quarta-feira, 11 de setembro de 2019

ARTIGO - Por que tememos a Morte? ( Padre Carlos )





Por que tememos a Morte?





            Faz alguns anos que fui procurado por um senhor que tinha perdido o filho naqueles dias e suas duvidas e incertezas quanto à vida após a morte era evidente. Apesar de estudar filosofia, teologia e tantas mais ciências, esta resposta não se dá através do intelecto, mas, na certeza que vamos construído com a nossa fé. Suas duvidas e minhas certezas levaram a estes questionamentos, que além de teológico, não deixa de ter suas vertentes filosóficas.
            O que é ressuscitar? Esta pergunta sempre aparece nos momentos mais difíceis da nossa vida. Um dos grandes problemas da nossa existência, é não saber conviver com a incerteza - com a dúvida, somos imortais ou com a morte acaba tudo? Deus existe ou não?  Tudo isto se trata de um dado de fé e não existe uma régua para medir o tamanho das nossas certezas.
      

            A morte é um evento natural. Morremos como qualquer animal, mas nós não somos um animal qualquer: o que caracteriza o ser humano é a consciência de que é mortal, insurgindo-se ao mesmo tempo contra a morte. Assim, as questões teológicas passam para o campo filosófico para responder, as perguntas últimas, metafísicas e religiosas: qual é o fundamento de tudo, o que sou e quem sou, donde venho, para onde vou, qual o sentido, o sentido último da minha existência e de tudo?
            As palavras de Leonardo Boff a Darcy Ribeiro no seu leito de morte, sobre a ressureição tem um sentido que vai além da metáfora. Boff fala para Darcy que esta leitura de que tudo acaba que a morte é o fim, nada mais é que uma interpretação de quem não conhece a misericórdia de Deus, citando a história do casulo e da borboleta: “Darcy, acho que é uma interpretação de quem vê de fora. É como você ver a borboleta, e ver o casulo. Você pode chorar pelo casulo que foi deixado para trás e ver que ele morreu. Mas você pode olhar a borboleta e dizer: Não, ele libertou a borboleta, e ela é a esperança de vida que está dentro do casulo". Boff continua - "Darcy, deixa te dizer como imagino tua chegada, o teu grande encontro não vai ser com Deus Pai porque para você Deus tem de ser Mãe, tem de ser mulher..." (risos)
            Entre a fé, a esperança e o amor, o maior sempre será o amor, pois o amor permanece para sempre. Enquanto que a fé acabará quando tudo for revelado, da mesma forma que a esperança, que não fará mais sentido, quando o esperado for alcançado. E então haverá apenas o amor e ele permanecerá por toda a eternidade, pois Deus é amor e nós o seremos com Ele.
        
Voltando aquele pobre homem que estava de luto com a perda do próprio filho, falei de um velho provérbio judaico que diz: “Os filhos que deixamos para trás são nossas boas ações.” Meu amigo, não podemos esquecer que o impacto positivo que causamos naqueles que amamos e convivem com a gente é eterno. Toda boa ação que fazemos, por mais insignificante que possa parecer, deixa uma marca permanente no mundo. E a bondade acumulada no decorrer de uma vida inteira de moral é uma força de energia positiva que deixa uma impressão duradoura que jamais pode se perder...
            Depois que ouviu todas estas coisas, aquele homem agradeceu por tudo e foi embora.


Padre Carlos




terça-feira, 10 de setembro de 2019

ARTIGO - O preço da democracia. (Padre Carlos)




O preço da democracia.


