O Natal e o Cristo de Mario Cravo
O Natal é o grande acontecimento na história da humanidade. Na nossa
jornada, ele deve ser um evento diário na nossa vida. É uma pena que não
mantemos este espírito natalino no nosso dia-a-dia e desta forma, os natais vão passando despercebidos. Irmão Pascoal, um monge santo que tive
o privilégio de conhecer, quando trabalhei no Mosteiro de São Bento, me dizia
que temos que apreciar as pequenas coisas, não olhando através de uma tela, mas
ao seu redor. Hoje, entendo o que aquele sábio monge queria dizer: os natais
acontecem nas nossas vidas, todos os dias, apesar de não percebermos, este
grande acontecimento da história.
Neste período que o calendário litúrgico,
comemora o nascimento do Messias, temos que ter clareza que o Natal é fruto de
um caminho preparativo, caminho objetivo nas nossas celebrações no tempo do
advento, são semanas que antecedem a grande festa do nascimento do Menino Jesus.
Desta forma, ao constatar a falta de
amor, a falta de misericórdias na nossa vida, vivenciamos uma overdose destes
sentimentos, como de alguma forma quiséssemos mudar o nosso passado. Se não
vivenciarmos o Natal no nosso cotidiano, nada disso terá sentido. É no
dia-a-dia, no partir do pão, que o Menino se faz presente, que o milagre
acontece e que o Messias se revela. Apesar do esvaziamento do sentido do Natal,
o cristão deve fazer este caminho da mistagogia do encontro com Jesus Cristo.
O Natal não é só o encontro dos meus
familiares e as pessoas amigas, mas também com o servo sofredor é através dos
que sofrem, é através dos que são perseguidos por causa da justiça, por todos
aqueles que passam fome é que eu encontro aquele que é capaz de proporcionar vida
plena para os que nele creem.
Todo este clima natalino, deve ser oportunidade
privilegiada, do encontro com a pessoa de Jesus Cristo. Apesar do Prefeito da
nossa cidade, preferir a arvore de natal, que o próprio Cristo. Acredito que
esta preferência se deva ao fato de Mario Cravo ter homenageado os pobres
operários através do Salvador, que passavam por nossa cidade, rumo a São Paulo.
Este povo tem horror a pobre, por isto tentou esconder o rosto sofrido do
Cristo operário.
Sei da importância do comercio na nossa
região, mas um símbolo sagrado não pode ser substituído pela mera cultura do
consumismo. O verdadeiro presente deve ser o Senhor da história, aquele que dá
sentido autentico para a vida das pessoas, mesmo sabendo da importância que as
celebrações de final de ano representam para as famílias.
No mundo em que vivemos, cheio de violência
e de desrespeito aos direitos humanos de grave desmando dos poderes públicos,
de falta de testemunho dos próprios cristãos, devemos criar no Natal, este
espaço de esperança e demostrar que um Brasil diferente é possível. Para isto é
preciso transformar a cultura da violência, transformando as armas em instrumento
de trabalho, colocando o projeto de vida, como a meta a seguir.
Um Feliz Natal e um Próximo Ano Novo!
Padre Carlos