Dilma não foi pragmática
Quando se torna um político com a
responsabilidade de gerir as coisas pública, se toma decisões contrárias à
própria vontade, como também é levado a se omitir devido as necessidades
contextuais. Para quem não sabe, isto é pragmatismo! Ele pode ser traduzido
como: sustentabilidade, objetividade, realismo, praticidade e conciliação. O
Brasil, não é só um país de dimensões continentais, mais também, um país
heterogêneo e de uma complexidade que obriga o homem público a entender a
origem deste povo. Por isto, antes se se tornar um político, todo homem público
deveria saber que antes de tudo é necessária a prática da adequação, da
adaptação ao indesejável, ou seja, ter a capacidade de não se deixar ser
empurrado a se equilibrar em cima do muro, no fio da navalha, na corda bamba.
Isto é pragmatismo.
Não basta ser um técnico competente, um super
ministro com um padrinho que possa pavimentar sua caminhada ao poder, se não
tiver capacidade de ser conciliador e pragmático, combinação esta que todo
político deveria ter. Esta é a grande combinação para manter a governabilidade,
não é desenvolvimento econômico e preservação dos recursos naturais e sim uma
adequação de interesses em prol da essência do projeto de governo e dos
objetivos a serem alcançados. Como a esquerda poderia governar se seus quadros nunca passaram de cento e cinquenta parlamentares e como conseguiríamos todos os avanços no campo social se não tivéssemos feito alianças com os partidos de centro?
Só assim, entenderemos o contexto, quando Eduardo Cunha decidiu abrir o
processo de impeachment de Dilma Vana Rousseff, após os petistas quebrarem um acordo para livrá-lo do
conselho de ética da Câmara quando era presidente da Casa. Este artigo tem a pretensão
de avaliar: e se o PT tivesse votado nele naquela comissão de ética, será que Dilma
teria terminado seu mandato? Além disso, tudo que vem acontecendo, não é em decorrências daqueles
votos? Será que valeu apena perder o pré-sal, a nossa aposentadoria a Petrobras,
provavelmente a estabilidade do emprego no setor público e tantas perdas e privatizações.
Eduardo Cunha vale tudo isto? Gataria que os puritanos e analista de botequim me
respondesse!
Um presidente tem que ser
pragmático e Dilma não era, talvez este fosse o seu grande erro. Ainda como
Ministra, foi considerada grossa, rude, intransigente no trato com os
colaboradores e depois com o Congresso. Uma mulher não precisa falar grosso, alto e
cravar o olho no outro para ser entendida, não podemos justificar seu
temperamento alegando tal atitude ao enfrentamento do monopólio dos homens.
A reação das elites, como se
viu em 2015 e 2016, foi de ódio e irresponsabilidade devido a decepção da
derrota eleitoral. Desta forma, se criou uma campanha midiática com o objetivo
de tirar a esquerda de qualquer jeito do governo. Assim, vieram as ondas criadas
por esta frente de centro e de direita, que levando milhões à rua em todo o
território nacional, compactuavam com o setor financeiro e as elites para
implantar um projeto neoliberal e acabar com as conquistas sociais. O vigor e a
generalização das manifestações alteraram o comportamento dos atores políticos
que sempre deram sustentação ao governo do PT, por falta de quem negociasse
naquele momento e não encontrando motivos para continuar com aquele projeto, viram
naqueles eventos uma oportunidade de tomar o poder. Gradativamente, o
Parlamento foi se tornando mais sensível a proposta do PSDB e de Aécio Neves,
que era afastar o PT para que na próxima eleição não tivesse adversário que
colocasse em risco sua eleição.
Por
outro lado, se formava uma frente do Ministério Público e do Judiciário criando
as condições para legitimar o golpe contra a nossa soberania. Esta frente além de
contar o STF, também era incorporado pela operação Lava Jato, que tinha como
objetivo, criar uma conjuntura para responsabilizar o PT por toda a corrupção e
criminalizar o partido.
Foram estes conjuntos de
forças que fizeram com que se operasse a
reviravolta definitiva: as mobilizações de rua definiram o que as elites já
tinham negociado, que o caminho era o impeachment da presidente reeleita e,
simultaneamente, por não ser pragmática e por inabilidade política, Dilma
Rousseff acabou entrando numa espiral de isolamento da qual não mais conseguiria
sair.
Padre Carlos