            Concluído o processo eleitoral, interno no Partido dos Trabalhadores restaram duas realidades: de um lado, a vitória com sua glória e, de outro lado, não uma derrota, mais um gesto heroico de um grupo que buscou na oxigenação do partido, demostrar que a realidade não é cinza, mas, colorida e o partido vai além do preto e do branco para democracia interna. Só perde uma eleição quem não tem coragem de se apresentar como um soldado do partido e Noeci Salgado demostrou toda coragem do mundo para disputar esta eleição, mesmo sabendo que a correlações de forças eram desfavoráveis para ele e seu grupo.  É sempre assim, após os embates, não importa a natureza deles. No entanto, o ser humano há que entender que isto é parte da vida e que deve aceitar pacificamente o resultado, qualquer que seja ele. A vida é luta constante, com altos e baixos, com avanços e recuos, com alegria e tristeza.
   
         Quando paramos para pensar, terminamos transcendendo algumas certezas que consagramos como certa. Conversando com um amigo sobre o resultado do PED e da forma de democracia interna que existe no partido, ele olhou para mim e respondeu: “Quando vocês defenderam o financiamento público de campanha, afirmaram que a decisão de criar um instrumento público de financiamento de campanha seria um marco histórico para a democracia brasileira, uma bandeira histórica do PT e a espinha dorsal de qualquer proposta séria de reforma política. Não podemos esquecer que é a medida essencial para diminuirmos a influência do poder econômico nas eleições. Será que estamos superando o atual quadro de assimetrias existentes nas disputas eleitorais e democratizando o acesso dos nossos filiados à representação partidária. Para que haja democracia no Brasil o discurso é este e para que haja democracia dentro do PT, qual o mecanismo?” Confesso a vocês que naquela hora fiquei calado.
            O processo democrático do partido não pode ser interrompido, temos o dever de avançar e propor toda e qualquer forma que proporcione cada vez mais a democracia interna.

            Voltando a questão do PED, queremos parabenizar a chapa “Renovar o PT. Resgatar nossos sonhos!”, formada por Isaac Bonfim e apoiada pelos deputados Zé Raimundo e Waldenor Pereira, tinha como foco a renovação do partido e aprofundamento do diálogo com a juventude. Esperamos que a nova direção possa garantir a unidade e integrar todas as correntes, seus militante e lideranças no projeto político do partido.
            O que dá alegria é a realização dos desejos, o que produz a tristeza é a sua não realização. Militamos num partido democrático, onde o que prevalece é a decisão da maioria. Diante disto, a minoria vai ajudar ao conjunto colocar em prática este projeto. Alegria para a maioria, responsabilidade e mãos estendidas para a minoria. Mas, isto não significa o fim. A vida permanece, a luta continua, os desejos se multiplicam, as mudanças acontecem, as tristezas se mudam em alegrias e as alegrias em tristezas.
          Se levarmos em conta que nossa sociedade não tem uma cultura democrática, e que desde a proclamação da República, poucos foram os períodos de real democracia na vida republicana brasileira, não estranharia que o período mais longo é o atual, no qual a Constituição Cidadã completou agora 30 anos de vigência. Porém, este período já havia começado a ser ameaçado, com a figura de uma democracia corroída pelo poder econômico e os meios de comunicação.
  
          Ao estadista irlandês John Philpot Curran (1750 – 1817) é atribuída a frase: “o preço da liberdade é a eterna vigilância”. De certo, não há liberdade em nenhum tipo de ditadura, mas tão só na democracia, quando esta é uma democracia de verdade. Em caso contrário, a consequência inevitável é a servidão. Felizmente o partido esta atento e deve permanecer vigilante. Porém, devemos buscar mecanismos para cada vez mais tornar a democracia interna um objetivo a seguir. Sim, como filiados e militantes temos que, estar atento para não permitir um futuro deste partido se torne uma frente sem identidade.

