Por que tememos a Morte?
Faz
alguns anos que fui procurado por um senhor que tinha perdido o filho naqueles
dias e suas duvidas e incertezas quanto à vida após a morte era evidente.
Apesar de estudar filosofia, teologia e tantas mais ciências, esta resposta não
se dá através do intelecto, mas, na certeza que vamos construído com a nossa
fé. Suas duvidas e minhas certezas levaram a estes questionamentos, que além de
teológico, não deixa de ter suas vertentes filosóficas.
O
que é ressuscitar? Esta pergunta sempre aparece nos momentos mais difíceis da nossa
vida. Um dos grandes problemas da nossa existência, é não saber conviver com a
incerteza - com a dúvida, somos imortais ou com a morte acaba tudo? Deus existe
ou não? Tudo isto se trata de um dado de
fé e não existe uma régua para medir o tamanho das nossas certezas.
A
morte é um evento natural. Morremos como qualquer animal, mas nós não somos um
animal qualquer: o que caracteriza o ser humano é a consciência de que é
mortal, insurgindo-se ao mesmo tempo contra a morte. Assim, as questões
teológicas passam para o campo filosófico para responder, as perguntas últimas,
metafísicas e religiosas: qual é o fundamento de tudo, o que sou e quem sou,
donde venho, para onde vou, qual o sentido, o sentido último da minha
existência e de tudo?
As
palavras de Leonardo Boff a Darcy Ribeiro no seu leito de morte, sobre a
ressureição tem um sentido que vai além da metáfora. Boff fala para Darcy que
esta leitura de que tudo acaba que a morte é o fim, nada mais é que uma
interpretação de quem não conhece a misericórdia de Deus, citando a história do
casulo e da borboleta: “Darcy, acho que é uma interpretação de quem vê de
fora. É como você ver a borboleta, e ver o casulo. Você pode chorar pelo
casulo que foi deixado para trás e ver que ele morreu. Mas você pode olhar a
borboleta e dizer: Não, ele libertou a borboleta, e ela é a esperança de
vida que está dentro do casulo". Boff continua - "Darcy, deixa te
dizer como imagino tua chegada, o teu grande encontro não vai ser com Deus Pai
porque para você Deus tem de ser Mãe, tem de ser mulher..." (risos)
Entre
a fé, a esperança e o amor, o maior sempre será o amor, pois o amor permanece
para sempre. Enquanto que a fé acabará quando tudo for revelado, da mesma forma
que a esperança, que não fará mais sentido, quando o esperado for alcançado. E
então haverá apenas o amor e ele permanecerá por toda a eternidade, pois Deus é
amor e nós o seremos com Ele.
Voltando aquele pobre homem que
estava de luto com a perda do próprio filho, falei de um velho provérbio
judaico que diz: “Os filhos que deixamos para trás são nossas boas ações.” Meu
amigo, não podemos esquecer que o impacto positivo que causamos naqueles que
amamos e convivem com a gente é eterno. Toda boa ação que fazemos, por mais
insignificante que possa parecer, deixa uma marca permanente no mundo. E a
bondade acumulada no decorrer de uma vida inteira de moral é uma força de
energia positiva que deixa uma impressão duradoura que jamais pode se perder...
Depois
que ouviu todas estas coisas, aquele homem agradeceu por tudo e foi embora.
Padre Carlos
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