Polícia Federal”.
    
     Exigimos das instituições envolvidas, uma resposta e investigações o mais rápido possível. Este caso não pode ser tratado com corporativismo que estamos habituados a presenciar. Tem que cortar na carne para salvar as instituições e a República.

         Padre Carlos


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