Padre Carlos


segunda-feira, 9 de setembro de 2019

ARTIGO - "Direitos Já! - Fórum Pela Democracia" (Padre Caros)





"Direitos Já! - Fórum Pela Democracia"




         Foi lançado no inicio deste mês, o movimento "Direitos Já! - Fórum Pela Democracia" com o objetivo claro de ampliar a frente de oposição ao presidente Jair Bolsonaro (PSL). O evento que contou com uma frente partidária de dezesseis partidos e de segmentos da sociedade civil, que vai da esquerda à direita, chamou atenção da classe política pela quantidade de partidos e correntes de Pensamento.
       Embora o objetivo fosse comum, não podemos levantar a bandeira simplesmente “Fora Bolsonaro”! Para que tenha legitimidade e seja aceito pelo conjunto da sociedade é necessário que haja um pacto e que a elite política cujo único objetivo é entregar as riquezas do país ao capital estrangeiro enquanto arrocha ainda mais a classe trabalhadora, possa acatar. Estas elites que hoje levantam esta bandeira estiveram ao lado do presidente durante a campanha e fazem parte dos quadros do PSDB e de setores do MDB de Temer, cujos projetos de reformas trabalhistas e da previdência foram aliados.
       Quero aqui chamar a atenção das pessoas de bom senso, nenhum pacto de governabilidade pode ser colocado tendo as nossas riquezas como requisitos, seja ela a Vale que FHC vendeu como o nosso pré-sal que Serra entregou as empresas estrangeiras.
       Gostaria de lembrar para alguns membros da esquerda brasileira, que não podemos invocar o provérbio “o inimigo do meu inimigo é meu amigo” em política os acordos são celebrados de forma que haja um projeto comum e confesso aos leitores que não encontrei no manifesto nada que estivesse relacionado às riquezas e as empresas do Brasil que foram entregues ao capital estrangeiro.
       Engolir alguns nomes de direita que tiveram participação direta no golpe contra a democracia me parece um preço alto de mais a se pagar pela defesa do país. O avanço da extrema direita tem assustado a direta e o centro direita deste país, os sentimentos que esta elite tem com a classe trabalhadora não mudaram e as perdas que a classe média tem amargado em relação ao ensino superior, levaram a direita querer formar uma frente com suas exigências: Não deixaram o povo participar e foi proibido em qualquer documento a bandeira de LULA LIVRE.
    
   É impossível conceber a formação de uma frente ampla de partidos e da sociedade civil sem o Partido dos Trabalhadores e seu grande líder: Luiz Inácio Lula da Silva. À direita e alguns membros da esquerda sabem que seu grande adversário é Lula e seu partido, por isto, não poupa agredir e caluniar e tentar excluir o PT e o seu projeto. Sabendo disto, estas lideranças chamam para si este papel de Joaquim Silvério dos Reis.


Padre Carlos


ARTIGO - O nascedouro das CEBs Padre Carlos)





O nascedouro das CEBs





            As CEBs nasceram antes de Medellín, mas sua efervescência se dá na década de 70. Preocupada com a luta social e a dura vida do povo latino-americano, a Igreja Católica e os cristões, fazem um compromisso social radical em nome da fé, mostrando que o maior problema da fé na América Latina não estava em questões dogmáticas, mas em como enfrentar à sua luz a situação de opressão, de exploração das grandes massas populares.
            Jesus, quando diz bem-aventurado o pobre, o que chorou, o aflito, o que sofre, o que perdoou..., vem acabar com a nossa inercia e a forma de pensa que as coisas não podem mudar, de quem deixou de crer no poder transformador de Deus Pai e nos seus irmãos, especialmente nos seus irmãos mais frágeis, nos seus irmãos descartados.
     
