terça-feira, 7 de janeiro de 2020

ARTIGO - Tirando lições das tragédias ( Padre Carlos )




Tirando lições das tragédias




A tragédia de Mariana e Brumadinho – chamam-nos a uma reflexão profunda sobre o País – elucidou muitas coisas, que até então estavam escondidas do povo brasileiro. No dia 5 de novembro de 2015 acontecia o maior desastre ambiental do Brasil: o rompimento da barragem de rejeitos Fundão, localizada na cidade de Mariana, Minas Gerais. Pouco mais de três anos depois, surge uma nova tragédia tão preocupante quanto: o rompimento da barragem de rejeitos da Mina do Feijão, no município de Brumadinho, no mesmo estado.
 Desta forma, a irresponsabilidade como se encara o ato de administrar uma grande companhia como a Vale do Rio Doce, bem como a forma que a inciativa privada trata a vida de milhares de pessoas que estão sob a sua responsabilidade, remete-nos aos questionamentos sobre o processo de privatização e a necessidade de rever este grande património nacional. As riquezas naturas do país, não pode ser vista com o descaso que os últimos governos vêm tratando esta questão. Uma companhia como esta, precisa ser administrada levando em conta o bem comum, de servir as comunidades que dependem dela e sua riqueza deve ser incorporado ao patrimônio do país. Nas duas últimas décadas, a Companha Vale do Rio Doce, vem sendo administrada e gerida de acordo a circunstância, a conjuntura, o momento e as expectativas da opinião pública.
Assim, podemos constatar nas duas grandes tragédias que se abateram sobre seus funcionários e nas comunidades que foram fortemente atingidas. Diante de tais fatos, a empresa exibiu a fragilidade imensa da sua capacidade de zelar por tamanho patrimônio que colocamos sob sua responsabilidade e das suas estruturas, como mineradora, a falta de programação, a aversão à cooperação por parte do governo e instituições particulares.
 Estes acontecimentos, credencia ao governo brasileiro a duvidar da capacidade da empresa em relação a proteção dos seus cidadãos e a repesar uma forma de repatriamento da companhia, para que as comunidades possam se sentir mais segura. Não podemos jamais esquecer, que a responsabilidade é contaminante e quanto maior a integração maior, mais plural e mais séria aquela se torna.
 Desfez a imagem, que a companhia depois que foi privatizada, tinha se tornado uma empresa moderna, tecnologicamente desenvolvida, utilizadora dos métodos mais avançados e eficazes em todos os domínios. Vimos na realidade uma falta de preparo por parte da sua diretoria e diante das tragédias, ficou evidente que a Vale não tem, nem meios, nem preparação, nem estrutura, nem organização para confrontar situações desta natureza e magnitude e, porventura, outras de menor dimensão. A ninguém é lícito invocar a ignorância dos riscos e a necessidade de os prevenir. Nestas duas últimas décadas desarticulou-se tudo o que de bom e eficaz que existia na companhia.

Diante da repercussão internacional de ambas tragédias, acompanhadas de mobilização para ajudar as famílias atingidas, surgem questões como: por que esses desastres aconteceram? Quem foram os responsáveis? Algo mudou desde então?  Ficamos, em suma, sem saber que estamos entregues à própria sorte. Os crentes, como eu, ainda têm o privilégio de poderem contar e se entregar nas mãos da Divina Providência.

Padre Carlos


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