quarta-feira, 11 de setembro de 2019

ARTIGO - Quem representa verdadeiramente a Social-Democracia no Brasil? ( Padre Carlos )









       Apesar da social democracia brasileira se considerar de centro, contudo, nas circunstâncias da política brasileira, é o partido que aglutina e organiza a direita, dada a incapacidade do DEM, que se tornou um apêndice conservador do PSDB. A partir de 1994, quando o PSDB passou a ser uma alternativa efetiva de poder, ele foi levado por um movimento constante de polarização com o PT, partido mais identificado com setores de esquerda. O partido de Fernando Henrique Cardoso foi ocupando gradativamente o centro ideológico e nas eleições de 2002, com a radicalização do debate político, incorporou a representação de setores mais à direita, enquanto o PT conseguia o apoio de parcelas do eleitorado de centro para se viabilizar como alternativa de poder. Desde então, PFL, hoje DEM, e PSDB disputam o eleitorado conservador, ou se aliam para conquistá-lo, mas ambos mantêm uma forte identidade política com esse eleitor. Desta forma, podemos constatar que o PSDB nunca foi verdadeiramente o representante da social democracia no Brasil.

       O campo de pensamento que chamamos de social democracia é uma ideologia que tem como objetivo estabelecer um socialismo democrático. Apesar de ser uma ideologia de esquerda, surgida no sec. XIX com vertente marxista, essa corrente de pensamento foi com o passa das décadas se distanciando das posições de esquerdas e adotando posições mais moderadas incluíram a crença de que o reformismo era uma maneira possível de atingir o socialismo. No entanto, a social-democracia moderna desviou-se do socialismo, gerando adeptos da ideia de um Estado de bem-estar social democrático, incorporando elementos tanto do socialismo como do capitalismo. Quando militei no movimento estudantil, isto é, em meados da década de 70, ser chamado de reformista ou social democrata era uma ofensa grave. O livro História do PT, de Lincoln Secco, me chamou atenção pela analise historiográfica e sociológica sobre a trajetória do Partido dos Trabalhadores no Brasil. Nesse sentido, há uma tese forte de fundo que consiste na afirmação de que o PT cumpriu no Brasil de forma concentrada todas as três fases que caracterizaram os partidos social-democratas na Europa: uma primeira apoiada nas lutas operárias, com forte conteúdo ideológico socialista e de oposição extra-parlamentar privilegiando a ação direta, especialmente a grevista. Essa fase foi da fundação em 1980 até 1989.
       Uma segunda fase é a da consolidação como partido institucional, sendo a principal força de oposição dentro do parlamento e com grande peso de deputados e de profissionais políticos. Ela ocorre durante uma década de fraca mobilização social, durante os dois governos FHC, entre 1990 e 2002.
A terceira é da ascensão ao poder, indo de 2002 até hoje, com a descaracterização do ideário socialista fundador em prol de um pragmatismo e, além de uma política eleitoralmente bem sucedida de assistência social junto com uma aliança estratégica com os setores organizados da sociedade civil, financeiro e o agronegócio.
       As reformas necessárias no Estado Burguês, esta se dando em nosso governo como destaque as seguintes ações: Criamos programas sociais inclusivos, como o Bolsa-Família, Distribuição de renda programas sociais que mudam a sorte do povo brasileiro, sobre tudo daqueles que viviam abaixo da linha da miséria e defesa da soberania. ProUni, Brasil Sorridente, Farmácia Popular, Luz Para Todos, entre outros, que beneficiaram aos pobres e miseráveis e contribuíram para melhorar a distribuição de renda.
       Iniciamos novas grandes obras de infra-estrutura (rodovias, ferrovias, usinas hidrelétricas, etc) financiadas tanto com recursos públicos como privados. Exemplos: Usinas do Rio Madeira, Transnordestina, Ferrovia Norte-Sul, recuperação das rodovias federais, duplicação de milhares de quilômetros de rodovias.
       Anulamos a portaria do governo FHC que proibia a construção de escolas técnicas federais e iniciou a construção de dezenas de novas unidades e que foram transformadas em Institutos Superiores de Educação Tecnológica.
       Criamos o Reuni que iniciou um novo processo de expansão das universidades públicas, aumentando consideravelmente o número de universidades, de campus e de vagas nas mesmas.
  
     Os lucros do setor produtivo cresceram quase 200% no primeiro mandato em relação ao governo FHC.
Fizemos o Estado voltar a atuar como importante investidor da economia. Exemplos disso: a criação da BrOI, que têm 49% do seu capital nas mãos do Estado; a compra e incorporação de bancos estaduais pelo Banco do Brasil (da Nossa Caixa, do Piauí, Santa Catarina e Espírito Santo) evitando que fossem privatizados; a participação da Petrobras em duas grandes petroquímicas nacionais (a Braskem, com 30% do capital nas mãos da Petrobras; a Ultra, com 40% do capital nas mãos da Petrobras); o aumento da participação dos bancos públicos (BNDES, CEF, BB, BNB) no fornecimento de crédito para a economia do país;
Criamos o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento)
Reduzimos a taxa de desemprego.
       Porém, todos estes avanços foram dentro de um sistema, sem necessariamente ter que romper com o capitalismo, isto nos remete a antiga questão: quem representa verdadeiramente a Social Democracia no Brasil?

`Padre Carlos


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