       Foi, portanto, através do engajamento social e político que a Teologia da Libertação e seus teólogos encontraram um meio de resistência ao sistema político imposto pelas ditaduras militar que se espalhavam em todo o continente.
            Durante o período de chumbo, a Igreja era vista como uma organização subversiva e perigosa para os regimes. Quem não viveu esta quadra da história, não entende porque a Teologia da Libertação não foi aceita pela Santa Sé. Afinal de contas, essa doutrina lutava pelos pobres, pelo direito de todos e pela igualdade social. É claro que a defesa dos pobres e o trabalho social que realizaram eram positivos e importantes à sociedade, mas os leigos e religiosos muitas vezes esqueciam o verdadeiro sentido da Fé e acabavam em um ativismo, visando apenas à liberdade social e deixando de lado a espiritualidade, assim, nas ultimas décadas este tema foi abordado de forma sistemática.
            Elas representam um novo jeito de ser Igreja. Os pobres se identificavam com esse jeito de ser Igreja e é a maioria nessas comunidades. A leitura da Bíblia, as orações, os cantos, eram uma forma de alimentar a esperança e lutar por sua libertação. A partir das CEBs surgiram vários movimentos populares que lutavam por melhores condições de vida, reforma agrária, liberdade de associação sindical etc.
Possibilitaram que estas se organizassem através de formas "alternativas" de protestos e reivindicações, lutando por melhores condições de vida, alterando sutilmente, as mais duras formas de censura e repressão impostas pela ditadura.
            Muitos religiosos e religiosos iniciaram uma Vida Religiosa inserida em meios populares antes de Medellín e contribuíram para o nascimento das CEBs e das lutas populares. Muitos bispos e padres também colocaram em prática o Pacto das Catacumbas vivendo inteiramente como pobres, com os pobres e para os pobres.
      
      A partir do momento em que a Igreja estreitou seus laços com os outros segmentos sociais, principalmente as classes populares, e passou a se levantar contra o regime, diversos membros passaram a ser perseguidos e serem alvos da repressão policial.
            Hoje olhando pra traz e vendo os caminhos que percorremos nestes mais de meio século, podemos afirmar que quem procura a paz, tem que trabalhar pela justiça e quem está  procurando justiça, tem que ter como primícias a defesa intransigente da vida.


Padre Carlos










domingo, 8 de setembro de 2019

ARTIGO - Aparelhar o Estado ( Padre Carlos )





Aparelhar o Estado


            Na história da Branca de Neve, se bem me lembro, a Rainha Má, ou Madrasta, perguntava ao espelho se havia no mundo alguém mais bonito do que a própria. Neste caso, a pergunta é obviamente bem diferente, e não é uma história de ficção, é a realidade, e não preciso de perguntar a nenhum espelho, nem a nenhum polígrafo. Tenho a certeza de que não há quem discorde de mim quanto o aparelhamento do Estado brasileiro nestes últimos meses.

           Em pouco mais de nove meses de Governo de Jair Bolsonaro no Brasil, à direita e a mídia tradicional do país (ainda é a mesma?) passaram a colocar em pratica seu projeto. Durante os trezes anos de governo, à direita e os grandes conglomerados de comunicação do país, acusou o PT de aparelhar o Estado, isto foi feito de forma deliberada que se tornou uma espécie de mantra que, repetido por tanto tempo, acabou ganhando ares de verdade e se espalhou pelo resto do povo: o PT teria aparelhado o país.
            A máquina pública que o Partido dos Trabalhadores foi acusado de ter aparelhado foi à mesma que apeou Dilma do poder, A estrutura burguesa que se escondeu sobre o manto do Estado brasileiro tentou por anos, derrubar este governo que se elegeu de forma democrática, até conseguir fazê-lo em 2016. Um movimento político que, três anos depois, culminou com a subida ao poder de Jair Bolsonaro. O atual Presidente dizia durante a campanha, que o PT tinha “aparelhado o governo”, agora que a mascara vai caindo, podemos constatar como a direita controlava o Estado e como este projeto de governo estava atrelado ao aparelhamento que a burguesia impôs as instituições e ao conjunto do Estado brasileiro. Só diante de todas estas evencias este governo vai dando mostras, porém, de que é ele quem vai realizar um dos maiores aparelhamentos do Estado já vistos na história do Brasil.
            O que, mas chama a atenção que, nos comentários e entrevistas, este governo assume de forma escancarada o aparelhamento do Estado, para colocá-lo a serviço de um projeto de poder nada democrático e republicano. Considera-se a importância com as estruturas de mando da Polícia Federal e do Ministério Público Federal, assim como as vagas que terão direito no Supremo Tribunal.
        
