Tirando lições das
tragédias
A tragédia de Mariana e Brumadinho – chamam-nos
a uma reflexão profunda sobre o País – elucidou muitas coisas, que
até então estavam escondidas do povo brasileiro. No dia 5 de novembro de 2015
acontecia o maior desastre ambiental do Brasil: o
rompimento da barragem de rejeitos Fundão,
localizada na cidade de Mariana, Minas Gerais. Pouco mais de três anos depois,
surge uma nova tragédia tão preocupante quanto: o rompimento da
barragem de rejeitos da Mina do Feijão, no município de Brumadinho, no mesmo
estado.
Desta forma, a irresponsabilidade
como se encara o ato de administrar uma grande companhia como a Vale do Rio
Doce, bem como a forma que a inciativa privada trata a vida de milhares de
pessoas que estão sob a sua responsabilidade, remete-nos aos questionamentos
sobre o processo de privatização e a necessidade de rever este grande
património nacional. As riquezas naturas do país, não pode ser vista com o
descaso que os últimos governos vêm tratando esta questão. Uma companhia como
esta, precisa ser administrada levando em conta o bem comum, de servir as comunidades
que dependem dela e sua riqueza deve ser incorporado ao patrimônio do país. Nas
duas últimas décadas, a Companha Vale do Rio Doce, vem sendo administrada e
gerida de acordo a circunstância, a conjuntura, o momento e as expectativas da
opinião pública.
Assim, podemos constatar nas duas grandes tragédias que se abateram
sobre seus funcionários e nas comunidades que foram fortemente atingidas.
Diante de tais fatos, a empresa exibiu a fragilidade imensa da sua capacidade
de zelar por tamanho patrimônio que colocamos sob sua responsabilidade e das
suas estruturas, como mineradora, a falta de programação, a aversão à
cooperação por parte do governo e instituições particulares.
Estes acontecimentos, credencia
ao governo brasileiro a duvidar da capacidade da empresa em relação a proteção
dos seus cidadãos e a repesar uma forma de repatriamento da companhia, para que
as comunidades possam se sentir mais segura. Não podemos jamais esquecer, que a
responsabilidade é contaminante e quanto maior a integração maior, mais plural
e mais séria aquela se torna.
Desfez a imagem, que a companhia
depois que foi privatizada, tinha se tornado uma empresa moderna, tecnologicamente
desenvolvida, utilizadora dos métodos mais avançados e eficazes em todos os
domínios. Vimos na realidade uma falta de preparo por parte da sua diretoria e
diante das tragédias, ficou evidente que a Vale não tem, nem meios, nem
preparação, nem estrutura, nem organização para confrontar situações desta natureza
e magnitude e, porventura, outras de menor dimensão. A ninguém é lícito invocar
a ignorância dos riscos e a necessidade de os prevenir. Nestas duas últimas
décadas desarticulou-se tudo o que de bom e eficaz que existia na companhia.
Padre Carlos