Apesar
da social democracia brasileira se considerar de centro, contudo, nas
circunstâncias da política brasileira, é o partido que aglutina e organiza a
direita, dada a incapacidade do DEM, que se tornou um apêndice conservador do
PSDB. A partir de 1994, quando o PSDB passou a ser uma alternativa efetiva
de poder, ele foi levado por um movimento constante de polarização com o PT,
partido mais identificado com setores de esquerda. O partido de Fernando
Henrique Cardoso foi ocupando gradativamente o centro ideológico e nas eleições
de 2002, com a radicalização do debate político, incorporou a representação de
setores mais à direita, enquanto o PT conseguia o apoio de parcelas do
eleitorado de centro para se viabilizar como alternativa de poder. Desde então,
PFL, hoje DEM, e PSDB disputam o eleitorado conservador, ou se aliam para
conquistá-lo, mas ambos mantêm uma forte identidade política com esse eleitor.
Desta forma, podemos constatar que o PSDB nunca foi verdadeiramente o
representante da social democracia no Brasil.
O campo de pensamento que
chamamos de social democracia é uma ideologia que tem como objetivo estabelecer
um socialismo democrático. Apesar de ser uma ideologia de esquerda, surgida no
sec. XIX com vertente marxista, essa corrente de pensamento foi com o passa das
décadas se distanciando das posições de esquerdas e adotando posições mais
moderadas incluíram a crença de que o reformismo era uma maneira possível de
atingir o socialismo. No entanto, a social-democracia moderna desviou-se do
socialismo, gerando adeptos da ideia de um Estado de bem-estar social
democrático, incorporando elementos tanto do socialismo como do capitalismo.
Quando militei no movimento estudantil, isto é, em meados da década de 70, ser
chamado de reformista ou social democrata era uma ofensa grave. O livro
História do PT, de Lincoln Secco, me chamou atenção pela analise
historiográfica e sociológica sobre a trajetória do Partido dos Trabalhadores
no Brasil. Nesse sentido, há uma tese forte de fundo que consiste na afirmação
de que o PT cumpriu no Brasil de forma concentrada todas as três fases que
caracterizaram os partidos social-democratas na Europa: uma primeira apoiada
nas lutas operárias, com forte conteúdo ideológico socialista e de oposição
extra-parlamentar privilegiando a ação direta, especialmente a grevista. Essa
fase foi da fundação em 1980 até 1989.
Uma segunda fase é a da
consolidação como partido institucional, sendo a principal força de oposição
dentro do parlamento e com grande peso de deputados e de profissionais
políticos. Ela ocorre durante uma década de fraca mobilização social, durante
os dois governos FHC, entre 1990 e 2002.
A terceira é da ascensão ao poder, indo de 2002 até hoje, com a
descaracterização do ideário socialista fundador em prol de um pragmatismo e,
além de uma política eleitoralmente bem sucedida de assistência social junto
com uma aliança estratégica com os setores organizados da sociedade civil,
financeiro e o agronegócio.
As reformas necessárias no Estado
Burguês, esta se dando em nosso governo como destaque as seguintes
ações: Criamos programas sociais inclusivos, como o Bolsa-Família,
Distribuição de renda programas sociais que mudam a sorte do povo brasileiro,
sobre tudo daqueles que viviam abaixo da linha da miséria e defesa da soberania. ProUni,
Brasil Sorridente, Farmácia Popular, Luz Para Todos, entre outros, que
beneficiaram aos pobres e miseráveis e contribuíram para melhorar a
distribuição de renda.
Iniciamos novas grandes
obras de infra-estrutura (rodovias, ferrovias, usinas hidrelétricas, etc)
financiadas tanto com recursos públicos como privados. Exemplos: Usinas do Rio
Madeira, Transnordestina, Ferrovia Norte-Sul, recuperação das rodovias
federais, duplicação de milhares de quilômetros de rodovias.
Anulamos a portaria do governo
FHC que proibia a construção de escolas técnicas federais e iniciou a
construção de dezenas de novas unidades e que foram transformadas em Institutos
Superiores de Educação Tecnológica.
Criamos o Reuni que iniciou
um novo processo de expansão das universidades públicas, aumentando
consideravelmente o número de universidades, de campus e de vagas nas mesmas.
Os lucros do setor produtivo
cresceram quase 200% no primeiro mandato em relação ao governo FHC.
Fizemos o Estado voltar a atuar como importante investidor da economia. Exemplos
disso: a criação da BrOI, que têm 49% do seu capital nas mãos do Estado; a
compra e incorporação de bancos estaduais pelo Banco do Brasil (da Nossa Caixa,
do Piauí, Santa Catarina e Espírito Santo) evitando que fossem privatizados; a
participação da Petrobras em duas grandes petroquímicas nacionais (a Braskem,
com 30% do capital nas mãos da Petrobras; a Ultra, com 40% do capital nas mãos
da Petrobras); o aumento da participação dos bancos públicos (BNDES, CEF, BB,
BNB) no fornecimento de crédito para a economia do país;
Criamos o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento)
Reduzimos a taxa de desemprego.
Porém, todos estes avanços
foram dentro de um sistema, sem necessariamente ter que romper com o
capitalismo, isto nos remete a antiga questão: quem representa verdadeiramente
a Social Democracia no Brasil?
`Padre Carlos