    Na verdade cometemos alguns erros e um deles foi não encarar a forma burguesa do Estado brasileiro.  Nossa tática foi a da conciliação de classe sem construção de retaguardas. Havia a crença de que era possível estabelecer um pacto social com a burguesia para um processo lento, gradual e seguro de mudanças sociais que, em médio prazo, nos levariam à construção do tão sonhado estado de bem-estar social à brasileira.
            E assim, de sequestro em sequestro, as nossas riquezas e à democracia, em apenas nove meses de Governo, vão sendo lapidado. Vai ficando claro cada vez mais, que o Brasil parece, mesmo, ter adentrado um “Estado Novo”. Uma era em que o público e o privado se confundem com a família Bolsonaro, num movimento em que a máquina pública vai, aos poucos, perdendo todos os seus resquícios democráticos para ganhar a cara de uma elite política cujo único objetivo é entregar as riquezas do país ao capital estrangeiro enquanto arrocha ainda mais a classe trabalhadora.

Padre Carlos

sábado, 7 de setembro de 2019

ARTIGO - "Bela amizade" (Padre Carlos)





"Bela amizade"



            Ao ler as correspondências entre José Saramago e Jorge Amado, pude constatar como foi se formando uma "bela amizade" entre os dois escritores de língua portuguesa. E confesso aos senhores que meus amigos da infância e juventude apareceram naquelas epistolas e assim, voltei a conversar com cada um deles em suas respectivas épocas.
    
        Falar o quanto vocês foram importante na minha vida é pouco, porque uma amizade como a nossa merece um reconhecimento verdadeiro, merece um memorial. Acredito que se ousássemos escrever, seria pelas mãos de um menestrel, pois este livro seria um privilégio dos pouquíssimos afortunados como na Idade Média, que sabiam ler e podiam comprá-los, pois, por ser copiada a mão, eram raríssimos e também muito caros. Mereceria ser descrita no infinito para que todos pudessem entender o que realmente ela representa na vida de cada um de nós, como fomos nos constituindo como pessoas e como estes laços foram fundamentais na nossa formação. Lembra-se do Nordeste de Amaralina, eu sei que você lembra da Pituba, do PT do Grupo de Jovens e dos amigos de Vitória da Conquista no Seminários de filosofia e teologia e na caminhada dos nossos sonhos.
“Você lembra, lembra
Daquele tempo
Eu tinha estrelas nos olhos
Um jeito de herói
Era mais forte e veloz
Que qualquer mocinho de cowboy”.
            Eu sei que o tempo passou, meus cabelos estão brancos como um capucho de algodão e que as prioridades são outras, porem no meu interior o menino, o jovem que vocês conheceram ainda esta debaixo deste corpo envelhecido. Tenho a sensação que vocês jamais deixaram de existir dentro de mim, no mais intimo, nas minhas lembranças e passaram a ser, uma coroa que o tempo dá aos nobres para provar-lhes a bravura diante de todos, isto é, um presente em minha vida.
            Acho que Oswaldo Montenegro desafia a gente para fazer este exame de consciência e descobrir se lembramos do que nos propomos a ser.
“Faça uma lista de grandes amigos
Quem você mais via há dez anos atrás
Quantos você ainda vê todo dia
Quantos você já não encontra mais
Faça uma lista dos sonhos que tinha
Quantos você desistiu de sonhar
Quantos amores jurados pra sempre
Quantos você conseguiu preservar”.
         
   No mês de janeiro, vou completar sessenta anos e posso dizer que vivi um pouco para entender que alguns homens esperam do amigo apenas vantagens e benefícios, estes não são dignos de amizade. Foi através dos estudos da filosofia, que pude ter oportunidade de conhecer os valores éticos e moral da amizade; somente os homens bons podem cultivar essa afeição, pois neles encontram-se fidelidade, integridade, equidade e liberalidade.  A palavra companheiro ou amigo tem sua origem latina cum – pane; que significa comunhão, isto é "o que come do mesmo pão, na mesma mesa". Tenho certeza que os romanos queriam demostrar que O prazer dos banquetes não estava nos pratos, mas nos companheiros que nos acompanhavam à mesa.  A minha mesa, a nossa mesa da vida.

Padre Carlos

sexta-feira, 6 de setembro de 2019

ARTIGO- Soberania e o sete de setembro (Padre Carlos)




Soberania e o sete de setembro


            Um dos marcos de identidade de um país, sempre será relacionado à sua independência. A celebração da nossa libertação do jogo português é um traço comum em nossa terra natal, de dimensão continental, seu papel além de fato histórico, é buscar unir o povo em um projeto coletivo, criando uma identidade em todo o território nacional.

            Para além de lamentável, é absolutamente vergonhoso que um Governo considere que um país, que seu povo, passa melhor sem memória coletiva, sem símbolos, sem identidade.   Não podemos negar que foi a estupidez deste governo em relação ao meio ambiente e o estímulo à exploração de garimpeiros, madeireiros e ruralistas em áreas preservadas que levou nestes últimos dias ao caos ambiental.
         
   Neste sete de setembro, gostaria de ressaltar, que a soberania é um dos alicerces que dá sentido ao projeto de nação. A soberania é o direito que a população tem sobre suas riquezas, sobre suas empresas. “Soberania nacional significa futuro de um país.”

            Quando falo estas coisas, me refiro da necessidade de resgatar a memória e só se resgata celebrando. Quando memorizamos, isto é, resgatamos a memória, festejamos nossas vitórias e passamos para os mais novos o quanto ela é importante e da necessidade de manter estas conquistas.

            As forças progressistas precisam entender, quando falo isto não me refiro apenas os partidos de esquerdas, mas também aos democratas e nacionalistas, da importância de lutar pelas nossas riquezas e da independência nossa em relação à auto-suficiência em petróleo e a exploração da camada do pré-sal, elas só retornarão, se forem concebidas como um projeto de nação.

            A "Campanha do Petróleo", 1948 – 1953, cujo lema, "O Petróleo é Nosso", ganhou as ruas de todo o país.  Esta luta, enfrentou uma série de obstáculos, como o boicote da grande imprensa, a repressão policial, a hostilidade do empresariado, entre outros.

            Assim, fica evidente que o monopólio do petróleo não foi uma conquista fácil, e quando trago estes elementos a tona, é para lembrar aos brasileiros, que não basta conquistar, é preciso celebrar as nossas conquista, para que as novas gerações saibam valorizar todo o esforço empreendido por uma geração, para que tivéssemos independência.

       
       A atual e triste realidade brasileira neste sete de setembro, ajuda na compreensão do conceito de soberania nacional, pela contradição que a direita brasileira impõe à classe trabalhadora. Agora, está claro que o governo que aí está não é nada nacionalista, eles não têm nenhum interesse em defender a Nação. Até o Comando das Forças Armadas abandonaram o conceito de defesa da Nação, quando se omitiram em relação as política predatória a nossa Amazônia; o silencio diante de tantos desgovernos e gestos entreguista não faz jus à reputação que goza no seio da sociedade. Assim, temos o preto como o luto em respeito a nossa Independência.
            Vamos celebrar a independência e todas as conquistas que a classe trabalhadora ainda não perdeu. “Verás que um filho teu não foge à luta”

            “ Dos filhos deste solo és mãe gentil, Pátria amada Brasil!”
           
Padre Carlos


ARTIGO - A geração que fez a diferença! (Padre Carlos)

A geração que fez a diferença!      Decorridos tantos anos do fim da ditadura, observa-se que a geração da utopia está partindo e a nova...